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‘Amor perfeito’ traz discussões atuais em história de época com elenco 50% negro

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Novela estreia nesta segunda-feira (20), na faixa das 6, conta a busca de Marcelino pela mãe na década de 1930. Diogo Almeida (Orlando), Camila Queiroz (Marê) e Levi Asaf (Marcelino) em ‘Amor perfeito’, nova novela das 6h
Globo/João Miguel Júnior/Globo/Paulo Belote
Marcelino era um bebê quando foi deixado na Irmandade dos Clérigos de São Jacinto, em Águas de São Jacinto, interior de Minas Gerais, entre os anos de 1930 e 1940. Sem ter a sorte de ser adotado, ele é criado pelos frades do local.
O pequeno, no entanto, não desiste de procurar sua mãe. Essa é uma das jornadas abordadas na nova novela das 6, “Amor perfeito”, que estreia nesta segunda-feira (20). A obra foi livremente inspirada no livro espanhol “Marcelino Pão e Vinho”, que virou filme em 1955.
“É uma história antiga”, diz Duca Rachid, criadora e autora da novela. “Mas é um pretexto para a gente falar de coisas atuais, como o machismo, por exemplo, está presente em diversos núcleos, vamos falar sobre homofobia, e sobre a relação de pais e filhos, mães e filhas, e como se configura até hoje na nossa sociedade”, afirma a autora.
“E falar da diversidade principalmente, a gente tem um elenco 50% negro. A gente está falando de um Brasil que ficou escondido, mas que sempre existiu, que a gente se aprofundou em pesquisa, de uma elite negra que sempre existiu no Brasil.”
Elísio Lopes Jr., Duca Rachid e Júlio Fischer, autores de ‘Amor perfeito’, nova novela das 6
Globo/Paulo Belote
Ela divide os créditos com Julio Fischer e ainda Elísio Lopes Jr., escritor da obra ao lado de Dora Castellar, Duba Elia e Mariani Ferreira. A direção artística é de André Câmara.
Para a trama que estreia nesta segunda-feira, ela conta que manteve muitos aspectos do livro, mas precisou acrescentar mais personagens e enredos para a novela.
Tony Tornado (Frei Tomé), Babu Santana (Frei Severo), Bernardo Berro (Padre Donato) e Tonico Pereira (Frei Leão), na novela ‘Amor perfeito
Globo/Manoella Mello/Globo/Paulo Belote/Globo/Manoella Mello/Globo/Paulo Belote
“A gente vai ver muita coisa do livro, e tem toda uma história que a gente teve que construir, que não existia, que era todo o entrecho novelesco, a história da mãe”, diz.
A mãe de Marcelino é Maria Elisa Rubião, a Marê, interpretada por Camila Queiroz. Ela se apaixona pelo médico Orlando, enquanto estudava em São Paulo. Ao voltar para São Jacinto, seu pai, Leonel, a obriga a casar com Gaspar, em troca do comando da empresa da família, cargo cobiçado por Gilda, madrasta de Marê.
Leonel arma para que Orlando e Marê se separem. O médico vai para o Canadá estudar e esquecer a moça. Já ela, acaba sendo acusada de matar o próprio pai e é separada de seu filho, Marcelino.
Paulo Gorgulho (Leonel), Mariana Ximenes (Gilda) e Thiago Lacerda (Gaspar), em ‘Amor perfeito’, nova novela das 6
Globo/João Miguel Júnior/Globo/Paulo Belote
“A gente decidiu fazer o Marcelino negro, justamente pra recuperar a comunidade negra, expertise negro, a inteligência negra, que ficaram apagados pela história. A gente fez essa escolha pelo afetivo, por aquilo que nos toca, aquilo que nos incomoda.”
“Abraçamos o melodrama assumidamente para tratar de outras questões, procuramos fazer esse melodrama com camadas”, diz Julio Fischer, no encontro com a imprensa. “Nossa mocinha, nosso herói, não são perfeitos. Eles têm falhas. A nossa vilã é pérfida, mas tem camadas, temos a origem da maldade dela”, completa o autor.
Isabel Fillardis (Aparecida) e Alan Rocha (Antônio) em ‘Amor perfeito’
Globo/Fábio Rocha
“Estamos escrevendo sem medo de emocionar. A gente tem uma percepção, nas narrativas mais modernas, que elas têm um pouco de medo de fazer sentar e chorar na frente da tela”, diz Elísio Lopes Jr. “Temos esse propósito que é exercitar essa capacidade de emocionar pela vivência do outro. É uma novela de época, mas com capacidade de construir esse melodrama para o hoje.”
Escolha afetiva
Segundo Duca, a escolha deste projeto, que começou a ser desenhado ao lado de Fischer em 2023, foi “puramente afetiva”.
Malu Dimas (Adélia), Analu Prestes (Olímpia), Maria Gal (Neiva), Mestre Ivamar (Popó) e Gabriela Motta (Tânia criança), em ‘Amor perfeito’, nova novela das 6
Globo/Paulo Belote
“Foi o primeiro filme que eu vi no cinema, com a minha avó, uma imigrante portuguesa, que também nunca tinha ido ao cinema, meu primeiro contato com o cinema, o audiovisual”, diz Duca Rachid, criadora e autora da novela.
“Esse foi o motivo de ter escolhido esse livro, e enxergar um potencial dramatúrgico também na busca dessa criança pela mãe, e da mãe pela criança”, afirma.
Homossexualidade nos anos de 1940
Um dos dramas incluídos na novela é o do advogado Érico, de Carmo Della Vecchia, que esconde ser homossexual. Integrante da diretoria da empresa de Leonel, ele será chantageado por Gilda, que ameaça abrir seu segredo para a sociedade.
Carmo Della Vecchia será Érico, advogado que será chantageado por Gilda, em ‘Amor perfeito’
Globo/Paulo Belote
“É de grande relevância. Talvez, historicamente desde a década de 1940, já tinha muitos homens como eu na vida real, que passaram por circunstâncias parecidas, que tiveram que esconder, negar, seus sentimentos”, diz Della Vecchia, em entrevista com a imprensa.
“É um assunto que vem à tona de uma forma bonita, porque você retrata o preconceito do lado onde tem que tratar o preconceito, que é ele sendo vítima, do lado da história que não é legal”, afirma.
“Fica nítido na trama, na dramaturgia, facilita para que as pessoas não tenham esse preconceito disfarçado de moralidade, disfarçado de religiosidade, disfarçado de ética, e com essa trama, deixa isso mais claro.”
Mãe e filha atípicas
A novela também vai apresentar Darlene e sua filha Clara, vividas respectivamente por Carol Castro e a atriz mirim Vitória Pabst, que é cadeirante.
Na história, Darlene foi o grande amor do Frei João, o Feijão, vivido por Allan Souza, mesmo já sendo religioso. Ainda que tivesse enfrentado momentos de conflitos, ele decidiu se manter fiel à Igreja.
Darlene, no entanto, retorna para Águas de São Jacinto, com a filha que Feijão não tinha ideia da existência.
“Fazer esta personagem é uma grande missão”, diz Carol. “É uma história muito bonita e um alerta para a importância da vacinação, por ser uma mãe atípica. Vitória é uma graça de menina e eu fiquei encantada.”
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