Connect with us

Festas e Rodeios

Vale ouvir o último álbum de Carlos Lyra, ‘Além da bossa’

Published

on

No primeiro disco de músicas inéditas em 25 anos, lançado em 2019, o artista apresentou tango, samba de breque, seresta e parcerias póstumas com Castro Alves e Machado de Assis. Capa do álbum ‘Além da bossa’, de Carlos Lyra
Divulgação
♪ MEMÓRIA – Carlos Lyra (11 de maio de 1933 – 16 de dezembro de 2023) está imortalizado como um dos principais compositores da bossa nova – e do Brasil.
Nada apaga esse fato honroso. Contudo, a partir dos anos 1970, o cantor, compositor e músico carioca procurou ir além da bossa nova sem se dissociar do movimento que revolucionou a música do Brasil em 1958 e que o consagrou como compositor já em 1959, quando João Gilberto (1931 – 2019) incluiu nada menos do que três músicas de Lyra no primeiro álbum do gênio, Chega de saudade (1959).
É nesse contexto que o magnífico álbum Além da bossa – lançado pelo artista em março de 2019 em edição independente da MCK Produções Artísticas – precisa ser entendido.
Além da bossa foi o primeiro álbum solo autoral de Lyra com músicas inéditas em 25 anos. O último no gênero, Carioca de algema, saíra em 1994.
Com sonoridade refinada, o álbum Além da bossa resultou fiel ao estilo de Lyra, extrapolando o universo da bossa nova sem desfazer os laços eternos do artista com aquele universo moderno.
O disco foi viabilizado com produção executiva de Magda Botafogo e orquestrado pelo produtor musical Alex Moreira com sofisticados arranjos de nomes como Dori Caymmi, Marcos Valle, Jaques Morelenbaum, Antonio Adolfo e o próprio Lyra.
Algumas músicas eram realmente inéditas. Outras tinham sido gravadas por outros intérpretes e/ou parceiros, mas eram inéditas na voz de Lyra. A única composição já registrada em disco pelo artista era Aonde andou você, composta em 1956 e apresentada cinco anos depois pelo autor no segundo álbum, Carlos Lyra (gravado em 1960 e lançado em 1961).
O álbum Além da bossa trouxe lampejos do majestoso melodista dos anos 1950 e 1960 em músicas como Quando ela fala, composta por Lyra em 1999 a partir de poema de Machado de Assis (1839 – 1908) e arranjada com lirismo pelo violoncelista Jaques Morelenbaum.
O arranjador também entendeu o espírito de outra pérola fina do repertório, a seresteira Pelo bem da vida, parceria de Lyra com Paulo César Pinheiro, composta em 1979 e gravada no ano seguinte pelos cantores Nelson Gonçalves (1919 – 1998) e Lucinha Araújo.
Com versos do mesmo Pinheiro, Lyra compôs em 1999 Tango suburbano, alocado ao fim do álbum como reiteração do título e do conceito desse disco em que Lyra caiu até em samba de breque, Achados e perdidos (Samba da breca), tema de 1973 orquestrado com leveza por Jessé Sadoc, trompetista também arregimentado para a mesma função na gravação do samba Na batucada (2010).
Por mais que expanda o leque rítmico do disco com tango, bolero e samba de breque, compondo postumamente até com o poeta Castro Alves (1847 – 1871), autor dos versos de Duas flores (1997), Carlos Lyra soou bossa nova quando arranjou, com Marcos Valle, a música-título Além da bossa – composta em 2012 com Daltony Nóbrega – e o samba Até o fim, parceria de Lyra com Valle criada em 2006 e lançada no ano seguinte em disco do cantor Emílio Santiago (1946 – 2013).
A rigor, Além da bossa é disco que colheu repertório antigo até então preterido por Lyra. Nem por isso deixou de apresentar pérolas tiradas de baús nem tão antigos.
E era Copacabana – música feita em 2005 com Joyce Moreno, lançada pela parceira em 2006 e reapresentada por Lyra com cordas orquestradas por Dori Caymmi – e Belle époque (Carlos Lyra e Ronaldo Bastos, 2008) eram joias de alto quilate.
Gravado por Lyra em 2018 na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ), quando o artista tinha 85 anos, Além da bossa é disco em que os arranjos contribuíram para evidenciar o brilho das músicas de compositor que se notabilizou pela beleza das melodias.
Com pouco alcance, o álbum Além da bossa repercutiu bem menos do que deveria, merecendo ser ouvido, sobretudo neste momento em que a saudade faz um samba com a partida de Carlos Lyra aos 90 anos.

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

Pedro Madeira confirma a expectativa com bom álbum entre o samba e o soul

Published

on

By

Cantor e compositor carioca lança o coeso disco autoral ‘Semideus dos sonhos’ em 10 de outubro. Capa do álbum ‘Semideus dos sonhos’, de Pedro Madeira
Gabriel Malta / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Semideus dos sonhos
Artista: Pedro Madeira
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Em 2018, Pedro Madeira era mais um na multidão de fãs de Iza, na primeira fila de show da cantora, quando ganhou o microfone da artista e, da plateia, fez breve participação no show. Ali, naquele momento, o carioca morador da comunidade de Pau Mineiro, no bairro de Santa Cruz, fã de Iza e de Beyoncé, se revelou cantor para ele mesmo.
Decorridos seis anos e três singles, Pedro Madeira já é cantor e compositor profissional e se prepara para lançar o primeiro álbum, Semideus dos sonhos, em 10 de outubro.
Exposto na capa do álbum em expressiva foto de Gabriel Malta, Madeira já lançou três singles – Chuva (2022), Pássaros (2023) e Bem que se quis (2023) – em que transitou pelo soul nacional da década de 1970 (sobretudo em Chuva) e pelo pop ítalo-brasileiro na (trivial) abordagem do sucesso de Marisa Monte.
No quarto single, Só mais um preto que já morreu, o cantor cai no samba em gravação que chega ao mundo amanhã, 27 de setembro, duas semanas antes do álbum.
Com letra que versa sobre o genocídio cotidiano do povo preto, o samba Só mais um preto que já morreu é composto por Pedro com Bruno Gouveia, parceiro nesta música (e em Pássaros) e produtor musical do álbum em função dividida com Raul Dias nas duas faixas (Raul assina sozinho a produção das outras dez faixas).
Fora do arco autoral em que gravita o disco, Pedro Madeira enaltece o ofício de cantor em Minha missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1981) em arranjo que se desvia da cadência do samba, tangenciando clima transcendental na atraente gravação calcada na voz e nos teclados de Victor Moura.
O canto afinado de Pedro se eleva em Petições (Ozias Gomes e Pedro Madeira), canção que soa como oração de clamor por paz na Terra enquanto lamenta a situação do mundo atual. Arranjo, canto e composição se harmonizam em momento épico do disco.
Entre vinhetas autorais como O outro lado e Introdução ao amor (faixas com textos recitados), Pedro Madeira expõe a vocação para o canto e o som afro-brasileiro na música-título Semideus dos sonhos. Já o fluente ijexá Cheiro de flor exala o perfume do amor entranhado no repertório deste disco feito sem feats e modas.
Parceria de Pedro com o produtor Raul Dias, Perigo é pop black contemporâneo formatado com os músicos da banda-base do álbum Semideus dos sonhos, trio integrado por Jeff Jay (percussão), o próprio Raul Dias (guitarra e baixo) e Victor Moura (teclados). No fecho do disco, o pop soul Terra arrasada se joga na pista para tentar colar um coração partido.
Com este coeso primeiro álbum, Semideus dos sonhos, Pedro Madeira confirma a boa expectativa gerada quando o single Chuva caiu no mundo em novembro de 2022.
Iza teve faro quando deu o microfone para Pedro Madeira na plateia há seis anos.
Pedro Madeira regrava o samba ‘Minha missão’ entre as músicas autorais do primeiro álbum, ‘Semideus dos sonhos’
Gabriel Malta / Divulgação

Continue Reading

Festas e Rodeios

‘The Last of Us’: 2ª temporada ganha trailer; ASSISTA

Published

on

By

Prévia mostra Kaitlyn Dever como a antagonista Abby. Novos episódios da adaptação de games estreia em 2025. Assista ao trailer da 2ª temporada de ‘The Last of Us’
A segunda temporada de “The Last of Us” ganhou seu primeiro trailer completo nesta quinta-feira (26). Assista ao vídeo acima.
Os novos episódios devem adaptar o segundo game da franquia e estreiam em algum momento de 2025.
A prévia mostra o retorno de Pedro Pascal (“The Mandalorian”) como Joel e Bella Ramsey (“Game of thrones”) como Bella, dois sobreviventes que formam uma ligação imprevista em um mundo pós apocalíptico dominado por criaturas monstruosas.
Também apresenta as primeiras imagens de Kaitlyn Dever (“Fora de série”) como a grande antagonista da história, Abby.
A série da HBO estreou em 2023 e foi uma das mais indicadas ao Emmy daquele ano.

Continue Reading

Festas e Rodeios

A reação dos irmãos Menéndez, condenados à prisão perpétua por matar os pais, à nova série ‘Monstros’ da Netflix

Published

on

By

A nova temporada de Monstros conta a história real de dois irmãos que mataram seus pais no final dos anos 1980 em Beverly Hills. Cooper Koch (à esquerda) e Nicholas Chavez interpretam Erik e Lyle Menéndez, respectivamente
Divulgação/Netflix
Uma nova série da Netflix sobre dois irmãos que mataram os pais foi duramente criticada por um dos homens que inspirou a produção.
Monstros – Irmãos Menéndez: Assassinos dos Pais estreou na semana passada e rapidamente se tornou uma das mais assistidas na plataforma de streaming.
A série é protagonizada por Cooper Koch e Nicholas Alexander Chavez como os dois irmãos, e por Javier Bardem e Chloë Sevigny como seus pais.
Lyle e Erik Menéndez são dois irmãos que mataram seus pais milionários em 20 de agosto de 1989. José e Kitty Menéndez foram alvejados com vários disparos à queima-roupa em sua mansão em Beverly Hills.
Os irmãos, que tinham 21 e 18 anos na época, inicialmente disseram à polícia que encontraram os pais mortos ao chegarem em casa.
No entanto, foram julgados e condenados pelo parricídio.
Na época, os irmãos afirmaram que cometeram os assassinatos em legítima defesa, após anos de supostos abusos físicos, emocionais e sexuais.
O Ministério Público, por outro lado, argumentou que eles queriam matar os pais pela herança.
Eles foram sentenciados à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional.
Uma “calúnia desalentadora”
Na prisão, e por meio de uma carta publicada no X (antigo Twitter) por sua esposa, Erik Menéndez questionou a produção no dia seguinte à sua estreia, afirmando que se trata de uma “calúnia desalentadora”.
“Eu achava que as mentiras e as representações tendenciosas que recriavam Lyle eram coisa do passado, que tinham criado uma caricatura de Lyle baseada em mentiras horríveis e descaradas e que agora voltam a abundar na série”, destacou.
“Só posso acreditar que fizeram isso de propósito. Com grande pesar, digo que acredito que Ryan Murphy [criador da série] não pode ser tão ingênuo e impreciso sobre os fatos de nossas vidas a ponto de fazer isso sem má intenção”, acrescentou o irmão mais novo.
“É triste para mim saber que a representação desonesta da Netflix das tragédias que cercam nosso crime fez com que as dolorosas verdades retrocedessem vários passos no tempo, para uma época em que a promotoria construiu uma narrativa baseada em um sistema de crenças segundo o qual homens não eram abusados sexualmente e que homens experienciavam o trauma da violação de maneira diferente das mulheres”, continuou.
“Essas mentiras horríveis foram desmentidas e expostas por inúmeras vítimas corajosas que superaram sua vergonha pessoal e falaram com coragem ao longo das últimas duas décadas”, disse Erik.
O drama da Netflix apresenta os assassinatos a partir de diferentes perspectivas e explora o que poderia ter levado os irmãos a matar os pais.
No entanto, a produção se esforça para mostrar as coisas do ponto de vista dos pais, algo que seus criadores afirmaram ter se baseado em uma pesquisa aprofundada.
O que diz o criador da série
Ganhador de um Oscar, Javier Bardem (à esquerda) interpreta o pai dos jovens na série da Netflix
Divulgação/Netflix
A série sobre a família Menéndez é uma continuação da controversa primeira temporada de Monstros sobre o serial killer americano Jeffrey Dahmer, que foi criticada em alguns setores por ser insensível.
Esses dramas foram idealizados por Ryan Murphy, diretor, roteirista e produtor por trás de séries como Glee, Pose, Vigilante, Feud, American Horror Story, Hollywood e Ratched, em parceria com Ian Brennan, com quem também criou Glee.
Em declarações à Entertainment Tonight, Murphy afirmou: “Acho interessante que tenham feito uma declaração sem ter assistido ao programa”.
“É realmente difícil, se se trata da sua vida, ver sua vida na tela”, reconheceu.
“O que me parece interessante, e que ele não menciona em sua declaração, é que, se você assistir ao programa, diria que 60-65% da nossa série se concentra no abuso e no que eles afirmam que aconteceu”, afirmou Murphy.
“Fazemos isso com muito cuidado e damos espaço para que eles contem sua versão, e falem abertamente sobre isso”, continuou.
No entanto, acrescentou Murphy, ele e sua equipe sentiram que era importante também mostrar as coisas do ponto de vista dos pais.
“Neste tempo em que as pessoas podem falar sobre abuso sexual, discutir e escrever sobre todos os pontos de vista pode ser controverso”, apontou.
“Houve quatro pessoas envolvidas, duas delas estão mortas. O que acontece com os pais? Como narradores, tínhamos a obrigação de tentar incluir sua perspectiva a partir da nossa pesquisa, e assim fizemos”, defendeu.
Com informações de Steven McIntosh, jornalista de entretenimento da BBC.
O caso dos irmãos que mataram os pais em Beverly Hills retratado em nova temporada da série ‘Monstros’ da Netflix
Orgias, violência e drogas: a série de acusações que levou rapper Diddy à prisão
Por que a mensagem da série ‘Friends’ continua atual 30 anos depois

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.