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Festas e Rodeios

Por que os tênis Air Jordan são tão valiosos

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Neste mês de abril, um leilão da casa Sotheby’s oferece um par de tênis Air Jordan 13 da Nike, que foi usado por Michael Jordan no segundo jogo das finais da NBA de 1998. Par de calçados pode chegar a R$ 20 milhões. O tênis Air Jordan foi o símbolo que deu origem à cultura da marca
SOTHEBY’S
Quando um par de tênis usados é colocado à venda por um valor na faixa de US$ 2 milhões a 4 milhões (cerca de R$ 10 milhões a 20 milhões), é porque deve ser algo muito especial.
Neste mês de abril, um leilão da casa Sotheby’s oferece um par de tênis Air Jordan 13 da Nike, que foi usado por Michael Jordan no segundo jogo das finais da NBA de 1998, a temporada americana de basquete popularmente conhecida como “a última dança”. São os tênis mais valiosos que já existiram.
“Na época [do jogo], os Chicago Bulls sabiam que a equipe seria desmontada, eles sabiam que aquela era a sua última chance de ganhar um título da NBA juntos”, afirma Brahm Wachter, chefe de artigos esportivos e colecionáveis modernos da Sotheby’s.
“O par que temos realmente é o único reconhecido pela MeiGray [o autenticador oficial da NBA] de todas as finais da NBA que já surgiram para leilão”, segundo ele.
O recorde atual atingido por um par de tênis em leilão, segundo a Sotheby’s, é de US$ 1,472 milhões (cerca de R$ 7,43 milhões), em 2021. O par também foi calçado por Jordan.
O fato de que os Air Jordan 13 sendo leiloados este mês devem superar de longe esse recorde é um testemunho não só da sua raridade, mas também do legado incrivelmente duradouro do design de tênis que, com certeza, é o mais simbólico já criado até hoje.
“É algo que atrai os colecionadores de tênis e de artigos usados por atletas”, afirma Wachter, indicando que os tênis apresentam sinais de que foram calçados por Jordan na quadra. “Eles certamente parecem usados, mas estão em condições muito boas, considerando sua idade.”
Mas, então, o que torna os tênis Air Jordan tão especiais?
Os próprios bastidores do modelo não têm precedentes na história e são o tema de um novo filme – Air: A História por Trás do Logo – dirigido e estrelado por Ben Affleck, ao lado de Matt Damon e Viola Davis.
Na época em que a Nike entrou em contato com Jordan, em 1984, ele ainda era iniciante e jogava pela Universidade da Califórnia. Mesmo assim, a empresa enfrentou dificuldades para convencê-lo a assinar o contrato com ela. Jordan estava disposto a assinar com a Adidas, já que a Nike, na época, era uma marca menor.
Foi chamado o designer de calçados e lenda da Nike, Peter C. Moore. Conta-se que ele fez o rascunho do design no verso de um guardanapo e ali nasceu o tênis Air Jordan. Foi o primeiro dos 35 designs diferentes do Air Jordan lançados nos anos que se seguiram.
As conquistas de Michael Jordan no esporte são claramente um fator importante para a sólida reputação do calçado.
“A marca cultural de Jordan continua a aumentar, mesmo depois que ele parou de jogar”, afirma Drew Haines, diretor de merchandising de tênis e colecionáveis da StockX, uma loja online e site de revenda de tênis e artigos esportivos. “Tanto tempo depois e, realmente, ninguém chegou ao nível que ele conseguiu atingir na carreira.”
O mito que se desenvolveu em torno do próprio ser humano e da forma como ele conseguiu sair das quadras e entrar na cultura popular também é algo único.
“Para muitas pessoas, não foi Christopher Reeve quem fez você pensar que o homem pudesse voar, mas Michael Jordan – e ele não tinha cordas para ajudá-lo”, afirma Jian DeLeon, ex-diretor editorial da revista Highsnobiety, especializada em tênis e artigos esportivos.
“Ele realmente fez isso, na vida real, muitas e muitas vezes, e estes foram os calçados que ele usava para isso.”
E os tênis Air Jordan “claramente podem ser usados, mais do que a capa do Super-Homem ou suas roupas de baixo fora das calças”, segundo DeLeon. Para ele, os tênis eram “uma representação de uma manifestação de grandeza humana que podia ser calçada nos pés”.
DeLeon não sabe ao certo quantos pares de Air Jordan ele tem – em março, ele comprou mais cinco ou seis e, ao todo, estão na casa dos 100 pares. Ele afirma que grande parte do marketing em torno dos calçados parecia mais um anúncio de carros.
Lenda do basquete americano, Michael Jordan ficou famoso por sua capacidade de ‘voar’ na quadra
GETTY IMAGES
Em 1989, foram publicados anúncios “bem no estilo de Spike Lee”, segundo DeLeon. Lee aparece nos anúncios como seu personagem Mars Blackmon, do filme Ela Quer Tudo (1986).
No anúncio, ele pergunta a Jordan o que faz com que ele seja o melhor jogador do Universo. E ele diz repetidamente “tem que ser os tênis!”
Fazer os anúncios com Lee foi uma decisão genial. DeLeon afirma que entrar no zeitgeist cultural daquela forma foi algo sem precedentes para qualquer marca. “Acho que aquele foi o momento em que pensei ‘OK, eles são símbolos de status’.”
O calçado foi inicialmente proibido pela NBA devido ao seu padrão vermelho e preto. Na época, a organização determinava que os calçados dos jogadores deveriam ser predominantemente brancos.
A decisão inevitavelmente serviu para criar uma mística de revolta em torno dos tênis. E a possibilidade do calçado colorido também pode ter ajudado a criar sua longa popularidade.
“Seja pelo bico ou pelo contraste do logotipo, a forma do design para fazer as cores se sobressaírem era extremamente notável e relativamente nova para os tênis”, afirma DeLeon. “Acho que era parte do calçado.”
Apelo cult
Apesar de não possuir nenhum modelo Air Jordan – “sou mais do Nike Airforce” – Haines também aprova o design.
“O modelo é ‘clean’, a forma em que os painéis são construídos e como eles podem aplicar centenas ou milhares de cores diferentes, diferentes materiais, e permanecer novo, acho que é um tênis versátil, para os homens, as mulheres, as crianças”, segundo ele.
É claro que houve linhas de calçados assinadas por outros atletas antes de Michael Jordan. DeLeon relembra a linha da Adidas assinada pelo lendário jogador de tênis norte-americano Stan Smith e os tênis de basquete Converse Chuck Taylor que, segundo DeLeon, eram a “arma escolhida pelos atletas da NBA” na época em que foram lançados os primeiros Air Jordans.
“Mas o que fez com que a linha Jordan fosse particularmente interessante foi que o atleta sempre conseguia ficar à frente e ter mais importância do que o próprio calçado”, ressalta ele.
Muitas vezes, depois que um jogador deixa de competir, sua memória é ofuscada pela do tênis.
O tenista Stan Smith colaborou com a Adidas e a então influente boutique parisiense Colette durante a reintrodução do calçado com seu nome, que se tornaria o tênis padrão para os tipos da moda nos anos 2010.
Certa vez, Smith aparentemente abriu a porta da Colette e um grupo de crianças passou correndo por ele. Elas não o reconheceram. E existe um livro sobre Stan Smith – o homem e o tênis – que se chama, literalmente, Some People Think I’m a Shoe (“Algumas pessoas pensam que sou um calçado”, em tradução livre).
“Não acho que isso tenha acontecido com Jordan”, afirma DeLeon.
E tanto é verdade que, três anos atrás, a série O Arremesso Final, da Netflix, fez com que iniciantes no basquete, que mal sabiam o que era uma enterrada, ficassem totalmente envolvidos pelos 10 episódios do documentário que mostrou o progresso dos Chicago Bulls, liderados por Michael Jordan. A StockX teve um pico inacreditável de interesse na época da série, em 2020.
O tênis que deu origem à febre
Os tênis Air Jordan também causam controvérsias.
O documentário One Man and His Shoes (“Um homem e seus calçados”, em tradução livre), de 2020, aprofundou-se na forma agressiva de marketing usada pela Nike junto às crianças que tinham menos condições de comprá-los – como escreveu um crítico, “controlando o fornecimento dos Air Jordans com o mesmo cuidado que [a joalheria] De Beers controlava o fornecimento de diamantes, atribuindo artificialmente valores extremamente altos e fomentando o desejo pelos calçados”.
Não surpreende que o Air Jordan tenha sido o tênis que seguramente impulsionou, pela primeira vez, a cultura dos tênis que conhecemos hoje.
“É muito claro para mim que pelo menos o primeiro tênis Jordan é provavelmente o modelo que começou tudo”, afirma Drew Haines.
“É o tênis que deu início a essa febre da cultura do tênis presente provavelmente na maior parte dos últimos 20 anos.”
Para Jian DeLeon, eles também “revolucionaram a moda de rua. Foi um calçado que tinha um apelo cult, você os via na rua e, se fosse parte da tribo, identificava facilmente o que eles eram e podia conectar-se com as pessoas em torno deles.”
“Foi o começo da cultura de rua, conhecer os códigos, poder conectar-se em torno deles”, afirma DeLeon.
Os calçados representavam alguma coisa. “Nos anos 1980 ou 90, se você visse os tênis Jordan nos pés de alguém, havia grande chance de que você pudesse conversar começando com os calçados e caminhando para outros interesses similares, seja hip hop, esportes ou as bandas de rap de rua florescentes como [as da gravadora de hip hop] QC”, relembra ele. “[Os tênis Jordan] eram como parte de um uniforme secreto dessa tribo crescente.”
Os tênis Air Jordan podem ter sido um artigo de vanguarda, mas, agora, parte do seu apelo é pura nostalgia.
Para DeLeon, “tenho uma antiga camiseta [da banda] Blur ou uma camiseta de Anime de que nunca vou me desfazer, [é] a mesma coisa com os tênis Jordan”.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

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Filarmônica de Pasárgada faz música para crianças sem dar lição de moral em álbum malcriado e questionador

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Agendado para 9 de outubro, o disco da banda paulistana tem participação de Tom Zé e do escritor Ignácio de Loyola Brandão ao longo de nove faixas. A banda paulistana Filarmônica de Pasárgada segue a cronologia de um dia na vida de uma criança nas nove faixas do álbum ‘Música infantil para crianças malcriadas’
Edson Kumakasa / Divulgação
Capa do álbum ‘Música infantil para crianças malcriadas’, da Filarmônica de Pasárgada
Arte de Guto Lacaz
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Música infantil para crianças malcriadas
Artista: Filarmônica de Pasárgada
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Sempre houve certa espirituosidade na música da Filarmônica de Pasárgada que parece até natural que o quinto álbum da banda paulistana, Música infantil para crianças malcriadas, seja disco direcionado para o público infantil.
No mundo a partir da próxima quarta-feira, 9 de outubro, o álbum reúne nove canções compostas e arranjadas por Marcelo Segreto. Gravado de 12 a 23 de março no estúdio da gravadora YB Music, em São Paulo (SP), Música infantil para crianças malcriadas consegue ser um disco lúdico e ao mesmo tempo conceitual e, em alguns momentos, até provocador.
As nove músicas seguem a cronologia de um dia na vida de uma criança do momento em que ela acorda (mote da faixa inicial Despertador) até a hora de dormir e sonhar – assunto da marchinha Tá na hora de dormir e de Sonho, a faixa final, aberta com o texto O menino que vendia palavras, na voz do escritor Ignácio de Loyola Brandão – em sequência que faz o disco roçar os 20 minutos. Ou seja, com faixas ágeis e curtas, Música infantil para crianças malcriadas é álbum moldado para a impaciente geração TikTok.
Entre o despertar e o sonho, o inédito repertório de Marcelo Segreto aborda a ida para a escola, o almoço, a lição de casa e a hora do banho. Só que inexiste no álbum aquele didatismo tatibitate e moralizante da maioria dos discos infantis. Ao contrário.
A canção O alface é infinito, por exemplo, versa sobre almoço com a participação de Tom Zé sem endeusar a dieta das folhas. Escola pode escandalizar educadores e pais mais ortodoxos com os versos finais “A gente atrasa / E quando a gente tá doente / Que beleza, minha gente / A gente fica em casa”.
Já pro banho encena diálogo de mãe e filho para mostrar a resistência da criança em se lavar com a verve de versos questionadores como “Por que os franceses podem e eu não posso? / E, além disso, olha onde é que eu moro / Em São Paulo eu tomo banho de cloro”.
Enfim, a Filarmônica de Pasárgada resiste à tentação de educar as crianças – tarefa mais adequada para pais e professores – neste disco malcriado que, por isso mesmo, tem lá algum encanto.
O álbum infantil da banda é tão abusado que até o projeto gráfico de Guto Lacaz descarta as cores recorrentes nas capas e encartes de discos para crianças para ser fiel à estética em preto e branco da discografia da Filarmônica de Pasárgada.
Filarmônica de Pasárgada lança o álbum ‘Música infantil para crianças malcriadas’ em 9 de outubro, em edição da gravadora YB Music
Edson Kumakasa / Divulgação

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Zizi Possi enfrenta ‘temporais’ de Ivan Lins e Vitor Martins em disco que traz também músicas de Gabriel Martins

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Fabiana Cozza, Leila Pinheiro e Rita Bennedito também integram o elenco feminino do EP ‘Elas cantam as águas’, previsto para ser lançado em 2025. ♫ NOTÍCIA
♪ Iniciada em 1974, a parceria de Ivan Lins com o letrista Vitor Martins se firmou ao longo das décadas de 1970 e 1980 nas vozes de cantoras como Elis Regina (1945 – 1982) e Simone, além de ter embasado a discografia essencial do próprio Ivan Lins.
Uma das pedras fundamentais da MPB ao longo destes 50 anos, a obra de Ivan com Vitor gera frutos. Previsto para 2025, o disco Elas cantam as águas reúne seis gravações inéditas.
Três são abordagens de músicas de Ivan Lins e Vitor Martins. As outras três músicas são de autoria do filho de Vitor, Gabriel Martins, cantor e compositor que debutou há sete anos no mercado fonográfico com a edição do álbum Mergulho (2017).
No EP Elas cantam as águas, Zizi Possi dá voz a uma música de Ivan e Vitor, Depois dos temporais, música que deu título ao álbum lançado por Ivan Lins em 1983 e que, além do autor, tinha ganhado registro somente do pianista Ricardo Bacelar no álbum Sebastiana (2018).
Fabiana Cozza mergulha em Choro das águas (Ivan Lins e Vitor Martins, 1977), canção que já teve gravações de cantoras como Alaíde Costa, Tatiana Parra e a própria Zizi Possi. Já Guarde nos olhos (Ivan Lins e Vitor Martins, 1978) é interpretada por Adriana Gennari.
Da lavra de Gabriel Martins, Chuvarada – parceria do compositor com Belex – cai no disco em gravação feita por Leila Pinheiro (voz e piano) com a participação de Jaques Morelenbaum no toque do violoncelo e com produção da própria Leila, que também assina com Morelenbaum o arranjo da faixa que será lançada em 11 de outubro como primeiro single do disco.
Já Rita Benneditto canta Plenitude (Gabriel Martins e Carlos Papel). Completa o EP a música Filha do Mar [Oh Iemanjá], composta somente por Gabriel Martins e com intérprete ainda em fase de confirmação.
Feito sob direção musical de Gabriel Martins em parceria com a pianista, arranjadora e pesquisadora Thais Nicodemo, o disco Elas cantam as águas chegará ao mercado em edição da gravadora Galeão, empresa derivada da Velas, companhia fonográfica independente aberta em 1991 por Ivan com Vitor Martins e o produtor Paulinho Albuquerque (1942 – 2006).

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Médico que ajudou a fornecer cetamina a Matthew Perry se declara culpado por morte do ator

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Conhecido por atuar em ‘Friends’, Matthew Perry morreu em outubro de 2023 por overdose. Mark Chaves é uma das cinco pessoas que enfrentam acusações federais pela morte do ator Matthew Perry
Mike Blake/Reuters
O médico Mark Chavez se declarou culpado por fornecer cetamina ao ator Matthew Perry, morto por overdose em outubro de 2023. O americano fez sua declaração nesta quarta-feira (2), no tribunal federal de Los Angeles (EUA), e se tornou a terceira pessoa a admitir culpa pela morte do ator, que ganhou fama ao interpretar Chandler em “Friends”.
Até a conclusão da sentença, Chavez está livre sob fiança. Ele concordou em entregar sua licença médica. Seu advogado, Matthew Binninger, havia dito em 30 de agosto que ele estava arrependido e tentava “fazer tudo para corrigir o erro”.
Além de Chavez, há dois envolvidos na morte de Perry: Kenneth Iwamasa, assistente do ator, e Erik Fleming, outro fornecedor de droga.
Perry foi encontrado morto em uma banheira de hidromassagem. Quem achou seu corpo foi Iwamasa, que morava com ele.
O assistente admitiu que várias vezes injetou cetamina no ator sem treinamento médico, inclusive no dia de sua morte. Já Fleming alegou ter comprado 50 frascos de cetamina e repassado para Iwamasa.
A Justiça americana ainda investiga mais duas pessoas: Salvador Plasencia, outro médico, e Sangha, suposta traficante conhecida como “Rainha da Cetamina”.
O ator Matthew Perry, morto aos 54 anos, em imagem de 2009
Matt Sayles, File/AP
Um ano antes de morrer, Perry havia lançado sua autobiografia: “Friends, Lovers and the Big Terrible Thing”.
“Existe um inferno”, escreveu Perry, no livro, que narra sua luta contra a dependência química durante os últimos anos de gravação de “Friends”. “Não deixe ninguém lhe dizer o contrário. Eu estive lá; isso existe; fim de discussão.”
O ator, que, na época do vício, passou pela clínica de reabilitação, havia dito que já se sentia melhor e queria que o livro ajudasse as pessoas.
Médio Mark Chavez e Matthew Perry.
Robyn Beck / AFP e Willy Sanjuan/Invision/AP

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