Festas e Rodeios

O homem que animou a Morte: conheça o mineiro que venceu o Oscar por ‘Pinóquio’, de Guillermo del Toro

Published

on

Nascido em Uberaba, Thiago Calçado fez parte do time de animadores que atuou na obra escolhida pela Academia como Melhor Longa-Metragem de Animação no Oscar deste ano. Animador brasileiro mostra processo de criação do filme “Pinóquio” de Guillermo del Toro
Se nenhum filme brasileiro conquistou uma estatueta do Oscar ao longo dos quase 100 anos da cerimônia, um mineiro de Uberaba pode afirmar que contribuiu para a vitória de um longa-metragem na premiação mais célebre do cinema mundial.
Compartilhe no WhatsApp
Compartilhe no Telegram
Aos 41 anos, o animador Thiago Calçado fez parte da equipe que produziu “Pinóquio”, do consagrado diretor mexicano Guillermo del Toro, vencedora do Oscar de Melhor Animação no último domingo (12). O filme foi feito com a técnica do stop motion – que usa bonecos movidos manualmente para a criação das cenas – e está disponível na Netflix.
Em entrevista ao g1, Calçado falou sobre como foram os passos da carreira dele, desde o início em Uberaba até a oportunidade de trabalhar com um dos diretores mais renomados do mundo. Ele também mostrou que, mesmo há mais de uma década longe do Brasil, não nega as raízes mineiras.
LEIA TAMBÉM:
Guillermo Del Toro explora o fascismo em sua sombria animação ‘Pinóquio’
Oscar 2023: ‘Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo’ é grande ganhador com sete estatuetas
Vencedores do Oscar 2023: onde assistir aos filmes premiados
Início no interior de Minas
Nascido em Uberaba, Thiago Calçado viveu na cidade até os 18 anos. Foi lá que ele começou a desenhar e conseguiu o primeiro emprego como chargista em um jornal local.
“Eu sempre desenhei, porque toda criança desenha, mas algumas nunca param. E eu nunca parei”, afirmou.
Depois de um ano e três capas de jornal no currículo, o uberabense reuniu todas as produções que tinha feito e se mudou para São Paulo, onde cursou cinema na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).
Na faculdade, ele teve contato com outros animadores e começou a trabalhar na área. Os primeiros projetos audiovisuais foram nos formatos 2D e em computação gráfica, mas foi no stop-motion que ele encontrou a grande paixão que norteou a carreira dali em diante.
“Eu tinha dificuldade de transferir para os desenhos o que estava na minha cabeça, mas com os bonecos não acontece isso”, contou.
“Eu gosto de chegar e sentir o cheiro do estúdio. É tinta, madeira, a iluminação, a luz. É real, é virtual, você vê o boneco, sem uso de computação”.
Brasileiro Thiago Calçado participou de filme vencedor do Oscar em 2023
Thiago Calçado/Redes Sociais
Pinóquio e a chance de “animar a Morte”
Ao longo da carreira, Thiago trabalhou em filmes em diversos países, como na Espanha, na Noruega, e nos Estados Unidos. No currículo, ele já tinha duas participações em filmes nomeados ao Oscar, mas que não venceram: Kubo e as Cordas Mágicas (2016), do estúdio Laika; e Ilha dos Cachorros (2018), dirigido pelo renomado diretor Wes Anderson.
“O stop-motion é uma bolha pequena, é muito segmentado, poucas pessoas fazem, porque é uma técnica muito específica. Acabei entrando nessa bolha”, explicou.
Ele conta que a oportunidade para trabalhar com Guillermo del Toro surgiu depois que outro filme em que participava foi cancelado na mesma cidade americana, Portland, em que o diretor mexicano gravava a adaptação de “Pinóquio”.
“Liguei para os caras do Pinóquio, e eles disseram que estavam precisando, então eu fui. O mundo inteiro queria estar nesse filme”.
Thiago Calçado ao lado do diretor Guillermo del Toro
Thiago Calçado/Redes Sociais
No novo projeto, a responsabilidade foi grande: animar a personagem “Morte”, o monstro que aparece na obra e que é uma marca registrada de Del Toro. Nas redes sociais, ele compartilhou um vídeo que mostra o processo quase “artesanal” de produção das cenas (veja no vídeo que abre esta reportagem).
“O Del Toro foi poucas vezes no estúdio, conversávamos pela internet. Era um cara de uma humildade , dava muita liberdade para gente. Esse foi um dos motivos pro grande sucesso do filme, ele deu liberdade para os animadores atuarem da maneira que a gente achava melhor”, declarou.
O esforço do uberabense foi reconhecido pelo diretor, que publicou nas redes sociais dele um agradecimento especial para o brasileiro.
“Thiago é um mestre – e ele viveu naquele limbo por anos para entregar os diálogos entre a Morte e Pinóquio. Um boneco difícil (grande, pesado) e com quatro membros e uma “sincronização manual” muito precisa para o diálogo”, escreveu o mexicano.
Guillermo del Toro reconheceu esforço de animador brasileiro
Redes Sociais
Sucesso sem negar as raízes
Mesmo sendo uma das poucas pessoas do Brasil que venceram a premiação, ao atuar em uma obra estrangeira, Thiago conta que reconhece a importância do que viveu no país para a formação profissional dele.
“Nenhuma árvore para de pé sem raiz, e a minha é raiz é o Brasil, é Minas, é onde eu recarrego minhas energias. Se eu fico sem ir para Uberaba, eu começo a sentir uma falta que chega a doer”.
“Eu levo minha cultura para fora, aqui todo mundo gosta de pão de queijo por causa de mim (risos)”, finalizou.
LEIA TAMBÉM:
HOMENAGEM: Turma arrecada R$ 5 mil em um dia e faz surpresa para colega que não conseguiu pagar matrícula de faculdade em MG
INSPIRAÇÃO: ‘Não desiste, minha filha. Vai estudar’, diz influencer de 103 anos a universitária hostilizada por ter mais de 40
ESTILO ‘KAWAII’: 15 produtos fofos para usar e decorar seu espaço
Confira as últimas notícias do g1 Triângulo
Acompanhe o g1 no Instagram e no Facebook
VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.