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Os 25 anos de ‘Iris’ do Goo Goo Dolls… vocalista diz que segredo do hit é ‘mensagem simples’

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Ao g1, cantor explica problemas de saúde e comemora fase pai de família sem álcool: ‘Tive medo de não ser bom o suficiente se não bebesse’. Série ‘Quando eu hitei’ tem artistas que sumiram. Quando eu hitei: Vocalista do Goo Goo Dolls fala sobre o sucesso de ‘Iris’
Mesmo 25 anos após ser lançada, “Iris” ainda borra a maquiagem de convidadas em casamentos. Ainda é trilha sonora de lojas em shoppings. Ainda embala a corrida de muita gente no Uber. A música sobre um cara disposto a trocar qualquer privilégio apenas para tocar a pele de sua amada ajudou o Goo Goo Dolls a vender mais de 15 milhões de álbuns.
“Ela tem uma mensagem muito simples e acho que todo mundo sente isso dentro de si em algum momento da vida. É algo com que todo mundo pode se identificar”, explica John Rzeznik, vocalista da banda americana, ao g1.
Na série “Quando eu hitei”, artistas do pop relembram como foi o auge e contam como estão agora. São nomes que você talvez não se lembre, mas quando ouve a música pensa “aaaah, isso tocou muito”. Leia mais textos da série e veja vídeos ao final desta reportagem.
O Goo Goo Dolls, no começo dos anos 90: George Tutuska, John Rzeznik e Robby Takac
Divulgação/Warner
No Brasil, para muita gente eles são “a banda de Iris”. “Não é só no Brasil…”, interrompe o cantor, sorrindo. A banda americana começou punk nos anos 80, mas se encontrou no pós-grunge romântico a partir da segunda metade dos anos 90. “Iris” não foi o único sucesso: “Name”, de 1995, e “Slide”, de 1998, entraram no top 10 americano.
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Nada que se compare a “Iris”. “Sem essa música, talvez poderia ter voltado a estudar, sei lá. Sempre fomos bons em aproveitar a menor oportunidade que nos era dada, celebrar cada conquista por menor que ela fosse. A gente corria atrás da menor chance que tinha para fazer sucesso e aprendia com cada erro, mas continuava indo, indo e indo. É o que temos feito por um longo tempo.”
A música foi criada especialmente para o filme “Cidade dos Anjos”, sobre um casal formado por um anjo (Nicolas Cage) e uma médica (Meg Ryan). “Asas do Desejo”, primeira versão em alemão, havia sido dirigida e roteirizada por Win Wenders.
Nicolas Cage e Meg Ryan no cartaz do filme ‘Cidade dos Anjos’, de 1998
Reprodução
“Eu estava morando em um hotel em Los Angeles na época e meu empresário me ligou e disse: ‘Ei, você quer ir ver este filme? O supervisor da trilha quer que você escreva uma música para ele’. E eu pensei ‘OK, claro’. Então, eu fui lá e vi. Eu achei o filme ok”, recorda. Como U2, Peter Gabriel e Alanis Morissette estavam confirmados na trilha sonora, Rzeznik já estava meio que convencido antes mesmo de ver o trecho para o qual deveria compor.
“Ele me mostrou a cena em particular que ele queria que eu escrevesse. O que eu diria se eu fosse esse cara e quisesse estar com essa pessoa de qualquer jeito. Uau, esse cara está disposto a desistir da imortalidade por ela, sabe? Deixar de ser imortal apenas para ficar com essa pessoa. Ter que experimentar todas as coisas que doem em ser humano. Eu achei que isso intenso, porque todos queremos encontrar esse amor perfeito.”
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“Iris” vai estar no show que a banda fará no festival Best of Blues and Rock, em São Paulo (leia informações no fim do texto). “Ganhamos a vida na estrada, porque não dá mais dinheiro vender discos”, explica ele. “Eu amo o fato de que as pessoas ainda querem nos ver e que nossa música ainda seja relevante.”
“Não somos, obviamente, a maior banda do mundo, mas isso não impede de querer ser a melhor. Ou a melhor que podemos ser, sabe? E essa é uma pergunta que nos fazemos quando nos reunimos. Como podemos melhorar nisso? Como podemos trazer algo novo para as pessoas?”
John Rzeznik, vocalista do Goo Goo Dolls, em foto dos anos 90 e em imagem recente
Divulgação/Warner
O discurso é motivacional e parece sincero, mas quase 40 anos de carreira trouxe também trouxe arrependimentos, certo? “Eu tenho tantos… sinto que vivi apenas tropeçando dia a após dia, esperando sair distraído para a rua e ser atropelado por um caminhão de lixo.”
“Acho que meu maior arrependimento é que eu não fui tão decisivo e corajoso como deveria ter sido em certos momentos. Eu não me posicionei em situações que pareciam instáveis, só para me dar bem. E agora eu estou numa fase mais “foda-se”, sabe?”, define-se, rindo.
“Agora eu sou do tipo ‘Não, isso é meu. Isso é nosso. Não me importo com o que você pensa’. Mas, por um longo tempo no início da nossa carreira, duvidei de mim mesmo um pouco demais. Deveria ter tido um pouco mais de fé em mim mesmo e nas duas pessoas que estiveram em minha vida durante boa parte desse tempo. Gostaria de ter tido um pouco mais de fé neles.”
Embora desconverse sobre quem são essas pessoas, o Goo Goo Dolls já teve os bateristas George Tutuska e Mike Malinin em sua formação.
O Goo Goo Dolls em 2022: John Rzeznik e Robby Takac
Divulgação
Hoje, o Goo Goo Dolls é uma dupla: o baixista Robby Takac fundou a banda com Rzeznik em 1986. “Ainda somos grandes amigos”, resume. “Entendemos qual é nosso papel e o que fazemos, e juntos há algo entre nós, sabe, se ele ou eu formos por caminhos separados, acho que não funcionaria.”
“Estava no estúdio outro dia e havia outra banda, uma banda muito famosa gravando no estúdio do lado, e eu estava trabalhando lá perto. E esses caras estavam discutindo, estavam prestes a se matar”, descreve o vocalista, rindo. “Eu liguei para ele e disse: ‘Cara, eu sei que você e eu temos nossas desavenças e nem sempre concordamos, mas não importa o que você pense, nós não somos tão ferrados quanto esses caras aqui.”
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Em uma dessas idas aos estúdios, em março do ano passado, Rzeznik teve dois problemas de saúde quase ao mesmo tempo. Ele rompeu os ligamentos do cotovelo, então teve que ficar sem tocar guitarra. Decidiu agendar uma sessão apenas para gravar vocais, mas rolou outro momento “assustador”: sofreu um grave ferimento nas cordas vocais.
“Machuquei minha corda vocal e pensei na hora ‘Meu Deus! O que vou fazer agora?’ Minha filha ficou muito assustada, porque eu não conseguia falar com ela por duas semanas.”
Depois de tomar “um monte de anti-inflamatórios”, o jeito foi ficar calado. “Quase fiquei maluco por não conseguir falar. Ficava pensando ‘Vou quebrar tudo ao meu redor’. Foi frustrante, mas o que me curou mesmo foi voltar para meu professor de canto, me aprofundar nos exercícios. Eu trabalhei, trabalhei e trabalhei para me recuperar. Tive ansiedade por saber que este é o único emprego que eu já tive. É assustador pensar: e se eu não puder mais fazer isso? Não sou qualificado para fazer mais nada.”
‘Chocado’ com Rock in Rio
Goo Goo Dolls se apresenta no Rock in Rio 2019
Marcelo Brandt/G1
A banda nunca parou de fazer shows, mas demorou a estrear no Brasil: em 2019, tocaram no Rock in Rio e abriram shows do Bon Jovi pelo país. John diz ter ficado “chocado” com o tamanho da estrutura do festival carioca.
“A gente tinha algumas informações sobre onde nossa banda era popular, onde as pessoas nos conheciam. Os Estados Unidos eram o país mais popular, depois era o Brasil e as Filipinas. Eu fiquei pensando ‘Filipinas? Ok, isso é um pouco estranho, mas ok, vou aceitar.’ No Rock in Rio, fiquei surpreso com o quão enorme era aquele palco.”
“Foi divertido demais, estava tão longe de casa e podia colocar o microfone virado para o público e ver todo mundo cantar uma das minhas músicas. Isso é incrível.”
Nos últimos anos, a banda tem se dedicado a compor músicas para tentar entender “o mundo caótico em que vivemos”. Os álbuns “Miracle Pill” (2019) e “Chaos in Bloom” (2022) têm essa pegada. “Somos muito sortudos de poder viver de música até hoje, de ganhar a vida saindo em turnês. Quando você está escrevendo, quer compor a melhor música que pode e ela tem que ressoar dentro de você mesmo, antes de ressoar nos outros.”
John Rzeznik e Robby Takac, do Goo Goo Dolls, em foto do álbum ‘Miracle Pill’, de 2019
Divulgação
“Yeah, like you”, umas das novidades no repertório, tem a ver com essa ideia de não ficar toda hora com o celular na mão. “É como se eu estivesse satirizando o atual conceito de celebridade, sabe?”, explica. Para ele, novos artistas viraram reféns do aparelho. O cantor não expõe muito da vida pessoal nas redes sociais. No Instagram, são raras as fotos da esposa Melina e da filha Liliana, por exemplo.
“É uma geração que foi criada assistindo ‘American Idol’ e esses programas de calouros. É uma mentalidade diferente”, conclui, resignado (mas nem tanto). “Quando você vai ver esses caras do departamento artístico de uma gravadora, a primeira pergunta é: ‘E aí, quais são os números do TikTok desse artista?’ Sem isso, não conseguem um contrato. É absurdo.”
“Quando falo com artistas mais jovens, com uns 20 anos, eles falam sobre criar uma ‘marca’. E eu fico pensando: ‘Por que você não só escreve boas músicas e toca em qualquer lugar que alguém queira ouvir e eventualmente você vai se destacar se for bom?’ Mas o mundo é muito mais complexo do que isso.”
O Goo Goo Dolls, no começo dos anos 90: George Tutuska, Robby Takac e John Rzeznik
Divulgação/Warner
Desde 2016, ele tem uma parceirinha para tentar entender esse mundo “complexo”. Liliana mudou a vida do cantor de várias formas. “Quando a Lili nasceu, eles a entregaram para mim e eu olhei para ela e disse: ‘Deus, por favor, não me deixe ferrar a vida dessa pessoa’. Acho que muitos pais pensam isso. Ter ela na minha vida testa minha paciência. Ela é uma explosão psicodélica insanamente humana e sem filtro. É incrível.”
“Ela é criativa. Ela é inteligente. Ela é engraçada. E eu, é claro, acho todas essas coisas porque ela é minha filha”, ele emenda, rindo. “Foi uma grande mudança na minha cabeça porque força você a se tornar uma versão melhor.”
A filha e a esposa, segundo ele, foram importantes para que permanecesse sóbrio. Ele está prestes a completar 10 anos longe das bebidas, após ter problemas com álcool. “Era assustador. Eu tive que me afastar de tudo por alguns meses para colocar minha cabeça e meu corpo no lugar.”
John Rzeznik, do Goo Goo Dolls, com a filha Liliana
Reprodução/Instagram do cantor
“Existe essa metodologia de usar o álcool ou as drogas para estimular a criatividade… e por um tempo, é verdade. Mas daí vira tipo de câncer crescendo dentro de você. Tudo isso é baseado no medo. Tive esse medo de não ser bom o suficiente se não bebesse, o medo de descobrirem que você é um impostor. ‘Por que todas essas coisas boas estão acontecendo comigo?’ Isso realmente enlouqueceu minha cabeça.”
Depois de três meses sem beber “para ter uma mente sã e um corpo saudável”, ele voltou aos poucos a se reencontrar com as pessoas. “Eu estava me sentindo ótimo. Cheguei em casa e de repente percebi que… sabe quando você está sentado e divaga? Eu percebi que tenho medo de tudo. Eu pensei: ‘Caramba… qual é o meu problema? Eu tenho medo de tudo!’ Foi um desafio, mas isso me obrigou a melhorar o meu trabalho, melhorar minha vida em casa e meu relacionamento com as outras pessoas.”
“A criatividade ou qualquer dom que você tenha recebido sempre vão estar lá. Essa estimulação e ficar viajando que as drogas te fazem ser mais criativo… para mim, isso acabou, cara. Eu aprendi a viver sem isso.”
Best of Blues and Rock
Quando: 2, 3 e 4 de junho de 2023
Onde: Plateia externa do Auditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral – Ibirapuera – São Paulo
Ingressos: a partir de R$ 450 pelo site Eventim
Programação
2 de junho (sexta)
Tom Morello
Extreme
Malvada
Nanda Moura
3 de junho (sábado)
Buddy Guy
Steve Vai
Dead Fish
Artur Menezes
The Nu Blu Band
4 de junho (domingo)
Tom Morello
Buddy Guy
Goo Goo Dolls
Ira!
Day Limns
VÍDEOS: QUANDO EU HITEI
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Músicas premonitórias? Três casos incríveis de compositoras que ‘previram o futuro’

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Veja casos de cantoras que dizem ter escrito versos que anteciparam acontecimentos e sentimentos. Não há evidências científicas sobre previsões durante processos criativos. Paula Marchesini: em 2004, nos tempos da banda Brava; e em 2020, na carreira solo
Divulgação/Adriana Lins e Acervo Pessoal
É comum ouvir artistas dizendo que sentiram algo diferente quando estavam compondo uma música. Mas há casos ainda mais específicos: os de compositoras que afirmam ter escrito versos que, segundo elas, anteciparam sentimentos e acontecimentos do futuro.
Neste texto, o g1 compila e contextualiza esses relatos de três cantoras. Mais abaixo, veja ainda que dizem especialistas sobre esse tema. Não há evidências científicas sobre a possibilidade de prever o futuro por meio da composição de músicas.
Cantora e… doutora em filosofia
Paula Marchesini era vocalista e compositora do Brava, sexteto carioca de pop rock que durou entre 2000 e 2006, quando ela decidiu ir para a área acadêmica. Ela cantou versos sobre sofrimento e inadequação em músicas como “Todo mundo quer cuidar de mim”, trilha da novela “Malhação”.
Paula fez doutorado em Filosofia na Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estadus Unidos. Também estudou e deu aulas em Harvard. “Eu comecei a ficar fascinada com o processo criativo de escrever”, ela explicou ao g1. “É muito misterioso, é uma coisa que bate uma inspiração que não se sabe de onde vem e as palavras vão se escrevendo sozinhas. Parece que você está recebendo uma mensagem pronta de algum lugar divino. Uma coisa muito mágica.”
Ela diz que qualquer pessoa que já tentou se arriscar em um processo criativo pode entender do que ela está falando. “Tem vezes que escrevo músicas que não lembro de ter escrito. Depois ouvindo eu falo: como foi que eu escrevi isso? E isso tudo começou a me intrigar e eu comecei a me interessar por estudar esse processo filosoficamente.”
Paula na gravação do primeiro álbum do Brava, lançado em 2004
Divulgação
Paula foi em busca de outras “perspectivas sobre esse assunto filosófico”. “A minha pesquisa é bem centrada nesse processo criativo. Que que é? De onde vem? Quais as habilidades que envolve e os tipos de resultado que saem de processos criativos? Eu escrevi minha tese de doutorado em parte sobre a Clarice Lispector, porque ela escreve muito sobre isso.”
O livro “A Descoberta do Mundo” compila crônicas de Clarice Lispector (1920-1977) publicadas no final dos anos 60 e começo dos anos 70 no “Jornal do Brasil”. Em uma delas, a autora passa por esse tema: “Suponho que este tipo de sensibilidade, uma que não só se comove como por assim dizer pensa sem ser com a cabeça, suponho que seja um dom. E, como um dom, pode ser abafado pela falta de uso ou aperfeiçoar-se com o uso.”
Paula hoje se divide entre carreira solo e carreira acadêmica. Ela usa a própria experiência para entender seu trabalho como pesquisadora. “Eu penso: ‘Nossa, quando eu tinha 16 anos eu escrevi umas coisas que… como é que eu sabia dessas coisas?’ A minha sensação pessoal é de ter aprendido isso muito mais tarde. Então, rola uma certa sensação de profecia em certas letras. Na minha cabeça, eu passei por essas coisas muito mais tarde. E eu já escrevia sobre isso com 16 anos. É uma sensação estranha.”
KT Tunstall na fase do álbum ‘Kin’, de 2016
Divulgação/Sony Music
A sensação de Paula é parecida com a descrita por outra cantora, a escocesa KT Tunstall. Kate Victoria Tunstall tem 49 anos e hits pop rock como “Suddenly I See”. A música foi trilha da novela “Belíssima” e do filme “O diabo veste Prada”. Nos últimos anos, ela lançou uma trilogia de discos conceituais: o primeiro versava sobre alma; o segundo era sobre o corpo; e o terceiro tinha a mente como tema. KT não quer escrever canções só sobre amor e casais.
A morte, por exemplo, foi a inspiração para “Carried”. “Você não vai morrer onde quer ser enterrado. Alguém tem que te levar até lá e é a última jornada que você vai fazer. Quem vai te levar? Escrevi essa música sobre o peso que outra pessoa precisa carregar por você. Dois meses depois, eu estava literalmente carregando as cinzas do meu pai numa mochila, em um trem”, ela descreveu ao g1, rindo de nervosa. “Que p… é essa? Ele não estava doente nem nada.”
Ela conta que as músicas compostas por ela costumam mudar de sentido com o passar do tempo. “Às vezes, é uma experiência estranha demais… Você escreve sobre um sentimento e cinco anos depois você nota que, na verdade, o sentido era outro.”
Ela cita como exemplo “Lost”, de seu terceiro disco. “Eu pensava que o refrão era sobre amizades ruins, mas depois notei que eu estava escrevendo sobre o colapso do meu casamento.” Ela foi casada com Luke Bullen, ex-baterista de sua banda, entre 2008 e 2013. “Eu ainda estava com meu ex. A música era sobre esse relacionamento, mas não percebi. As músicas têm o hábito de fazer isso: você escreve sobre algo que acha que é uma pequena história e uns anos depois percebe que estava escrevendo sobre algo muito maior”.
Para KT, foi “como se a alma tivesse se impondo ao cérebro”. “O subconsciente tem esse poder, né? É como se tivesse me mostrado o futuro.”
Quando eu hitei: Vanessa Carlton vai muito além de ‘A Thousand Miles’
Vanessa Carlton também diz que, de certa forma, “viu o futuro” com a ajuda de suas músicas. A cantora americana de 44 anos é a dona de “A Thousand Miles”, sucesso de 2002. Desde 2011, quando saiu o álbum “Rabbits on the Run”, ela passou a ser menos uma estrelinha pop e mais uma cantora e compositora de indie folk viajado. O som romântico ao piano deu lugar a músicas psicodélicas.
“Love is an art” saiu logo antes da quarentena por conta da covid-19. Mas ele apresenta temáticas que têm tudo a ver com a pandemia: fala sobre se conectar com os outros e consigo mesmo. Para ela, foi como uma “premonição”.
“É estranho. Não sei se é algum outro tipo de consciência que temos quando estamos no modo de nos expressarmos. Às vezes, é como se estivéssemos usando uma parte diferente do cérebro onde você não está sendo lógico, você está apenas captando energias e outras coisas.”
Não foi a primeira vez que isso aconteceu com ela. Em “I Don’t Want To Be A Bride”, de 2011, havia cantado: “Não preciso de nenhum anel dourado / Não seria suficiente para o amor que isso traz / De Londres ao Tennessee”. “Eu acabei morando e não tinha planos de morar no Tennessee. Conheci meu marido alguns anos depois, ele estava morando em Nashville, então acabei me mudando para o Tennessee.”
“Existem várias coisas assim. E eu acho que todos nós podemos estar em sintonia com o que realmente sentimos, se desacelerarmos e conectarmos a nós mesmos, mas isso é muito difícil de fazer, porque nossos cérebros estão indo tão rápido, sabe?”
Vanessa Carlton em 2020, em foto do álbum ‘Love is an art’
Divulgação/Alysse Gafkjen
O que dizem os especialistas?
Segundo o neurocirurgião Murilo Marinho, a amígdala cerebral é fundamental durante o processo criativo. “Esse sistema límbico é responsável pelas emoções e muito relacionado às composições musicais”, ele explica. Essa região do cérebro se relaciona à criação de “histórias relacionadas a experiências vividas, de alegria, tristeza ou até mesmo sonhos que nunca foram vividos”.
Marinho acrescenta que escrever uma letra, no entanto, é fruto da cooperação entre várias áreas do cérebro. “A região pré-frontal é de extrema importância para realização de funções executivas relacionadas às ideias e aos pensamentos originais.”
Uma pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e noticiada pela BBC identificou que o pensamento criativo ocorre no interior de três redes neurais:
a rede de modo padrão, usada quando o cérebro está gerando ideias e simplesmente imaginando;
a rede de controle executivo, ativada para a tomada de decisões e avaliações de ideias;
e a rede de saliência, usada para discernir quais ideias são relevantes e para facilitar a transição das ideias entre os modos padrão e executivo.
De acordo com o estudo liderado por Roger Beaty, especialista em neurociência cognitiva pela Universidade Harvard, “o cérebro criativo está conectado de uma maneira diferente, e as pessoas criativas são mais capazes de ativar sistemas cerebrais que tipicamente não funcionam juntos”.
Essas conclusões foram obtidas por meio de ressonâncias magnéticas em um grupo de 163 pessoas. Elas foram avaliadas durante atividades criativas e artísticas. “Em geral, pessoas com conexões mais fortes tiveram ideias melhores”, ele explicou.

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‘Coringa: Delírio a dois’ desperdiça Lady Gaga em musical chato mais ousado que o 1º filme; g1 já viu

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Continuação do sucesso inexplicável de 2019 poderia ser muito bom, mas se contenta em ser apenas ‘menos ruim’. Filme estreia nesta quinta-feira (3) nos cinemas brasileiros. Apesar de suas muitas, muitas falhas, “Coringa: Delírio a dois” ao menos é mais ousado que seu já ruim antecessor, o sucesso inexplicável de 2019.
A continuação que estreia nesta quinta-feira (3) nos cinemas brasileiros é uma mistura esquizofrênica de gêneros que nunca se conectam totalmente:
um musical bem executado, mas arrastado, que não sabe e aproveitar do talento e do carisma de Lady Gaga, suposta coprotagonista da história;
um filme de prisão/manicômio com bons momentos e ainda mais clichês;
e um filme de tribunal, previsível e sem qualquer sentido.
Uma aposta mais sincera e focada no primeiro deles poderia elevar “Delírio a dois” a algo muito melhor do que o sofrido “Coringa”. Há vislumbres claros de uma vontade contida – e nunca realizada – de transcender.
Assista ao trailer de “Coringa: Delírio a Dois”
A continuação, no entanto, não tem coragem de abraçar de vez o inesperado e toda vez que se aproxima demais do limite volta meio de supetão para a segurança do previsível.
Uma pena. Ao final de quase duas horas e vinte minutos de duração, a obra dirigida por Todd Phillips (que novamente divide o roteiro com Scott Silver) se contenta em ser apenas não tão ruim quanto a primeira – mas ainda ruim.
Ah, tadinho
“Delírio a dois” é uma continuação direta – e totalmente desnecessária – do filme anterior. Na trama, o comediante fracassado que ficou conhecido como o palhaço assassino Coringa (Joaquin Phoenix) aguarda por seu dia no tribunal.
Preso em um manicômio para criminosos, ele conhece uma fã apaixonada (mais próxima à origem da palavra, “fanática”), que introduz um pouco de alegria, esperança e música em sua vida tão sofrida.
Tais momentos são, de fato, o melhor que o filme tem a oferecer. Infelizmente, o roteiro reserva 99% (aproximadamente) da cantoria a cenas de sonhos ou fantasia. Por mais bem realizadas sejam, elas nunca avançam a história em si, relegadas a intervalos de luxo até a hora de voltar à trama em si.
Sem clássicos para “homenagear”, como seu antecessor cometeu com “Taxi Driver” (1976) e “O rei da comédia” (1982), a sequência é genuinamente mais ousada e perigosamente criativa. Só lhe falta coragem.
Joaquin Phoenix em cena de ‘Coringa: Delírio a dois’
Scott Garfield/Warner Bros. Pictures
Já o enredo principal reflete o tom do primeiro e sofre do grave distúrbio de se levar a sério demais, com algo de incolor e insosso do começo ao fim. Ok, o protagonista é um comediante fracassado e perturbado, mas o roteiro não precisa seguir o exemplo de forma tão radical.
Não chega a ser tão sofrido, dolorido, desgraçado, angustiado e atormentado, com uma trilha sonora de um único violino amargo para pontuar tamanho sofrimento, mas, sem a música, “Delírio a dois” é no máximo anêmico.
Uma evolução, é verdade, mas ainda muito aquém do que o Príncipe Palhaço do Crime (como o vilão do Batman é carinhosamente chamado) dos quadrinhos merece.
Delírio a 1,5
Um dos maiores atores de sua geração, Phoenix entrega outra atuação muito acima da qualidade do roteiro ao qual fica preso. A primeira lhe rendeu o (exagerado) Oscar em 2020 – a segunda, em um filme com recursos já manjados, talvez não tenha a mesma sorte.
A seu lado, é Gaga quem oferece o verdadeiro sopro de ar fresco. Mesmo ao assumir o papel tão marcante da Arlequina (já celebrado nas mãos de Margot Robbie), a cantora apresenta uma versão própria e ao mesmo familiar.
Joaquin Phoenix e Lady Gaga em cena de ‘Coringa: Delírio a dois’
Niko Tavernise/Warner Bros. Pictures
Até por isso, é desesperador perceber que a personagem nunca deixa de ser apenas uma força motivadora para o protagonista. Relegada ao ponto de vista do palhaço, ela não consegue superar a unidimensionalidade de uma fã apaixonada por um ideal furado.
O título promete a dois, mas o delírio do novo “Coringa” sofre para chegar a um e meio no máximo.
O mais triste é que, o tempo todo, o filme flerta com o sucesso. Quando o musical periga ficar maluco demais, descontrolado demais, colorido demais, uma mão invisível (chamada Todd Phillips) puxa as rédeas e devolve o espectador aos corredores frios do manicômio ou à trama chata e sem sentido do julgamento.
É tanto coito interrompido que, depois de um tempo, novas cantorias causam uma reação que mistura trauma com tédio. Assim como o próprio protagonista, o público só quer o doce alívio do fim – que até vem, mas só depois de mais umas 3 ou 4 canções.
Cartela resenha crítica g1
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Caso Sean Diddy tem tudo para provocar ‘MeToo da música’, diz pianista Nomi Abadi

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Em entrevista ao g1, artista comenta acusações contra rapper e fala da Female Composer Safety League, uma rede de suporte voltada a compositoras vítimas de abuso sexual e assédio. sean-diddy-agressão
Imagem de vídeo divulgado pela CNN, que mostra o rapper Sean ‘Diddy’ Combs agredindo a ex-namorada Cassie Ventura. Ao lado, foto do rapper em pedido de desculpas — Foto: Reprodução/CNN e Redes Sociais
“Todos nós já sabíamos. Por muito tempo, ouvimos histórias sobre essas festas”, afirma a pianista Nomi Abadi, em entrevista ao g1 por videochamada. Ela se refere aos luxuosos eventos promovidos pelo rapper Sean “Diddy” Combs — também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy —, preso em 16 de setembro sob a suspeita de tráfico sexual e agressão. “Eu conheci uma vítima de P. Diddy. Minha amiga esteve em uma dessas festas… Ninguém a escutou. Ninguém se importou com ela.”
Chamados de “white parties” e “freak-off”, os eventos organizados pelo músico aconteciam desde os anos 2000. Eram privados — sua lista de convidados reunia atores, músicos, empresários e políticos. Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber são algumas das celebridades que compareceram aos encontros. Agora, essas festas são o gancho para boa parte das denúncias que Diddy enfrenta.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
O músico é acusado de abusar sexualmente de mulheres e de drogá-las durante os eventos. Há relatos de que ele, inclusive, teria coagido algumas a usar fluidos intravenosos para recuperação física após submetê-las a longas e violentas performances eróticas. Ele, que ainda não foi julgado, nega todas as acusações que motivaram sua prisão.
“Finalmente, algo está sendo feito”, diz Nomi, pianista indicada ao Grammy (2019) por “Sekou Andrews & The String Theory” e fundadora da Female Composer Safety League (ou Liga de Segurança das Compositoras, em português), uma rede de suporte a compositoras vítimas de abuso sexual e assédio.
“O que rolava nessas festas são coisas muitos ruins. E mesmo envolvendo tantas pessoas, continuava acontecendo.”
A pianista Nomi Abadi
Divulgação
É mais ou menos o que também afirmou a cantora Cassie, ex-namorada de Diddy, em 2023, quando ela abriu um processo contra ele, alegando ter sido estuprada e violentada por mais de uma década. Na ação, que já foi encerrada (sem os detalhes divulgados), a artista afirmou que os supostos crimes do rapper eram testemunhados por muita gente “tremendamente leal” que nunca fazia nada para impedi-lo.
“Teve que chegar num nível ‘Harvey Weinstein’ para que as pessoas pensassem: ‘Ah, talvez isso não seja tão legal'”, diz Nomi, em referência ao magnata de Hollywood condenado a 25 anos de prisão por uma série de crimes sexuais. O caso foi impulsionado pela hashtag #MeToo, que surgiu em 2017 com uma onda de relatos online sobre estupro e assédio. Movimento que chacoalhou a indústria cinematográfica, ao pôr na mira da Justiça nomes como Kevin Spacey, Bill Cosby e Jeffrey Tambor.
Harvey Weinstein no tribunal no dia 4 de outubro
Etienne Laurent/via Reuters/Arquivo
Agora, as acusações contra Sean Diddy têm tudo para desencadear um novo MeToo. Mas, dessa vez, na indústria musical. É o que afirma Nomi, que também é uma das articuladoras do “Sound Off: Make the Music Industry Safe”, campanha que documenta abusos sexuais no setor da música e exige uma série de mudanças na condução dos casos.
“Se isso não acontecer um ‘MeToo da música’ a partir do caso Diddy, eu não sei o que mais pode fazer isso”, afirma a americana. “Espero que o caso traga atenção para os outros. E que isso tudo nem comece, nem termine em Diddy, porque há má muito a ser ganho no campo das conversas. Espero que, finalmente, haja o MeToo que a indústria musical tanto merece, ou melhor, o MeToo que as sobreviventes dessa indústria merecem.”
Sean ‘Diddy’ Combs.
Mark Von Holden/Invision/AP
Várias histórias, diferentes circunstâncias
Sean Diddy não é o primeiro músico a ser acusado de crimes sexuais. A lista é extensa. Dá para citar exemplos como Axl Rose, Chris Brown, Nick Carter e Ross William Wild. Nenhum desses casos, porém, teve a mesma repercussão que a do rapper. O que chegou mais próximo disso foi R. Kelly, cantor condenado a 31 anos de prisão por chefiar durante décadas uma rede de exploração sexual de mulheres e adolescentes.
Para além da repercussão explosiva, o possível envolvimento de Sean Diddy com outros poderosos da indústria durante a execução dos supostos crimes aumenta a chance de novas investigações e condenações no setor, o que é visto por Nomi como um forte potencial para o ressurgimento do MeToo.
Dono do selo Bad Boy Records, o rapper é um influente executivo do mercado fonográfico americano. Apadrinhou artistas como Usher, Mary J. Blige e Notorious BIG, e já foi descrito pela revista “Time” como o “homem mais onipresente do hip-hop”.
“Uma coisa que me surpreendeu quando comecei a frequentar esse meio [de dar suporte a vítimas da indústria] é que cada sobrevivente tem sua própria versão da mesma história. As circunstâncias são diferentes. O que aconteceu com cada pessoa é único. Mas todas elas querem ser validadas, compreendidas e terem seus empregos mantidos”, afirma Nomi. “São os mesmos medos e os mesmos desejos.”
Anos atrás, a cantora moveu processos contra Danny Elfman, compositor de trilhas de blockbusters como “Batman” e “Beetlejuice”. Nas ações, ela alegou ter sido vítima de crimes sexuais. Ele nega. Os dois entraram em um acordo com termos não divulgados.

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