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Festas e Rodeios

Piano de Amaro Freitas ‘abraça’ canto do ‘sabiá’ Zé Manoel em show sublime com músicas do álbum ‘Clube da Esquina’

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Amaro Freitas (ao piano) e Zé Manoel no palco do Teatro Nelson Rodrigues
Mauro Ferreira / g1
Resenha de show
Título: Amaro Freitas e Zé Manoel interpretam Clube da Esquina
Artistas: Amaro Freitas e Zé Manoel
Local: Teatro Nelson Rodrigues – Caixa Cultural RJ (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 10 de dezembro de 2023
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ É nada menos do que sublime o show em que o pianista Amaro Freitas e o cantor Zé Manoel abordam o cancioneiro do álbum Clube da Esquina, o gregário disco de 1972 capitaneado por Milton Nascimento e Lô Borges.
Amaro e Zé já estão com o pé nessa estrada desde dezembro de 2022 e – a julgar pela reação entusiástica da plateia carioca na apresentação de ontem, 10 de dezembro de 2023 – o recital dos artistas pernambucanos ainda tem longo caminho a percorrer.
Ambos são pianistas, mas, em cena, Zé Manoel toca piano somente ao fim do show, quando se acompanha em San Vicente (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1972) e, na sequência, divide o toque do instrumento com Amaro em Clube da Esquina 2 (Milton Nascimento, Márcio Borges e Lô Borges, 1972), música levada nos vocalizes com a letra sendo cantada somente no verso “E lá se vai mais um dia”.
Nesse número, Amaro Freitas – gigante do piano, já com fama internacional em nichos europeus do jazz – remodela melodia e harmonia em jazzística passagem instrumental que escancara o que já ficara óbvio desde a primeira música, Tudo que você podia ser (Lô Borges e Márcio Borges, 1972).
E o que fica óbvio é que não há em cena um pianista “acompanhante” do cantor, do “sabiá”, como Amaro acarinha Zé Manoel quando fala à plateia sobre o show idealizado no ano passado para festejar os 50 anos do álbum Clube da Esquina.
Em cena, Amaro e Zé estão irmanados pela força e beleza atemporais das canções de compositores como Milton Nascimento e Lô Borges, letradas com poesia por Márcio Borges e Ronaldo Bastos (presente na plateia).
E o fato é que pianista e cantor promovem a imersão do público em atmosfera de ternura e encantamento na medida em que vão apresentando músicas do quilate de Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972) e O trem azul (Lô Borges e Ronaldo Bastos, 1972), cujo refrão é cantado em coro pelo público cúmplice e embevecido.
O ambiente se estabelece tão arrebatador que pouco ou nada importa que Zé Manoel ocasionalmente tropece em verso de uma letra como Nuvem cigana (Lô Borges e Ronaldo Bastos, 1972).
Nada quebra o clima de encantamento. É como palco e plateia do Teatro Nelson Rodrigues fossem redoma em que o público se aprisiona voluntariamente para ter a sensação momentaneamente de que o Brasil está nos trilhos ou que ao menos há um esperança que justifique o sonho de que tudo um dia entrará no tom.
Ali, no recital, embalado pelo canto suave de Zé Manoel e pelo toque límpido do piano de Amaro Freitas, tudo está no tom e evoca o colo acolhedor da mãe África quando o pianista tira sons percussivos do piano para temperar Cravo e canela (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971) com batuques que remetem a tempos ancestrais.
Na sequência, Olho d’água (Paulo Jobim e Ronaldo Bastos, 1978) – música do álbum Clube da Esquina 2 (1978), originada de Valse (1976), tema de Paulo Jobim (1950 – 2022) – parece emergir dos mares profundos de Dorival Caymmi (1914 – 2008) enquanto Dos cruces (Carmelo Larrea, 1952) crava a intensidade latina entranhada no cancioneiro de Milton Nascimento na década de 1970.
Um girassol da cor de seu cabelo (Lô Borges e Márcio Borges, 1972) devolve a atmosfera de leveza que pauta recital feito com direito a um momento pop em Paisagem da janela (Lô Borges e Fernando Brant, 1972) com os celulares da plateia ligados a pedido dos artistas.
No bis, o samba Me deixa em paz (Monsueto Menezes e Aírton Amorim, 1952) – ressignificado por Zé Manoel como um canto contra relacionamentos abusivos – e Nada será como antes (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971) arrematam apresentação memorável.
O abraço carinhoso do piano de Amaro Freitas no canto do sabiá Zé Manoel é tão forte que envolve toda a plateia.
Amaro Freitas (ao piano) e Zé Manoel no show com o repertório do álbum ‘Clube da Esquina’, de 1972
Mauro Ferreira / g1

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Uma noite com (a música de) Djavan na trilha ao vivo de bar do Rio de Janeiro

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♫ COMENTÁRIO
♩ Jantei hoje à noite em bar-restaurante do centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ). No cardápio, música ao vivo na voz de um (bom) cantor. Um cantor de barzinho, como tantos que ganham a vida anonimamente na noite enquanto batalham por lugar ao sol no mundo da música.
Além da voz bem colocada do cantor, me chamou a atenção a predominância do cancioneiro de Djavan no repertório do artista. Em cerca de meia hora, duas músicas, Outono e Se…, ambas do mesmo álbum do cantor e compositor alagoano, Coisa de acender (1992).
É curioso o poder da música de Djavan. Passam os anos e passam as modas do mundo da música, mas Djavan nunca sai de moda. Todo mundo canta junto. Todo mundo gosta. E olha que Djavan nunca fez canções do estilo tatibitate.
Se… ainda pode ser considerada uma canção radiofônica, embora muito acima do padrão das canções feitas para tocar no rádio. Já Outono é balada pautada pela sofisticação poética e harmônica.
Mesmo assim, Outono resiste como uma trilha dos bares em todas as estações ao lado de joias do mesmo alto quilate como Meu bem querer (1980), Samurai (1982), Sina (1982), Lilás (1984) e, claro, Oceano (1989). Isso para não falar nos sambas como Fato consumado (1975).
Djavan tem essa particularidade. É um compositor extremamente requintado, mas, ao mesmo tempo, consegue empatia com o público. Todo mundo sabe cantar as músicas de Djavan.
Deve ser por isso que o artista, já com mais de 50 anos de carreira, ainda reina nas trilhas dos bares e restaurantes com música ao vivo. Parece banal, mas é preciso ser gênio para ocupar esse trono ao longo de décadas.

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Pedro Madeira confirma a expectativa com bom álbum entre o samba e o soul

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Cantor e compositor carioca lança o coeso disco autoral ‘Semideus dos sonhos’ em 10 de outubro. Capa do álbum ‘Semideus dos sonhos’, de Pedro Madeira
Gabriel Malta / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Semideus dos sonhos
Artista: Pedro Madeira
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Em 2018, Pedro Madeira era mais um na multidão de fãs de Iza, na primeira fila de show da cantora, quando ganhou o microfone da artista e, da plateia, fez breve participação no show. Ali, naquele momento, o carioca morador da comunidade de Pau Mineiro, no bairro de Santa Cruz, fã de Iza e de Beyoncé, se revelou cantor para ele mesmo.
Decorridos seis anos e três singles, Pedro Madeira já é cantor e compositor profissional e se prepara para lançar o primeiro álbum, Semideus dos sonhos, em 10 de outubro.
Exposto na capa do álbum em expressiva foto de Gabriel Malta, Madeira já lançou três singles – Chuva (2022), Pássaros (2023) e Bem que se quis (2023) – em que transitou pelo soul nacional da década de 1970 (sobretudo em Chuva) e pelo pop ítalo-brasileiro na (trivial) abordagem do sucesso de Marisa Monte.
No quarto single, Só mais um preto que já morreu, o cantor cai no samba em gravação que chega ao mundo amanhã, 27 de setembro, duas semanas antes do álbum.
Com letra que versa sobre o genocídio cotidiano do povo preto, o samba Só mais um preto que já morreu é composto por Pedro com Bruno Gouveia, parceiro nesta música (e em Pássaros) e produtor musical do álbum em função dividida com Raul Dias nas duas faixas (Raul assina sozinho a produção das outras dez faixas).
Fora do arco autoral em que gravita o disco, Pedro Madeira enaltece o ofício de cantor em Minha missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1981) em arranjo que se desvia da cadência do samba, tangenciando clima transcendental na atraente gravação calcada na voz e nos teclados de Victor Moura.
O canto afinado de Pedro se eleva em Petições (Ozias Gomes e Pedro Madeira), canção que soa como oração de clamor por paz na Terra enquanto lamenta a situação do mundo atual. Arranjo, canto e composição se harmonizam em momento épico do disco.
Entre vinhetas autorais como O outro lado e Introdução ao amor (faixas com textos recitados), Pedro Madeira expõe a vocação para o canto e o som afro-brasileiro na música-título Semideus dos sonhos. Já o fluente ijexá Cheiro de flor exala o perfume do amor entranhado no repertório deste disco feito sem feats e modas.
Parceria de Pedro com o produtor Raul Dias, Perigo é pop black contemporâneo formatado com os músicos da banda-base do álbum Semideus dos sonhos, trio integrado por Jeff Jay (percussão), o próprio Raul Dias (guitarra e baixo) e Victor Moura (teclados). No fecho do disco, o pop soul Terra arrasada se joga na pista para tentar colar um coração partido.
Com este coeso primeiro álbum, Semideus dos sonhos, Pedro Madeira confirma a boa expectativa gerada quando o single Chuva caiu no mundo em novembro de 2022.
Iza teve faro quando deu o microfone para Pedro Madeira na plateia há seis anos.
Pedro Madeira regrava o samba ‘Minha missão’ entre as músicas autorais do primeiro álbum, ‘Semideus dos sonhos’
Gabriel Malta / Divulgação

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‘The Last of Us’: 2ª temporada ganha trailer; ASSISTA

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Prévia mostra Kaitlyn Dever como a antagonista Abby. Novos episódios da adaptação de games estreia em 2025. Assista ao trailer da 2ª temporada de ‘The Last of Us’
A segunda temporada de “The Last of Us” ganhou seu primeiro trailer completo nesta quinta-feira (26). Assista ao vídeo acima.
Os novos episódios devem adaptar o segundo game da franquia e estreiam em algum momento de 2025.
A prévia mostra o retorno de Pedro Pascal (“The Mandalorian”) como Joel e Bella Ramsey (“Game of thrones”) como Bella, dois sobreviventes que formam uma ligação imprevista em um mundo pós apocalíptico dominado por criaturas monstruosas.
Também apresenta as primeiras imagens de Kaitlyn Dever (“Fora de série”) como a grande antagonista da história, Abby.
A série da HBO estreou em 2023 e foi uma das mais indicadas ao Emmy daquele ano.

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