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‘Gran Turismo’ empolga por boas cenas de corrida, mas derrapa nos clichês; g1 já viu

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Filme é inspirado em história real de jovem que se tornou piloto de corridas graças ao game clássico. Longa é dirigido por Neill Blomkamp, de ‘Distrito 9’ e ‘Elysium’. Hollywood ainda procura a fórmula certa para conseguir levar para os cinemas games que são grandes sucessos entre o público. “Gran Turismo: De jogador a corredor”, que estreou nesta quinta-feira (24), é a mais nova tentativa de criar um espetáculo capaz de atrair tanto os fãs de filmes quanto os dos jogos.
O resultado é um longa interessante, com boas cenas de corridas e uma história capaz de empolgar os espectadores. No entanto, o filme tem clichês em excesso que comprometem a experiência.
Inspirada em uma história real, o filme mostra a vida de Jann Mardenborough (Archie Madekwe, de “Beau tem medo”), um jovem britânico que passa várias horas em casa jogando o game “Gran Turismo”, a ponto de saber os mínimos detalhes dos carros e das pistas das corridas do jogo.
Assista ao trailer do filme “Gran Turismo: De jogador a corredor”
O pai de Jann, Steve (Djimon Hounsou, de “Shazam! Fúria dos deuses”), que foi jogador de futebol, não entende a dedicação do rapaz e prefere valorizar o outro filho, Coby (Daniel Puig), que tem planos de fazer sucesso no esporte que o pai jogou por anos.
Só que, um dia, Jann resolve participar de um concurso criado pelo executivo de marketing da Nissan, Danny Moore (Orlando Bloom, o Legolas da trilogia “O Senhor dos Anéis”). O objetivo é fazer com que os melhores jogadores de “Gran Turismo” corram entre si.
Quem tiver bons resultados será chamado para participar de um programa de treinamento para correr em carros de verdade em famosas corridas como as 24 Horas de Le Mans.
Jann consegue se classificar e entra para o programa de treinamento, comandado pelo veterano piloto Jack Salter (David Harbour, de “Viúva Negra”), que mostra para ele e para os outros candidatos que não será fácil transformar gamers em pilotos de verdade. O jovem logo percebe que precisa superar as dificuldades e desconfianças de várias pessoas para conseguir tornar seu sonho uma realidade.
Jogadores de vídeogame tentam se tornar pilotos de verdade em ‘Gran Turismo: De jogador a corredor’
Divulgação
Velocidade máxima
“Gran Turino: De jogador a corredor” não esconde em nenhum momento que foi criado para promover um dos jogos mais populares do PlayStation. Isso fica claro já no início do longa, que mostra como o criador do game, Kazunori Yamauchi (interpretado por Takehiro Hira) se dedicou para torná-lo o mais real possível desde suas primeiras versões.
Assim, há várias cenas mostrando o processo de digitalização dos veículos, além de inserir suas características, para deixar claro as várias qualidades que o jogo tem a oferecer até mesmo para quem nunca disputou uma partida em casa.
Isso também se destaca com as aparições ostensivas das marcas que patrocinaram a produção, como a Sony (especialmente em aparelhos como celulares e tocadores de MP3), fabricante do console, e a Nissan. Ou seja, mais do que um filme “Gran Turismo” é uma longa e barulhenta peça publicitária.
Cena de ‘Gran Turismo: De jogador a corredor’
Divulgação
Mesmo assim, o filme proporciona um bom espetáculo, especialmente pela boa direção de Neill Blomkamp, que se destacou com longas como “Distrito 9” e “Elysium”. As sequências de corrida são muito bem realizadas e convincentes e trazem diversos elementos que vão deixar os fãs do jogo bastante felizes com as referências.
Além disso, o cineasta consegue inserir bem os elementos gráficos e os efeitos sonoros do game misturados com as imagens dos carros reais correndo em alta velocidade, o que proporciona um resultado satisfatório. As cenas que mostram o treinamento árduo dos gamers para se tornarem pilotos são um dos destaques positivos do filme.
Blomkamp também ganha pontos ao desenvolver a narrativa de forma empolgante, a ponto de deixar o espectador torcendo para que o protagonista supere seus obstáculos e consiga vencer no ambiente bastante competitivo das corridas automobilísticas.
Jann (Archie Madekwe) recebe conselhos de Jack Salter (David Harbour) numa cena de ‘Gran Turismo: De Jogador a Corredor’
Divulgação
‘Isso não é um jogo’
O grande porém de “Gran Turismo”, além da publicidade ostensiva, está no roteiro assinado por Jason Hall (“Sniper americano”), Alex Tse (“Watchmen: O Filme”) e Zach Baylin (“King Richard”).
Mesmo escrito a seis mãos, o script não consegue fugir da obviedade e conta a história de Jann Mardenborough com pouca criatividade e clichês de sobra, principalmente ao retratar a relação do protagonista com a família, com situações melodramáticas e mais do que batidas. Especialmente para quem assiste muitos filmes e novelas.
Além disso, os roteiristas insistem em bater na tecla de que tudo o que o espectador vê na telona é algo “real”. Isso fica claro ao fazer o personagem de David Harbour repetir inúmeras vezes a frase “Isso não é um jogo” para os jovens que fazem parte de seu programa de treinamento, como se fosse uma mensagem subliminar gritante para o público. Com as situações absurdas mostradas no longa, o recurso se torna ainda mais ineficaz.
Orlando Bloom interpreta o executivo de marketing Danny Moore em ‘Gran Turismo: De Jogador a Corredor’
Divulgação
O roteiro também falha em dar mais profundidade para os personagens. Tirando Jann, todos os outros são mostrados de forma superficial e maniqueísta. Um bom exemplo disso está no fato de que os pilotos das outras escuderias não têm nenhum pingo de humanidade e são malvados porque simplesmente são arrogantes e maus, sem maiores sutilezas.
Pelo menos, o grupo dos “mocinhos” consegue conquistar pela simpatia dos atores. Em especial Harbour, que interpreta o treinador durão que se torna o mentor do protagonista. O ator, mais conhecido como o xerife da série “Stranger Things”, consegue tornar seu personagem bastante carismático e, por isso, é o melhor do elenco. Hounsou, apesar de prejudicado pelo roteiro, se destaca como o pai do protagonista, especialmente em uma das cenas mais emotivas do filme.
Já Madekwe não encontra o tom certo para interpretar Jann no começo. Mas, aos poucos, melhora sua atuação e faz com que o público se torne cúmplice de sua jornada. Orlando Bloom interpreta seu personagem no piloto automático e sem maiores brilhos. Mesmo assim, não compromete o resultado final. Uma curiosidade é ver a ex-Spice Girl Geri Halliwell Horner como Lesley, a mãe carinhosa do protagonista.
‘Gran Turismo: De jogador a corredor’ não chega a ser um dos mais memoráveis filmes sobre automobilismo, como “Rush – No Limite da Emoção”, ainda que consiga fazer uma boa adaptação de um game para o cinema. Mas serve como um bom passatempo inofensivo, com uma boa trilha de canções, e que conta uma história de forma competente sem ser brilhante. Quem não exigir muito, certamente irá se divertir. E até disputar uma corrida virtual ao sair da sessão.
Cenas de corridas são um dos destaques de ‘Gran Turismo: De Jogador a Corredor’
Divulgação

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