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Lauana Prado fala sobre investimento do agronegócio no sertanejo: ‘É uma questão cultural’

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Cantora foi entrevistada ao vivo no g1 Ouviu, podcast e videocast de música do g1. Ela relembrou início da carreira, falou sobre presença feminina no sertanejo e disse que músicas atuais do gênero serão clássicos daqui a 30 anos; veja. Lauana Prado é entrevistada no g1 Ouviu
Celso Tavares/g1
Lauana Prado foi a entrevistada da versão ao vivo do g1 Ouviu, podcast e videocast de música do g1, nesta sexta-feira (10).
Um dos principais nomes do sertanejo feminino, Lauana relembrou o início da carreira, falou sobre as barreiras quebradas por mulheres no estilo e explicou as motivações por trás do projeto “Raiz”. O trabalho foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Sertaneja em 2023.
No disco de 2022, Lauana canta novas versões de clássicos sertanejos e de outros estilos. A ideia rendeu neste ano uma segunda edição, o “Raiz Goiânia”.
“Nas duas edições, quis mostrar fragmentos do que me construiu: músicas que interpretei em bares, casas de show e que me deram embasamento para me tornar a artista que sou hoje”, disse.
Ela falou sobre o temor que sentiu ao dar nova cara a faixas de Fafá de Belém, Roberta Miranda e outros nomes da música de outras gerações. “Tem uma responsabilidade grande em fazer isso. Quando penso, dá um pouco de medo. Mas gosto de trazer para um lugar mais divertido, um lugar em que falo do que amo.”
Lauana Prado fala sobre desafio em regravar grandes artistas
Produtora musical e empresária
Lauana contou que, durante a pandemia, investiu em cursos on-line de produção musical.
“Comprei computador, software e comecei a estudar. Fiz alguns módulos de produção musical, o que me ampliou muito. Me acendeu esse lado de produtora, arranjadora. Foi como se eu tivesse aprendido a andar de bicicleta sem rodinha.”
Gestora da própria carreira, ela explicou o que a levou a desenvolver o lado empresária. “Eu comecei do início mesmo, do zero, cantando em rodinhas de amigos, churrasco, casamento, bar, só eu e violão. Depois comecei a contratar músicos. Nunca fui uma artista que tem empresário pra resolver tudo. Sempre precisei criar esse movimento [de gestão de carreira]”, afirmou.
Ela disse que, quando percebeu, estava vendendo seu próprio show. E relembrou que, nos primeiros anos na música, “precisava fazer 3 shows por noite para ganhar cerca de R$ 8 mil ou R$ 10 mil por mês.”
Ao longo da trajetória, Lauana participou de três realities musicais: “Jovens Talentos”, em 2011, “The Voice Brasil”, em 2012, e “Mulheres que Brilham”, de 2014. No g1 Ouviu, ela contou que lidou com preconceito ao procurar gravadoras e investidores, depois de sair desses programas. “Mas comecei a mostrar trabalho.”
Lauana Prado fala sobre seu processo para gestão da própria carreira
Mulheres no sertanejo
Lauana também fez uma análise sobre a presença feminina na música sertaneja: “Já passamos daquela fase do inicio do feminejo, em que as pessoas falavam: ‘ah, é uma onda’. Comecei na época em que muitas pessoas falavam que não ia dar certo, que mulher não vinga na música sertaneja.”
“A gente foi quebrando esses paradigmas. É um sinal de que a gente está atravessando um momento de modernidade, não só do mercado, mas da sociedade. Não é uma onda mais. A gente já provou.”
Lauana Prado fala sobre quebra de paradigmas das mulheres no sertanejo
Ela também comentou que teve que superar dificuldades dentro de um mercado majoritariamente masculino na indústria. “Já vivo em um ambiente menos tóxico nesse sentido. Os homens, de modo geral, me respeitam. Eles gostam de ouvir minha opinião, que não era uma coisa considerada antes.”
“Tive que ficar provando competência e mostrando resultado para ter um pouco mais de liberdade. Acredito que estamos avançando.”
Namoro com influenciadora
A cantora, que há quase 4 anos namora a influenciadora Veronica Schulz, também falou sobre como foi assumir a relação publicamente. “Não sofri nenhum tipo de retaliação interna, mas existia insegurança de como isso ia soar para o público externo, a imprensa, pessoas que mandam nesse mercado’.”
“Foi um passo corajoso e consciente. Sou super bem resolvida sobre o que representa a minha sexualidade.”
Ela ainda afirmou que gosta de preservar a vida pessoal e, para isso, impõe limites sobre o que pode ser exposto. “É saudável você criar um ambiente de intimidade e preservar esse ambiente.”
Lauana Prado conta como foi assumir namoro publicamente com mulher
Novos clássicos
Na entrevista, Lauana fez uma análise sobre o que uma música precisa ter para se tornar um clássico do sertanejo. Para ela, a produção atual do estilo será clássica daqui a 30 anos.
“Na minha época, o sertanejo universitário era o que é sertanejo agro para a molecada hoje. Para essa molecada, o universitário hoje é clássico.”
Lauana Prado compara a construção da carreira sertaneja hoje e no passado
Ainda sobre a música do passado e a atual, ela disse que a tecnologia trouxe novas possibilidades para um artista estourar. “Na época de Zezé Di Camargo, é muito assustador o tamanho do sucesso que esses caras fizeram numa cena em que não existia o digital, tinha delimitação demográfica, geográfica. Não tinha esse contato tão fácil como com a internet.”
“Mas a internet, por maior que seja, é apenas uma ferramenta. Uma carreira é muito maior do que a internet.”
“Muitos [artistas] conseguem fazer muito número, mas não têm a vivência na carreira. Tem coisas que são processos e etapas que não podem ser pulados.”
Agronegócio e sertanejo
Lauana Prado ainda comentou uma fala da empresária Kamilla Fialho sobre o forte investimento do agronegócio na música sertaneja.
“O Brasil é feito de interiores. O país é gigante, e os artistas sertanejos já saem com um investimento de carreira absurdo. Era difícil disputar com eles”, descreveu, em entrevista, a empresária de funk, que trabalhou com Anitta e hoje faz a carreira de Kevin o Chris evoluir.
Lauana Prado fala sobre investimento do agronegócio na música sertaneja
“Não é só uma questão de mercado. É uma questão popular, cultural. Existe identificação cultural”, disse Lauana. “Não é só sobre o investimento em si. Claro que é uma grande consequência, não posso dizer o contrário. Mas existe uma massa que consome esse produto, esse tipo de música, e que compensa [o investimento].”
Ao falar sobre como funciona o investimento do agronegócio na música sertaneja, Lauana relembrou que gastou R$ 10 mil para gravar seu primeiro DVD. “Hoje em dia a gente não gasta isso nem para gravar uma música.”
“Cobaia”
A música “Cobaia” projetou Lauana no cenário nacional em 2018. A cantora narrou a trajetória da música, que demorou a estourar.
“Foi muito da minha teimosia em acreditar que de fato se tratava de um grande hit”, analisou. Ela ainda afirmou que o momento foi um divisor de águas em sua carreira.
“A ‘Cobaia’ sem dúvida foi a música que deu esse ‘insight’ de: ‘Caramba, agora o Brasil me conhece’.”
Lauana Prado cita ‘teimosia’ para sucesso do hit ‘Cobaia’
Lauana Prado é dona do hit ‘Cobaia’
Celso Tavares/g1

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