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‘Vai novinha an an an’: Como o DJ Dyamante misturou Luiz Gonzaga e Mr. Catra para emplacar hit viral

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Discípulo de Catra, produtor juntou tamborzão raiz com sanfona de clássico de Gonzagão em funk que embalou festas juninas e julinas. Ele fala ao g1 sobre suas principais referências. Conheça ‘Vai novinha an an an’, hit que mistura Luiz Gonzaga e Mr. Catra
Quem ouve o trecho mais famoso de “Vai novinha an an an”, hit viral no TikTok, fica meio confuso. É forró ou funk? Piseiro ou baião?
O responsável pela batida instigante é Dyamante, produtor de funk carioca de 32 anos, que tem se tornado especialista em emplacar músicas em vídeos de dancinhas — ele já tinha viralizado “Sentadinha diferente”.
“Vai novinha” foi lançada em junho e acumula mais de 8 milhões de plays no YouTube. Depois de se espalhar pelas redes sociais, entrou na lista de mais ouvidas no streaming e embalou festas juninas e julinas pelo Brasil.
A música foi produzida durante uma madrugada, no estúdio de Dyamante, no Rio.
“Quando dei o play, falei: caraca, esquece! Isso aqui é hit nacional e internacional”, lembra ele, em entrevista ao g1.
DJ Dyamante tira selfie com fãs durante show em Maceió
Reprodução/Instagram/DJ Dyamante
Para compor a batida, o funkeiro foi buscar inspiração em outro estilo que ama: o forró. A sanfona e o ritmo de “Vai novinha” fazem referência a “O chêro da Carolina”, clássico de Luiz Gonzaga. Os compositores originais, Amorim Roxo e Zé Gonzaga, irmão de Gonzagão, são citados nos créditos da música.
O xote lançado em 1956 já havia sido resgatado nas redes sociais em 2022, num remix do DJ Luiz Poderoso Chefão. Na música de Dyamante, a melodia ainda faz alusão ao piseiro de nomes como João Gomes, de quem o DJ é fã declarado.
“Eu sempre procuro estudar elementos para incluir nas minhas músicas, que possam chamar a atenção. Nessa, eu usei a sanfona. É isso que faz a diferença, faz a música ficar na mente”, explica Dyamante.
“Eu queria resgatar o que era a cultura do funk carioca lá atrás, a essência da comunidade, mas também incluir o que a galera gosta de ouvir pelo Brasil. Quero fazer músicas que não toquem só no Rio de Janeiro.”
Tamborzão raiz
Além de reviver Luiz Gonzaga, o aceno ao passado aparece em “Vai novinha” na forma do tamborzão, vertente funkeira do Rio nos anos 1990, fundamental para a popularização do gênero pelo país nesse periodo. A batida nostálgica voltou à moda: ela também dá o tom de “Tá ok”, de Dennis DJ e Kevin O Chris, música mais ouvida do Brasil no Spotify há 50 dias.
“O funk de hoje tem muita vertente, muita informação. Isso, às vezes, dificulta na hora de fazer a música virar hit. Já o tamborzão, o beat antigo, é bom de ouvir, não agride o ouvido. É tudo numa linha só, tudo organizado. As pessoas conseguem consumir mais.”
DJ Dyamante em foto publicada no Instagram
Reprodução/Instagram/DJ Dyamante
Muito do que Dyamante sabe sobre tamborzão, ele aprendeu com Mr. Catra (1968-2018). Nascido e criado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o DJ começou a carreira na Roda de Funk, produtora que revelou, entre outros nomes, MC Cabelinho. Conciliava a música com trabalhos como copeiro, lavador de carros, ajudante de pedreiro e a lista vai longe.
“Eu tinha uma meta de trabalhar para comprar meus equipamentos e montar meu estúdio, até que consegui comprar meu primeiro MPC”. Muito usado no funk, o Music Production Controller é um aparelho que mistura bateria eletrônica e gravador.
Depois disso, passou quatro anos trabalhando como DJ de Catra, que considera uma das maiores influências de suas músicas. “Ele é meu espelho”, diz Dyamante.
“Toda vez que eu tenho um degrau, lembro do ‘negão’ falando para mim: humildade sempre, disciplina sempre e fé, que as coisas vão acontecer. Onde quer que ele esteja, tenho certeza de que está vibrando porque estou fazendo tudo direitinho.”

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