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Festas e Rodeios

Dores e risos de Sérgio Sampaio se engrandecem no canto dramático de Cida Moreira e se dissipam na performance ineficaz de Edy Star

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Artistas lançam álbuns simultâneos em que abordam, com diferenças abissais, a obra do compositor da marcha “Eu quero é botar meu bloco na rua”. Capa do álbum ‘Sérgio Sampaio – Poeta do riso e da dor’, de Cida Moreira
Arte de Filipe Aca
Resenha de álbuns
Títulos: Sérgio Sampaio – Poeta do riso e da dor / Meu amigo Sérgio Sampaio
Artistas: Cida Moreira / Edy Star
Edições: Joia Moderna / Kuarup
Cotações: ★ ★ ★ ★ ½ (disco de Cida Moreira) / ★ ★ (disco de Edy Star)
♪ Fala-se pouco de Sérgio Sampaio (13 de abril de 1947 – 15 de maio de 1994). Ouve-se menos ainda o cancioneiro autoral deste cantor e compositor capixaba que, a rigor, teve somente um único grande sucesso, Eu quero é botar meu bloco na rua, marcha que ganhou o público em agonizante festival de 1972 e abriu caminho para o artista gravar o primeiro álbum em 1973.
Decorridos 50 anos da edição do primeiro LP do artista, dois álbuns simultâneos – ambos lançados em 2 de junho – tentam jogar luz sobre obra calcada em emoções reais. Cida Moreira e Edy Star cantam Sérgio Sampaio em discos com abordagens e resultados distintos.
Com a voz menos potente e mais fanhosa, mas plena de entendimentos, a cantora paulistana de 71 anos abre mão dos trinados operísticos da década de 1980 para dramatizar os sentimentos das canções do compositor em álbum, Sérgio Sampaio – Poeta do riso e da dor, que concentra emoções e enfatiza a grandeza de obra que ameniza a recorrente desilusão do compositor com ironia quase cínica, como exemplifica a interpretação da música Na captura (1982), já apresentada em single editado em 26 de maio.
Intérprete teatral, Cida sabe realçar o sentido de cada canção no canto em permanente erupção, como já sinaliza uma das ilustrações da capa criada por Filipe Aca.
Sob a direção musical de Ivan Gomes (baixo) e Lê Coelho (guitarra e violão), ambos responsáveis pelos envolventes vocais que adornam Leros e leros e boleros (1973) sem ofuscar a voz de Cida, a artista exprime nesse canto eruptivo a desilusão resignada de Tem que acontecer (1976) – um balanço de (muitas) perdas e (poucos) ganhos feitos pelo compositor na música mais conhecida do artista depois da marcha de 1972 – e sustenta o acorde e a vertigem de Velho bode (1976, parceria de Sampaio com Sérgio Natureza), além de expor o silêncio claustrofóbico de Quatro paredes (1973).
Iniciativa do DJ Zé Pedro, diretor artístico da gravadora Joia Moderna, o disco de Cida Moreira é recorte, gravado em estúdio, do show Boleros e outras delícias (2019), calcado na obra de Sampaio, sendo que o título-epíteto Poeta do riso e da dor vem de verso do bolero Tolo fui eu (1982).
Capa do álbum ‘Meu amigo Sérgio Sampaio’, de Edy Star
Divulgação
Já o disco de Edy Star, artista baiano de 85 anos, dissipa as dores e risos do cancioneiro de Sérgio Sampaio porque, sem real vocação para o canto, Edy é mais um performer do que um intérprete.
Em cena, pode ser que as interpretações do álbum Meu amigo Sérgio Sampaio ganhem (algum) sentido. No disco, editado pela gravadora Kuarup, o agridoce balanço existencial de Homem de trinta (1982) vai para o buraco da mesma forma que o artista deixa escapulir o sentimento de transcendência que há nas constatações feitas pelo poeta em Ninguém vive por mim (1977).
A questão está na inocuidade do canto de Edy Star. Diretor musical e arranjador do disco, o guitarrista Rovilson Pascoal exibe o habitual brilho ao atravessar intencionalmente o samba Cada lugar na sua coisa (1976) e ao entrar no campo do rock em Cabras pastando (1976), música gravada por Edy Star com a adesão de Zeca Baleiro.
O artista baiano canta Meu pobre blues (1974) – oferta de Sampaio para o conterrâneo Roberto Carlos, que ignorou a música – com o canto quente do guitarrista / violonista Renato Piau e põe o bloco na rua com Maria Alcina sem conseguir fazer de fato o Carnaval.
Bem mais certeira e inventiva, Cida Moreira recita somente uma estrofe da marcha – “Eu, por mim, queria isso e aquilo / Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso / É disso que eu preciso ou não é nada disso / Eu quero é todo mundo nesse carnaval” – no prólogo do álbum Sérgio Sampaio – Poeta do riso e da dor. E dá o recado, pela sagacidade de que a folia do compositor era interna.
Após a pista falsa desse esfuziante hit inicial de 1972, Sérgio Sampaio foi ser gauche na vida e no mercado, contrariando expectativas e escapando pelas frestas como o gato vadio da letra de A lua e semente (1976).
Essa é a diferença abissal entre os discos de Cida Moreira e Edy Star. A cantora captura e traduz no canto a ebulição da alma e da obra do compositor enquanto o performer deixa escorrer as emoções de um artista que, ao perceber a própria inadequação para atender os desejos das gravadoras e do próprio público conformista (e talvez tenha vindo dessa percepção a maior angústia do poeta), expiou todas as dores do mundo na música em inventário emocional feito com humor quase apaziguante.

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Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, é entrevistado no g1 Ouviu ao vivo desta quarta-feira

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Cantor é o convidado do podcast de música do g1, com transmissão ao vivo no g1, no YouTube e no TikTok. Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, é entrevistado no g1 Ouviu ao vivo desta quarta-feira Cantor é o convidado do podcast de música do g1, com transmissão ao vivo no g1, no YouTube e no TikTok.

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Após ter fiança negada, Sean ‘Diddy’ Combs entra com recurso e promete fazer testes de drogas caso seja solto

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Combs apresentou novo recurso após juízes considerarem que ele representaria um risco à segurança da comunidade e das testemunhas no caso. O rapper está detido sem fiança enquanto aguarda julgamento. Sean ‘Diddy’ Combs.
Mark Von Holden/Invision/AP
O rapper Sean “Diddy” Combs, que está detido sem direito a fiança, apresentou um novo pedido para ser liberado enquanto aguarda julgamento.
Combs entrou com o recurso pela segunda vez, após ter seu pedido de liberação mediante fiança negado no último dia 17. Para os juízes, o rapper representaria um risco à segurança da comunidade e das testemunhas no caso.
LEIA MAIS: Relembre as outras acusações que marcaram trajetória do rapper
Quem são os famosos citados nas notícias do escândalo
A nova apelação, registrada na última segunda-feira (30), não especifica nenhum argumento para que Combs seja solto. A equipe do rapper propõe a fiança de US$ 50 milhões, garantida pelo patrimônio de sua residência em Miami e de sua mãe.
Além disso, a proposta inclui restringir os visitantes de suas casas, permitindo apenas “família, zeladores da propriedade e amigos que não fossem considerados co-conspiradores”, diz o documento. Especificamente, nenhuma mulher fora dos membros da família e as mães de seus filhos teriam permissão para visitar Combs.
O rapper também não poderia contatar testemunhas do grande júri e se comprometeria a fazer testes de drogas semanalmente.
Na carta divulgada no dia 17 de setembro, juízes e promotores alegaram que Combs havia contatado vítimas e testemunhas no caso, nos meses que antecederam sua prisão. Ele teria pedido por sua “amizade e apoio” e, às vezes, teria os convencido de que tudo não passava de “uma narrativa falsa”.
Combs está detido no Metropolitan Detention Center, em Nova York, prisão conhecida por ter “condições perigosas” e um histórico conturbado. A próxima audiência do rapper será no dia 9 de outubro.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Acusações
Após meses de investigação, o rapper e empresário Sean “Diddy” Combs foi preso acusado de tráfico sexual, associação ilícita e promoção da prostituição, segundo a Promotoria de Nova York. Entenda ponto a ponto das acusações.
Ele se declarou inocente em tribunal. Segundo a imprensa internacional, caso seja julgado culpado das três acusações, Diddy pode ser condenado a prisão perpétua.

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Sean Diddy Combs: relembre outras acusações e controvérsias que marcam trajetória do rapper

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Muito antes de ser preso em setembro deste ano, músico já colecionava denúncias, polêmicas e escândalos. Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
Ocorrida em 16 de setembro, a prisão de Sean Diddy Combs, também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, movimentou a indústria da música, levantou teorias nas redes sociais e fez explodir as buscas pelo nome do rapper na internet.
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, ele foi preso em Nova York, nos Estados Unidos, após meses de investigações. O rapper, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Muito antes disso tudo acontecer, no entanto, o músico já colecionava acusações e histórias controvérsias. Veja a seguir algumas delas.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Universidade de Nova York
Ainda sob o nome de Puff Daddy, o rapper foi um dos organizadores de um jogo de basquete caótico, ocorrido num ginásio da Universidade de Nova York, em dezembro de 1991. O evento terminou com 9 pessoas mortas e 29 feridas.
O caos aconteceu devido à quantidade de gente no espaço, que reuniu cerca de 5.000 pessoas, mas comportava somente 2.730.
Sem seguranças para controlar a multidão, o evento saiu de controle, e pessoas arrombaram as portas, causando um pisoteamento generalizado.
Foram abertos vários processos civis do caso. Em alguns deles, Combs atuou como testemunha contra o ginásio e, em outros, virou réu — sua defesa alegava que ele não era responsável pela segurança local.
‘Hate Me Now’
Dirigido por Hype Williams, o videoclipe “Hate Me Now” (1999) provocou uma briga entre Sean Combs e o executivo musical Steve Stoute.
Na versão original, havia uma cena em que o rapper aparecia crucificado. Incomodado, o músico exigiu que o trecho fosse cortado antes do clipe ir ao ar. A primeira versão que foi exibida ao público pela primeira vez, no entanto, foi a antiga.
Ao ter seu pedido ignorado, Sean se irritou e invadiu o escritório de Stoube. O executivo disse que o músico agrediu ele com uma garrafa de champanhe. “Ele me deu um soco no rosto, depois pegou o telefone e me bateu na cabeça com ele”, disse Stoube na época ao jornal americano “The Times”.
O caso foi parar na Justiça, e Sean chegou a ser detido, mas depois os dois fizeram um acordo, no qual o rapper pagou US$ 500 mil ao executivo.
Sean ‘Diddy’ Combs durante um evento em 2018
Richard Shotwell/Invision/AP/Arquivo
Troca de tiros
Também em 1999, Sean foi acusado de posse ilícita de arma de fogo. Após se envolver em uma violenta briga no Club New York com troca de tiros, o músico foi encontrado pela polícia dentro de seu carro, onde havia duas pistolas.
Ele e a cantora Jennifer Lopez, que estava na ocasião e era sua namorada, foram detidos.
O músico, que sempre negou ter envolvimento com o tiroteio, foi absolvido.
Intimidação
Em 2003, o rapper foi processado por seu ex-colega de negócios Kirk Burrowes, que o acusou de intimidá-lo com um bastão de beisebol. Ele teria feito isso para forçá-lo a assinar documentos de transferência empresarial.
Sean negou. O caso foi a um tribunal de apelações três anos depois, mas foi rejeitado por expiração do prazo de prescrição.
Briga com treinador do filho
Em 2015, o artista foi detido após brigar com o treinador de futebol americano de seu filho, Justin Combs.
“Os vários relatos do incidente e as acusações sendo divulgadas são completamente imprecisos. O que podemos dizer agora é que qualquer ação tomada pelo Sr. Combs foi única e exclusivamente de natureza defensiva para se proteger e proteger seu filho”, afirmou um porta-voz do rapper ao site americano “TMZ” na época.
O caso gerou polêmica, mas não chegou a ir parar na Justiça.
Sean ‘Diddy’ Combs.
Jordan Strauss/Invision/AP
Primeiras alegações de abuso
Em 2019, a modelo Gina Huynh, ex-namorada de Sean, disse que ele havia abusado dela durante todo o relacionamento, que durou cinco anos. A declaração foi feita à youtuber Tasha K.
Com relatos fortes, ela afirmou que ele chegou a pisar na altura de seu estômago, o que “tirou o ar” de seus pulmões”. Também alegou que ele ofereceu dinheiro para ela fazer um aborto.
O rapper não comentou a acusação.
A relação com Cassie
A cantora Cassie, de “Me & U”, abriu um processo contra Sean em 2023. Ela o acusou de estupro, agressão e abuso físico.
Os dois se conheceram pela música e começaram a trabalhar juntos de 2005. Depois, engataram num namoro, que rompeu em 2018. Segundo a artista, o rapper sua posição de poder na indústria para levá-la a um “relacionamento romântico e sexual manipulador e coercitivo”.
Cassie afirmou que os crimes aconteceram por mais de uma década. Na ação, ela descreve que Sean “regularmente batia e chutava” seu corpo, “deixando olhos roxos, hematomas e sangue”.
Na época, ele negou as acusações. Em fevereiro deste ano, vazou um vídeo em que ele aparece agredindo Cassie. “Assumo total responsabilidade por minhas ações naquele vídeo. Fiquei enojado quando fiz isso. Estou enojado agora”, disse ele em um comunicado publicado nas redes sociais.
Várias ações civis de uma vez só
A acusação de Cassie serviu como pontapé para várias outras acusações contra o rapper. Denúncias de estupro e violência que, embora protocoladas no fim de 2023, mencionam mais de uma época.
Uma das ações movidas diz que Sean e outro homem forçaram uma mulher a fazer sexo com eles. Em outra, a vítima diz ter sido drogada e estuprada pelo rapper em 1991.
Uma terceira mulher afirmou que há mais de 30 anos havia sido estuprada junto de sua amiga, vítimas de Sean.
O músico negou as acusações.
Condenado a US$ 100 milhões
Em um dos casos que foram surgindo contra ele, Sean foi condenado a pagar US$ 100 milhões a um presidiário do Michigan que diz ter sido drogado e estuprado pelo rapper há mais de 30 anos. A condenação veio em setembro de 2024, dias antes de sua prisão.
Derrick Lee Smith, 51 anos, venceu a disputa judicial multimilionária à revelia no Tribunal do Condado de Lenawee durante uma audiência virtual na segunda-feira (9), após Combs, 54 anos, não comparecer.
Um advogado de Combs disse que o rapper vai pedir a anulação da sentença.
“Este homem [Smith] é um criminoso condenado e predador sexual, que foi sentenciado por 14 acusações de agressão sexual e sequestro nos últimos 26 anos,” disse o advogado Marc Agnifilo em nota, na época.

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