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Mombojó extrai o sumo lírico do cancioneiro de Alceu Valença no saboroso álbum ‘Carne de caju’

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Mombojó lança na sexta-feira, 26 de janeiro, o sétimo álbum de estúdio do grupo, ‘Carne de caju’, dedicado ao repertório de Alceu Valença
Laura Proto / Divulgação
Capa do álbum ‘Carne de caju’, do grupo Mombojó
Arte de Rafael Olinto
Resenha de álbum
Título: Carne de caju
Artista: Mombojó
Edição: Mombojó
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Vinte anos após o Mombojó ter sido alçado à sensação da música brasileira com um primeiro álbum superestimado, Nadadenovo (2004), o grupo pernambucano lança o melhor disco da carreira iniciada no Recife (PE) em 2001.
Carne de caju – álbum que desembarca nos players digitais na sexta-feira, 26 de janeiro – é o sétimo disco de estúdio do grupo e corrige a principal distorção da discografia do quinteto formado por Felipe S (guitarra e voz), Marcelo Machado (guitarra e voz), Missionário José (baixo e sintetizador), Chiquinho Moreira (teclados e sintetizado) e Vicente Machado (bateria e percussão).
Tal dissonância sempre foi a irregularidade do repertório autoral da banda, problema inexistente em Carne de caju, álbum em que o Mombojó aborda oito músicas do cancioneiro do compositor conterrâneo Alceu Valença na primeira incursão do grupo fora da seara autoral.
Artista revelado em 1972, duas décadas antes do Manguebeat – divisor de águas na produção musical de Pernambuco – e 30 anos antes da entrada em cena do Mombojó, Alceu eletrificou o som do nordeste ao construir obra repleta de lirismo, ponto de contato entre o cancioneiro do cantor e o repertório do grupo.
Reverente ao repertório de Alceu, mas não a ponto de fazer disco de covers, o Mombojó põe o habitual mix de guitarras e sintetizadores a serviço de músicas como Chuva de cajus (1985), promessa de vida no verão vindouro.
Como o som do Mombojó sempre exalou lirismo psicodélico, flui bem o encontro da banda com a poesia viajante de Alceu Valença, nítida no tom épico do Romance da bela Inês (1987) e na descrição apaixonada de Olinda (1985), para citar dois exemplos vívidos no álbum Carne de caju.
Extraindo o lírico sumo poético do cancioneiro do compositor, o Mombojó energiza Amor que vai (1994) no pulso do rock, faz Sino de ouro (1985) bater com pegada e ilumina Estação da luz (1985) com guitarras e timbres incandescentes, reacendendo o fogo de janeiro e fevereiro.
Sim, Carne de caju é disco de verão, estação da sensualidade, latente em Como dois animais (1982), música que poderia ter tido a languidez mais acentuada pelo Mombojó.
Tomara (Alceu Valença e Rubem Valença Filho, 1990 – música lançada por Maria Bethânia e regravada pelo autor em 1992 com mais repercussão – completa o arco de disco saboroso em que o cancioneiro de Alceu Valença dá novos frutos no toque do Mombojó.
O grupo pernambucano Mombojó aborda músicas como ‘Olinda’, ‘Romance da bela Inês’ e ‘Sino de ouro’ no álbum ‘Carne de caju’
Laura Proto / Divulgação

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