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Ensaio sobre Gal Costa no livro ‘A todo vapor’ é breve introdução sobre atuação da cantora na Tropicália

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Texto de viés feminista ressalta importância da voz e do corpo da artista como instrumentos na revolução musical e comportamental dos anos 1960 e 1970. Capa do livro ‘A todo vapor – O tropicalismo segundo Gal Costa’, de Taissa Maia
Arte de Adriana Cataldo
Resenha de livro
Título: A todo vapor – O tropicalismo segundo Gal Costa
Autoria: Taissa Maia
Edição: Garota FM Books
Cotação: ★ ★ ★
♪ Anunciado no primeiro aniversário de morte de Gal Costa (26 de setembro 1945 – 9 de novembro de 2022), o livro A todo vapor chegou efetivamente ao mercado em 27 de novembro com ensaio da pesquisadora, professora e produtora cultural Taissa Maia, Mestra e Doutoranda em Comunicação pela UFRJ.
A proposta do ensaio – discutir a Tropicália a partir da atuação marcante de Gal no movimento pop irrompido em 1967 em plena era dos festivais – é excelente. Até porque, como ressalta a autora ao longo das 128 páginas do livro, as análises da Tropicália geralmente têm destacado somente o protagonismo masculino do movimento, pondo em segundo ou terceiro plano as contribuições de Gal, Nara Leão (1942 – 1989) e Rita Lee (1947 – 2023).
A questão é que o ensaio resulta superficial, amenizando o valor do primeiro livro póstumo sobre Gal Costa. Fosse mais encorpado, o ensaio de Taissa Maia talvez gerasse mais repercussão. Com capa criada por Adriana Cataldo, A todo vapor – O tropicalismo segundo Gal Costa tangencia o formato de livro de bolso e, justiça seja feita, apresenta texto fluente, bem escrito.
O viés feminista do ensaio merece aplausos, pois, dentro e fora do universo tropicalista, as atuações das mulheres têm sido minimizadas na história da música brasileira – nem tanto na área do canto, mas sobretudo no campo da composição e do pensamento – em injustiça que somente começou a ser lentamente reparada a partir dos anos 2010 com a revisão de valores da sociedade.
As análises do livro são pertinentes. Taissa escreve sobre o que Gal cantou e falou, mas também sobre o que foi dito através do corpo, instrumento – no caso específico da cantora – quase tão importante quanto a voz cristalina de Gal. O que incomoda no livro – mais pela alta expectativa gerada por ser livro sobre Gal Costa – é a sensação de que se trata de esboço de ensaio, não de trabalho robusto, como se esperava.
A favor da autora, pesa o fato de Taissa reconhecer nas notas finais que há lacunas no texto. E estas ficam mais evidentes quando a escritora passa em revista os discos e shows feitos por Gal após o período tropicalista.
Para seguidores de Gal, A topo vapor chega sem o mínimo teor de novidade. Mas o livro pode servir como breve introdução para quem quer se iniciar no universo de Gal, cantora que teve voz fundamental em revolução que extrapolou o campo musical.
Com a voz, mas também com o corpo, Gal Costa mexeu com costumes comportamentais que envolvem amor, sexo e liberdade. Até por isso, mas não somente por isso, Maria da Graça Costa Penna Burgos está eternizada na música e no imaginário do Brasil.

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