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Festas e Rodeios

Edu Lobo revolve tensões entre Tropicália e Clube da Esquina ao defender a superioridade musical do movimento mineiro

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Declaração do artista traz à tona mágoas já superadas na relação de Milton Nascimento com Caetano Veloso. Edu Lobo reaviva antigas rivalidades ao sentenciar que ‘o Clube da Esquina é muito mais sofisticado do que a Tropicália’
Nana Moraes / Divulgação
♪ MEMÓRIA – “O Clube da Esquina é muito mais sofisticado do que a Tropicália”, sentenciou Edu Lobo em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo para promover o lançamento do álbum Oitenta em 7 de novembro. Involuntariamente, a declaração do artista carioca revolve tensões e rivalidades – em tese, já superadas – entre os integrantes dos dois movimentos musicais brasileiros.
As mágoas teriam sido sepultadas quando, ao escrever o prefácio do livro Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da Esquina (1996), Caetano Veloso reconheceu publicamente a grandeza musical do gregário movimento pop mineiro da década de 1970 em texto que Fernando Brant (1946 – 2015) entendeu como redenção do artista baiano.
É que, como reconhece o próprio Caetano, o autor de marcha Alegria alegria (1967) de início identificou em Milton Nascimento – arquiteto e mentor do Clube da Esquina – um compositor talentoso, mas que, a rigor, na primeira impressão de Caetano, apresentava “nada muito além de um desenvolvimento daquilo que Edu Lobo já vinha fazendo de interessante, ou seja, um desdobramento da Bossa Nova que abrangia estilizações das formas nordestinas”.
O fato é que, durante anos, Milton Nascimento alimentou o ressentimento de os integrantes do movimento mineiro não terem sido devidamente valorizados por parte da mídia e, também, pelos colegas baianos da Tropicália.
De fato, a revista Rolling Stone – cuja edição brasileira era orquestrada pelo ferino jornalista Ezequiel Neves (1935 – 2010) nos anos 1970 – atacou impiedosamente o álbum Clube da Esquina (1972), disco que se tornaria objeto de aclamação unânime com o passar dos anos. “Coloco (o disco) Clube da Esquina na vitrola e não consigo gostar de nada. Acho de uma chatice mastodôntica”, fulminou Ezequiel, devoto do rock.
A mágoa de Milton se ampliou com a omissão dos nomes dos artistas do Clube da Esquina em entrevistas em que Caetano Veloso e Gilberto Gil analisaram a evolução da MPB ao voltarem ao Brasil em 1972 após o forçado exílio europeu. Com razão, Milton nunca digeriu a omissão do Clube da Esquina na “linha evolutiva” da MPB, como se o movimento musical de Belo Horizonte (MG) fosse inferior ou menos relevante e revolucionário do que a Tropicália de Caetano e Gil.
“Uma coisa que me magoa é que fiquei quase dois anos trabalhando sozinho aqui no Brasil enquanto todo mundo estava fora, dizendo que não tinha condição de trabalhar aqui. Eu e o Som Imaginário aguentamos a barra, levamos muito ferro, mas saímos por aí e abrimos as portas para muitas coisas. Agora todo mundo volta, acha tudo lindo e nem sequer toca no nosso nome. Não foi mole esse tempo todo. Inclusive, quando começamos a formar o conjunto, o pessoal dizia que não existiam músicos no Brasil. E o negócio era só a pessoa descer do seu pedestalzinho que achava logo. […] Isso eu não escondo e não perdoo: nesses dois últimos anos, o que existiu aqui de sólido foi Milton Nascimento e o Som Imaginário”, protestou Milton, sem citar nominalmente Caetano e Gil, em entrevista publicada em abril de 1972 na revista O bondinho, veículo da imprensa alternativa brasileira da época da repressão.
O fato é que a queixa de Milton parece ter reverberado durante anos em Caetano, que considerava o álbum Clube da Esquina o oposto da geleia geral tropicalista. Tanto que, no livro de memórias Verdade tropical (1997), editado 25 anos depois da entrevista de Milton, Caetano mexeu na ferida, dizendo que não tinha festejado Milton com a ênfase que ele, Milton, esperava por “senso das diferenças e por horror à demagogia”.
Diferenças à parte, todas as tensões parecem ter ficado no passado. Já consagrados como gênios da mesma dimensão e importância na história MPB, os octogenários Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento – os três nascidos em 1942 e atualmente com 82 anos – se confraternizam e se celebram mutuamente.
Contudo, a declaração de Edu Lobo sobre a superioridade musical do Clube da Esquina frente à Tropicália atiça – mesmo sem aparente intenção de Edu – um antagonismo pregresso que, a bem da verdade, está na história da música brasileira, ainda que já totalmente diluído pela poeira do tempo.

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Estrutura importada, ‘truque’ e só um ensaio: Os bastidores do voo de Ivete Sangalo no Rock in Rio

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Em entrevista ao g1 depois do show, cantora contou como conseguiu fazer tudo funcionar: ‘Todo o protocolo de segurança foi obedecido dentro de um arranjo musical’; veja VÍDEO. Os bastidores do voo de Ivete Sangalo no Rock in Rio
Quatro torres de sustentação foram instaladas numa área central do Rock in Rio para que Ivete Sangalo pudesse fazer um voo mágico sobre a plateia do festival nesta sexta-feira (20). Durante sua apresentação no Palco Mundo, a cantora foi suspensa por cabos sobre o público, enquanto cantava o clássico “Eva”. Foi o ponto alto do show — com o perdão do trocadilho.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Uma operação complexa foi necessária para fazer tudo funcionar como planejado. Ivete só teve um dia para ensaiar a performance na Cidade do Rock, local onde acontece o evento, na zona oeste do Rio. Minutos depois da apresentação, ela disse em entrevista ao g1:
“Conseguimos graças à minha equipe. Minha moçada é da pesada. é um nível profissional altíssimo. Se só temos um dia para ensaiar, vamos conseguir executar.”
Ivete Sangalo voa sobre a plateia, beija Liniker e maceta resistência roqueira pela 19ª vez no Rock in Rio; saiba como foi o show
Ivete Sangalo ‘sobrevoa’ show no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1
A estrutura que segurou a cantora no ar foi importada da Holanda especialmente para a performance — ela não usou equipamentos do próprio festival. Mas o verdadeiro segredo do número foi uma espécie de “truque musical”, nas palavras de Ivete.
Enquanto cantava “Rua da Saudade”, ela desceu do palco para abraçar fãs na plateia, o que a deixou mais perto do ponto de decolagem. Ao fim da música, ela teve cerca de 3 minutos para vestir todo o equipamento de segurança antes do voo.
Enquanto isso, não se via a cantora em lugar nenhum, mas a banda continuava tocando. Ela explicou:
“Tudo foi cronometrado: a saída do palco, o momento de vestir o equipamento e o que a banda ia tocar isso enquanto isso. Todo o protocolo de segurança foi obedecido dentro de um arranjo musical.”
“Tanto que foi imperceptível. Quando as pessoas viram, eu já estava voando”, acrescentou Ivete, que confirmou não ter medo de altura. “Quem tem fé não tem medo.”
Ivete Sangalo ‘sobrevoa’ show no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1
19ª vez no Rock in Rio
O voo sobre o público foi um truque repetido do show que comemorou os 30 anos de carreira da cantora, no Maracanã, em dezembro de 2023. Mas o público do Rock in Rio se emocionou como se fosse a primeira vez. E Ivete também. No alto, ela chorou e, já em terra firme, celebrou durante a apresentação: “Que experiência maravilhosa!”.
Foi a 19ª participação de Ivete no festival, considerando edições do Brasil, Portugal, Espanha e Estados Unidos. Em 2024, além do número de flutuação, a novidade foi “Seus Recados”, música recém-lançada com a paulista Liniker, que apareceu no palco para cantar. As duas deram selinhos, celebrados pelos fãs.
Ivete Sangalo ‘sobrevoa’ show no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1

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Cyndi Lauper entrega grande performance sem playback em estreia no Rock in Rio, após começo confuso

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Cantora americana de 71 anos apresentou no Palco Mundo, nesta sexta-feira (20), hits como ‘Time After Time’ e ‘Girls Just Want to Have Fun’. Leia crítica do g1. Cyndi Lauper canta em coro o sucesso ”Girls Just Want to Have Fun” no Rock in Rio
Cyndi Lauper é um ícone da música pop, do feminismo e da moda, mas já teve que lidar com críticas de que não manda bem ao vivo. Nesta sexta-feira (20) de Rock in Rio, a cantora nova iorquina de 71 anos oscilou um pouco, principalmente no começo. Mesmo assim, entregou um grande show.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Tudo foi dando certo ao longo da noite. E há de se levar em conta que ela canta bem e não usa recursos dos quais outras cantoras abusam. Quase tudo o que se ouve vem do gogó dela e de seus vocalistas de apoio.
Parte da performance explicou por que ela e seus empresários sempre tentaram evitar que ela fizesse grandes shows, desde o estouro nos anos 80. Em arranjos mais viajados, ela se perdeu.
Cyndi Lauper canta ”Time After Time” no Rock in Rio
Em “All Through the Night”, pareceu ter dificuldade de acompanhar o andamento e passou parte da música com a mão no ouvido, querendo ouvir melhor seus backing-vocals e sua banda. A performance confusa também contaminou “Sisters of Avalon”, faixa-título de seu bom álbum lançado em 1997.
Mas os bons momentos predominaram, como no hino da masturbação “She Bop” e com “The Goonies ‘R’ Good Enough”, trilha de “Os Goonies”, de 1985. Nessas e em outras canções mais diretas, de pegada pop rock, ela segurou muito bem nos vocais.
“Eu planejava falar em português, mas até meu inglês é ruim”, ela disse logo no começo. No Rio, Cyndi entregou um show melhor do que a visto no festival inglês Glastonbury, em junho passado. Por lá, ela sofreu com problemas técnicos e teve a performance achincalhada pelos críticos locais.
Cyndi Lauper canta ”True Colors” no Rock in Rio
No Rock in Rio, não foi para tanto. Talvez o melhor exemplo seja o clássico romântico “Time after time”. Cyndi pressionou o fone de ouvido para escutar melhor o som, estendeu o microfone para aumentar o coro dos fãs e colou na guitarrista para se guiar pelos acordes. Todos esses expedientes funcionaram: a versão ao vivo da balada é bonita, bem melhor do que a de outras apresentações recentes da cantora.
A explosão de “Money Changes Everything”, cover correta da banda americana The Brains, emendou com a balada “True Colors”, na performance vocal mais inspirada da noite. Poucos artistas cantam com essa emoção. Cyndi terminou a música suada e emocionada.
Já perto do final, o frenesi tomou conta da Cidade do Rock, com o maior hit da carreira dela: “Girls Just Want to Have Fun”. Em um dia de tantas divas, não havia uma trilha melhor para ser cantada por um coral tão grande de fãs de pop.

Cyndi Lauper se apresenta no Rock in Rio.
Stephanie Rodrigues/g1

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Tyla faz show sexy, rebola com funk e celebra África do Sul e Brasil no Rock In Rio

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Cantora se apresentou pela primeira vez no Brasil e fez show carismático com os hits de funk ‘Tá Ok’ e ‘Parado no Bailão’. Tyla canta ‘Safer’ no Rock in Rio
Foi esbanjando muita sensualidade que Tyla se apresentou pela primeira vez no Brasil. A cantora subiu ao Palco Sunset, do Rock in Rio, na noite desta sexta-feira (20), e fez um show não apenas sexy, mas também com homenagens à música brasileira e à música sul-africana.
Do início ao fim da apresentação, havia um enorme tigre inflável no centro do palco — os fãs da cantora são chamados de “tigers” (tigres, em inglês). Em destaque, o bicho endossou a imagem felina de Tyla, que já chegou sensualizando. Ora em pé, ora agachada, a artista apareceu no Sunset rebolando ao som de “Safer”. Como sempre, seu vocal estava marcado por sussurros e gemidos sutis.
A sul-africana vestia um shortinho e um cropped com as cores e símbolos da bandeira brasileira, além de argolonas nas orelhas.
Tyla se apresenta no Rock in Rio 2024
Miguel Folco/g1
“Eu sou da África do Sul e, agora, vou mostrar algo de lá para vocês”, disse a cantora antes de uma sequência de beats de amapaiano, gênero sul-africano, de estética dançante e tropical — Tyla é conhecida por mesclar o estilo com pop e R&B.
Em “Bana Ba”, o telão foi tomado por imagens de naturezas exuberantes, em tom alaranjado, numa possível referência aos safáris da África do Sul. Enquanto isso, seu balé roubou as atenções, intercalando entre passos de sarradas, rebolados e pés deslizantes.
Além de celebrar o amapiano, a artista homenageou o funk brasileiro e balançou bastante sua bunda ao som dos hits funkeiros “Parado no Bailão”, dos MCs L Da Vinte e Gury, e “Tá Ok”, de Kevin O Chris — essa com um remix de “Water”.
Tyla dança em ‘Parado no Bailão’
Além de dançar funk com um gingado que lembra o brasileiro, a artista interagiu bastante com os fãs. Em “No. 1”, ela chegou a descer do palco e levar o microfone até alguns deles, que completaram os versos.
Primeira artista sul-africana a emplacar um hit na Billboard Hot 100 desde 1968, Tyla despontou no ano passado, quando emplacou “Jump” e “Water” em trends no TikTok e paradas musicais. “Water”, inclusive, rendeu à cantora seu troféu Grammy de melhor performance de música africana. Maior sucesso da artista, a faixa encerrou o show.
Na contramão da maioria das popstars de sucesso, Tyla dispensa recursos como a dobra vocal, que consiste no uso de sons pré-gravados como auxílio ao artista. Ela canta tudinho sozinha (e muito bem, por sinal).
Em entrevista ao g1, a cantora havia dito que seu show no Rock in rio seria “uma festa, com danças e energia sul-africana”. E ela cumpriu a promessa sem decepcionar.
Promissora, a artista deve voltar a aparecer em outros festivais no país — e, quem sabe, com performances mais maduras e arrojadas.
Tyla apresenta remix de ‘Water’ e ‘Tá OK’
Tyla convida fãs para cantar ‘No 1.’
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.

Tyla se apresenta no Rock in Rio 2024.
Miguel Folco/g1
Tyla se apresenta no Rock in Rio 2024
Miguel Folco/g1

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