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‘Não quero só o que cabe em mim, quero meu estilo’: pessoas gordas buscam variedade de roupas em lojas virtuais e sites gringos

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Apesar do avanço do mercado plus size, clientes ainda têm dificuldade de encontrar roupas que caracterizem sua identidade. “Hoje em dia é muito difícil eu ir em uma loja física comprar roupas.”
A fala é da analista de departamento fiscal Daniele Gonçalves da Silva, 34, que, assim como muitas pessoas que estão acima do peso, já precisou passar pelo estresse de ir em uma loja física e não encontrar roupas que servissem ou vestissem bem os corpos fora do padrão.
“Eu já descobri que as roupas que estão muito na moda ou são tendências não são para mim, porque dificilmente têm do meu tamanho ou ficam bem no meu corpo. Foi aí que eu comecei a pesquisar roupas para mim em sites na internet, e eu mesma comecei a montar o meu próprio look”, conta Daniele.
A analista de departamento fiscal Daniele Gonçalves da Silva, 34, conta que pesquisa roupas e acessórios em sites na internet para montar o próprio look.
Reprodução/ Instagram
A busca por roupas na internet não é de agora, mas tem ganhado força no mercado de moda plus size. Dados de um levantamento feito pela Visa Consulting & Analytics, por exemplo, apontam que as compras online no setor de vestuário cresceram mais de 16% em 2022.
E não é só. Dados da Associação Brasil Plus Size (ABPS) também indicam a força desse mercado. De acordo com a associação, o segmento cresceu 75,4% nos últimos 10 anos e tem projeção de alcançar os R$ 15 bilhões em faturamento até 2027.
O avanço, segundo a ABPS, é puxado principalmente pelas lojas de pequeno porte – de acordo com a associação, os pequenos empreendedores respondem por mais de 90% do setor plus size.
“As grandes companhias são muito importantes para nós, mas elas dificilmente conseguem trabalhar com a identidade autoral, que é o que grande parte dos consumidores demanda. As pessoas não necessariamente querem usar o que é tendência todo dia. Elas querem algo que caracterize sua identidade”, afirma a presidente a ABPS, Marcela Elizabeth.
Os influenciadores digitais Alexandra Gurgel (à esquerda) e Caio Revela (à direita).
Divulgação/Agência Gaiah
Busca por expressão
Segundo especialistas, consumidores e representantes do setor, o grande varejo já vem trabalhando nos últimos anos para aumentar sua grade de tamanhos.
Ainda assim, a leitura é que foi somente com a popularização de sites e aplicativos de moda que uma maior gama de produtos para pessoas gordas começou a aparecer – o que também acaba promovendo uma maior competitividade no segmento.
Do lado dos empreendedores, por exemplo, grande parte do apelo vem porque a maioria desses empresários também passou por dificuldades em encontrar roupas que servissem bem e tivessem um estilo próprio.
E foi essa situação que os levou a fundar suas próprias marcas e a trazer peças que agradassem ao público plus.
A empreendedora Maria Cancella, 29, fundadora da marca M.Cancella, por exemplo, conta que sempre teve dificuldade em encontrar roupas que expressassem sua personalidade.
Ela afirma que, mesmo sendo formada em design de moda e tendo trabalhado por anos no setor, enfrentou comentários preconceituosos e sentiu-se várias vezes invalidada por estar fora do padrão.
Maria Cancella, 29, fundadora da marca M.Cancella
Arquivo Pessoal / Maria Cancella
“Parecia que eu não pertencia a esses ambientes. Eu ouvi várias vezes para eu emagrecer e fazer uma bariátrica para ter mais credibilidade”, afirma.
“Na hora você vai tentando levar, mas são coisas muito duras de ouvir quando você está começando. Você sente que mesmo pertencendo a esse mundo, tendo estudado e trabalhado com aquilo, ainda precisa mudar para se encaixar”, prossegue.
Ela conta que fez o lançamento da marca em eventos de moda plus size no Rio de Janeiro, e que criou um site próprio apenas quando a pandemia de Covid-19 se instaurou no país.
“O primeiro espaço físico que tive foi em uma galeria no centro do Rio de Janeiro, quando a pandemia deu a primeira trégua. Fiquei sete meses lá, mas logo ficou insustentável. Pouco depois comecei a fazer eventos em São Paulo e Belo Horizonte também, e agora consegui entrar em uma loja colaborativa em Laranjeiras [bairro no Rio de Janeiro]”, diz.
Já do lado das lojas virtuais e sites internacionais, além da tabela de tamanhos – que muitas vezes abrange números maiores do que os encontrados em lojas físicas –, e da maior comodidade, também há um volume maior de roupas diferentes em estilo, textura e caimento.
Além disso, de acordo com alguns consumidores, o maior acesso a esses sites e aplicativos também trouxe um número maior de pessoas gordas em um lugar de “enaltecimento”. E isso também acaba aumentando o debate sobre a aceitação de corpos fora do padrão.
“Durante muitos anos a moda serviu para a gente se esconder e era isso o que era ensinado para a gente. Agora, isso começa a mudar. Temos um levante de pessoas que já para e pensa: ‘Calma, eu não quero vestir só o que cabe em mim, eu quero descobrir o meu estilo’”, diz a jornalista, influenciadora digital e fundadora do Movimento Corpo Livre, Alexandra Gurgel.
Ela destaca, no entanto, que ainda tem muita coisa que precisa avançar no setor, principalmente no que diz respeito à disponibilidade de roupas e à representatividade de pessoas gordas.
“Há um preconceito enraizado. Muitas marcas sequer consideram que uma pessoa gorda pode querer usar um cropped, uma roupa justa ou um decote, por exemplo”, comenta a influenciadora, ressaltando que muitas vezes o público plus precisa se encaixar em roupas que ficam “dentro de estereótipos específicos”.
“A dificuldade já começa na tentativa. Gordo muitas vezes não encontra roupas para ser a gostosa, o CEO de uma empresa ou mesmo para ser a pessoa que vai à academia. As pessoas ainda têm uma rejeição muito grande ao ver pessoas gordas e fora do padrão no lugar de beleza e enaltecimento”, acrescenta Gurgel.
Jornalista, influenciadora digital e fundadora do Movimento Corpo Livre, Alexandra Gurgel.
Divulgação/ Agência Gaiah
Preconceito e gordofobia
Para alguns consumidores e empresários, parte do que explica essa falta de roupas diferentes no segmento plus size são os efeitos que o preconceito e a gordofobia têm na própria demanda do setor.
Segundo Cancella, ainda existe muito tabu tanto para a produção quanto em relação à procura de roupas de tamanhos maiores.
“Ainda há um comportamento geracional muito grande e que influencia muitas das demandas e ofertas desse mercado. É algo que tem mudado, claro, mas ainda tem bastante gente que só se sente à vontade com uma roupa que cubra o braço ou não marque a cintura”, explica a empresária.
E essa demanda, logicamente, se reflete nos produtos que são ofertados.
“Muitas vezes você vai dar uma olhada nas coleções plus size que existem e a maioria é feita com base naquelas regras antigas de moda, composta por roupas escuras, para dar aquela falsa ideia de emagrecimento, ou sem listras horizontais, por exemplo”, diz o influenciador digital Caio Revela, que também é especialista em moda.
A médica Mirela Lara Garcia de Oliveira, 25, conta que também viveu essa saga na hora de comprar roupas. “Por muito tempo o meu foco foi procurar peças que me cobriam o tempo todo. Não usava blusa de alcinha ou tomara que caia e evitava roupas apertadas a todo custo”, diz.
A médica Mirela Oliveira, 25, conta que também já passou pela dificuldade de encontrar roupas
Reprodução/Instagram
Ela conta que foi apenas recentemente, quando conseguiu se entender como uma pessoa gorda e aceitar sua própria imagem, que ela conseguiu ter mais facilidade para encontrar roupas.
“Antes, a percepção que eu tinha era a que eu era gordinha, mas que isso era passageiro, porque eu sempre estava em dieta ou fazendo alguma coisa para emagrecer. Mas eu fazia aquilo porque eu achava que estava fora do que é considerado normal. Foi só quando eu comecei a entender que eu merecia mais de mim que eu percebi que não precisava me adequar e que eu deixei de querer me esconder [nas roupas]”, afirma Mirela.
Para os representantes do setor, o empoderamento do corpo gordo e o volume cada vez maior de conteúdos voltados para inclusão e diversidade na internet também têm aquecido os debates sobre aceitação de corpos fora do padrão e impulsionado o mercado plus size.
Vale pontuar, no entanto, que muitos dos comentários feitos nas redes ainda é negativo e preconceituoso – muitos citando uma suposta “romantização da obesidade” ou levantando uma bandeira de saúde para mascarar a gordofobia.
“Nós nunca vamos conseguir agradar todo mundo e o objetivo não é esse. Hoje eu conheço o meu lugar e eu sei que eu inspiro muitas pessoas a usarem o que elas têm vontade, a se sentirem livres para serem e fazerem o que quiserem. E isso não significa que estou incentivando alguém a ser de um jeito ou de outro”, pondera Revela.
Influenciador digital e especialista em moda, Caio Revela.
Divulgação/Agência Gaiah
Ele acrescenta, ainda, que acredita que esse movimento “body positive” tende a se intensificar nos próximos anos e deve trazer uma transformação cada vez maior no segmento plus size.
“Acho que o mercado está entendendo que nós, as pessoas gordas, temos potencial de compra, poder aquisitivo, e que não nos contentamos mais com roupas que não foram pensadas para o nosso corpo. A gente também quer ser considerado ícone fashion, né, por que não? Queremos inspirar outras pessoas, queremos ser referência de estilo e de coisas bonitas. E acho que hoje já começamos a ver essa mudança”, conclui o influenciador.

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Fritz Escovão, exímio ritmista fundador do Trio Mocotó, ‘Jimi Hendrix da cuíca’, morre em São Paulo aos 81 anos

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♫ OBITUÁRIO
♪ “O Jimi Hendrix da cuíca!”. O comentário do músico André Gurgel na publicação da rede social em que o Trio Mocotó informou a morte de Fritz Escovão traduz muito do pensamento geral de quem viu em ação este percussionista, pianista, violonista e cantor carioca que marcou época no Trio Mocotó, grupo de samba-rock do qual foi fundador.
Gigante da cuíca, instrumento que percutia com exuberância e incrível destreza, Luiz Carlos de Souza Muniz (13 de dezembro de 1942 – 1º de outubro de 2024) morre aos 81 anos, em São Paulo (SP), de causa não revelada, e sai de cena para ficar na galeria dos imortais do ritmo brasileiro, perpetuado com o nome artístico de Fritz Escovão. O enterro do corpo do artista está previsto para as 8h30m de amanhã, 2 de outubro, no cemitério de Vila Formosa, bairro paulistano.
Fritz Escovão era carioca, mas se radicou em São Paulo (SP), cidade em que fez história a partir de 1968, ano em que o Trio Mocotó foi formado na lendária boate Jogral por Fritz com o carioca Nereu de São José (o Nereu Gargalo) e com o ritmista paulistano João Carlos Fagundes Gomes (o João Parahyba).
Matriz do samba-rock, o grupo foi fundamental para a ressurreição artística de Jorge Ben Jor a partir de 1969. Foi com o toque do Trio Mocotó que Jorge Ben apresentou a visionária música Charles, anjo 45 em 1969 na quarta edição do Festival Internacional da Canção (FIC).
A partir de 1970, ano em que gravou single com o samba-rock Coqueiro verde (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), o Trio Mocotó alçou voo próprio sem se afastar de Jorge Ben, continuando a fazer shows com o cantor, com quem gravou álbuns como Força bruta (1970) e o politizado Negro é lindo (1971).
A discografia solo do Trio Mocotó com Fritz Escovão destaca os referenciais álbuns Muita zorra (“…São coisas que glorificam a sensibilidade atual”) (1971), Trio Mocotó (1973) e Trio Mocotó (1977), discos de samba-rock que ganharam status de cult a partir da década de 1990 no Brasil e no exterior, sobretudo o álbum de 1973 em que o trio adicionou à cadência toques de jazz, soul e rock à cadência do samba.
Sempre com a maestria de Fritz Escovão. Em 1974, o Trio Mocotó gravou disco com Dizzy Gillespie (1917 – 1993), em estúdio de São Paulo (SP), mas o trompetista norte-americano de jazz nunca lançou o álbum (foi somente em 2010, 17 anos após a morte do jazzista, que o veio à tona o álbum Dizzie Gillespie no Brasil com Trio Mocotó, editado no Brasil em 2011 via Biscoito Fino).
Em 1975, o grupo saiu de cena. Retornou somente em 2001, após 26 anos, com o álbum intitulado Samba-rock. Um ano depois, em 2002, Fritz Escovão deixou amigavelmente o Trio Mocotó para tratar de problemas de saúde.
Foi substituído em 2003 por Skowa (13 de dezembro de 1955 – 13 de junho de 2024), músico morto há menos de quatro meses. Hoje quem parte é o próprio Fritz Escovão, para tristeza de quem testemunhou o virtuosismo do “Jimi Hendrix da cuíca”.

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Morre Fritz Escovão, do Trio Mocotó, grupo que fez brilhar o samba rock

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Ao lado de Jorge Ben Jor, grupo ficou famoso pelo suingue inebriante que dá vida ao samba rock. Fritz Escovão, fundador do Trio Mocotó
Reprodução
Morreu Fritz Escovão, fundador do Trio Mocotó. A morte do artista foi confirmada no Instagram do grupo, nesta terça-feira (1º). A causa não foi revelada.
“Cantor, violonista, pianista e percussionista, [ele] marcou a música brasileira pela sua voz inigualável à frente do Trio Mocotó até 2002, com seu clássico ‘Não Adianta’ e como um dos maiores, se não o maior, dos cuiqueiros que o Brasil já viu”, diz a publicação do grupo.
Conhecido como Fritz Escovão, Luiz Carlos Fritz fundou o Trio Mocotó em 1969: ele na cuíca, João Parahyba na bateria, e Nereu Gargalo no pandeiro.
Juntos, os três fizeram sucesso ao lado de Jorge Ben Jor, com um suingue inebriante que deu vida ao samba rock.
A partir de 1970, o Trio Mocotó alçou voo próprio sem se afastar de Jorge Ben, fazendo shows com o cantor em um primeiro momento da carreira e gravando discos como “Negro é lindo”.
Escovão deixou o grupo em 2003. Atualmente, quem assume a cuíca é Skowa.

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Sean Diddy Combs é alvo de 120 novas acusações de abuso sexual; ações serão movidas nas próximas semanas, diz advogado

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Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Sean ‘Diddy’ Combs.
Mark Von Holden/Invision/AP
Sean “Diddy” Combs está sendo acusado de abusar sexualmente de 120 pessoas. Foi o que informou o advogado americano Tony Buzbee, em uma coletiva online feita nesta terça-feira (30). Segundo ele, nas próximas semanas serão abertos 120 processos contra o cantor, que está preso em Nova York desde 16 de setembro.
“Nós iremos expor os facilitadores que permitiram essa conduta a portas fechadas. Nós iremos investigar esse assunto não importa quem as evidências impliquem”, disse Buzbee, na coletiva. “O maior segredo da indústria do entretenimento, que, na verdade, não era segredo nenhum, enfim foi revelado ao mundo. O muro do silêncio agora foi quebrado.”
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Ele, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Caso seja julgado culpado das acusações, ele pode ser condenado a prisão perpétua.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Quem é Sean Diddy Combs?
Seu nome é Sean John Combs e ele tem 54 anos. Nasceu em 4 de novembro de 1969 no bairro do Harlem, na cidade de Nova York, nos EUA. É conhecido por diversos apelidos: Puff Daddy, P. Diddy e Love, principalmente.
O rapper é um poderoso nome do mercado da música e produtor de astros como o falecido The Notorious B.I.G. Ele é considerado um dos nomes responsáveis pela transformação do hip-hop de um movimento de rua para um gênero musical hiperpopular e de importância e sucesso globais.
Diddy começou no setor musical como estagiário, em 1990, na Uptown Records, uma das gravadoras mais famosas dos EUA, e onde se destacou de forma meteórica e chegou a se tornar diretor. Em 1994, fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records.
Um de seus álbuns mais famosos, “No Way Out”, de 1997, rendeu a Diddy o Grammy de melhor álbum de rap. Principalmente depois do estouro com a música, Diddy fez ainda mais fortuna com empreendimentos do setor de bebidas alcoólicas e da indústria da moda, principalmente.
Ele também foi produtor de inúmeros artistas de sucesso e está por trás de grandes hits cantados por famosos. Muita gente, inclusive, o vê mais como um produtor e empresário do que como um músico.

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