Músicos tocaram sucessos agitados que foram capaz de fazer público ignorar pingos fortes para pular sobre lama. The Town: em ‘Ogum Ogum’, Criolo pede fim da intolerância religiosa
Foi debaixo de muita chuva que Criolo e Planet Hemp fizeram o público do palco The One, do The Town, formar encharcadas rodinhas de bate cabeça neste sábado (2).
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Sobre um piso com lama, grama artificial e lixos molhados, as pessoas dançaram ao estilo hardcore do Planet.
Aliás, a plateia só entrou nessa onda agitadona quando o grupo subiu no palco. Na maior parte do show, com apenas Criolo, a energia do público foi menos explosiva.
Iluminado por chamativas luzes neon, Criolo iniciou o show ao som de “Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais”, de “Sobre Viver”, disco de 2022 que marcou seu retorno ao rap após anos de imersão no samba e na MPB.
Em seguida, ele e o DJ Dandan cantaram músicas como “Esquiva da Esguima”, de “Convoque Seu Buda”, e “Lion Man”, do clássico “Nó na Orelha.
Em “Ogum Ogum”, Criolo fez o público do festival se manifestar contra a intolerância relgiosa. Com referências a simbolismos de crenças de matriz africana, a obra é um feat do rapper com Mayra Andrade, cabo-verdiana com quem ele dividiu o palco no Rock in Rio, em 2022 — evento dos mesmos criadores do The Town.
Como já esperado, um dos pontos altos foi em “Não Existe Amor em SP”, a música mais famosa de Criolo. Ao contrário dos palcos ao redor, que fazem questão de enaltecer a capital paulista, o momento foi de criticá-la.
Em “Duas de Cinco”, um homem fantasiado com uma máscara animalesca e roupa ultracolorida simbolizou uma luta com Criolo.
Em “Grajauex”, a faixa parou no meio. E propositalmente. Logo apareceu nos telões um jogo de dominó.
Brincavam com o tabuleiro BNegão e Marcelo D2, do Planet Hemp. Os dois davam risada e mexiam as peças.
A gravação era uma live. Eles estavam atrás do palco, onde logo entraram com os demais integrantes do grupo.
Criolo e Planet Hemp levantam o público no The Town com a parceria ‘Distopia’
Bastou que Planet chegasse para o cheiro de maconha na plateia crescer significativamente. Não durou muito, contudo. Afinal, fogo e água não combinam.
O grupo chegou cantando “Distopia”, sua parceria de rap rock com Criolo.
Planet perguntou ao público “quem ali era jardineiro” — em referência à sua obra e ao cultivo de maconha. Os músicos foram ovacionados.
Criolo e Planet também cantaram músicas como “Jardineiro”, “Mantenha o Respeito” e “Convoque Seu Buda”.
Essa foi a primeira vez que os rappers fizeram um show junto. Eles já haviam dividido palco em 2022 — no Prêmio Multishow e no Lollapalooza, num mini festival de rap que substituiu Foo Fighters —, mas nunca nesses moldes.
Talvez, se não tivesse chovido, teria mais gente. Quem sabe, até nas rodinhas de bate cabeça.
Criolo se apresenta no palco The One no primeiro dia do festival The Town
Fabio Tito/g1
