Ao g1, irmãos falam sobre emoção e o processo de criação dos personagens, e respondem brincadeira de Xororó sobre a dupla sertaneja ser mais bonita do que os atores. Rodrigo e Felipe Simas falam sobre série que conta história de Chitãozinho e Xororó
Os irmãos Rodrigo Simas, de 31 anos, e Felipe Simas, de 30, levam, não só o talento, mas também toda a conexão familiar para a frente das telas para interpretar Chitãozinho e Xororó.
Os dois atores viverão aos cantores sertanejos na fase adulta na série “As Aventuras de José & Durval”, que estreia nesta sexta-feira (18), no Globoplay. Os pequenos Pedro Tirolli e Pedro Lucas interpretam a dupla na infância.
A produção conta com 8 episódios de 45 minutos, sendo que os três primeiros serão disponibilizados juntos, nesta sexta. Os demais, serão lançados semanalmente até 22 de setembro.
São nesses cinco últimos que Rodrigo e Felipe começam a aparecer como José e Durval. E em entrevista ao g1, eles falaram sobre a importância da relação familiar para a série.
“Foi o fundamento desse trabalho. A gente sempre fala que a escolha por ser Rodrigo e Felipe representando a vida deles não foi por conta do talento que a gente tem. Foi muito pela relação que a gente tem.”
“Era muito mais fácil você criar em cima de uma relação que já existe e adaptar essa intimidade, do que começar do zero uma trajetória de vida inteira”, afirma Felipe, com o endosso de Rodrigo.
Os dois também contam que quase não tiveram contato com a dupla sertaneja e explicaram como isso impactou na criação dos personagens.
“No início, achei que fosse ser ruim. Eu queria ter tido. Mas eu acho que foi um acerto do Hugo Prata [diretor da série], que teve uma visão à frente de nos dar essa licença poética de eu criar o meu próprio Chitão, e o Felipe, o próprio Durval dele”, afirma Rodrigo.
“E acho que isso tirou um peso bem grande das nossas costas. Isso fez a gente ter uma margem de criação muito maior do que focar exatamente em como eles eram”, conclui o ator.
Chitãozinho, Rodrigo Simas, Felipe Simas e Xororó
Bob Paulino
Durante o processo de criação, Rodrigo e Felipe assistiram diversas entrevistas e shows antigos da dupla sertaneja.
“Não era algo que a gente estivesse tentando copiar o que eles são. A gente estava celebrando o que eles são, a carreira deles.”
“Na celebração, você normalmente faz gerar alegria nas pessoas, honra a trajetória. Então a escolha da direção, eu tenho certeza, que nos deu liberdade de honrá-los da melhor forma possível.”
Além da relação de intimidade enquanto irmãos, as semelhanças entre Rodrigo e Chitão e Felipe e Xororó também foi usada a favor da arte.
Felipe, por exemplo, diz se identificar com o lado caseiro de Xororó, que já ganhou até o apelido de “relógio cuco”, por sair de casa somente para cantar.
“Muito do que eu sou, eu consigo enxergar no Xororó. Então eu poderia usar isso a favor da série. Por mais que a gente não tentasse copiar, a gente pôde fazer de forma muito natural usando aquilo que a gente tem também, aquilo que a gente é.”
Memórias sertanejas
Rodrigo Simas e Felipe Simas durante evento de lançamento da série “As Aventuras de José & Durval”
Bob Paulino
Os irmãos Simas não eram exatamente “fãs, fãs, raiz” de música sertaneja, como contou Rodrigo, mas já tinham o ritmo musical em suas vidas antes da série.
“Eu, particularmente, gosto de sertanejo. Não tem como não gostar de Chitãozinho e Xororó. Eles fazem parte da trilha sonora da vida, talvez, de todos os brasileiros em algum momento. Então essa potência do sertanejo, eu vejo como sendo o Brasil”, afirma o ator.
Felipe conta que, em sua época como jogador de futebol, ouvia bastante no carro e no vestiário. “Mas não é o gênero musical que eu mais escuto hoje em dia.”
“Eu acho que Chitãozinho & Xororó passa de geração a geração também, né? Comentei com o Rod que quando você tá numa festa de família, por exemplo, e toca ‘Evidências’, você vê os seus pais se abraçando, se beijando, isso gera uma memória afetiva muito grande. Então não tem como você não ligar ‘Evidências’ a momentos felizes da sua vida.”
A cena com o hino do Brasil
Os irmãos Rodrigo e Felipe Simas são José/Chitãozinho e Durval/Xororó em ‘As Aventuras de José & Durval’, série inédita Original Globoplay
Divulgação/Globo
Se antes, eles já tinham uma memória afetiva com o clássico “Evidências”, eles elevaram esse patamar quando gravaram uma cena em que aparecem, no palco, cantando o “hino do Brasil”.
“Foi o nosso ápice de euforia, de felicidade. A gente aguardava muito por isso. É um momento que a gente vai ter para sempre nas nossas memórias”, diz Rodrigo.
O ator conta que, para captar a emoção do momento, o diretor Hugo Prata não deixou os atores ensaiarem a cena. E revela que toda a equipe ficou bastante emocionada durante a gravação.
“Eu me lembro muito do rosto do Felipe assim, iluminado: ‘olha o que a gente tá vivendo!’. E a gente sabia que seria passageiro. Então estamos muito presentes para aproveitar ao máximo”, conta Rodrigo.
Felipe chama o momento de “único”. “Não só na nossa carreira, mas a realização de um sonho.”
“Todo artista quer pisar no palco e entender o que os cantores passam. E a gente passou isso cantando ‘Evidências’. Tudo bem que não estava cheio. Mas o público que estava, entregou a emoção que era necessária. A direção chorando, a produção, todo mundo cantando junto, dançando… Foi a cereja do bolo para gente.”
“Cantor” sem voz
Chitãozinho e Xororó com os atores que interpretam os irmãos na série “As Aventuras de José & Durval”: Rodrigo Simas, Felipe Simas, Pedro Tirolli e Pedro Lucas
Bob Paulino
As vozes dos atores não aparecem em cena, embora eles tenham cantado na gravação para reproduzir a postura corporal de Chitãozinho e Xororó em sintonia com a música.
“A preocupação não era com a nota que iria sair e, sim, em como que o nosso físico estava aparentando na tela com a nota que eles cantam”, explica Rodrigo.
Esse processo de encaixe do corpo na voz de Chitãozinho e Xororó fez parte do processo de construção dos personagens, junto aos treinos de voz e violão.
E entre ensaios e gravações, Felipe acabou perdendo a voz. O ator sente as sequelas até hoje.
“Vocês não vão escutar nossa voz, mas todas as canções a gente tá cantando. E cantar tentando chegar no tom do Xororó, na região, é impossível. Porque ele formou as cordas vocais dele observando a mãe cantar. Então o registro dele é quase num tom feminino, diferente de quase todos os outros brasileiros. Então todo mundo tenta imitar o Xororó, perde a voz, com certeza”, analisa Felipe.
“Eu guardo registros dessa trajetória porque eu percebi que eu tenho perdido a voz com mais facilidade. Se eu uso minha voz um pouco mais do que o necessário, eu percebo que ela vai embora.”
“Uma boa fono também te ajuda a melhorar isso”, brinca Rodrigo com o irmão.
O bom humor do ator também refletiu na resposta sobre uma possível réplica de um comentário de Xororó. Na época de divulgação da série, o cantor sertanejo brincou que ele e Chitão eram mais bonitos do que os irmãos Simas.
“A gente canta muito mais do que eles, então fica de boa”, dispara Rodrigo aos risos. “A nossa voz é muito mais elaborada”, completa Felipe, entrando na brincadeira do irmão.
Além da série, os irmãos Simas estão em projetos paralelos. Felipe estreou nesta segunda (14) em “Fuzuê”, nova novela das 19h. Já Rodrigo está em cartaz em São Paulo com a peça “Prazer Hamlet”.
Chitãozinho e Xororó com os atores que representam a dupla na série “As Aventuras de José & Durval” (Pedro Tirolli, Pedro Lucas, e os irmãos Rodrigo e Felipe Simas)
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