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Festas e Rodeios

Como o Boygenius, um trio de cantoras, se tornou a banda de rock mais interessante de 2023

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Banda americana formada por Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus consolidou fã-clube nos últimos meses. G1 viu show e explica letras, sonoridade e o porquê de tanto fascínio. Elas apareceram na capa da revista “Rolling Stone” repetindo figurino e semblante do Nirvana. Posaram para o EP de estreia na mesma pose de Crosby, Stills & Nash. E escolheram um nome de banda para caçoar de homens confiantes além da conta, supostamente geniais.
O Boygenius surgiu a partir da amizade de três das cantoras mais talentosas do indie rock americano hoje. Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus se reuniram em 2018, quando saíram em turnê juntas, cada uma tocando as músicas de sua respectiva carreira solo. A convivência deu origem a uma banda, a um EP, a uma turnê, a um álbum e a uma segunda turnê, que o g1 assistiu ao vivo neste mês.
Não se levar (tão) a sério é outro trunfo da banda. Talvez o correto seja que elas se levam a sério na medida certa: não se acham deusas do rock de arena (nada a ver com o classic rock populista do Foo Fighters) e não são “entertainers” acima de tudo (há bons recursos cênicos, mas não espera por um dueto com fantoche de fadinha como nos espetáculos do Coldplay).
As capas da ‘Rolling Stone’ com Boygenius em 2023 e com Nirvana em 1994
Reprodução
A parte estética do Boygenius tem a ver com a ideia de ser despretensioso, mas nem tanto. Elas são uma banda de garotas que quer ser falada não por ser uma banda de garotas, mas talvez por ser uma banda de rock mais interessante em atividade.
As camisas do trio, com alguns modelos esgotados e vendidos por cerca R$ 170 cada em estandes com filas gigantes nos shows, zombam da identidade visual horrenda de bandas de rock pesado. Logotipos clichês, fotos do trio com pose de má e apropriação de signos associados ao hard rock e metal mais old school, como carrões, estampam os produtos. Algumas fãs complementam o look com uma gravata. Revivem a moda skater girl antes associada a Avril Lavigne.
No Re:Set, festival realizado em Nova York no meio de junho, o Boygenius foi o único headliner a esgotar os ingressos. Os outros dias tinham como atrações principais um projeto com quase 15 anos a mais de estrada (LCD Soundsystem) e um jovem artista com mais hits nas paradas americanas (Steve Lacy).
O trio americano Boygenius
Divulgação/Universal Music
O negócio, definitivamente, não é buscar hits fáceis. Nenhuma das três parece disposta a largar carreiras solo e se dedicar apenas ao trio. O show tem músicas dos dois álbuns lançados e uma sequência, quase sempre no final, em que cada uma canta um single da carreira solo. Além das três, há uma banda de apoio em plataformas no fundo do palco, com baterista, baixista e dois tecladistas.
É o revezamento de vozes e de estilos de composição que torna a turnê do Boygenius, ainda sem previsão de vinda pelo Brasil, imperdível.
Baker e Dacus se tornaram amigas quando dividiram o palco, em 2016. Começaram a trocar e-mails e Baker acabou falando para a nova amiga que ela deveria conhecer Bridgers. Assim, as três se tornaram amigas e confidentes. “being constantly validated that my problems are real problems.” As três se definem como parte LGBTQIA+, sem dar detalhes sobre a vida pessoal.
Lucy Dacus, Phoebe Bridgers e Julien Baker: as três cantoras e compositoras do Boygenius
Divulgação/Universal Music
Dacus foi criada em uma família adotiva bastante religiosa, com pelo menos quatro idas à igreja por semana. Esse passado está nas letras dela, sempre muito descritivas e sinceras. A mais roqueira talvez seja Baker. Ela tem a voz mais áspera das três e se recuperou da dependência de opioides. Com versos mais sarcásticos, Brigders é a mais famosa das três. É a única que veio ao Brasil: fez show solo no Primavera Sound e cantou com Lorde no mesmo festival. Além de Lorde, Bridgers tem colaborações famosas com gente como Taylor Swift e Paul McCartney.
Há outros nomes famosos ligados às Boygenius. Haylew Williams, do Paramore, é uma das maiores fãs e disse que elas são “como as Vingadoras” da música. Kristen Stewart foi além dos elogios e meteu a mão na massa: ela dirigiu três clipes da banda.
Boygenius, ao vivo: devoção e melancolia
Ao vivo, há arranjos que ficam ainda mais pesados, embora técnicos de som americanos costumem operar com menos pressão sonora do que os brasileiros.
O show começa com luzes vermelhas, muita fumaça e moldura de correntes no telão. São, de novo, referências óbvias ao inferno tão presente no visual dos grupos de rock pesado. A plateia, no entanto, estava dominada por gritinhos estridentes e mãozinha para cima para lá e para cá no ritmo de “Satanist (com letra que questiona se uma relação pode ser intensa demais: “você seria satanista comigo?”)
A angústia das letras combina com o peso no som, mas a base do som do Boygenius o indie folk rock melancólico. As projeções no telão, com um filtro na maior parte meio do embaçado e granulado, mostram detalhes de cada uma das cantoras: todas têm o mesmo destaque. “A gente cria dando moral uma para a outra. Todas nós somos protagonistas”, explicou Bridgers em entrevista à “Rolling Stone”, na reportagem com a tal capa homenageando o Nirvana.
A gritaria era tanta e tão intensa que às vezes era difícil ouvir os vocais delas. O fandom comemora cada início de música. Faz tudo parecer mais uma celebração da tristeza: ou melhor, da superação de momentos tristes. No palco ou na plateia, todo mundo dá a entender que está em paz com a melancolia, tanto que resolveu fazer uma festa para celebrá-la. Não é difícil encontrar alguém chorando durante o show.
“Cool about It” é a melhor música para resumir todo o fascínio de jornalistas e fãs com o Boygenius. Dentro de círculos, o rosto de cada uma vai aparecendo no telão à medida que cada uma canta sua parte. A música emenda três histórias diferentes de términos, cada uma cantada e composta por uma das três integrantes.
Nesse e em outros momentos (“Leonard Cohen”, por exemplo), as harmonizações vocais impressionam e potencializam as letras. “Leonard Cohen disse uma vez que há uma rachadura em tudo / É assim que a luz entra / E eu não sou um velho tendo uma crise existencial / Em um mosteiro budista / Escrevendo poesia cheio de tesão / Mas eu concordo.” O refrão mais cantado da noite, porém, certamente foi o de “Not strong enough”: “Eu não sou forte o suficiente para ser seu homem / Eu menti, eu sou, apenas estou diminuindo suas expectativas.”
Durante “Bite the Hand”, Lucy ri sem graça quando percebe que todos estão cantando com ela. Julien pausa o show três vezes ao ver que uma pessoa está passando mal na frente do palco. “Não consigo ver alguém pedindo ajuda e continuar.”
Na terceira parada, diz que a música é “amaldiçoada” e todos descobrimos que a pessoa que gritava por ajuda estava apenas com sede. “Ah, é água? Está cheio de água aqui na frente. Se quiser água, peça água. É isso”, conclui Lucy.
Boygenius e Crosby, Stills & Nash em fotos usadas em capas de discos de 2018 e 1969
Reprodução

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Gavin Creel, ator de ‘Hair’ e ‘Alô, Dolly!’, morre dois meses após receber diagnóstico de câncer

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Além da Broadway, artista trabalhou em filmes e séries de TV como ‘Eloise no Plaza’, ‘As Enroladas Aventuras da Rapunzel’ e ‘American Horror Story’.
Gavin Creel apresenta ‘Hair’, na Broadway, em 2009
Peter Kramer/AP
O ator americano Gavin Creel morreu nesta segunda-feira (30), aos 48 anos. Sua morte acontece dois meses depois de ele receber o diagnóstico de um câncer raro no nervo periférico.
Creel estrelou musicais da Boradway como “Caminhos da Floresta”, “Hair”, “Alô, Dolly!”, além de peças da West End – a clássica rua dos teatros de Londres –, como “Mary Poppins” e “Waitress”.
Ele também trabalhou em filmes e séries de TV, atuando em produções como “Eloise no Plaza”, “O Natal de Eloise”, “As Enroladas Aventuras da Rapunzel” e “American Horror Story.”
Em 2002, ele recebeu sua primeira indicação ao prêmio Tony (o principal troféu do teatro), por “Positivamente Millie”. Oito anos depois, voltou a ser indicado, por “Hair”, e em 2017, levou o Tony de melhor ator coadjuvante, por “Alô, Dolly!”.
Gavin Creel ganha Tony por ‘Alô, Dolly!’, em 2017
Michael Zorn/Invision/AP
“O Tony foi como receber um abraço da comunidade que participo há 20 anos”, disse ele ao jornal americano “The San Francisco Chronicle”, em 2018. “Isso é bom. Eu literalmente não consigo fazer mais nada na minha vida e ainda sou vencedor do Tony. Nunca deixarei de fazer isso.”
Além de trabalhar nos palcos e em frente às câmeras, Creel também chegou a gravar música e apresentar concertos. Inclusive, em “She Loves Me”, ele estrelou o primeiro musical da Broadway transmitido ao vivo.

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Ex-Skank Henrique Portugal tenta se firmar como cantor, com parceria com Zélia Duncan, após EP com big band

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Capa do single ‘No meu paraíso’, de Henrique Portugal
Divulgação
♫ ANÁLISE
♪ Em março de 2023, o Skank saiu de cena na cidade natal de Belo Horizonte (MG) com show apoteótico no estádio conhecido como Mineirão. Dois anos antes dessa derradeira apresentação do Skank, Henrique Portugal – tecladista do quarteto mineiro projetado no início dos anos 1990 – já lançou o primeiro single sem a banda, Razão pra te amar, em parceria com Leoni.
Desde então, o músico vem tentando se firmar como cantor em carreira solo com série de singles que, diferentemente do que foi anunciado em 2021, ainda não viraram um álbum ou mesmo EP solo.
Após sucessivas gravações individuais e duetos com nomes como Frejat e Marcos Valle, Henrique Portugal faz mais uma tentativa com a edição do inédito single No meu paraíso, programado para 18 de outubro. Trata-se da primeira parceria do artista com Zélia Duncan, conexão alinhavada por Leoni há mais de quatro anos.
“Já conhecia Zélia, mas a parceria foi incentivada pelo Leoni. Eu conversei com ela sobre alguns temas, mandei a música e Zélia me devolveu a letra em 15 minutos”, conta Henrique.
O single com registro da canção No meu paraíso sai quatro meses após o EP Henrique Portugal & Solar Big Band (2024), lançado em 7 de junho com o tecladista no posto de vocalista da big band nas abordagens de músicas de Beatles e Roberto Carlos, entre outros nomes.
A rigor, o single No meu paraíso e sobressai mais pelo som pop vintage dos teclados do músico do que pelo canto de Henrique Portugal.
“No meu paraíso / Te quero a princípio / Se nada é perfeito / Me arrisco e me ajeito / Quem dirá que é amor? / Qual olhar começou? / Nesse ‘não’ mora um ‘sim’? / O que eu sei mora em mim”, canta Henrique Portugal, dando voz aos versos da letra escrita por Zélia Duncan em 15 minutos.

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Juiz nega pedido de novo julgamento para armeira de ‘Rust’ condenada por morte de diretora de fotografia

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Hannah Gutierrez-Reed foi considerada culpada pela morte de Halyna Hutchins, atingida por um tiro disparado por uma arma segurada pelo ator Alec Baldwin, em outubro de 2021. Alec Baldwin chora após Justiça anular acusações de homicídio culposo
Um juiz do Novo México negou nesta segunda-feira (30) o pedido da armeira Hannah Gutierrez Reed do filme “Rust” para um novo julgamento e manteve sua condenação por homicídio culposo pela morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins em 2021. Gutierrez Reed vai permanecer sob custódia para cumprir o restante de sua sentença de 18 meses.
Hannah Gutierrez-Reed havia carregado o revólver com o qual Baldwin estava ensaiando, em outubro de 2021, durante a filmagem em um rancho do Novo México. Além da morte da diretora de fotografia, o incidente deixou o diretor Joel Souza ferido. A arma estava carregada com munição real e não cenográfica. Além de estrelar “Rust”, o Baldwin também era produtor do filme.
Em seu julgamento, os promotores argumentaram que Hannah violou repetidamente o protocolo de segurança e foi negligente. O advogado de defesa argumentou que ela era o bode expiatório pelas falhas de segurança da administração do set de filmagem e de outros membros da equipe.
Hannah Gutierrez-Reed, ex-armeira de ‘Rust’, comparece a julgamento em 27 de fevereiro pela morte de Halyna Hutchins
Luis Sánchez Saturno/Pool/AFP
Juíza anula acusação de Baldwin
No dia 12 de julho, o ator Alec Baldwin chorou após a Justiça dos Estados Unidos anular as acusações de homicídio culposo. A juíza entendeu que houve má conduta da polícia e dos promotores ao ocultar as provas da defesa.
À Justiça, os advogados do ator afirmaram que as autoridades “enterraram” evidências sobre a origem da bala que matou a diretora. Segundo a defesa, munições reais foram apreendidas como parte das evidências, mas não foram listadas no arquivo das investigações.
Vídeo com Alec Baldwin na gravação de ‘Rust’ é divulgado

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