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Emicida e Maria Rita saúdam João Donato e reiteram parentesco do rap com o samba em show no Rio

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Encontro dos artistas é um dos pontos altos do primeiro dia do festival ‘Doce maravilha’. Emicida e Maria Rita cantam ‘Emoriô’ (1975) em reverência a João Donato (1934 – 2023) no festival ‘Doce maravilha’
Diego Padilha / Festival Doce Maravilha
♪ DOCE MARAVILHA – Se o samba é primo do jazz, como sentenciaram Magnu Souza e Nei Lopes no título de composição apresentada por Alcione em álbum de 2004, o rap é filho temporão do samba.
Expoente da geração de hip hop projetada no Brasil dos anos 2010, Emicida enfatiza na obra humanista o parentesco de primeiro grau entre estes dois gêneros musicais que ecoam o lamento negro e ancestral vindo da África, mas também o orgulho da negritude, base da cultura brasileira.
Por isso mesmo, foi sagaz o convite de Emicida para que Maria Rita – cantora convertida com sinceridade ao samba – fosse a convidada do show apresentado pelo rapper na noite de ontem, 12 de agosto, dentro da programação do festival Doce maravilha, orquestrada com curadoria de Nelson Motta.
A interação de Emicida com Maria Rita foi um dos pontos altos do primeiro dia do festival que ocupa a Marina da Glória, no Rio de Janeiro (RJ), neste fim de semana.
À vontade na “segunda casa”, como o rapper paulistano caracterizou a cidade dos cariocas, Emicida abriu o show com A ordem natural das coisas (Damien Seth e Emicida, 2019), música do mais recente álbum de estúdio do rapper, AmarElo (2019), cujo show foi a base da apresentação do artista no festival.
Preparando o clima para a entrada de Maria Rita, Emicida caiu no suingue grudento de Chiclete com banana (Gordurinha e Almira Castilho, 1959) em citação antes de cair no samba Quem tem um amigo (Tem tudo) (2019), parceria póstuma com o bamba carioca Wilson das Neves (1936 – 2017).
“A casa é sua”, disse o rapper para Maria Rita ao chamar a cantora para o palco. E o que se viu e ouviu, dali em diante, foi real interação entre os artistas.
Se Emicida acompanhou a cantora no rolé fluminense pela guerra das desigualdades expostas em Corpitcho (Luiz Cláudio Picolé e Ronaldo Barcellos, 2007), Maria Rita entrou no mundo do rapper ao dar voz ao refrão de Hoje cedo (Emicida e Felipe Vassão, 2013), fazendo com emoção a parte que coube a Pitty na gravação original da música no primeiro álbum do rapper, O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui (2013).
Juntos, Emicida e Maria Rita também saudaram o pianista e compositor acreano João Donato (1934 – 2023), mestre da bossa latina, com o canto de Emoriô (1975), parceria de Donato com Gilberto Gil, headliner da noite com show com a banda BaianaSystem.
“Obrigado (Donato) por desenhar a alma brasileira nos seus acordes”, disse Emicida, talvez sem se dar conta de que ele próprio e Maria Rita – que ainda deu voz ao samba O bêbado e a equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc, 1979) em reverência à mãe, Elis Regina (1945 – 1982) – também tinham exposto a alma do Brasil ao reiterar a irmandade entre rap e samba no palco do festival Doce maravilha.

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