Connect with us

Festas e Rodeios

‘Meu corpo não está nos livros de biologia’, diz Urias, cantora trans que se apresenta no The Town

Published

on

Ela canta no festiva no sábado (2), com repertório do álbum ‘Her Mind’. ‘Quero mostrar uma música eletrônica que vão ouvir na balada, mas que tenham elementos de música brasileira.’ Urias apresenta novo disco, ‘Her mind’, no The Town
João Arraes/Divulgação
Depois que lançou “Fúria”, em 2021, Urias ficou com um pensamento rondando sua cabeça. “Com o tempo, só me era perguntado sobre o meu corpo. O meu corpo quanto corpo político, corpo social, sempre trazendo e resumindo a minha existência ao meu corpo”, conta a cantora ao g1, em alusão ao fato de ser uma cantora transexual. “Eu queria falar de outras coisas, mas como incitar as pessoas a me perguntarem sobre outras coisas?”
Por acaso, ela encontrou no TikTok comentários sobre um estudo da Universidade de Liège, na Bélgica, que comparou o cérebro de pré-adolescentes trans e cis. “Descobriram semelhanças que achavam que não existiam e diferenças que achavam que não existiam. Comecei a pirar nisso, de querer falar sobre a mente.”
O estudo foi a primeira inspiração para o seu mais recente disco “Her Mind”, com o qual ela se prepara para abrir o palco Factory do festival The Town, no dia 2 de setembro.
Capa do álbum ‘Her mind’, de Urias
João Arraes
“Her Mind”, que foi lançado em duas etapas, traz faixas eletrônicas mais densas com a mistura de dubstep, trance e ritmos latinos. “Queria apresentar um trabalho que fosse uma possibilidade de música eletrônica brasileira para o mundo”, diz. “Quero mostrar uma música eletrônica que as pessoas vão poder ouvir na balada e que tenha elementos da música brasileira, como a cuíca, tem berimbau, elementos do funk, mas continua sendo eletrônica.”
LEIA MAIS: Como Post Malone Se tornou rapper favorito da geração Z?
Banda dos sonhos do The Town: monte seu supergrupo com as principais atrações do festival
Trap no The Town: por que vertente do rap vai dominar festival
Em entrevista ao g1, ela falou sobre a ideia do disco e sobre o show no The Town.
g1 – As informações sobre o seu trabalho ‘Her mind’ fazem referência a um estudo que comprara pessoas trans e cis da Universidade de Liège, na Bélgica, que você encontrou. Como foi o contato com esse estudo e como traduzi-lo para o conceito do álbum?
Urias – Eu tinha lançado meu álbum, “Fúria”. Com o tempo, com o decorrer das coisas, só me era perguntado sobre o meu corpo. Sobre o meu corpo político, corpo social, sempre trazendo e resumindo a minha existência ao meu corpo, ao meu tipo de corpo.
Fiquei muito com isso na minha cabeça. Pô, quero falar de outras coisas, mas como incitar as pessoas a me perguntarem de outras coisas? Então, pensei que queria falar da minha mente.
Um dia, vi no TikTok um estudo de uma mulher, eu vi o vídeo da mulher, e fui clicando nos links e achei o estudo da Bélgica, que comparava o cérebro – tomografias cerebrais e radiografias e todos os exames cerebrais que uma universidade europeia pode ter acesso-, de uma pessoa trans, pré-adolescente, a maioria antes da harmonização, com o de um pré-adolescente cis. Descobriram semelhanças que não sabiam que existiam e diferenças que não sabiam que existiam.
Comecei a pirar nisso, de falar sobre a mente. Queria muito alguma coisa, algum estudo, que me provasse que eu faço parte da natureza.
Era essa naturalização que eu queria: um estudo sobre pessoas como eu, igual existem estudos sobre os corpos cis. Os corpos de vocês estão no livro de biologia, o meu não está, entendeu?
Então, eu fui atrás dessa naturalização, desse lugar de existência do meu corpo dentro da natureza, dentro do ciclo da vida, dentro da morte/vida, do nascer e pôr do sol. Fora dessa parte do social. Queria me naturalizar essa parte de mim como parte da natureza. O meu corpo também faz parte da natureza.
g1 – Seu novo disco tem músicas eletrônicas calcadas no dubstep e no trance e parecem mais densas. Por que optou por essa sonoridade?
Urias – Meu primeiro álbum tem muito de música eletrônica, mas eu fui muito numa coisa da rima. Eu queria agora apresentar um trabalho que fosse uma possibilidade de música eletrônica brasileira para o mundo. Aí, decidi fazer o trabalho todo em outras línguas [no disco, além de português, Urias canta em inglês, espanhol e cita frases em francês]. Tem vários artistas enormes brasileiros que estão abrindo para a gente lá fora, então, quis apostar também.
Eu quero mostrar uma música eletrônica que as pessoas vão ouvir na balada, mas que tenham elementos de música brasileira. Tem cuíca, tem berimbau, elementos do funk, mas que continua ainda sendo eletrônica. Quando eles escutarem, vão perguntar ‘de onde é isso? É do Brasil’. Essa foi a minha direção de sonoridade.
Não posso deixar de acrescentar aqui toda a bagagem do Maffalda [que assina a produção do álbum]. Ele foi de extrema e essencial importância. Ele é um cara que tem a cabeça muito no futuro, trouxe muita coisa, muita mistura que eu achei que não ia dar certo. Ele quem fez a sugestão de fechar o álbum com ‘Her mind’. A música tem um ar de despedida, mas também o ar de apresentar algo novo. Meio que a conclusão de fazer parte da natureza.
E aí, eu incluo essa outra normalização que é da religião. O meu primeiro álbum é o corpo social, vou para o corpo biológico e termino em uma proposta por uma inclusão social. Ele foi essencial, porque, Nossa Senhora, acho o Maffalda um gênio.
g1 – Em 2021, o g1 conversou com você sobre seu primeiro trabalho e falou também com o Gorky, seu produtor (ouça no podcast g1 Ouviu abaixo). Ele comentou que a sua música não era de fácil assimilação. Não é uma música que as pessoas digerem de bate e pronto. Por que apostar nisso e não em faixas mais pop?
Urias – É difícil digerir, né? Olha, o meu grande desafio quando eu comecei minha carreira, eu, sozinha no meu quarto, pensando… Acho que eu nunca falei isso pra ninguém, de qual era a minha meta, até porque nem eu sabia o que ia acontecer, e vai que não dá certo. Eu sempre pensava que tinha que criar um espaço para mim no mercado, no espaço que fosse para mim.
Preciso pisar em um espaço que seja meu, que eu possa fazer as coisas e as pessoas vão ouvir e vão lembrar, vão falar ‘isso é muito aquilo lá que aquela gata faz’. Foi muito nesse lugar. Não queria fazer o que todo mundo estava fazendo.
Eu não sei, interpreto no meu ponto de vista, mas, às vezes, a galera, o público em geral que consome pop, às vezes, eles querem sempre estar ouvindo a mesma coisa. Às vezes, me mandam mensagens falando ‘por que você não faz isso para alcançar um público mais mainstream?’. Eu fico pensando, mas eu fiz para me destacar do meio, para um dia alguém falar ‘ela fez’. É se destacar, para as pessoas ouvirem algo diferente também.
g1 – Significa que você não cogita viralizar coreografias no TikTok, por exemplo?
Urias – Não, não. Não é que estaria fora de cogitação. Mas esse seu exemplo de coreografia no TikTok, por exemplo, teria que ter sentido com o todo, sabe? A gente não sabe o que vai hitar no TikTok.
A Lady Gaga lançou uma música 13 anos atrás, que hitou no TikTok no ano passado. A gente nunca vai saber, não tem uma regra. Eu prefiro continuar sendo honesta comigo, fazendo o que eu quero. Se eu achar que cabe uma coreografia no TikTok… Mas a gente sempre faz a coreografia e grava para TikTok, mas não é uma coreografia pensada para o TikTok.
g1 – Você vai estrear o seu álbum no The Town, qual é o plano para esta apresentação?
Urias – A gente pensou em um palco para ser de dia. Um palco que a gente consiga fazer acontecer um show bonito. Por ser de dia, a gente não tem o controle de luz. A gente vai trazer cenografia, vou apresentar essa nova fase dessa era que vai concluir esteticamente aquilo que a gente falou antes, de fazer parte dessa natureza.
Pabllo Vittar e Urias em apresentação no dia de ‘aquecimento’ do Lollapalooza, em 2022
Celso Tavares/g1
E com certeza vai ter dançarinos, muitos dançarinos. Estou ensaiando todo o dia, mulher, seis horas por dia. Estou cansada, muito cansada.
Estou vivendo para esse festival. Estou ensaiando para o show também. Mas toda a minha equipe está muito focada neste festival, porque é de grande proporção que vai me apresentar a muita gente nova.
g1 – Qual a importância do festival para você?
Urias – Profissional, e até pessoalmente falando, é de uma importância enriquecedora porque estamos montando um show novo, ensaiando mais coisas. Essa rotina de ensaio… Tudo. Não é que acabou o The Town e apagou da minha memória, isso tudo me constrói para ser melhor. Está sendo muito essa mistura dessa coisa de ‘quero mostrar mais’, mas estou nessa fase de estudo, estudando dança, estudando canto. É um acréscimo muito além do que só a carreira.
VÍDEOS Veja mais sobre as principais atrações de The Town

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

21 kg de penas e esquisitice: você precisa conhecer Pesto, o bebê pinguim gigante

Published

on

By

Com apenas 9 meses, ave de 90 centímetros conquistou a internet com o seu jeito atrapalhado. Bebê pinguim de 9 meses e 21 kg é o novo ídolo da internet
O bebê pinguim Pesto é a prova que faltava para mostrar que estamos atravessando uma onda de fofura animalesca.
Assim como Moo Deng, a pequenina hipopótamo pigmeu que deixou a internet caída às suas patas, Pesto ganhou uma legião de adoradores na internet.
Levantamento do Google aponta que, na última semana, a busca pelo termo “Pesto Pinguim” superou em mais de 100% a procura pelo termo “Pesto Pasta”; o popular molho da culinária italiana foi a inspiração o nome do animalzinho.
O que chama atenção dos cuidadores e dos fãs é o grande tamanho da ave que, mesmo tendo apenas 9 meses de idade, possui 21 quilos e 90 centímetros de altura.
Além disso, Pesto conserva uma plumagem exuberante, própria de pinguins recém-nascidos e que o faz se destacar rapidamente entre os demais.
🐧 Muitos reconhecem os pinguins adultos por suas penas pretas e brancas, já os pinguins-rei nascem com plumagem marrom. Assim que aprendem a nadar, eles iniciam a troca dessas penas em um processo conhecido como muda.
Em suma, Pesto é um bebezão com um andar atabalhoado, e um grande apetite por peixes. Segundo suas cuidadoras, o pinguim-rei come nada menos do que 25 peixes por dia.
LEIA TAMBÉM
É possível tanta fofura? Conheça Moo Deng, a bebê hipopótamo que está conquistando as redes
Chá de revelação e aulas de mergulho
Mas todo esse sucesso não veio de imediato. A vida de celebridade digital começou no início de setembro, quando os cuidadores de Pesto fizeram uma chá de revelação de gênero. O animal está visível para o público do Sea Life Aquarium (Melbourne, Austrália) desde abril.
Initial plugin text
Como não é possível aos humanos identificar o sexo dos pinguins ao olho nu, a identificação do gênero da pequena ave ocorreu com o auxílio de um teste sanguíneo.
O próximo grande passo para o pinguim é aprender a nadar, o que deve ocorrer muito em breve. Para isso, o bebê contará com o empurrãozinho dos pinguins mais velhos que o tutelam, Tango e Hudson.
Nesse momento, Pesto trocará sua plumagem marrom escuro para o preto e branco convencional — um rito de passagem para a vida adulta.
Assim como Pesto, a maioria dos 60 pinguins do Sea Life Aquarium possuem nomes relacionados a alimentos, como Pudim, Whopper e Lamingtons.
Pinguim Pesto, com 21kg aos 9 meses.
SEA LIFE Melbourne/Divulgação

Continue Reading

Festas e Rodeios

Caetano Veloso e Maria Bethânia afagam o público paraense com canto de hit de Joelma em show em Belém

Published

on

By

“Eu vou tomar um tacacá / Dançar, curtir, ficar de boa / Pois quando chego no Pará / Me sinto bem, o tempo voa”
♫ COMENTÁRIO
♩ Ninguém imaginou que os versos de Voando pro Pará (Chrystian Lima, Isac Maraial, Nilk Oliveira e Valter Serraria, 2015) – música lançada pela cantora paraense Joelma há nove anos e revitalizada em 2023 – um dia fossem cantados por Caetano Veloso e Maria Bethânia. Juntos. No Pará.
Pois o improvável aconteceu na noite de ontem, 28 de setembro. Na passagem do show da turnê Caetano & Bethânia por Belém (PA), em apresentação no estádio popularmente conhecido como Mangueirão, os irmãos afagaram o público paraense com o canto de Voando pro Pará, música que exalta o estado do norte do Brasil.
Foi a primeira surpresa na estrada de um roteiro que, até então, tinha permanecido imutável desde a estreia nacional da turnê em 3 de agosto na cidade do Rio de Janeiro (RJ). E, verdade seja dita, a homenagem aos paraenses resultou simpática, vibrante, a julgar por vídeo postado no Instagram pelo perfil Caetano Veloso é foda.
Resta saber se os irmãos vão seguir com a tradição de homenagear públicos locais quando o show da turnê Caetano & Bethânia chegar em cidades como Recife (PE), Brasília (DF), Fortaleza (CE) e Salvador (BA) – como fez Marisa Monte ao longo da turnê Portas (2022 / 2023) – ou se o canto de Voando pro Pará será somente um (oportuno) ponto fora da curva na rota da turnê.

Continue Reading

Festas e Rodeios

Festival Global Citizen e Coldplay são confirmados para 2025 em Belém

Published

on

By

Festival foi confirmado por Helder Barbalho (MDB), e o show do Coldplay pelo ministro do turismo Celso Sabino, que disse que a banda se apresentará no estádio Mangueirão, o maior da capital paraense. Coldplay é confirmado em Belém.
Celso Tavares / G1
Belém deve receber em 2025 um show do Coldplay, ano que a cidade vai receber a 30ª Conferência das Partes (COP). A confirmação ocorreu neste final de semana em que o governador Helder Barbalho (MDB) está no festival beneficente Global Citizen, que, neste ano, ocorre em Nova York.
Segundo Helder, também em 2025, o próprio Global Citizen será realizado na capital paraense. O comunicado sobre o festival foi compartilhado pelo governador em seu perfil nas redes sociais.
“Ano que vem o festival será em Belém, destacando a nossa Amazônia para o mundo”, disse.
Também nas redes sociais, o ministro do turismo, Celso Sabino, afirmou que haverá show do Coldplay e que ele ocorrerá no estádio Mangueirão, o maior de Belém.
Ministro do turismo, Celso Sabino, confirma Coldplay em Belém e diz que show vai ocorrer no estádio Mangueirão.
Reprodução / Redes sociais
Largada para COP-30: show gratuito de Alok em Belém já tem data marcada e com direito a megaestrutura; confira
Governador Helder Barbalho e o DJ Alok, durante o festival Global Citizen. Alok fará um show gratuito em Belém, em novembro, marcando o início dos eventos da COP-30.
Reprodução/Redes sociais
Na noite desta sexta (27), o governador postou em suas redes sociais um vídeo no Central Park, onde ocorrem as apresentações, com a trilha de um dos hits do Coldplay.
“Escuta quem tá tocando aqui. Ano que vem será na Amazônia”, disse Helder Barbalho. No entanto, o governo do Pará não confirmou o show de Coldplay durante o festival em Nova York.
Em 2023, Helder também esteve presente no palco do evento, ao lado da secretária dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, e da ministra Sônia Guajajara.
Festival Amazônia para Sempre
Em uma cerimônia realizada no último sábado (21), durante o Rock In Rio, Roberta Medina anunciou a criação do Festival Amazônia Para Sempre, em Belém.
O festival será realizado em setembro de 2025, em parceria com o Rock In Rio e o The Town. Na ocasião, foi dito que o evento teria uma atração internacional, mas nenhum nome foi confirmado.
Rock in Rio anuncia ação em prol da Amazônia
Segundo a organização, a apresentação acontecerá em palco flutuante, em formato de vitória-régia, com cenografia e iluminação criadas para promover um encontro entre a música e a natureza.
De acordo com os organizadores, a festa será transmitida para todo o país, com um conteúdo especial que vai mostrar o espetáculo e a música local.
📲 Acesse o canal do g1 Pará no WhatsApp
Convite de Janja
Em visita ao Pará em junho de 2023, na presença do presidente Lula, a primeira-dama Janja da Silva usou as redes sociais para convidar a banda Coldplay para a COP. Até a publicação de Celso Sabino, nenhuma outra autoridade tinha confirmado a vinda da banda a Belém.
“Hi, Chris, tudo bem? Você lembra que a gente teve junto com o presidente Lula lá no Rio de Janeiro e você disse que se a COP-30 fosse confirmada no Brasil, iria estar conosco”, disse.
Lula se encontra com Chris Martin, vocalista do Coldplay
Twitter/Reprodução
Em agosto daquele mesmo ano, uma equipe do Global Citzen visitou o estádio Mangueirão, em Belém. No estádio, a equipe do Global Citzen conheceu várias áreas do Mangueirão.
VÍDEOS: veja todas as notícias do Pará
Confira outras notícias do estado no g1 PA

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.