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Festas e Rodeios

‘Olho de peixe’, álbum que projetou Lenine e Marcos Suzano há 30 anos, se conserva visionário

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Disco de 1993 ganha edição em LP para celebrar as três décadas de culto pela sonoridade singular calcada na interação do violão do artista pernambucano com a percussão do músico carioca Lenine (à esquerda) e Marcos Suzano relançam o álbum ‘Olho de peixe’, disco marcante nas trajetórias dos artistas
Selmy Yassuda / Divulgação
Imagem promocional da edição em LP de 2023 do álbum ‘Olho de peixe’, de Lenine e Marcos Suzano
Divulgação / Noize Record Club
Resenha de álbum a partir de edição em LP
Título: Olho de peixe
Artistas: Lenine e Marcos Suzano
Edição: Velas (edição em CD de 1993) e Noize Record Club (edição em LP de 2023)
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Ouvido em LP 30 anos após a edição original em CD comercializada em 1993 pela já extinta gravadora Velas, o álbum Olho de peixe se conserva atemporal, visionário, e ainda se banha nas águas da modernidade como se não tivessem passado 30 anos do lançamento deste disco que uniu o então pouco conhecido Lenine com o percussionista Marcos Suzano.
Cantor, compositor e músico pernambucano, Lenine tinha 34 anos na época e há mais de uma década migrara do Recife (PE) para o Rio de Janeiro (RJ), cidade natal de Suzano.
Então com 30 anos, o percussionista carioca debutava em disco com Olho de peixe. Já Lenine lançara há dez anos álbum com o conterrâneo Lula Queiroga, Baque solto (1983), sem repercussão, e desde então, vinha sendo gravado por Elba Ramalho, cantora que desde 1989 incluía músicas do compositor nos discos que gravava anualmente.
Miragem do porto (Lenine e Bráulio Tavares, 1992) – uma das 13 músicas que compõem o repertório autoral do álbum Olho de peixe, todas assinadas por Lenine com diversos parceiros – tinha aparecido no disco lançado por Elba no ano anterior, Encanto (1992).
Contudo, foi mesmo em Olho de peixe, e com a própria voz, que Lenine cresceu e apareceu como compositor, abrindo caminho para construir discografia solo iniciada quatro anos depois com a edição do álbum O dia em que faremos contato (1997), título que consolidou as conquistas autorais e artísticas de Olho de peixe.
A força do álbum seminal de 1993 reside na sonoridade acústica e, sobretudo, na sintonia do violão de Lenine com a percussão de Suzano. Violão de toque mais suingado do que melódico que, por também ter forte acento percussivo, entra em fricção com as percussões manuseadas por Suzano em interação caracterizada pelos artista como um jogo de capoeira, encarado por Suzano no pandeiro.
É nessa onda envolvente que músicas como O último pôr do sol (Lenine e Lula Queiroga, 1993) quebram na praia ao longo do álbum Olho de peixe.
Do ponto de vista poético, as letras dos parceiros de Lenine espocam imagens que se afinam com a sonoridade do disco. Em Acredite ou não, os versos do poeta e letrista paraibano Bráulio Tavares formavam polaroide urbana que evocava as crônicas cariocas do bardo Aldir Blanc (1946 – 2023), só que em flashes mais globalizados, antecipando de certa forma a poética do cancioneiro do Mangue Beat – movimento pop já em curso no Recife (PE), mas ainda sem a projeção nacional obtida em 1994 – e a lírica urbana carioca da banda O Rappa e do coletivo Pedro Luís e a Parede.
A universalidade da letra de Escrúpulo (1992) – outra parceria de Lenine com Bráulio Tavares, esta apresentada no ano anterior em disco da cantora Paula Morelenbaum – já sinalizava que o cancioneiro de Lenine teria antenas ligadas no mundo, embora por vezes enraizado no solo nordestino, como exemplifica Leão do Norte (Lenine e Paulo César Pinheiro, 1993), caboclinho que se tornaria conhecido ao dar título ao vigoroso álbum lançado por Elba Ramalho em 1996.
Gêneros musicais como baião, ciranda e maracatu são batidos no coquetel rítmico de Olho de peixe, álbum mergulhado em mar de letras que versam sobre praias, portos e areias. Lenine canta tanto o “mar que bebe o Capibaribe” – como explicita verso de Caribenha nação, parceria do compositor com o recorrente Bráulio Tavares – como navega pelo mar que transporta a ancestralidade negra na rota percorrida pelos versos de Tuaregue Nagô, outra parceria de Lenine com Tavares.
“É bonito se ver / Na beira da praia / A gandaia / Das ondas que o barco balança / Batendo na areia”, reflete o cantor nos versos iniciais de A gandaia das ondas (Lenine, 1993), soprando brisa leve que ameniza o clima geralmente quente do disco arranjado e produzido pelos artistas com a colaboração fundamental do engenheiro de som Denilson Campos, responsável pela captação das vozes e dos instrumentos na gravação feita durante quatro fins de semana no Estúdio Chorus, no Rio de Janeiro (RJ).
Formatado com a adesão eventual de músicos como Carlos Malta, cujo sax pontua a música-título Olho de peixe (Lenine, 1993), o álbum nunca foi um blockbuster ao ser lançado em 1993, mas se tornou cultuado ao longo desses 30 anos pela sonoridade singular resultante do encontro do arsenal percussivo de Suzano, percussionista de precisão artesanal, com a voz e o violão de Lenine. O som é acústico, mas soa quente, cheio de eletricidade.
Por essa interação, Olho de peixe jamais pode ser visto como um disco de canções, embora também seja o atestado do florescimento da obra de um compositor que imprimiria o nome na história da música brasileira justamente a partir desse álbum gravado com Marcos Suzano, disco mixado por James Ball no RPM Studios, em Nova York (EUA), e ora relançado após 30 anos nos aplicativos de áudio e em LP editado via Noize Record Club. Vale a pena ouvir de novo.

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Pit Passarell, baixista e fundador da Viper, também reinou nos anos 1990 como cantor da banda de heavy metal

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Morto hoje, aos 56 anos, artista foi o vocalista de álbuns do grupo como ‘Evolution’ e ‘Coma rage’. ♫ OBITUÁRIO
♪ Na certidão de nascimento, expedida em Buenos Aires, constava o nome de Pedro Sérgio Murad Passarell (11 de abril de 1968 – 27 de setembro de 2024). Mas é como Pit Passarell que o baixista, cantor e compositor argentino fica imortalizado na cena brasileira de heavy metal.
Baixista e vocalista da banda paulistana Viper, Pit Passarell morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 56 anos, em decorrência de câncer no pâncreas. A morte foi anunciada hoje no perfil oficial do grupo paulistano no Instagram. Pit estava internado em hospital de São Paulo (SP), cidade onde o corpo do artista será velado e enterrado no início da tarde.
Um dos fundadores da banda Viper, surgida em 1985, Pit acumulou as funções de baixista e vocalista quando o cantor André Mattos (1971 – 2019) deixou o grupo em 1990. Álbuns como Evolution (1992), Coma rage (1995) e Tem pra todo mundo (1996) foram gravados em estúdio pela Viper com Pit Passarell como baixista e vocalista principal da banda.
Como vocalista, o reinado do artista foi de 1991 a 2004. Já o posto de baixista foi de Pit Passarell da criação da banda até a precoce saída de cena nesta sexta-feira, 27 de setembro.
Irmão de Yves Passarell, guitarrista da banda Capital Inicial, Pit compôs e pôs voz em músicas como Coma rage (1995), Blast! (1995) e Somebody told me you’re dead (1995).
Como solista, o artista lançou somente um álbum, Praticamente nada, editado em 2000, mas gravado muito antes, entre 2008 e 2009.

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Maggie Smith, atriz de ‘Harry Potter’ e ‘Downton Abbey’, morre aos 89 anos

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Informação foi confirmada pelos filhos da atriz. Em comunicado, eles informaram que a atriz morreu ‘pacificamente em um hospital na manhã desta sexta-feira’. Causa não foi informada. Maggie Smith
AP Photo/Kirsty Wigglesworth, File
Maggie Smith, atriz de “Harry Potter” e “Downton Abbey”, morreu aos 89 anos. Informação foi confirmada pelos filhos da atriz, Toby Stephens e Chris Larkin. “É com grande tristeza que informamos a morte de Maggie Smith”, informou o comunicado. A causa da morte não foi informada.
“Ela morreu pacificamente, no hospital, na manhã desta sexta-feira (27). Uma pessoa intensamente reservada, esteve com seus familiares e amigos até o fim. Ela deixa dois filhos e cinco amados netos que estão devastados com a enorme perda de sua extraordinária mãe e avó.”
A família ainda agradeceu a toda a equipe médica que cuidou da atriz e as mensagens carinhosas e ainda pediu privacidade neste momento.
Nascida em 28 de dezembro de 1934 em Ilford, Essex (sudeste da Inglaterra), Margaret Smith debutou nos palcos da Oxford Playhouse no início dos anos 1950. Em seguida, ingressou na trupe teatral londrina de Old Vic, depois na do Royal National Theatre, onde teve muito sucesso ao lado de seu marido, o ator Robert Stephens.
Sua carreira no cinema decolou na década de 1960 e ela ganhou, em 1969, o Oscar de melhor atriz por “Primavera de uma Solteirona”.
A atriz é vencedora de dois prêmios Oscar, quatro Emmys, três Globos de Ouro, um Tony e sete Baftas.
Ícone do teatro e do cinema britânicos, Maggie Smith conquistou o carinho de um vasto público internacional no papel da rabugenta, mas terrivelmente cativante condessa Lady Violet na série de televisão “Downton Abbey”.
Durante sua longa carreira, “Dame Maggie” assumiu papéis diversos, de madre superiora ao lado de Whoopi Goldberg em “Mudança de Hábito” (1992), de professora de “transfiguração” nos filmes da saga “Harry Potter”, acompanhante neurótica em “Uma Janela para o Amor” (1986) ou velha sem-teto em “A Senhora da Van” (2015).
Maggie Smith no BAFTA em Londres em 2016
REUTERS/Toby Melville/File Photo
Mas é o personagem da condessa de Grantham, Lady Violet, com seus comentários ácidos e mimetismo hilariante que a tornaram uma celebridade ainda mais global.
“Eu vivia uma vida perfeitamente normal antes de Downton Abbey”, série vendida em mais de 150 países, reconheceu a atriz em abril de 2017 no British Film Institute (BFI). “Ia ao teatro, galerias de arte, coisas assim, sozinha. Agora já não posso mais”, lamentou.
A atriz interpretou a exigente aristocrata por seis temporadas da série de televisão (2010-2015).
Depois de inicialmente se recusar a participar da adaptação da série para o cinema, finalmente concordou em encarnar novamente a aristocrata inglesa.
Richard Gere e Maggie Smith em cena de ‘O exótico Hotel Marigold 2’
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Vida pessoal
No plano pessoal, seu casamento com Robert Stephens, alcoólatra, infiel e depressivo, afundou em 1973.
Com ele, ela teve dois filhos, Chris Larkin e Toby Stephens.
Maggie e Stephens se divorciaram em 1975 e se casou pouco depois com o dramaturgo Beverley Cross, com quem partiu para viver e trabalhar no Canadá.
Uma das artistas britânicas mais famosas e célebres, Maggie Smith foi nomeada Comandante da Ordem do Império Britânico em 1990 e Companheira de Honra em 2014, uma recompensa pelos serviços prestados ao país no campo das artes.
Maggie Smith no Standard British Film Awards em Londres, em 2016
REUTERS/Neil Hall/File Photo
Preocupação com a perfeição
A atriz era bastante conhecida por seu humor e sua preocupação com a perfeição.
“É verdade que eu não tolero imbecis e, portanto, eles não me toleram. Por isso eu me irrito. Talvez seja por isso que sou boa o suficiente para interpretar velhas tolas”, confessou ao jornal The Guardian em 2014.
Histórico de câncer
Maggie Smith sobreviveu ao diagnóstico de câncer de mama em 2007 e participou das filmagens de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” (2009) enquanto estava no meio da quimioterapia. “Eu estava careca como um ovo”, disse ao Times a atriz, que precisou usar peruca.
Ela também sofre da doença de Graves, uma doença autoimune da tireoide que causa o movimento do olho para fora de sua órbita.
Maggie Smith ganhou o Oscar na categoria melhor atriz coadjuvante por “California Suite”, em 1979
AP Photo/Reed Saxon, File

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Morre em SP o músico Pit Passarell, fundador e baixista da banda de heavy metal Viper

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Músico de 56 anos lutava contra um câncer no pâncreas, segundo divulgou a banda. Viper foi uma das precursoras do heavy metal no estado de São Paulo. Pit Passarell morreu nesta sexta-feira (27) em São Paulo
Reprodução/Instagram
Morreu nesta sexta-feira (27), em São Paulo, o músico Pit Passarell, fundador e baixista da banda de heavy metal Viper. A morte foi comunicada na página oficial da banda.
“É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento de nosso amado irmão Pit Passarell hoje. Cercado pela família e amigos de toda uma vida. Uma vida cheia de luz, amor, alegria, talento e coragem. Sentiremos muito a sua falta e a saudade será infinita. Pit, nosso amor por você será eterno”, diz o comunicado.
Ainda segundo a banda, Pit, de 56 anos, estava lutando contra um câncer no pâncreas. O velório será a partir das 11h desta sexta na Funeral Home, no bairro Bela Vista, em São Paulo.
Yves Passarell, irmão de Pit e guitarrista do Capital Iniciaal, publicou sobre a morte nas redes sociais e prestou homenagem.
“É com profunda tristeza que comunico o falecimento do nosso amado irmão Pit Passarell. Cercado pela família e amigos de toda uma vida. Uma vida cheia de luz, amor, alegria, musicalidade e coragem. Sentiremos sua falta e muita saudade. Te amamos, meu irmão!”.
Banda Viper
Banda Viper
Divulgação
A banda Viper foi formado em 1985 por Andre Matos (vocal), os irmãos Pit Passarell (baixo) e Yves Passarell (guitarra), Felipe Machado (guitarra) e Cássio Audi (bateria). Ela foi uma das precursoras do heavy metal no estado de São Paulo.
O primeiro show foi no tradicional teatro Lira Paulistana, em São Paulo, em 8 de abril. E a banda passou a se apresentar no circuito local e gravou a demo “The Killera Sword”, que teve boa aceitação do público após ser divulgada no programa “Rockambole”, apresentado por Beto Peninha na rádio 97 FM.
Fã de música clássica, André deixou o Viper e fundou o Angra em 1991. Em 2019, ele morreu de infarto aos 47 anos.
A banda voltou a se apresentar em 2012, com outra formação, na turnê “To live again”, que culminou com o lançamento de um DVD gravado em São Paulo
Banda Viper
Divulgação

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