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Festas e Rodeios

Como Marília Mendonça continua a ser fenômeno após sua morte

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Cantora morreu em novembro de 2021, aos 26 anos, mas continua na lista das músicas mais tocadas no país com lançamentos recentes. As músicas da cantora Marília Mendonça, um dos maiores nomes do sertanejo nos últimos anos, continuam entre as mais tocadas no Brasil, após sua morte em novembro de 2021, no auge da sua carreira.
A artista esteve no topo das paradas em 2022 e no início deste ano e segue sendo bastante ouvida nas rádios do país e plataformas de música.
Por trás deste sucesso póstumo da cantora, também estão o trabalho e a estratégia traçados por sua gravadora, por seus familiares e pelo escritório que representa a artista.
O principal projeto é uma série em quatro partes — a última deve ser lançada no fim de maio — com músicas retiradas de uma live feita por ela em maio de 2021.
A canção Leão, que encabeça a série Decretos Reais, já foi ouvida 340 milhões de vezes nas plataformas de música e no YouTube, segundo a Som Livre.
A faixa foi a mais popular no Brasil no Spotify no último verão, e Marília Mendonça foi a artista mais ouvida em todo o país no mesmo período.
Os números alcançados por Marília após a morte surpreenderam, avalia o jornalista André Piunti, especializado em música sertaneja.
“Ninguém esperava que um lançamento póstumo fizesse tanto sucesso assim. Isso nunca aconteceu no sertanejo, não sei se em outro tipo de música no Brasil, mas acredito que não”, pontua Piunti.
O fenômeno Marília
Um dos principais nomes do subgênero “feminejo” — música feita por e para mulheres —, Marília Mendonça é dona de inúmeras músicas de sucesso.
A artista chegou à gravadora Som Livre em 2015, ainda como compositora. A carreira como cantora começou um pouco depois.
Conhecida como a “rainha da sofrência” por cantar sobre o desamor, a artista chegou ao topo com Infiel, seu primeiro hit.
A música tem hoje mais de meio bilhão de visualizações no YouTube, onde o canal de Marília tem quase 26 milhões de inscritos.
Depois, vieram sucessos como Todo mundo vai sofrer, Vai lá em casa hoje, Troca de calçada e vários outros.
“Ela mostrou, logo no início, que tinha muito potencial vocal, que a composição dela falava com todas as características das mulheres e que ela estava representando esse público. Foi uma quebra de estigma do segmento do sertanejo”, diz Júlia Braga, da Som Livre.
Ao longo da carreira, Marília acumulou recordes. No auge da pandemia, em maio de 2020, sua live tornou-se a mais vista na história do YouTube, com 3,3 milhões de acessos simultâneos.
A cantora foi a artista mais ouvida no Brasil no Spotify em 2019 e em 2020.
A sua carreira foi encerrada de forma precoce. Enquanto ela retomava os shows que haviam sido suspensos com a pandemia, a cantora morreu em um acidente aéreo, aos 26 anos.
Ela estava em um avião que caiu na cidade de Piedade de Caratinga, em Minas Gerais, em 5 de novembro de 2021. Além da cantora, também morreram o tio dela, Abicelí Silveira Dias Filho, o produtor Henrique Ribeiro, o piloto Geraldo Medeiros Júnior e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.
A tragédia causou comoção em todo o país e foi notícia pelo mundo. O velório dela, em Goiânia, reuniu milhares de fãs.
Depois da morte
Os representantes da cantora tinham um desafio após sua morte: como conduzir a obra deixada por uma das maiores artistas do Brasil?
Isso significava, em parte, administrar os trabalhos que Marília havia deixado prontos antes do acidente.
Marília tinha acabado de lançar Patroas, por exemplo, uma parceria com a dupla Maiara e Maraísa, suas amigas de longa data.
As músicas do projeto alcançaram o topo das paradas nos meses seguintes.
Ao mesmo tempo, a equipe decidiu revisitar todo o material já produzido pela cantora, pensando em produzir novos projetos.
“A gente teve muito cuidado em fazer reflexão do que ela faria. É óbvio que nunca saberemos e queríamos que ela estivesse aqui. Mas não estando, tivemos o cuidado de tentar fazer com a cara dela”, explica Júlia Braga, diretora de comercial e marketing da gravadora Som Livre.
Na live Serenata, feita no YouTube em maio de 2021, Marília cantou sucessos da sua carreira — alguns em nova versão — e de outros artistas. A apresentação tem mais de 10 milhões de visualizações atualmente.
A transmissão foi remasterizada para melhorar a qualidade do som de algumas músicas, e a primeira parte foi lançada em julho passado.
Os três volumes de Decretos reais que saíram até agora somam 780 milhões de reproduções em plataformas de áudio e no YouTube, de acordo com a Som Livre.
“Acho que todo mundo entendeu que esse projeto de regravações — não é de inéditas — é muito potente”, diz Júlia Braga. “O que explica o sucesso atual dela é, sem dúvidas, a própria Marília. Nós estamos aqui apenas para ajudar.”
Nos meses seguintes à morte da cantora, também foram lançadas gravações de Marília com outros artistas.
Os lançamentos dessas canções seguiram o cronograma de cada parceiro, como os cantores Ludmilla, Naiara Azevedo e Zezé di Camargo, após aval dos representantes de Marília.
A música Mal feito, com a dupla Hugo & Guilherme, foi umas das parcerias de maior sucesso. A canção, lançada em janeiro de 2022, foi a mais ouvida no ano passado nas plataformas de música do país, com 255 milhões de reproduções.
“Falta a peça principal, que é a Marília e suas ideias geniais, mas fica o florescer das sementes que ela plantou”, diz o escritório Work Show, que cuidava da carreira da artista, em um comunicado à BBC News Brasil.
O sucesso póstumo
O sucesso de Marília mesmo após a sua morte vai além do fato de ela ter sido um fenômeno em vida, avalia o jornalista André Piunti.
Ele destaca que um ponto fundamental é que a artista deixou muito material produzido com qualidade. “Ela deixou coisas realmente prontas”, diz.
“Não precisaram revirar arquivos, essas coisas, que sempre são complicadas. Por exemplo, o Cristiano Araújo (cantor sertanejo), que faleceu em 2015, teve o primeiro projeto póstumo lançado só no final do ano passado, porque tiveram que mexer em arquivos. Aí perde um pouco daquele apelo. O dela (Marília) foi lançado menos de um ano depois“, acrescenta.
Somente no Spotify, Marília acumula atualmente pouco mais de 13,2 milhões de ouvintes mensais. É a quinta artista brasileira mais ouvida na plataforma nos últimos dias.
Ela soma atualmente, segundo a Som Livre, mais de 27 bilhões de reproduções em plataformas de áudio e no YouTube.
Os valores movimentados pelos lançamentos póstumos não foram divulgados.
Outro ponto, diz André Piunti, é que a equipe dela adotou estratégia de lançamento dos projetos semelhante à que era feita enquanto Marília estava viva.
“Reuniram fãs, imprensa, a gravadora e fizeram um lançamento como se a artista estivesse aqui”, comenta.
A faixa Leão, uma parceria com o rapper Xamã, tornou-se um dos maiores sucessos póstumos de Marília Mendonça.
A canção foi lançada originalmente em 2020 e foi reeditada pela cantora em uma nova versão solo na live de maio de 2021.
Piunti diz que a música alcançou números expressivos principalmente por ser considerada quase inédita para muitos que acompanhavam a carreira de Marília.
“A música tinha sido gravada com o Xamã, no estilo dele. Então, por mais que ele tenha feito um barulho com ela, ficou mais para o público do Xamã do que para o da Marília”, diz.
“Muita gente que gostava da Marília sequer conheceu a versão com o Xamã. E aí ela fez uma versão totalmente nova na live, uma versão que a gente chama de brega, meio ‘sertanejão’ e misturando com alguns ritmos do Nordeste. Enfim, uma bagunça que ela gostava de fazer”, comenta Piunti.
“Se fosse só uma regravação de uma música sertaneja bem conhecida, como tantas outras que ela fez (na live), a música teria força, mas não tanta assim”, avalia o especialista.
Próximos lançamentos
Nos próximos meses (ou anos), devem ocorrer mais lançamentos póstumos de Marília. É uma estratégia que continua sendo traçada pela equipe dela, com o apoio da mãe da artista, Ruth Moreira.
“É tudo costurado a muitas mãos. Lembro perfeitamente da primeira reunião, todos estavam muito emocionados. Até hoje, muita gente ainda tem a sensação de que ela vai aparecer, é uma coisa tão vívida que a gente sabe que ocorreu, mas não entende que ela não está mais aqui para discutir os planos e as ideias”, diz Júlia Braga.
Parcerias musicais que não foram lançadas até o momento, uma biografia e um documentário estão nos planos. Além disso, uma equipe está catalogando músicas inéditas escritas pela cantora.
Há “inúmeras canções e projetos criativos sendo desenvolvidos que em breve aparecerão”, diz o Work Show à reportagem.
Segundo o escritório, os lançamentos ocorrerão conforme a vontade de Marília, “a curto, médio e longo prazo”, como ela indicou para pessoas de confiança.
“Ela assumiu um compromisso de ser além de uma cantora, um movimento, uma forma de ser e estar, uma ideia, e as ideias não morrem”, diz o escritório.
Diversos trabalhos deixados pela cantora ainda devem ser avaliados por quem cuida de sua obra.
“Não tive acesso a inéditas ou rascunhos, mas já me falaram que há muita coisa dela. Ela era uma mulher hiperativa, no auge e andava com um caderninho o dia inteiro. Ela sempre gravava áudios e mandava pros produtores”, diz Júlia Braga.
“É uma infinidade de material que precisa ser ouvido e analisado para ver o que está à altura dela para o público. Sempre que tiver um projeto da Marília, vai ser grandioso”, acrescenta.

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Fritz Escovão, exímio ritmista fundador do Trio Mocotó, ‘Jimi Hendrix da cuíca’, morre em São Paulo aos 81 anos

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♫ OBITUÁRIO
♪ “O Jimi Hendrix da cuíca!”. O comentário do músico André Gurgel na publicação da rede social em que o Trio Mocotó informou a morte de Fritz Escovão traduz muito do pensamento geral de quem viu em ação este percussionista, pianista, violonista e cantor carioca que marcou época no Trio Mocotó, grupo de samba-rock do qual foi fundador.
Gigante da cuíca, instrumento que percutia com exuberância e incrível destreza, Luiz Carlos de Souza Muniz (13 de dezembro de 1942 – 1º de outubro de 2024) morre aos 81 anos, em São Paulo (SP), de causa não revelada, e sai de cena para ficar na galeria dos imortais do ritmo brasileiro, perpetuado com o nome artístico de Fritz Escovão. O enterro do corpo do artista está previsto para as 8h30m de amanhã, 2 de outubro, no cemitério de Vila Formosa, bairro paulistano.
Fritz Escovão era carioca, mas se radicou em São Paulo (SP), cidade em que fez história a partir de 1968, ano em que o Trio Mocotó foi formado na lendária boate Jogral por Fritz com o carioca Nereu de São José (o Nereu Gargalo) e com o ritmista paulistano João Carlos Fagundes Gomes (o João Parahyba).
Matriz do samba-rock, o grupo foi fundamental para a ressurreição artística de Jorge Ben Jor a partir de 1969. Foi com o toque do Trio Mocotó que Jorge Ben apresentou a visionária música Charles, anjo 45 em 1969 na quarta edição do Festival Internacional da Canção (FIC).
A partir de 1970, ano em que gravou single com o samba-rock Coqueiro verde (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), o Trio Mocotó alçou voo próprio sem se afastar de Jorge Ben, continuando a fazer shows com o cantor, com quem gravou álbuns como Força bruta (1970) e o politizado Negro é lindo (1971).
A discografia solo do Trio Mocotó com Fritz Escovão destaca os referenciais álbuns Muita zorra (“…São coisas que glorificam a sensibilidade atual”) (1971), Trio Mocotó (1973) e Trio Mocotó (1977), discos de samba-rock que ganharam status de cult a partir da década de 1990 no Brasil e no exterior, sobretudo o álbum de 1973 em que o trio adicionou à cadência toques de jazz, soul e rock à cadência do samba.
Sempre com a maestria de Fritz Escovão. Em 1974, o Trio Mocotó gravou disco com Dizzy Gillespie (1917 – 1993), em estúdio de São Paulo (SP), mas o trompetista norte-americano de jazz nunca lançou o álbum (foi somente em 2010, 17 anos após a morte do jazzista, que o veio à tona o álbum Dizzie Gillespie no Brasil com Trio Mocotó, editado no Brasil em 2011 via Biscoito Fino).
Em 1975, o grupo saiu de cena. Retornou somente em 2001, após 26 anos, com o álbum intitulado Samba-rock. Um ano depois, em 2002, Fritz Escovão deixou amigavelmente o Trio Mocotó para tratar de problemas de saúde.
Foi substituído em 2003 por Skowa (13 de dezembro de 1955 – 13 de junho de 2024), músico morto há menos de quatro meses. Hoje quem parte é o próprio Fritz Escovão, para tristeza de quem testemunhou o virtuosismo do “Jimi Hendrix da cuíca”.

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Morre Fritz Escovão, do Trio Mocotó, grupo que fez brilhar o samba rock

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Ao lado de Jorge Ben Jor, grupo ficou famoso pelo suingue inebriante que dá vida ao samba rock. Fritz Escovão, fundador do Trio Mocotó
Reprodução
Morreu Fritz Escovão, fundador do Trio Mocotó. A morte do artista foi confirmada no Instagram do grupo, nesta terça-feira (1º). A causa não foi revelada.
“Cantor, violonista, pianista e percussionista, [ele] marcou a música brasileira pela sua voz inigualável à frente do Trio Mocotó até 2002, com seu clássico ‘Não Adianta’ e como um dos maiores, se não o maior, dos cuiqueiros que o Brasil já viu”, diz a publicação do grupo.
Conhecido como Fritz Escovão, Luiz Carlos Fritz fundou o Trio Mocotó em 1969: ele na cuíca, João Parahyba na bateria, e Nereu Gargalo no pandeiro.
Juntos, os três fizeram sucesso ao lado de Jorge Ben Jor, com um suingue inebriante que deu vida ao samba rock.
A partir de 1970, o Trio Mocotó alçou voo próprio sem se afastar de Jorge Ben, fazendo shows com o cantor em um primeiro momento da carreira e gravando discos como “Negro é lindo”.
Escovão deixou o grupo em 2003. Atualmente, quem assume a cuíca é Skowa.

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Sean Diddy Combs é alvo de 120 novas acusações de abuso sexual; ações serão movidas nas próximas semanas, diz advogado

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Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Sean ‘Diddy’ Combs.
Mark Von Holden/Invision/AP
Sean “Diddy” Combs está sendo acusado de abusar sexualmente de 120 pessoas. Foi o que informou o advogado americano Tony Buzbee, em uma coletiva online feita nesta terça-feira (30). Segundo ele, nas próximas semanas serão abertos 120 processos contra o cantor, que está preso em Nova York desde 16 de setembro.
“Nós iremos expor os facilitadores que permitiram essa conduta a portas fechadas. Nós iremos investigar esse assunto não importa quem as evidências impliquem”, disse Buzbee, na coletiva. “O maior segredo da indústria do entretenimento, que, na verdade, não era segredo nenhum, enfim foi revelado ao mundo. O muro do silêncio agora foi quebrado.”
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Ele, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Caso seja julgado culpado das acusações, ele pode ser condenado a prisão perpétua.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Quem é Sean Diddy Combs?
Seu nome é Sean John Combs e ele tem 54 anos. Nasceu em 4 de novembro de 1969 no bairro do Harlem, na cidade de Nova York, nos EUA. É conhecido por diversos apelidos: Puff Daddy, P. Diddy e Love, principalmente.
O rapper é um poderoso nome do mercado da música e produtor de astros como o falecido The Notorious B.I.G. Ele é considerado um dos nomes responsáveis pela transformação do hip-hop de um movimento de rua para um gênero musical hiperpopular e de importância e sucesso globais.
Diddy começou no setor musical como estagiário, em 1990, na Uptown Records, uma das gravadoras mais famosas dos EUA, e onde se destacou de forma meteórica e chegou a se tornar diretor. Em 1994, fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records.
Um de seus álbuns mais famosos, “No Way Out”, de 1997, rendeu a Diddy o Grammy de melhor álbum de rap. Principalmente depois do estouro com a música, Diddy fez ainda mais fortuna com empreendimentos do setor de bebidas alcoólicas e da indústria da moda, principalmente.
Ele também foi produtor de inúmeros artistas de sucesso e está por trás de grandes hits cantados por famosos. Muita gente, inclusive, o vê mais como um produtor e empresário do que como um músico.

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