Connect with us

Festas e Rodeios

Diretor de ‘Relatos Selvagens’ lança ‘Sede Assassina’ depois de 9 anos: Entenda o que ele fez nesse tempo

Published

on

Ao g1, Damián Szifron fala sobre novo filme, sua falta de sociabilidade e a regravação de ‘O homem de seis milhões de dólares’ que nunca aconteceu: ‘Espero que o próximo seja bem mais rápido’. Shailene Woodley e Ralph Ineson em cena de ‘Sede Assassina’
Divulgação
O ciclo de nove anos na vida do diretor argentino Damián Szifron é mais comum do que muitos imaginariam. Esse foi o tempo necessário para que ele lançasse seu novo filme, “Sede Assassina”, quase uma década depois de seu maior sucesso – e inegavelmente um dos mais populares da história recente do país –, “Relatos Selvagens” (2014).
A primeira tentativa do cineasta no comando de uma produção americana estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (22). Estrelado por Shailene Woodley (“A culpa é das estrelas”) e Ben Mendelsohn (“Invasão Secreta”), o thriller retrata a busca por um assassino serial que ataca alvos aleatórios com um rifle de precisão.
Outros nove anos separam sua obra mais conhecida, que chegou a ser indicada ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira, da comédia policial “Tempo de Valentes” (2005). Mas o que leva um dos jovens diretores mais populares de um país ficar quase mais uma década sem lançar qualquer tipo de trabalho novo, no cinema ou na TV?
Parte da explicação, segundo o próprio Szifron, vem de um paralelo entre ele e o antagonista de seu novo filme – batizado originalmente de “Misantropo”. Assim como o assassino, o cineasta tem uma certa aversão à vida em sociedade.
“Claro, há diferentes graus de misantropia, mas todos eles tendem a gostar de natureza, liberdade, tempo, espaço, silêncio, chuva, animais e natureza”, diz ele em entrevista ao g1.
“O que eles desgostam é da sociedade, basicamente. Então, nesse sentido, eu não diria que sou um, mas me sinto um pouco conectado, de certa forma.”
Por isso, passou grande parte dos últimos anos viajando com a família e escrevendo – muitos projetos que ele mesmo sabe que nem têm como serem desenvolvidos. Um deles, no entanto, aquele que seria sua estreia em Hollywood, nunca saiu do papel de uma forma bem pública.
“Nove anos é muito tempo. Eu não ignoro o fato de que levei uma eternidade para lançar outro filme, mas eu tentei fazer outro, ‘O homem de seis bilhões de dólares”‘ Passei dois ou três anos trabalhando nele, mas tive diferenças criativas gigantescas com o estúdio no final.”
Na entrevista, Szifrón explica melhor o que deu errado no projeto que seria estrelado por Mark Wahlberg (“Uncharted: Fora do mapa”), conta que dirigiu uma ópera em Berlim nesse tempo e explica melhor seus planos para as duas continuações de “Relatos Selvagens”.
Leia a conversa abaixo, editada para concisão e clareza:
Shailene Woodley, Jovan Adepo e Ben Mendelsohn em cena de ‘Sede Assassina’
Divulgação
G1 – O que aconteceu com você nesses últimos nove anos, desde o lançamento de “Relatos Selvagens”? Eu sei que você escreveu “Sede Assassina” até antes de “Relatos”. Li uma entrevista sua no “Clarín” sobre isso e fiquei com a impressão de que você trabalha em “Sede Assassina” quase desde então. É isso mesmo?
Damián Szifron – Está certo, mas eu não trabalhei apenas em “Sede Assassina”. Basicamente, eu sou um roteirista e um diretor, mas a parte escritora toma conta, porque eu tenho muitas ideias diferentes para muitos projetos e costumo desenvolver muito mais projetos do que posso realmente gravar, por falta de tempo ou por não encontrar interessados em produzi-los.
Sempre tenho isso em mente, mesmo assim, continuo escrevendo e trabalhando porque eu curto de verdade o processo envolvido na escrita.
Sabe, meu novo filme se chama “Misantropo” (o título original do projeto, que recebeu outros nomes no Brasil e nos Estados Unidos). Claro, há diferentes graus de misantropia, mas todos eles tendem a gostar de natureza, liberdade, tempo, espaço, silêncio, chuva, animais e natureza.
O que eles desgostam é da sociedade, basicamente. Então, nesse sentido, eu não diria que sou um, mas me sinto um pouco conectado, de certa forma.
Passo muito tempo viajando e escrevendo. Escrevo muito tarde da noite. Normalmente, vejo o nascer do sol antes de ir para a cama. Então, eu acordo por volta das 14h, 15h. Minha vida é meio bagunçada desse jeito.
Mas eu gosto da minha liberdade e de viajar com minha mochila e meu computador. Ou meus cadernos. Gosto de escrever em cadernos, da sensação do papel e da caneta. Tudo isso.
Damián Szifron em coletiva de imprensa após indicação de ‘Relatos Selvagens’ ao Oscar em 2015
Rodrigo Abd/AP
Então, eu fiquei muito tempo fazendo essas coisas. Não sou do tipo de cara que gosta de filmar, filmar e filmar. Digo, quando termino um filme, não é como se eu estivesse morrendo de vontade de ir e filmar outro. Acordar às 5 da manhã, lidar com dinheiro, investidores, sindicatos e locações.
É como ir à guerra. Eu gosto de guerra, mas só de vez em quando.
Dito isso, nove anos é muito tempo. Eu não ignoro o fato de que levei uma eternidade para lançar outro filme, mas eu tentei fazer outro, “O homem de seis bilhões de dólares”. Passei dois ou três anos trabalhando nele, mas tive diferenças criativas gigantescas com o estúdio no final.
Porque ele começou na Weinstein Company, de Harvey e Bob Weinstein. Eu desenvolvi o filme e eles apoiavam a minha visão, mas o filme passou para uma outra empresa por causa do escândalo de Harvey.
O estúdio não ia produzir o tipo de filme que eu estava tentando fazer, e eu não ia dirigir qualquer filme baseado naquela marca. Queria fazer aquele no qual estava trabalhando, então ele entrou em colapso.
Eu então dirigi uma ópera em Berlim, na Ópera Estatal de Berlim com o Daniel Barenboim, e isso me tomou um tempo.
Damián Szifron na cerimônia de encerramento do Festival de Cannes 2023
Gonzalo Fuentes/Reuters
Depois, escrevi uns cinco ou seis roteiros, além de ter, você sabe, duas filhas. Minha família, minha esposa, nós nos mudamos de uma casa para outra casa. E daí tivemos a pandemia, certo?
E isso levou quase dois anos que eu já estava pronto para filmar “Sede Assassina”. Eu até estava no Canadá quando a pandemia foi declarada, então tive de voltar e ficar aqui por mais um ano e meio, para poder voltar, gravar, editar e lançar.
Então, foi isso. Em resumo, nove anos produtivos, mas eu espero que entre este filme e o próximo seja bem mais rápido (risos), porque vou gravar no final deste ano. É hora de recuperar o tempo que eu perdi.
G1 – Enquanto eu lia sobre “Sede Assassina”, senti ser quase um filme autoconsciente, porque é uma história sobre pessoas tentando fazer a coisa certa, fazer seus trabalhos corretamente, mas que são sempre atrapalhadas pelas instituições. Sinto que isso aconteceu contigo também.
Damián Szifron – Está completamente correto. A primeira versão do roteiro é de antes de todo o rolo de “O homem de seis bilhões de dólares”, mas, depois disso, eu reescrevi a história toda muitas vezes. Dessa vez, com o Jonathan Wakeham, que é britânico e que eu conheci no processo daquele outro filme.
O personagem que cresceu muito depois de toda essa experiência foi o de Ben Mendelsohn. De certa forma, eu diria que ele é meu alter ego dentro da trama do filme. Já o FBI funciona como uma espécie de metáfora das corporações americanas e a forma como o poder é disputado e o por que ele é disputado, no fim das contas.
Pegar esse assassino já é muito difícil, porque ele é diferente de todos os outros assassinos seriais que já existiram. A polícia não está preparada para pegá-lo. Ele é como se Jason Bourne ou John Rambo virassem do mal, e você não consegue parar um cara assim.
Então, isso já é bem difícil. Mas eu estava ainda mais interessado em contar todos os desvios, todas as coisas com as quais essa equipe deve lidar ou desperdiçar energia por causa de egos ou de disputas de poder superficiais e vaidade.
Para mim, isso é devastador para esse grupo de heróis. Porque eles gastam toda a sua energia para tentar fazer o que sabem fazer e pegar esse cara que eles já não sabem como pegar.
G1 – Você disse também que já está escrevendo dois novos “Relatos Selvagens”, com duas ideias para possíveis continuações. Como está sendo isso?
Damián Szifron – Eu te falei sobre muitas coisas nesses nove anos que se passaram. Mas uma dessas coisas é que eu viajo muito. Só de acompanhar o lançamento de “Relatos Selvagens”, fui ao Brasil, Dubai, muitos países na Europa, os EUA, México. Viajei ao redor do mundo. Acabei de voltar da China, onde fui divulgar “Sede Assassina”.
E, claro, eu vi coisas e aprendi sobre as idiossincrasias particulares de cada lugar. A maneira como as pessoas pensam e vivem. Há muitas coisas que se parecem com a Argentina e, ao mesmo tempo, muitas coisas diferentes e especiais.
É natural, para mim, pensar na continuação de “Relatos Selvagens” chamada “Planeta Selvagem”. Diferentes histórias, que acontecem em sociedades diferentes, faladas em múltiplos idiomas. Acho isso poderoso e poético. Então, uma das sequências é isso. E eu tenho muitas histórias que precisam acontecer em lugares e países diferentes. Faz muito mais sentido.
E tenho outra que é só uma continuação direta, mas não as mesmas histórias. Diferentes, mas que acontecem na Argentina, e isso me permitiria trabalhar com grandes atores que não puderam participar do primeiro.
Porque, não sei se você conhece o trabalho deles, mas o elenco de “Relatos Selvagens” é como um time dos sonhos na Argentina. Eles são todos muito populares e incríveis. Mas, claro, temos mais. E em uma continuação que acontece aqui me permitiria trabalhar com alguns atores com quem eu quero compartilhar um processo criativo e isso faria muito sentido.

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

Sean Diddy Combs: relembre outras acusações e controvérsias que marcam trajetória do rapper

Published

on

By

Muito antes de ser preso em setembro deste ano, músico já colecionava denúncias, polêmicas e escândalos. Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
Ocorrida em 16 de setembro, a prisão de Sean Diddy Combs, também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, movimentou a indústria da música, levantou teorias nas redes sociais e fez explodir as buscas pelo nome do rapper na internet.
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, ele foi preso em Nova York, nos Estados Unidos, após meses de investigações. O rapper, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Muito antes disso tudo acontecer, no entanto, o músico já colecionava acusações e histórias controvérsias. Veja a seguir algumas delas.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Universidade de Nova York
Ainda sob o nome de Puff Daddy, o rapper foi um dos organizadores de um jogo de basquete caótico, ocorrido num ginásio da Universidade de Nova York, em dezembro de 1991. O evento terminou com 9 pessoas mortas e 29 feridas.
O caos aconteceu devido à quantidade de gente no espaço, que reuniu cerca de 5.000 pessoas, mas comportava somente 2.730.
Sem seguranças para controlar a multidão, o evento saiu de controle, e pessoas arrombaram as portas, causando um pisoteamento generalizado.
Foram abertos vários processos civis do caso. Em alguns deles, Combs atuou como testemunha contra o ginásio e, em outros, virou réu — sua defesa alegava que ele não era responsável pela segurança local.
‘Hate Me Now’
Dirigido por Hype Williams, o videoclipe “Hate Me Now” (1999) provocou uma briga entre Sean Combs e o executivo musical Steve Stoute.
Na versão original, havia uma cena em que o rapper aparecia crucificado. Incomodado, o músico exigiu que o trecho fosse cortado antes do clipe ir ao ar. A primeira versão que foi exibida ao público pela primeira vez, no entanto, foi a antiga.
Ao ter seu pedido ignorado, Sean se irritou e invadiu o escritório de Stoube. O executivo disse que o músico agrediu ele com uma garrafa de champanhe. “Ele me deu um soco no rosto, depois pegou o telefone e me bateu na cabeça com ele”, disse Stoube na época ao jornal americano “The Times”.
O caso foi parar na Justiça, e Sean chegou a ser detido, mas depois os dois fizeram um acordo, no qual o rapper pagou US$ 500 mil ao executivo.
Sean ‘Diddy’ Combs durante um evento em 2018
Richard Shotwell/Invision/AP/Arquivo
Troca de tiros
Também em 1999, Sean foi acusado de posse ilícita de arma de fogo. Após se envolver em uma violenta briga no Club New York com troca de tiros, o músico foi encontrado pela polícia dentro de seu carro, onde havia duas pistolas.
Ele e a cantora Jennifer Lopez, que estava na ocasião e era sua namorada, foram detidos.
O músico, que sempre negou ter envolvimento com o tiroteio, foi absolvido.
Intimidação
Em 2003, o rapper foi processado por seu ex-colega de negócios Kirk Burrowes, que o acusou de intimidá-lo com um bastão de beisebol. Ele teria feito isso para forçá-lo a assinar documentos de transferência empresarial.
Sean negou. O caso foi a um tribunal de apelações três anos depois, mas foi rejeitado por expiração do prazo de prescrição.
Briga com treinador do filho
Em 2015, o artista foi detido após brigar com o treinador de futebol americano de seu filho, Justin Combs.
“Os vários relatos do incidente e as acusações sendo divulgadas são completamente imprecisos. O que podemos dizer agora é que qualquer ação tomada pelo Sr. Combs foi única e exclusivamente de natureza defensiva para se proteger e proteger seu filho”, afirmou um porta-voz do rapper ao site americano “TMZ” na época.
O caso gerou polêmica, mas não chegou a ir parar na Justiça.
Sean ‘Diddy’ Combs.
Jordan Strauss/Invision/AP
Primeiras alegações de abuso
Em 2019, a modelo Gina Huynh, ex-namorada de Sean, disse que ele havia abusado dela durante todo o relacionamento, que durou cinco anos. A declaração foi feita à youtuber Tasha K.
Com relatos fortes, ela afirmou que ele chegou a pisar na altura de seu estômago, o que “tirou o ar” de seus pulmões”. Também alegou que ele ofereceu dinheiro para ela fazer um aborto.
O rapper não comentou a acusação.
A relação com Cassie
A cantora Cassie, de “Me & U”, abriu um processo contra Sean em 2023. Ela o acusou de estupro, agressão e abuso físico.
Os dois se conheceram pela música e começaram a trabalhar juntos de 2005. Depois, engataram num namoro, que rompeu em 2018. Segundo a artista, o rapper sua posição de poder na indústria para levá-la a um “relacionamento romântico e sexual manipulador e coercitivo”.
Cassie afirmou que os crimes aconteceram por mais de uma década. Na ação, ela descreve que Sean “regularmente batia e chutava” seu corpo, “deixando olhos roxos, hematomas e sangue”.
Na época, ele negou as acusações. Em fevereiro deste ano, vazou um vídeo em que ele aparece agredindo Cassie. “Assumo total responsabilidade por minhas ações naquele vídeo. Fiquei enojado quando fiz isso. Estou enojado agora”, disse ele em um comunicado publicado nas redes sociais.
Várias ações civis de uma vez só
A acusação de Cassie serviu como pontapé para várias outras acusações contra o rapper. Denúncias de estupro e violência que, embora protocoladas no fim de 2023, mencionam mais de uma época.
Uma das ações movidas diz que Sean e outro homem forçaram uma mulher a fazer sexo com eles. Em outra, a vítima diz ter sido drogada e estuprada pelo rapper em 1991.
Uma terceira mulher afirmou que há mais de 30 anos havia sido estuprada junto de sua amiga, vítimas de Sean.
O músico negou as acusações.
Condenado a US$ 100 milhões
Em um dos casos que foram surgindo contra ele, Sean foi condenado a pagar US$ 100 milhões a um presidiário do Michigan que diz ter sido drogado e estuprado pelo rapper há mais de 30 anos. A condenação veio em setembro de 2024, dias antes de sua prisão.
Derrick Lee Smith, 51 anos, venceu a disputa judicial multimilionária à revelia no Tribunal do Condado de Lenawee durante uma audiência virtual na segunda-feira (9), após Combs, 54 anos, não comparecer.
Um advogado de Combs disse que o rapper vai pedir a anulação da sentença.
“Este homem [Smith] é um criminoso condenado e predador sexual, que foi sentenciado por 14 acusações de agressão sexual e sequestro nos últimos 26 anos,” disse o advogado Marc Agnifilo em nota, na época.

Continue Reading

Festas e Rodeios

De ‘Monstros: Irmãos Menendez’ a ‘Making a murderer’: Por que true crime faz tanto sucesso?

Published

on

By

‘Queremos saber o que é aquela coisa que nos faz surtar’, diz Javier Bardem em entrevista ao g1. Mais barato e ‘viciante’, gênero é queridinho de estúdios e público. Elenco de ‘Monstros: Irmãos Menendez’ fala sobre true crime
Desde que estreou, no dia 19, “Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais” tem sido um bom exemplo do fascínio que o gênero de true crime exerce sobre o público.
Apesar do exagero do uso de dois pontos em um só título, a série foi a mais assistida na semana de seu lançamento na Netflix nos Estados Unidos – graças à sua versão estrelada por Javier Bardem (“Duna 2”) da história real de um dos assassinatos mais chocantes dos anos 1980.
“Por que gostamos tanto de assistir a coisas como essas?”, pergunta o ator, ganhador do Oscar por “Onde os fracos não têm vez” (2007). Ele mesmo responde.
“Queremos saber mais sobre nós mesmos. O que é aquela coisa que nos faz surtar. Como lidamos com nossos próprios medos e fantasmas e traumas e dor.”
Na série, o espanhol interpreta o pai de uma família rica e influente que foi assassinado, junto da mulher (Chloë Sevigny), pelos próprios filhos (Cooper Koch e Nicholas Alexander Chavez) em 1989.
O crime dominou o noticiário americano na época – pelo menos até o julgamento do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson (1947-2024), suspeito de matar a ex-mulher.
Nicholas Alexander Chavez, Chloë Sevigny, Javier Bardem e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
Divulgação
Não há para onde fugir
“True crime existe há muito tempo. As pessoas se fascinam com por que essas coisas acontecem, e por que as pessoas cometem esses crimes”, lembra Nathan Lane, que dá vida a um jornalista que cobriu o caso.
O ator é um bom exemplo do grande momento do true crime. Além de integrar o elenco da temporada de “American Crime Story” que cobriu o caso O.J. (série também criada por Ryan Murphy, assim como “Monstros”), ele esteve nos primeiros anos de “Only murders in the building”, comédia que parodia o gênero.
“Em toda plataforma de streaming que você liga há pelo menos três ou quatro desse tipo de programa. (Como um) Documentário de true crime sobre seja lá o que aconteceu em uma pequena cidade em Ohio. Mas, é, parece que está aqui para ficar.”
Ele liga o auge recente ao sucesso de “Making a murderer”, série documental que em 2015 conquistou espectadores ao redor do mundo, mas é possível ir até um pouco antes.
Em 2014, o podcast “Serial” virou fenômeno ao contar a história de um jovem condenado pelo assassinato da namorada, apesar de diversas dúvidas sobre sua culpa.
O sucesso foi tanto que, em 2020, o jornal “New York Times” comprou a produtora responsável por US$ 25 milhões. Dois anos depois, uma juíza anulou a condenação do rapaz, Adnan Syed.
Chloë Sevigny, Javier Bardem, Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
Divulgação
O mistério do mistério
Mas não é só a curiosidade pelo macabro que motiva o encanto pelo true crime. Um estudo de 2010 da Universidade de Illinois indica que mulheres são mais atraídas pelo gênero do que homens – interessadas por histórias que mostram como as vítimas (em especial, as femininas) fugiram e o que leva os assassinos a agirem dessa forma.
Há também nos mistérios um teor altamente viciante, que mantém o público engajado em uma época de séries “maratonáveis”. Até mesmo quando o criminoso já é conhecido, há o desafio de descobrir como, ou por que.
Além disso, produções do tipo tendem a ser consideravelmente mais baratas que as de outros gêneros – em especial, é claro, os documentários. E as produções ainda podem se basear nas investigações já realizadas nos julgamentos para economizar ainda mais.
Os estúdios ainda se aproveitam do interessado gerado por uma obra para lançar outra. Em 7 de outubro, a Netflix lança ainda o documentário “O Caso dos Irmãos Menendez”.
“Também é uma boa história. Te mantém viciado quando você está tentando descobrir algo e quer saber mais. Te mantém ligado, que é o porque, certamente, os estúdios sabem que as pessoas querem. Então, eles continuam fazendo”, fala Ari Graynor (“Lakers: Hora de vencer”).
Na série, ela interpreta a advogada de defesa que se encantou pelo mais novo dos irmãos acusados.
“É revelador das partes mais profundas da humanidade, sobre as quais temos a menor quantidade de entendimento.”
Nicholas Alexander Chavez, Ari Graynor e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
Divulgação
‘Todos somos cúmplices’
Assim como a temporada anterior, que retratava os assassinatos de Jeffrey Dahmer (1960-1994), “Irmãos Menendez” tem sido alvo de críticas. Erik Menendez, por exemplo, reclamou da forma como sua história foi retratada.
“Eu achava que as mentiras e as representações tendenciosas que recriavam Lyle eram coisa do passado, que tinham criado uma caricatura de Lyle baseada em mentiras horríveis e descaradas e que agora voltam a abundar na série”, afirmou ele em redes sociais.
Atualmente, ele cumpre uma pena perpétua sem direito a liberdade condicional pela morte dos pais.
“É triste para mim saber que a representação desonesta da Netflix das tragédias que cercam nosso crime fez com que as dolorosas verdades retrocedessem vários passos no tempo, para uma época em que a promotoria construiu uma narrativa baseada em um sistema de crenças segundo o qual homens não eram abusados sexualmente e que homens experienciavam o trauma da violação de maneira diferente das mulheres.”
O elenco, claro, defende a obra, que mostra diferentes pontos de vista do episódio. Entre eles, a defesa dos acusados, de que sofriam abuso sexual do pai desde a infância.
“Eu na verdade queria que no final de ‘Monstros’ tivesse um ponto de interrogação, porque esse é meio que o objetivo. Estamos pedindo que o público seja o júri”, diz Koch (“They/them: O acampamento”), intérprete do mais novo.
“Acho que a série quer apresentar muitas realidades diferentes. Muitas perspectivas diferentes sobre os assassinatos, os eventos que levaram a eles e às repercussões que vieram depois”, afirma Chavez (“General Hospital”), que dá vida ao mais velho.
Sevigny (indicada ao Oscar por “Meninos não choram”) é mais categórica sobre quem são os verdadeiros “monstros” da série – e o papel dos fãs do gênero.
“Eu acho que os pais são monstros. Os garotos são monstros. Os garotos são vítimas. Os pais são vítimas. A mídia é um monstro. É como se todos nós fôssemos cúmplices, de certa forma.”
Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
Divulgação

Continue Reading

Festas e Rodeios

Gavin Creel, ator de ‘Hair’ e ‘Alô, Dolly!’, morre dois meses após receber diagnóstico de câncer

Published

on

By

Além da Broadway, artista trabalhou em filmes e séries de TV como ‘Eloise no Plaza’, ‘As Enroladas Aventuras da Rapunzel’ e ‘American Horror Story’.
Gavin Creel apresenta ‘Hair’, na Broadway, em 2009
Peter Kramer/AP
O ator americano Gavin Creel morreu nesta segunda-feira (30), aos 48 anos. Sua morte acontece dois meses depois de ele receber o diagnóstico de um câncer raro no nervo periférico.
Creel estrelou musicais da Boradway como “Caminhos da Floresta”, “Hair”, “Alô, Dolly!”, além de peças da West End – a clássica rua dos teatros de Londres –, como “Mary Poppins” e “Waitress”.
Ele também trabalhou em filmes e séries de TV, atuando em produções como “Eloise no Plaza”, “O Natal de Eloise”, “As Enroladas Aventuras da Rapunzel” e “American Horror Story.”
Em 2002, ele recebeu sua primeira indicação ao prêmio Tony (o principal troféu do teatro), por “Positivamente Millie”. Oito anos depois, voltou a ser indicado, por “Hair”, e em 2017, levou o Tony de melhor ator coadjuvante, por “Alô, Dolly!”.
Gavin Creel ganha Tony por ‘Alô, Dolly!’, em 2017
Michael Zorn/Invision/AP
“O Tony foi como receber um abraço da comunidade que participo há 20 anos”, disse ele ao jornal americano “The San Francisco Chronicle”, em 2018. “Isso é bom. Eu literalmente não consigo fazer mais nada na minha vida e ainda sou vencedor do Tony. Nunca deixarei de fazer isso.”
Além de trabalhar nos palcos e em frente às câmeras, Creel também chegou a gravar música e apresentar concertos. Inclusive, em “She Loves Me”, ele estrelou o primeiro musical da Broadway transmitido ao vivo.

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.