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Festas e Rodeios

Artista coleciona desenhos inéditos de Veríssimo, Laerte, Angeli e Caruso feitos em bares e restaurantes de Piracicaba

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Bel Linares guarda cadernos com ilustrações desde 2005. Acervo integra paralela do 50º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, que chega a meio século de existência. Encontro, no início dos anos 2000, que despertou em Bel a ideia de organizar os cadernos de desenhos com ilustrações de cartunistas em Piracicaba
Acervo pessoal Bel Linares
Os desenhos aparentemente despretensiosos, feitos nos cadernos da artista e escritora Bel Linares, eram para ser lembranças pessoais do encontros de amigos cartunistas em bares e restaurantes de Piracicaba (SP), sempre depois das cerimônias de abertura do Salão Internacional de Humor.
Vinte anos depois, eles se relevam um acervo de obras inéditas assinadas por referências do humor gráfico brasileiro e internacional, como Angeli, Jaguar, Laerte, Luís Fernando Veríssimo, Ciça Alves Pinto, Ziraldo, Irmãos Caruso, Lan, Baptistão e tantos outros. Um espécie de versão “off” do Salão porque ocorria fora do âmbito oficial do evento.
Eduardo Grosso, Ciça Alves Pinto, Alcy, Lu, Massoud, Boligan e esposa, Dálcio durante encontro de amigos cartunistas
Acervo pessoal/Bel Linares
Já são mais de sete cadernos que reúnem cerca de 120 desenhos. O g1 teve acesso aos originais, que podem ser conferidos nas fotos publicadas nesta reportagem.
“Era uma intenção natural, no início, de guardar como lembrança. Sempre acompanhei o Salão, desde a sua primeira edição, em 1974. Meu esposo Alcy é cartunista também e foi premiado no Salão. Em uma das edições, eu pedi para os artistas mais próximos desenharem no meu caderno. Em todos os anos seguintes passei a levar um caderno para quem quisesse colaborar”, se recorda Bel Linares.
Desenho de Luís Fernando Veríssimo para os cadernos da Bel Linares feito durante edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba
Acervo pessoal Bel Linares/Arquivo
Desenho de Jaguar feito durante vinda à cidade para edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba
Acervo Bel Linares/Arquivo pessoal
Jaguar, Alcy, Lúcia e Luís Fernando Veríssimo durante um dos encontros de cartunistas após edição do Salão Internacional de Humor
Acervo Bel Linares
Sob a curadoria do artista e ex-presidente do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Camilo Riani, a coleção de desenhos virou uma exposição paralela que integra a programação oficial da 50ª edição do evento. Leia mais sobre a mostra, abaixo.
“Os cadernos mostram, antes de tudo, o relacionamento entre os artistas, como pessoas. Todos de igual para igual. Poderia estar um cartunista super importante com um iniciante na mesma mesa, trocando e conversando”, observa Bel Linares.
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“Tudo começou quando fui a uma exposição do Paulo Caruso no antigo Bar e Restaurante Tambatajá de Piracicaba, que não existe mais, por sinal. Todos os cartunistas que ali estavam se sentaram e começam a desenhar. Um grupo de pessoas se juntou em volta deles. A partir daquela cena, tive a ideia de ter um arquivo para guardar os desenhos. Aqueles, por exemplo, se perderam enquanto acervo”, relata a Bel Linares.
Desenho de Laerte para os cadernos de Bel Linhares durante vinda a Piracicaba para abertura do Salão Internacional de Humor
Acervo Bel Linares/Arquivo pessoal
No ano seguinte, em 2005, Bel já estava com seus cadernos a postos preparados para receber os desenhos durante os encontros pós abertura oficial do Salão. “No início, foi difícil para mim mesma. Ficava um pouco tímida de passar o caderno para quem não conhecia ainda”, comenta.
Desenho da artista Ciça Alves Pinto, uma das idealizadoras do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, feito em um dos cadernos da artista Bel Linares
Acervo pessoal Bel Linares/Arquivo pessoal
Bel conta que, quando Camilo Riani propôs a realização da exposição, ela resolveu colocar o acervo em ordem cronológica. Segundo a artista, naquele momento, se deu conta da riqueza do material.
“Confirmei que se tratava de algo muito importante e que deveria ser compartilhado com todo mundo. É um acervo maravilho que conta a história do Salão por meio dos desenhos e encontros que foram fora do âmbito do Salão oficialmente, sabe? Às vezes, era nas recepções que se promovia após a abertura. É muito bonito porque até podemos ver a evolução dos desenhos de alguns dos cartunistas que desde a primeira participação do Salão e nas décadas seguintes”, observa.
Cadernos da Bel Linares virou exposição e integra programação da edição do 50º Salão Internacional de Humor de Piracicaba
Pecege/Divulgação
Desenhos dos cadernos da Bel Linares se tornou exposição aberta ao público
Pecege/Divulgação
Alcy, Bel Linares e Camilo Riani durante abertura da exposição ‘Arco, Traço e Tinta – Cadernos da Bel’ no Pecege em Piracicaba
Pecege/Divulgação/Arquivo pessoal Bel Linares
Da roda de amigos para o público
A exposição “Arco, Traço e Tinta – Os cadernos de Bel” retrata os bastidores de três décadas do Salão Internacional de Humor de Piracicaba através do olhar dos próprios artistas.
A mostra integra a programação oficial e comemorativa aos 50 anos do evento e reúne obras inéditas de Jaguar, Angeli, Ziraldo, Irmãos Caruso, Lan, Laerte, Baptistão e de toda uma geração de cartunistas que o Salão ajudou a revelar e a consolidar dentro do cenário nacional e internacional do humor gráfico.
O público pode visitar a exposição a partir desta terça-feira (29), das 9h às 17h, no Pecege, instituição de ensino coorganizadora do evento.
Cadernos da Bel Linares reúne mais de 120 obras inéditas de nomes do humor gráfico nacional e internacional
Acervo pessoal Bel Linares
Desde a primeira edição do Salão, em 1974, os artistas se reuniam após o encerramento da programação para comer, beber, prosear… e desenhar. A tônica dos trabalhos abordava a relação afetiva dos cartunistas com as particularidades e curiosidades de Piracicaba.
A ideia da exposição desse material nasceu da curiosidade de Camilo Riani, professor, artista e ex-presidente do Salão.
“Comecei a pensar sobre a quantidade de desenhos que eu nunca vi, mas sabia que estavam registrados naqueles cadernos, pois eu também participava deles a cada ano. E resolvi investigar e mergulhar nos inúmeros cadernos guardados. A descoberta de verdadeiras joias foi uma das maiores emoções de minha vida como artista e produtor cultural”, conta.
Abertura da exposição Arco, Traço e Tinta no Pecege em Piracicaba
Pecege/Divulgação
Caminhada
Riani, que é o curador e idealizador da exposição “Arco, Traço e Tinta – Os cadernos da Bel” detalha que a ideia desta exposição veio numa caminhada no início da manhã.
“Quando pensei nas rodas de amigos cartunistas e dos infinitos guardanapos, folhas de caderno, página soltas, que rabiscávamos em tantos anos de amizade, amor, humor e arte, imediatamente lembrei-me dos cadernos que a Bel levava a cada noite de abertura do Salão Internacional de Humor de Piracicaba e me perguntei: quantas destas páginas eu já vi em minha vida?’, relembra.
Fotos dos artistas desenhando nos encontros de bastidores do Salão de Humor de Piracicaba
Reprodução/Pecege/Divulgação
Cadernos de Bel Linares reúne desenhos de Angeli
Acervo pessoal Bel Linares
Camilo Riani ressalta ainda que nenhum cartunista, entre todos aqueles que rabiscaram esses cadernos, durante anos e anos, conheciam o conteúdo. “Um tesouro que precisava ser revelado para o mundo, desde os próprios cartunistas, até as pessoas que jamais fizeram ideia desses encontros de ‘desenho ao vivo’, tão espontâneos e afetivos”, comenta.
Ricardo Shirota, presidente do Pecege complementa: “A tradicional mostra combina o humor e o desenho artístico que são duas das mais avançadas expressões de evolução humana e estão alinhados com o nosso desejo de contribuir para a transformação positiva da sociedade”, conclui.
Desenho de Camilo Riani feito durante encontro informal de cartunistas em Piracicaba durante abertura do Salão
Acervo Bel Linares/Arquivo pessoal
Os desenhos dos ‘Cadernos da Bel’ viraram uma exposição paralela do 50º Salão Internacional de Humor de Piracicaba no Pecege
Pecege/Divulgação
Desenho de Baptistão nos cadernos de Bel Linares
Acervo pessoal Bel Linares/Reprodução
Caricaturista cubano Boligan integra júri de premiação do Salão Internacional de Humor de Piracicaba
Divulgação/Prefeitura de Piracicaba
Ao tornar-se internacional, o salão passaria a ser divulgado na imprensa de outros países e as notícias relacionadas a seus participantes também seriam de interesse de veículos estrangeiros, o que os organizadores, na época, acreditavam que de alguma forma poderia inibir os ditadores ou, ao menos, levar ao conhecimento do mundo as consequências de possíveis truculências”, explica Bitencourt.
Resistência e vitrine do mundo
Uma década após o golpe civil militar, que deu início à ditadura brasileira em 1964, nasceu o Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP), que alcança meio século de existência em 2023 com exposições ininterruptas.
Neste período, o evento recebeu obras de artistas do mundo de inteiro que retrataram guerras, conflitos civis e políticos, copas do mundo, temas socioambientais e transformações tecnológicas dos últimos 50 anos.
🖌 Por isso, o Salão é considerado “símbolo de resistência e vitrine do mundo” por pesquisadores e cartunistas.
‘Refúgio de expressão’
Se no início, o Salão de Humor de Piracicaba se tornou internacional para proteger cartunistas brasileiros durante a ditadura militar. Com o passar do anos, essa função se estende a cartunistas de outros países que viviam ou vivem sob regimes ditatoriais.
O artista e cartunista cubano Angel Boligan, com mais de 130 prêmios internacionais por suas obras que, predominantemente, retratam questões politicas, guerras e conflitos sociais, confirma a importância de iniciativas pioneiras como a do Salão Internacional de Humor de Piracicaba e, outras organizações, mundo afora na intenção de dar refúgio a pessoas que vivem sob regimes de repressão.
“Há associações internacionais de caricaturistas, por exemplo, que dão apoio moral, e outras, com apoio real a cartunistas que precisaram deixar seus países ou estão sendo perseguidos. Somos convidados a falar em Fóruns, como o Internacional sobre Liberdade de Expressão. Isso nos deixa menos desprotegidos”, comentou em entrevista ao g1.
Visitantes estrangeiros
No ano seguinte, vieram ao salão o autor espanhol Sergio Aragonés e o caricaturista uruguaio naturalizado argentino Hermenegildo Sábat”, conta.
A palavra “Internacional” aparece pela primeira vez no cartaz da quarta edição, realizada em 1977. O empenho dos organizadores para tornar o evento internacional, de acordo com o jornalista e pesquisador, era uma forma de garantir a divulgação e reforçar a segurança dos artistas.
“Naquele momento, o Brasil vivia um período sombrio, de ditadura militar, e havia o risco de autores de trabalhos críticos ao governo sofrerem sérias represálias, como acontecia. E, se isso de fato ocorresse, por conta da censura, isso não seria divulgado na mídia local”, disse.
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Obra que venceu o 1º Salão de Humor de Piracicaba, de Laerte Coutinho
Reprodução
A mostra deste ano foi aberta ao público no dia 26 de agosto, quando também foram anunciados os vencedores de cada categoria: charge, cartum, caricatura, quadrinhos e escultura.
O g1 conversou com um dos idealizadores do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Adolpho Queiroz, além de ex-diretores, funcionários, membros do júri, pesquisadores e artistas que passaram pelo exposição. Veja, em detalhes, abaixo.
Público visita a 2ª Edição do Salão de Humor de Piracicaba
Arquivo/CEDHU
🖼Era para ser uma mostra paralela…
Inicialmente pensado para ser uma mostra paralela que integraria o Salão de Arte Contemporânea da cidade, o Salão Internacional de Humor de Piracicaba se tornou uma das mostras mais longevas e relevantes do mundo para o segmento.
O Salão de Humor de Piracicaba passou a ser chamado de evento internacional, oficialmente, a partir da quarta edição da exposição.
… E se tornou ‘Oscar do Humor Gráfico’ 🏰
O atual diretor do Salão, Junior Kadeshi, chegou a Piracicaba em 2010 para trabalhar nos preparativos do evento, como programador cultural da prefeitura.
No último ano, Kadeshi se debruçou em fotos, vídeos, jornais e recortes no arquivos do Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico de Piracicaba (Cedhu) para a edição comemorativa dos 50 anos da mostra.
“Consegui ver a beleza do que se passou, desde o início de tudo, com aquele grupo de entusiastas que pensavam em colocar no Salão de Arte Contemporânea uma sala que seria dedicada ao humor gráfico. E essa sala se tornou o Salão Internacional de Humor de Piracicaba, um evento que projeta Piracicaba para o mundo inteiro, uma referência internacional. É o óscar do humor gráfico mundial. Imagino que eles nem sabiam que o Salão chegaria ao que é hoje”, contou.
Organismo vivo
Kadeshi agradece pela oportunidade de ser o diretor da edição de 50 anos do Salão. Evento que, para ele, ganhou vida própria.
“O Salão de Humor é um organismo vivo, é como se fosse uma pessoa, uma entidade – por assim dizer – porque ele é um lugar em que as pessoas esperam falar com liberdade para expressar sua arte, sua beleza, sua voz e dar aquele grito entalado, como no caso de países que vivem sob repressão e ditadura”, lembrou.
Artistas e apoiadores em Piracicaba em uma das primeiras edições do salão
Christiano Diehl
👶Salão nasceu para ‘desafiar consensos’
Um dos fundadores do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Adolpho Queiroz, destaca que a exposição já nasceu em contexto desafiador.
“O Salão de Humor nasceu para desafiar os consensos que existiam na época. O Brasil vivia a ditadura militar e que nós jovens tínhamos a preferência por outras práticas democráticas e desejávamos isso para o nosso país”, disse Queiroz.
A primeira edição do Salão de Humor de Piracicaba, em 1974, que teve como vencedora a charge feita por Laerte, ocorreu em um prédio da Praça José Bonifácio. O secretário de Turismo, Pasta responsável pelo evento na época, era Luiz Antonio Fagundes.
“Desafiamos o governo central, o governo do estado e obtivemos um apoio importante do governo municipal, na época o MDB, do prefeito Adilson Maluf , que nos abriu as portas e nos viramos como pudemos para realizar a primeira mostra”, comentou.
Panorama do pós-festa no primeiro Salão de Humor de Piracicaba: Fortuna, Faganello, Fausto Longo, Ziraldo, Fagundes, Alceu, Zélio, Cêra, Colonese e Adolpho
Roberto Antonio Cêra/Reprodução Livro Piracicaba: 30 anos de Humor
Alceu Marozi Righetto, Roberto Antonio Cêra, Fausto Longo, Carlos Colonnese e Adolpho Queiroz foram os responsáveis por espécies de expedições em buscas de apoio e articulações para a viabilização do Salão, inclusive por meio de visitas à redação do Pasquim, no Rio de Janeiro, jornal que combatia, mais fortemente, a ditadura militar na época.
“Tivemos um papel preponderante na articulação com o governo municipal para encontrar um local de realização da mostra e montar a primeira exposição. Foi uma surpresa para nós termos o apoio dos jornalistas do Pasquim. Trouxemos a maioria deles para participarem do primeiro Salão”, lembrou.
Primeiro cartaz do Salão de Humor de Piracicaba
Reprodução
Jornais da capital paulista deram apoio à divulgação do evento, como recordou Adolpho Queiroz, que também escreveu diversos livros sobre a exposição e se considera “guardião da memória e trajetória” do Salão. “Esse é um dos meus maiores orgulhos e satisfação”, concluiu.
‘Consequência da Ditadura’, diz pesquisador
O escritor e jornalista Cecílio Elias Netto dirigia o jornal “O Diário” na década de 70 e viu de perto a efervescência do cenário artístico cultural piracicabano, bem como, segundo ele, testemunhou a criação do Salão de Humor de Piracicaba.
Para Cecílio, o Salão não nasce como resistência à ditadura, mas como consequência dela.
“Alegro-me de ser testemunha privilegiada da criação do Salão de Humor de Piracicaba. Os seus criadores foram o artista plástico Ermelindo Nardim, recentemente falecido, e o intelectual piracicabano Roberto Antonio Cêra. Isso aconteceu como uma consequência”, disse.
O Diário, naquela época, de acordo com o escritor, sempre foi um jornal de oposição. “Não digo que o Salão de Humor surgiu como uma resistência à ditadura, ele surgiu como uma consequência da ditadura. Foi um complexo de acontecimentos e de fatos novos que estavam judiando de uma juventude toda”, comentou.
Laerte, Caruso, Ziraldo e Erasmo Spadotto durante 45ª Edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba
Christiano Dihel/Reprodução
Ao g1, o jornalista e pesquisador piracicabano contou que, na década de 70, “O Diário” tinha uma página chamada Recados, que era inspirada no Pasquim.
“Ermelindo Nardim, um grande artista piracicabano, fazia oposição ao classicismo na arte. Piracicaba tinha o Salão de Belas Artes, famosíssimo no Brasil inteiro à época. Nardim, um moço muito rico e inteligente, foi professor da Unicamp muito respeitado. Artista consagrado, criou o Salão de Arte Contemporânea em Piracicaba, como oposição ao Salão de Belas Artes, que causou conflitos, contradições, controvérsias na cidade. Era realmente um conflito de gerações”, recordou.
Charge: o DNA do Salão
O cartunista piracicabano, Erasmo Spadotto, que também foi diretor do Salão Internacional de Humor de Piracicaba por cerca de quatro edições, entre 2016 e 2020, pontua que:
“O DNA do Salão é a charge. Quando se faz um trabalho opinativo, como na charge, e se coloca uma reflexão, ele determina aquele momento. A charge foi no Salão, por diversos momentos, a oportunidade de expor de externar a opinião, uma vez que os jornais impressos da década de 60, 70 até 84 não podiam publicar suas charges devido ao sistema ditatorial que proibia e prendia”, observou.
O cartunista ressalta que, embora tenham havido outros temas, o Golpe de 1964 e a ditadura militar foram temas centrais da mostra.
“Vivemos isso por 20 anos. O chargista se manifestava e se escondia quando mandava um trabalho para o jornal, assim como outros artistas, cantores, e jornalistas. O espaço era censurado e monitorado, policiado e castigado. Isso era fato”, comentou.
VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região
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Festival Global Citizen e Coldplay são confirmados para 2025 em Belém

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Festival foi confirmado por Helder Barbalho (MDB), e o show do Coldplay pelo ministro do turismo Celso Sabino, que disse que a banda se apresentará no estádio Mangueirão, o maior da capital paraense. Coldplay é confirmado em Belém.
Celso Tavares / G1
Belém deve receber em 2025 um show do Coldplay, ano que a cidade vai receber a 30ª Conferência das Partes (COP). A confirmação ocorreu neste final de semana em que o governador Helder Barbalho (MDB) está no festival beneficente Global Citizen, que, neste ano, ocorre em Nova York.
Segundo Helder, também em 2025, o próprio Global Citizen será realizado na capital paraense. O comunicado sobre o festival foi compartilhado pelo governador em seu perfil nas redes sociais.
“Ano que vem o festival será em Belém, destacando a nossa Amazônia para o mundo”, disse.
Também nas redes sociais, o ministro do turismo, Celso Sabino, afirmou que haverá show do Coldplay e que ele ocorrerá no estádio Mangueirão, o maior de Belém.
Ministro do turismo, Celso Sabino, confirma Coldplay em Belém e diz que show vai ocorrer no estádio Mangueirão.
Reprodução / Redes sociais
Largada para COP-30: show gratuito de Alok em Belém já tem data marcada e com direito a megaestrutura; confira
Governador Helder Barbalho e o DJ Alok, durante o festival Global Citizen. Alok fará um show gratuito em Belém, em novembro, marcando o início dos eventos da COP-30.
Reprodução/Redes sociais
Na noite desta sexta (27), o governador postou em suas redes sociais um vídeo no Central Park, onde ocorrem as apresentações, com a trilha de um dos hits do Coldplay.
“Escuta quem tá tocando aqui. Ano que vem será na Amazônia”, disse Helder Barbalho. No entanto, o governo do Pará não confirmou o show de Coldplay durante o festival em Nova York.
Em 2023, Helder também esteve presente no palco do evento, ao lado da secretária dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, e da ministra Sônia Guajajara.
Festival Amazônia para Sempre
Em uma cerimônia realizada no último sábado (21), durante o Rock In Rio, Roberta Medina anunciou a criação do Festival Amazônia Para Sempre, em Belém.
O festival será realizado em setembro de 2025, em parceria com o Rock In Rio e o The Town. Na ocasião, foi dito que o evento teria uma atração internacional, mas nenhum nome foi confirmado.
Rock in Rio anuncia ação em prol da Amazônia
Segundo a organização, a apresentação acontecerá em palco flutuante, em formato de vitória-régia, com cenografia e iluminação criadas para promover um encontro entre a música e a natureza.
De acordo com os organizadores, a festa será transmitida para todo o país, com um conteúdo especial que vai mostrar o espetáculo e a música local.
📲 Acesse o canal do g1 Pará no WhatsApp
Convite de Janja
Em visita ao Pará em junho de 2023, na presença do presidente Lula, a primeira-dama Janja da Silva usou as redes sociais para convidar a banda Coldplay para a COP. Até a publicação de Celso Sabino, nenhuma outra autoridade tinha confirmado a vinda da banda a Belém.
“Hi, Chris, tudo bem? Você lembra que a gente teve junto com o presidente Lula lá no Rio de Janeiro e você disse que se a COP-30 fosse confirmada no Brasil, iria estar conosco”, disse.
Lula se encontra com Chris Martin, vocalista do Coldplay
Twitter/Reprodução
Em agosto daquele mesmo ano, uma equipe do Global Citzen visitou o estádio Mangueirão, em Belém. No estádio, a equipe do Global Citzen conheceu várias áreas do Mangueirão.
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Uma justa medalha para Fausto Nilo, compositor octogenário da MPB que cimentou o chão da praça com poesia

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Parceiro de Moraes Moreira, Dominguinhos e Fagner em músicas pautadas por lírica geralmente festiva, letrista ganha homenagem da UBC em outubro. Fausto Nilo é o primeiro compositor laureado com a Medalha UBC pelo conjunto de obra que inclui os hits ‘Bloco do prazer’, ‘Pedras que cantam’ e ‘Zanzibar’
Reprodução / Facebook Fausto Nilo
♫ ANÁLISE
♪ Na terça-feira, 1º de outubro, Fausto Nilo será o primeiro compositor agraciado com a Medalha UBC – láurea concedida pela União Brasileira de Compositores – em cerimônia que acontecerá em Fortaleza (CE). No caso deste poeta e letrista cearense, a medalha celebra tanto o conjunto da obra do compositor quanto os 80 anos de Fausto Nilo Costa Júnior, artista nascido em 5 de abril de 1944 em Quixeramobim, município do interior do Ceará.
Embora ligado ao Pessoal do Ceará, coletivo que movimentou a cena cultural de Fortaleza (CE) no início dos anos 1970, Fausto Nilo iniciou a trajetória como letrista de música em Brasília (DF), a convite de Fagner, cantor e compositor cearense de quem se tornou parceiro em 1972 em conexão iniciada com a música Fim do mundo, lançada naquele mesmo em EP de Fagner.
Em parceria com Moraes Moreira (1947 – 2020), Fausto Nilo teve letras cantadas em todo o Brasil, com destaque para Bloco do prazer (1979), Chão da praça (1979), Coisa acesa (1982), Eu também quero beijar (1981, com Pepeu Gomes na coautoria), Pão e poesia (1981) e Santa fé (1985).
Fausto Nilo também escreveu versos para músicas de Armandinho (Zanzibar, 1981), Caio Silvio (Pequenino cão, sucesso de Simone em 1981), Dominguinhos (1941 – 2013), Geraldo Azevedo (Chorando e cantando, 1986, hit na voz de Elba Ramalho) e Robertinho de Recife (Flor da paisagem – música-título do álbum lançado por Amelinha em 1977 – e O elefante, sucesso de 1982).
Compositor que animou muitos Carnavais com a poética festiva de letras cantadas em todo o Brasil, Fausto Nilo sempre cimentou o chão da praça com lirismo.
Contudo, a alegria dos versos deste parceiro letrista de Dominguinhos em Pedras que cantam (1981) – sucesso na voz de Fagner – extrapolou a folia, ecoando em todas as épocas. Por isso, a Medalha UBC merece o peito de Fausto Nilo.

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90 anos de Brigitte Bardot: como a visita da atriz francesa ainda impulsiona o turismo em Búzios seis décadas depois

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A visita dela ocorreu em duas ocasiões diferentes, ambas no ano de 1964. Existe uma orla em seu nome e um estátua da francesa, que completa 90 anos neste sábado (28), no local. Brigitte Bardot vistou Búzios e deixou o balneário famoso
Divulgação / Prefeitura
Coincidência ou não, no mesmo ano em que Brigitte Bardot completa 90 anos, também completa 60 anos que ela visitou Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio.
A atriz francesa, que faz aniversário neste sábado (28), esteve em Búzios, que ainda era distrito de Cabo Frio, em duas situações e ambas no ano de 1964. Ela chegou pela primeira vez em janeiro daquele ano e ficou quatro meses na cidade.
De acordo com José Wilson Barbosa, empresário e pesquisador, Brigitte Bardot veio ao Brasil por estar muito estressada e desejar passar um tempo em um lugar mais calmo e tranquilo.
Ela desembarcou no Rio de Janeiro, mas se assustou com a quantidade de fotógrafos e jornalistas que a aguardavam. A atriz chegou a ameaçar voltar para Paris.
“Ela queria anonimato, ela queria descansar. Já que era muito perseguida por paparazzis nos Estados Unidos e na Europa. Ela faz um acordo com os jornalistas no Rio de Janeiro, vai para o Copacabana Palace, faz uma sessão de fotos, dá entrevistas e depois disso ganha liberdade no Rio de Janeiro. Ela pega um iate de um empresário, faz um passeio, volta para o Rio de Janeiro e no Rio, ela pega um furgão. Ela pega vários mantimentos e vai para Búzios”, diz o pesquisador.
Brigitte Bardot durante visita ao Rio de Janeiro em janeiro de 1964
Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã
De acordo com o pesquisador, ela foi vista pela primeira vez em Búzios no dia 13 de janeiro de 1964 e ficou hospedada em Manguinhos.
“Durante sua permanência em Búzios, ela acabou criando uma situação inovadora na cidade, um fenômeno turístico. Naquela época só existia quatro estabelecimentos comerciais, não tinha nenhuma estrutura. Era uma aldeia de pescadores e a imprensa daquela época diz que Brigitte Bardot está em um paraíso secreto”, conta.
A secretária de turismo de Búzios, Patrícia Burlamaqui Chaves, fala que na época o então distrito era um local selvagem e pacato, sem comércio, hotelaria e gastronomia.
“Nesse período de quatro meses, que ela ficou aqui, ela passou realmente despercebida e pode estar no meio dos nativos vivendo de forma simples e despojada. Caminhando e visitando praias”, conta Patrícia.
Durante os meses em Búzios, a francesa tinha o hábito de passear em um fusca vermelho e caminhar pela praia de Manguinhos. Ela também esteve em bairros de Cabo Frio, como a Ogiva.
Brigitte Bardot durante visita ao Brasil em 1964
Estadão Conteúdo/Arquivo
Antigamente, como era uma pequena vila, era difícil o acesso a Búzios. O acesso ficou melhor com a construção da ponte Rio-Niterói, dez anos depois, em 1974. Após a visita da atriz, o local passou a ser mundialmente conhecido.
Brigitte Bardot foi embora da cidade em abril de 1964 e retornou em dezembro do mesmo ano. Ela ficou hospedada na casa de um amigo, que ficava na atual Rua das Pedras, mas a experiência que teve foi diferente da anterior.
“Ela nunca mais voltou a Búzios, até porque depois da permanência nela, ela se sentiu um midas. Assim como ela tirou Saint-Tropez do anonimato, ela fez o mesmo com Búzios e isso chateou muito ela. Porque Búzios mudou muito depois da permanência dela”, conta José.
A atriz chegou a ganhar o título de cidadã honorária e a Companhia Aldeão deu a ela um terreno em João Fernandes, mas ela nunca buscou nenhum dos dois.
Brigitte Bardot em 1963 e 2001
Jack Guez/AFP e Screen prod./Photononstop/AFP
Turismo impulsionado
Bastou duas visitas de Brigitte para que Búzios entrasse no circuito do turismo nacional e mundial.
José Wilson Barbosa conta que a presença dela fez surgir as primeiras pousadas da cidade, pois diversos jornalistas e fotógrafos foram descobrir onde era o paraíso secreto da francesa.
“A economia da cidade começou a gerar graças a presença da Brigitte Bardot, nesse período de quatro meses que esteve em Búzios”, conta.
Estátua de Brigitte Bardot é um dos principais pontos turísticos de Búzios
Tássia Thum/G1
A visita de Bardot foi tão importante para a cidade que em 1999, foi inaugurado a Orla Bardot e uma estatua da atriz foi colocada no local.
Atualmente, é um dos pontos mais visitados e diariamente diversas pessoas param para tirar foto com a estátua feita pela escultora Christina Motta.
Estátua é alvo das fotos de turistas e moradores.
Divulgação / Ascom Armação de Búzios
“Após as duas visitas de BB [Brigitte Bardot] a península, Búzios nunca mais foi a mesma. Os visitantes atraídos pelos relatos da época, vieram provenientes de vários países entre eles Argentina, Chile, França, Alemanha, Suíça, Espanha e tantos outros. Além de visitarem, se encantaram com e estilo de vida simples e ao mesmo tempo sofisticado dessa linda cidade que ainda então era bem rústica com suas casinhas de pescadores e com belas e selvagens praias”, explica Patrícia.
Ela diz que até hoje, seis décadas após a visita, o turismo ainda é impulsionado por Brigitte Bardot, devido a orla e a estátua em sua homenagem. “Esse fato sempre vai ter importância e relevância para o turismo”, concluí.
Bigitte Bardot
Sergio Quissak/Prefeitura de Búzios

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