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Festas e Rodeios

George Orwell, 120 anos: por que 1984 continua tão relevante e atual?

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Especialistas analisam a obra-prima do escritor britânico que denunciou o totalitarismo Ao longo das décadas, ‘1984’ se consolidou como uma das obras mais influentes do século 20
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O escritor britânico George Orwell relutou em entregar, no dia 4 de dezembro de 1948, os originais de 1984 para os editores da Secker & Warburg, em Londres. Afinal, não estava lá muito satisfeito com o resultado.
Em carta, falou mal do livro para amigos: “Uma boa ideia arruinada”, reclamou para um. “Ficou uma barafunda e tanto”, admitiu para outro. “Não teria ficado tão soturno se eu não estivesse doente”, explicou para um terceiro.
Para Fredric Warburg, um dos sócios da editora, Orwell avisou: “Não apostaria numa vendagem alta”.
Se A Revolução dos Bichos (1945), seu livro anterior, faturou, até a data de sua morte, 12 mil libras, 1984 (1949), romance distópico que o próprio autor descreveu como “abominável” e “horroroso”, deveria faturar 500 libras.
Errou por muito.
“Orwell escreveu seu derradeiro livro desenganado. Àquela altura, não estava preocupado com o sucesso da obra, mas com a mensagem que buscava transmitir”, explica o advogado e escritor José Roberto de Castro Neves, autor do prefácio de 1984 (Nova Fronteira, 2021).
“Numa história que se repete, ridículos tiranos (e perigosos) surgem, ameaçando a liberdade. Por vezes, têm êxito – e a civilização anda para trás. Hoje, o mundo assiste a uma guerra, com a invasão da Ucrânia. O chefe de Estado do país invasor determinou que, no seu país, não se pode usar o termo ‘guerra’, nem se admite qualquer crítica às forças armadas. Naquela nação, 1984 não é ficção, mas realidade. Isso dá uma boa mostra do motivo pelo qual esse livro ainda nos emociona”, disse.
“Fatos alternativos”
O tempo provou que George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, estava enganado a respeito de seu último livro. Em menos de um ano, 50 mil cópias foram vendidas na Grã-Bretanha e outras 170 mil nos EUA.
Setenta e quatro anos depois de seu lançamento, no dia 8 de junho de 1949, continua frequentando a lista dos mais vendidos. Estima-se que tenha sido traduzido para 65 idiomas e vendido mais de 100 milhões de exemplares.
Em janeiro de 2017, suas vendas registraram um pico de 9.500% nos EUA. O motivo? O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, declarou que a cerimônia de posse do presidente Donald Trump atraiu o maior público da história. Questionada sobre a falsidade da informação, a então assessora especial, Kellyanne Conway, não desmentiu o colega e, ainda, criou a expressão “fatos alternativos”.
Na obra-prima de Orwell, duplipensar é aceitar duas crenças simultaneamente contraditórias. Ou, como diria o autor, “contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas”.
George Orwell
BBC
“Muita gente pensa que, por ter feito sucesso nos EUA, 1984 é uma crítica ao comunismo. Não é. É uma crítica ao totalitarismo”, pondera o jornalista e escritor Ronaldo Bressane, autor do posfácio da edição da Tordesilhas.
“Toda semana, o ministro da Economia Paulo Guedes dizia que o Brasil estava ‘decolando’. Enquanto isso, os indicadores econômicos mostravam exatamente o contrário”.
“O intuito das ‘fake news’”, prossegue Bressane, “é criar uma narrativa, uma visão de mundo, para os apoiadores de governos fascistas e autoritários acreditarem em algo que não está acontecendo, uma realidade paralela”.
“Um dos livros mais apavorantes que já li”
Um dos primeiros a gostar de 1984 foi o próprio Warburg. “É um dos livros mais apavorantes que já li”, afirmou.
Segundo o biógrafo Bernard Crick, autor de George Orwell: A Life (1980), partiu dele, Warburg, a ideia de mudar o título para algo mais comercial. Se dependesse de Orwell, 1984 teria entrado para a história como O Último Homem da Europa.
Quanto ao porquê de Orwell ter escolhido o título de 1984, não há consenso. A hipótese mais aceita é a de que se trata de uma inversão satírica de 1948, o ano em que o livro foi concluído.
“É sempre importante ler e reler 1984. Ainda hoje, é o romance que melhor descreve as engrenagens do poder. Avisa o leitor para ficar atento a abusos e manipulações, e mostra até onde isso pode nos levar”, alerta o jornalista e escritor Dorian Lynskey, de O Ministério da Verdade – Uma Biografia de 1984, o Romance de George Orwell (Companhia das Letras, 2021).
“Winston Smith termina a história como herói, mas começa como cúmplice dos crimes praticados pelo Big Brother. Orwell não estava escrevendo sobre mocinhos e bandidos. Estava dizendo que todos nós temos potencial para sermos corrompidos, mas que podemos escolher entre nos entregar ao poder e à ideologia ou resistir a eles”.
A pedido de Orwell, um dos primeiros exemplares foi enviado para Aldous Huxley, seu professor de francês na escola de Eton, na Inglaterra.
Em carta, o autor de Admirável Mundo Novo (1932) elogiou 1984: “Não preciso te dizer o quão bom e profundamente importante o livro é”, escreveu em 21 de outubro de 1949.
“Quem controla o passado controla o futuro”
1984 é o ano em que se passa a história. O mundo está dividido em três superpotências. Ou, como prefere Orwell, superestados. São eles: Oceânia, Eurásia e Lestásia.
O protagonista da história, um funcionário público chamado Winston Smith, vive na Oceânia, o maior dos três. Compreende o Reino Unido, a América, a Oceania, grande parte do sul da África e dois países da Europa: Islândia e Irlanda.
Já a Eurásia abrange toda a Europa (exceto Reino Unido, Islândia e Irlanda), quase toda a Rússia e pequena parte da Ásia. A Lestásia engloba boa parte da Ásia, como China, Japão e Coreia, parte da Índia e algumas nações vizinhas.
Winston Smith, de 39 anos, vive em Londres, a capital da Pista de Pouso Um, anteriormente conhecida como Grã-Bretanha. Trabalha em um dos quatro ministérios: o da Verdade, no Departamento de Documentação. Na fachada do edifício, os lemas do Partido: “Guerra é Paz”, “Liberdade é Escravidão” e “Ignorância é Força”.
Seu trabalho é reescrever a história segundo a versão oficial do Partido. Para tanto, falsifica documentos. “Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado”, diz um trecho da obra.
Os outros três ministérios são: da Paz, do Amor e da Fartura. O primeiro supervisiona a guerra, o segundo espiona os cidadãos e o terceiro controla a economia.
Ao longo da história, Winston Smith comete pelo menos dois delitos graves: escreve um diário e se apaixona por Júlia, uma colega de trabalho. Certo dia, a funcionária do Departamento de Ficção entrega a Winston um bilhete com uma mensagem subversiva: “Eu te amo”. Sim, pensar e amar são crimes em Oceânia. Juntos, Winston e Júlia planejam ingressar num movimento clandestino de resistência, a Confraria.
Quem governa a Oceânia é o líder do Partido, o Grande Irmão, que tudo vê e controla. Pelas ruas da cidade, cartazes lembram disso a toda hora: “O Grande Irmão está de olho em você!”. Dentro das casas, teletelas funcionam tanto como aparelhos de televisão quanto como câmeras de vigilância.
Há outros dois personagens: O’Brien, um agente do governo que se passa por membro da resistência, e Emmanuel Goldstein, um ex-membro do Partido que lidera a oposição. Segundo estudiosos, o Grande Irmão teria sido inspirado em Josef Stalin e Goldstein em Leon Trotsky.
John Hurt interpreta Winston Smith em versão de 1984
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“Não creio que o tipo de sociedade que descrevi vá necessariamente ocorrer”, declarou Orwell, em 1949, “mas estou convencido de que algo parecido poderia ocorrer”. E fez um importante alerta: “O totalitarismo, caso não seja combatido, pode triunfar por toda a parte”.
“Os livros de Orwell continuam populares porque ele considerava os regimes autoritários, de esquerda ou de direita, como um perigo em potencial”, afirma o professor universitário Richard Bradford, autor de Orwell – Um Homem do Nosso Tempo (Tordesilhas, 2020).
“Em A Revolução dos Bichos e 1984, dois de seus livros mais famosos, mostrou que tais regimes não teriam que ser necessariamente impostos à população. Se os cidadãos fossem manipulados com ‘duplipensamentos’, ou o que hoje é mais conhecido como ‘fake news’, eles apoiariam qualquer coisa. E Orwell estava certo”.
“Não deixe isso acontecer. Depende de você”
Fido Nesti adaptou a obra para os quadrinhos
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No ensaio Por que escrevo (1946), Orwell classificou o ato de escrever como “horrível” e “exaustivo”, e o comparou a “uma doença penosa”. No caso de 1984, levou três anos para concluir o livro.
Entre outras influências, citava a obra de H.G. Wells, autor de clássicos da ficção-científica como A Máquina do Tempo (1895), O Homem Invisível (1897) e A Guerra dos Mundos (1898), e o livro Nós (1920), do escritor russo Ievguêni Zamiátin.
Boa parte de 1984 foi escrito na ilha de Jura, na Escócia, numa propriedade rural chamada Barnhill. O vilarejo mais próximo, Ardlussa, ficava a onze quilômetros de distância.
Na fazenda, Orwell criou galinhas, plantou hortaliças e caçou coelhos. Por vezes, precisou interromper seu trabalho para cuidar da saúde. Tinha surtos de febre e acessos de tosse. Certa vez, chegou a ser internado no Hospital Hairmyres, perto de Glasgow. “Tudo aqui floresce. Menos eu”, queixou-se ao deixar a ilha, pela última vez, em 9 de janeiro de 1949.
Como todo escritor, também tinha suas manias. Uma delas era reescrever incontáveis vezes os parágrafos. De tantas emendas e correções, as páginas ficavam simplesmente ilegíveis.
A primeira frase de 1984, por exemplo, passou por diversas versões. Começou como “Era um dia frio e ventoso no começo de abril, e num milhão de rádios soavam as 13 horas”, e terminou como “Era um dia frio e luminoso de abril, e os relógios davam 13 horas”.
Quando foi hospitalizado, deixou ordens claras para que, caso morresse, seu manuscrito fosse destruído.
Foi do leito de um hospital, o Sanatório Cranham, em Cotswolds, na Inglaterra, que Orwell, a pedido de Warburg, ditou, em 15 de junho de 1949, um breve comunicado à imprensa: “A moral a ser tirada dessa perigosa situação de pesadelo é simples: Não deixe isso acontecer. Depende de você”.
“Estive a ponto de quebrar o aparelho de televisão com um martelo”
Embora não gostasse muito de 1984, Orwell escreveu para o escritor e roteirista Sidney Sheldon, perguntando a ele se não gostaria de adaptá-lo para o teatro. Não deu em nada.
Vítima de tuberculose, George Orwell morreu em 21 de janeiro de 1950, aos 46 anos, apenas sete meses depois do lançamento de 1984. Não viveu o suficiente para assistir à primeira versão audiovisual da obra. Foi ao ar no dia 12 de dezembro de 1954.
No filme escrito por Nigel Kneale e dirigido por Rudolph Cartier, Winston Smith foi interpretado por Peter Cushing.
Os telespectadores não gostaram do que viram. E telefonaram, indignados, para a rede britânica BBC. “Se é assim que vai ser o futuro, prefiro enfiar minha cabeça no forno a gás”, reclamou um. “Foi tão horrível que estive a ponto de quebrar o aparelho de televisão com um martelo”, esbravejou outro.
Não satisfeitos, ligaram, também, para a casa de George Orwell. Só não sabiam que o Orwell que constava da lista telefônica não era o original e, sim, um homônimo. Cansada de atender a tantos telefonemas raivosos, sua mulher, Elizabeth, fez um apelo desesperado ao jornal Daily Mirror: “Por favor, digam às pessoas que o meu marido NÃO é o autor dessa peça de TV”.
“Tudo certo como dois e dois são cinco”
‘1984’ foi adaptado para os palcos no Brasil pelo diretor Zé Henrique de Paula
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Apenas dois anos depois, Michael Anderson adaptou o livro para o cinema. Dessa vez, o protagonista foi vivido por Edmond O’Brien.
A versão mais famosa de 1984 talvez seja a de 1984, dirigida por Michael Radford e estrelada por John Hurt. A trilha-sonora foi assinada pela dupla Annie Lennox e Dave Stewart, do Eurythmics. Destaque para a faixa Sex Crime (Nineteen Eighty-Four).
Na música, assim como no cinema, 1984 inspirou outros artistas: do cantor David Bowie, que praticamente dedicou um disco inteiro ao livro, Diamond Dogs (1974), à banda Radiohead, que abriu o álbum Hail to the Thief (2003) com a música 2+2=5. No caso do roqueiro inglês, a ideia original era fazer um musical, mas a viúva de Orwell, Sônia, não autorizou.
No Brasil, a canção Como Dois e Dois, composta por Caetano Veloso e gravada por Roberto Carlos, faz referência a um trecho do livro: “No fim, o partido haveria de anunciar que dois mais dois são cinco, e você seria obrigado a acreditar”. No refrão da música, a letra diz: “Meu amor / Tudo em volta está deserto, tudo certo / Tudo certo como dois e dois são cinco”. A música foi lançada em 1971, em plena ditadura militar.
“Graças a Orwell, o grande público teve acesso a conceitos como ‘Grande Irmão’, a encarnação dos mecanismos da sociedade de controle, ou ‘novafala’, que denuncia os eufemismos e as distorções do discurso político, e tantos outros a que, ainda hoje, recorremos para entender a realidade à nossa volta”, analisa a escritora Jacinta Maria Matos, autora de George Orwell – Biografia Intelectual de Um Guerrilheiro Indesejado (Edições 70, 2019).
“Em suma: Orwell conseguiu pôr em prática um dos seus grandes desideratos como escritor: criar um espaço de discussão pública e democrática sobre algumas das questões essenciais da nossa sociedade”.
“Código apocalíptico dos nossos piores medos”
Ao longo das décadas, 1984 se consolidou como uma das obras mais influentes do século 20. De livros, como O Conto da Aia (1985), da escritora canadense Margaret Atwood, a séries de TV, como Black Mirror (2011), do roteirista inglês Charlie Brooker. De HQs, como V de Vingança (1997), do quadrinista britânico Alan Moore, a reality shows, como Big Brother (1999), do produtor holandês John de Mol.
Autor de Laranja Mecânica (1962), o escritor britânico Anthony Burgess chamou 1984 de “código apocalíptico dos nossos piores medos”.
No Brasil, 1984 inspirou história em quadrinhos, ilustrada pelo desenhista Fido Nesti, ganhador do Prêmio Eisner de melhor adaptação, e virou peça de teatro, encenada por Zé Henrique de Paula a partir da adaptação de Duncan MacMillan e Robert Icke. Na montagem, Winston Smith é interpretado por Rodrigo Caetano.
“Clássico é aquela obra que nunca pára de dizer o que tem a dizer. E o romance 1984 traz um verdadeiro compêndio de temas que nos interessam ainda hoje”, afirma o diretor Zé Henrique de Paula.
“É como se Orwell tivesse captado o zeitgeist (‘o espírito da época’) do pós-guerra e dos primeiros passos da Guerra Fria, mas, ao mesmo tempo, tivesse conseguido acertar um tiro de longa distância no zeitgeist dos nossos dias: uma sociedade mergulhada na vigilância do indivíduo e na perda de privacidade, manipulação midiática e pós-verdade, governos autoritários, alienação e imbecilização sociais. A lista de paralelos é extensa, mas só os exemplos acima já dão uma ideia da importância de Orwell”.
– Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4n405de6lno

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Sean Diddy Combs: relembre outras acusações e controvérsias que marcam trajetória do rapper

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Muito antes de ser preso em setembro deste ano, músico já colecionava denúncias, polêmicas e escândalos. Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
Ocorrida em 16 de setembro, a prisão de Sean Diddy Combs, também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, movimentou a indústria da música, levantou teorias nas redes sociais e fez explodir as buscas pelo nome do rapper na internet.
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, ele foi preso em Nova York, nos Estados Unidos, após meses de investigações. O rapper, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Muito antes disso tudo acontecer, no entanto, o músico já colecionava acusações e histórias controvérsias. Veja a seguir algumas delas.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Universidade de Nova York
Ainda sob o nome de Puff Daddy, o rapper foi um dos organizadores de um jogo de basquete caótico, ocorrido num ginásio da Universidade de Nova York, em dezembro de 1991. O evento terminou com 9 pessoas mortas e 29 feridas.
O caos aconteceu devido à quantidade de gente no espaço, que reuniu cerca de 5.000 pessoas, mas comportava somente 2.730.
Sem seguranças para controlar a multidão, o evento saiu de controle, e pessoas arrombaram as portas, causando um pisoteamento generalizado.
Foram abertos vários processos civis do caso. Em alguns deles, Combs atuou como testemunha contra o ginásio e, em outros, virou réu — sua defesa alegava que ele não era responsável pela segurança local.
‘Hate Me Now’
Dirigido por Hype Williams, o videoclipe “Hate Me Now” (1999) provocou uma briga entre Sean Combs e o executivo musical Steve Stoute.
Na versão original, havia uma cena em que o rapper aparecia crucificado. Incomodado, o músico exigiu que o trecho fosse cortado antes do clipe ir ao ar. A primeira versão que foi exibida ao público pela primeira vez, no entanto, foi a antiga.
Ao ter seu pedido ignorado, Sean se irritou e invadiu o escritório de Stoube. O executivo disse que o músico agrediu ele com uma garrafa de champanhe. “Ele me deu um soco no rosto, depois pegou o telefone e me bateu na cabeça com ele”, disse Stoube na época ao jornal americano “The Times”.
O caso foi parar na Justiça, e Sean chegou a ser detido, mas depois os dois fizeram um acordo, no qual o rapper pagou US$ 500 mil ao executivo.
Sean ‘Diddy’ Combs durante um evento em 2018
Richard Shotwell/Invision/AP/Arquivo
Troca de tiros
Também em 1999, Sean foi acusado de posse ilícita de arma de fogo. Após se envolver em uma violenta briga no Club New York com troca de tiros, o músico foi encontrado pela polícia dentro de seu carro, onde havia duas pistolas.
Ele e a cantora Jennifer Lopez, que estava na ocasião e era sua namorada, foram detidos.
O músico, que sempre negou ter envolvimento com o tiroteio, foi absolvido.
Intimidação
Em 2003, o rapper foi processado por seu ex-colega de negócios Kirk Burrowes, que o acusou de intimidá-lo com um bastão de beisebol. Ele teria feito isso para forçá-lo a assinar documentos de transferência empresarial.
Sean negou. O caso foi a um tribunal de apelações três anos depois, mas foi rejeitado por expiração do prazo de prescrição.
Briga com treinador do filho
Em 2015, o artista foi detido após brigar com o treinador de futebol americano de seu filho, Justin Combs.
“Os vários relatos do incidente e as acusações sendo divulgadas são completamente imprecisos. O que podemos dizer agora é que qualquer ação tomada pelo Sr. Combs foi única e exclusivamente de natureza defensiva para se proteger e proteger seu filho”, afirmou um porta-voz do rapper ao site americano “TMZ” na época.
O caso gerou polêmica, mas não chegou a ir parar na Justiça.
Sean ‘Diddy’ Combs.
Jordan Strauss/Invision/AP
Primeiras alegações de abuso
Em 2019, a modelo Gina Huynh, ex-namorada de Sean, disse que ele havia abusado dela durante todo o relacionamento, que durou cinco anos. A declaração foi feita à youtuber Tasha K.
Com relatos fortes, ela afirmou que ele chegou a pisar na altura de seu estômago, o que “tirou o ar” de seus pulmões”. Também alegou que ele ofereceu dinheiro para ela fazer um aborto.
O rapper não comentou a acusação.
A relação com Cassie
A cantora Cassie, de “Me & U”, abriu um processo contra Sean em 2023. Ela o acusou de estupro, agressão e abuso físico.
Os dois se conheceram pela música e começaram a trabalhar juntos de 2005. Depois, engataram num namoro, que rompeu em 2018. Segundo a artista, o rapper sua posição de poder na indústria para levá-la a um “relacionamento romântico e sexual manipulador e coercitivo”.
Cassie afirmou que os crimes aconteceram por mais de uma década. Na ação, ela descreve que Sean “regularmente batia e chutava” seu corpo, “deixando olhos roxos, hematomas e sangue”.
Na época, ele negou as acusações. Em fevereiro deste ano, vazou um vídeo em que ele aparece agredindo Cassie. “Assumo total responsabilidade por minhas ações naquele vídeo. Fiquei enojado quando fiz isso. Estou enojado agora”, disse ele em um comunicado publicado nas redes sociais.
Várias ações civis de uma vez só
A acusação de Cassie serviu como pontapé para várias outras acusações contra o rapper. Denúncias de estupro e violência que, embora protocoladas no fim de 2023, mencionam mais de uma época.
Uma das ações movidas diz que Sean e outro homem forçaram uma mulher a fazer sexo com eles. Em outra, a vítima diz ter sido drogada e estuprada pelo rapper em 1991.
Uma terceira mulher afirmou que há mais de 30 anos havia sido estuprada junto de sua amiga, vítimas de Sean.
O músico negou as acusações.
Condenado a US$ 100 milhões
Em um dos casos que foram surgindo contra ele, Sean foi condenado a pagar US$ 100 milhões a um presidiário do Michigan que diz ter sido drogado e estuprado pelo rapper há mais de 30 anos. A condenação veio em setembro de 2024, dias antes de sua prisão.
Derrick Lee Smith, 51 anos, venceu a disputa judicial multimilionária à revelia no Tribunal do Condado de Lenawee durante uma audiência virtual na segunda-feira (9), após Combs, 54 anos, não comparecer.
Um advogado de Combs disse que o rapper vai pedir a anulação da sentença.
“Este homem [Smith] é um criminoso condenado e predador sexual, que foi sentenciado por 14 acusações de agressão sexual e sequestro nos últimos 26 anos,” disse o advogado Marc Agnifilo em nota, na época.

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De ‘Monstros: Irmãos Menendez’ a ‘Making a murderer’: Por que true crime faz tanto sucesso?

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‘Queremos saber o que é aquela coisa que nos faz surtar’, diz Javier Bardem em entrevista ao g1. Mais barato e ‘viciante’, gênero é queridinho de estúdios e público. Elenco de ‘Monstros: Irmãos Menendez’ fala sobre true crime
Desde que estreou, no dia 19, “Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais” tem sido um bom exemplo do fascínio que o gênero de true crime exerce sobre o público.
Apesar do exagero do uso de dois pontos em um só título, a série foi a mais assistida na semana de seu lançamento na Netflix nos Estados Unidos – graças à sua versão estrelada por Javier Bardem (“Duna 2”) da história real de um dos assassinatos mais chocantes dos anos 1980.
“Por que gostamos tanto de assistir a coisas como essas?”, pergunta o ator, ganhador do Oscar por “Onde os fracos não têm vez” (2007). Ele mesmo responde.
“Queremos saber mais sobre nós mesmos. O que é aquela coisa que nos faz surtar. Como lidamos com nossos próprios medos e fantasmas e traumas e dor.”
Na série, o espanhol interpreta o pai de uma família rica e influente que foi assassinado, junto da mulher (Chloë Sevigny), pelos próprios filhos (Cooper Koch e Nicholas Alexander Chavez) em 1989.
O crime dominou o noticiário americano na época – pelo menos até o julgamento do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson (1947-2024), suspeito de matar a ex-mulher.
Nicholas Alexander Chavez, Chloë Sevigny, Javier Bardem e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
Divulgação
Não há para onde fugir
“True crime existe há muito tempo. As pessoas se fascinam com por que essas coisas acontecem, e por que as pessoas cometem esses crimes”, lembra Nathan Lane, que dá vida a um jornalista que cobriu o caso.
O ator é um bom exemplo do grande momento do true crime. Além de integrar o elenco da temporada de “American Crime Story” que cobriu o caso O.J. (série também criada por Ryan Murphy, assim como “Monstros”), ele esteve nos primeiros anos de “Only murders in the building”, comédia que parodia o gênero.
“Em toda plataforma de streaming que você liga há pelo menos três ou quatro desse tipo de programa. (Como um) Documentário de true crime sobre seja lá o que aconteceu em uma pequena cidade em Ohio. Mas, é, parece que está aqui para ficar.”
Ele liga o auge recente ao sucesso de “Making a murderer”, série documental que em 2015 conquistou espectadores ao redor do mundo, mas é possível ir até um pouco antes.
Em 2014, o podcast “Serial” virou fenômeno ao contar a história de um jovem condenado pelo assassinato da namorada, apesar de diversas dúvidas sobre sua culpa.
O sucesso foi tanto que, em 2020, o jornal “New York Times” comprou a produtora responsável por US$ 25 milhões. Dois anos depois, uma juíza anulou a condenação do rapaz, Adnan Syed.
Chloë Sevigny, Javier Bardem, Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
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O mistério do mistério
Mas não é só a curiosidade pelo macabro que motiva o encanto pelo true crime. Um estudo de 2010 da Universidade de Illinois indica que mulheres são mais atraídas pelo gênero do que homens – interessadas por histórias que mostram como as vítimas (em especial, as femininas) fugiram e o que leva os assassinos a agirem dessa forma.
Há também nos mistérios um teor altamente viciante, que mantém o público engajado em uma época de séries “maratonáveis”. Até mesmo quando o criminoso já é conhecido, há o desafio de descobrir como, ou por que.
Além disso, produções do tipo tendem a ser consideravelmente mais baratas que as de outros gêneros – em especial, é claro, os documentários. E as produções ainda podem se basear nas investigações já realizadas nos julgamentos para economizar ainda mais.
Os estúdios ainda se aproveitam do interessado gerado por uma obra para lançar outra. Em 7 de outubro, a Netflix lança ainda o documentário “O Caso dos Irmãos Menendez”.
“Também é uma boa história. Te mantém viciado quando você está tentando descobrir algo e quer saber mais. Te mantém ligado, que é o porque, certamente, os estúdios sabem que as pessoas querem. Então, eles continuam fazendo”, fala Ari Graynor (“Lakers: Hora de vencer”).
Na série, ela interpreta a advogada de defesa que se encantou pelo mais novo dos irmãos acusados.
“É revelador das partes mais profundas da humanidade, sobre as quais temos a menor quantidade de entendimento.”
Nicholas Alexander Chavez, Ari Graynor e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
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‘Todos somos cúmplices’
Assim como a temporada anterior, que retratava os assassinatos de Jeffrey Dahmer (1960-1994), “Irmãos Menendez” tem sido alvo de críticas. Erik Menendez, por exemplo, reclamou da forma como sua história foi retratada.
“Eu achava que as mentiras e as representações tendenciosas que recriavam Lyle eram coisa do passado, que tinham criado uma caricatura de Lyle baseada em mentiras horríveis e descaradas e que agora voltam a abundar na série”, afirmou ele em redes sociais.
Atualmente, ele cumpre uma pena perpétua sem direito a liberdade condicional pela morte dos pais.
“É triste para mim saber que a representação desonesta da Netflix das tragédias que cercam nosso crime fez com que as dolorosas verdades retrocedessem vários passos no tempo, para uma época em que a promotoria construiu uma narrativa baseada em um sistema de crenças segundo o qual homens não eram abusados sexualmente e que homens experienciavam o trauma da violação de maneira diferente das mulheres.”
O elenco, claro, defende a obra, que mostra diferentes pontos de vista do episódio. Entre eles, a defesa dos acusados, de que sofriam abuso sexual do pai desde a infância.
“Eu na verdade queria que no final de ‘Monstros’ tivesse um ponto de interrogação, porque esse é meio que o objetivo. Estamos pedindo que o público seja o júri”, diz Koch (“They/them: O acampamento”), intérprete do mais novo.
“Acho que a série quer apresentar muitas realidades diferentes. Muitas perspectivas diferentes sobre os assassinatos, os eventos que levaram a eles e às repercussões que vieram depois”, afirma Chavez (“General Hospital”), que dá vida ao mais velho.
Sevigny (indicada ao Oscar por “Meninos não choram”) é mais categórica sobre quem são os verdadeiros “monstros” da série – e o papel dos fãs do gênero.
“Eu acho que os pais são monstros. Os garotos são monstros. Os garotos são vítimas. Os pais são vítimas. A mídia é um monstro. É como se todos nós fôssemos cúmplices, de certa forma.”
Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
Divulgação

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Gavin Creel, ator de ‘Hair’ e ‘Alô, Dolly!’, morre dois meses após receber diagnóstico de câncer

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Além da Broadway, artista trabalhou em filmes e séries de TV como ‘Eloise no Plaza’, ‘As Enroladas Aventuras da Rapunzel’ e ‘American Horror Story’.
Gavin Creel apresenta ‘Hair’, na Broadway, em 2009
Peter Kramer/AP
O ator americano Gavin Creel morreu nesta segunda-feira (30), aos 48 anos. Sua morte acontece dois meses depois de ele receber o diagnóstico de um câncer raro no nervo periférico.
Creel estrelou musicais da Boradway como “Caminhos da Floresta”, “Hair”, “Alô, Dolly!”, além de peças da West End – a clássica rua dos teatros de Londres –, como “Mary Poppins” e “Waitress”.
Ele também trabalhou em filmes e séries de TV, atuando em produções como “Eloise no Plaza”, “O Natal de Eloise”, “As Enroladas Aventuras da Rapunzel” e “American Horror Story.”
Em 2002, ele recebeu sua primeira indicação ao prêmio Tony (o principal troféu do teatro), por “Positivamente Millie”. Oito anos depois, voltou a ser indicado, por “Hair”, e em 2017, levou o Tony de melhor ator coadjuvante, por “Alô, Dolly!”.
Gavin Creel ganha Tony por ‘Alô, Dolly!’, em 2017
Michael Zorn/Invision/AP
“O Tony foi como receber um abraço da comunidade que participo há 20 anos”, disse ele ao jornal americano “The San Francisco Chronicle”, em 2018. “Isso é bom. Eu literalmente não consigo fazer mais nada na minha vida e ainda sou vencedor do Tony. Nunca deixarei de fazer isso.”
Além de trabalhar nos palcos e em frente às câmeras, Creel também chegou a gravar música e apresentar concertos. Inclusive, em “She Loves Me”, ele estrelou o primeiro musical da Broadway transmitido ao vivo.

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