Connect with us

Festas e Rodeios

Mônica Salmaso transita divina por mar e terra ao abrir a ‘casa’ no Rio em show com ‘belezas máximas’ da MPB

Published

on

Cantora reitera força da personalidade artística ao seguir roteiro que une sertão, morro e asfalto entre sambas e músicas de levada nordestina. Mônica Salmaso canta divinamente bem no palco da casa Vivo Rio na estreia carioca do show ‘Minha casa’ no sábado, 24 de fevereiro
Ricardo Nunes / Divulgação Casa Vivo Rio
Resenha de show
Título: Minha casa
Artista: Mônica Salmaso
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 24 de fevereiro de 2024
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Antes de dar voz à música Quebra-mar, parceria de Dori Caymmi com Paulo César Pinheiro que gravou com Dori no álbum Canto sedutor (2022), Mônica Salmaso alertou o público da casa Vivo Rio que iria cantar “beleza máxima” da música brasileira.
Ninguém há de ter discordado quando Salmaso começou a dar voz a essa canção em que Dori e Pinheiro mergulharam no mar profundo de um certo Dorival Caymmi (1914 – 2008) para emergir de lá com uma das mais bonitas e (mais) desconhecidas canções recentes de uma MPB que insiste em resistir nos nichos.
Salmaso canta divinamente bem para esses nichos. E pisou sozinha no palco da casa Vivo Rio na noite de sábado, 24 de fevereiro, para apresentar o show Minha casa (2023) na cidade do Rio de Janeiro (RJ) porque é cantora tão grande que segurou a onda de dividir de igual para igual um show com Chico Buarque na última turnê do artista, Que tal um samba? (2022 / 2023).
Chico, aliás, estava em um dos camarotes da casa. Na plateia, à beira do palco, avistava-se grandes nomes da MPB pouco vistos em estreias, como Dori Caymmi, Joyce Moreno e Simone.
A plateia estrelada deu a medida do prestígio amealhado por Mônica Salmaso em trajetória que ganhou o primeiro impulso há 20 anos com a edição do quarto álbum da cantora, Iaiá (2004), o primeiro da artista na gravadora Biscoito Fino, companhia fonográfica que abriga essa cantora paulistana imune às modas e aos modismos da indústria da música – opção reiterada no roteiro desse show estreado em São Paulo (SP) em setembro.
Primeiro show de Salmaso após o fim da turnê com Chico Buarque, Minha casa resultou extremamente fiel à ideologia e à estética acústica da artista – a começar pela direção musical orquestrada pela própria Salmaso com Teco Cardoso (flautas e saxofones), integrante da banda que alinhou os virtuoses Ari Colares (percussão), Lulinha Alencar (acordeom), Neymar Dias (viola caipira e contrabaixo), Ricardo Mosca (bateria) e Tiago Costa (piano), autor de arranjos exuberantes como os de Morro velho (Milton Nascimento, 1967) e Paulistana sabiá (Guinga, 2021), outras beleza máximas de roteiro magnânimo, construído sem concessões.
Em vez de salpicar sucessos populares para forçar empatia com o público conquistado a partir da turnê com Chico, Salmaso sublinhou a força da personalidade artística ao seguir roteiro inteligente com 22 músicas – quase todas pouco conhecidas – que a fizeram atingir o céu ao percorrer mares e terras do Brasil através de cancioneiro lapidar.
“Vou cantar aos ventos / Encantar o tempo”, anunciou ao dar voz à música mais surpreendente do roteiro, O tempo nunca mais firmou (2021), parceria de dois jovens compositores, Chico Chico e Sal Pessoa, dissociados das tradições da MPB cultuadas por Salmaso.
Mônica Salmaso canta no palco da casa Vivo Rio à frente do vaso de flores que simboliza acolhimento no cenário do show ‘Minha casa’
Ricardo Nunes / Divulgação Casa Vivo Rio
Entre a abertura com Saudações (Egberto Gismonti e Paulo César Pinheiro, 1974) – samba lançado há 50 anos por Johnny Alf (1929 – 2010) e revivido por Salmaso (com direito ao toque do tamborim) para dar as boas-vindas ao público que adentrava a casa da cantora – e o canto de Menina amanhã de manhã (Tom Zé, 1972) no bis, antes do fecho das cortinas, Mônica Salmaso de fato encantou o tempo ao longo desse show de hora e meia com a precisão do canto.
Citando versos do samba Vou na vida (Swami Jr. e Virgínia Rosa, 1997), segunda música do roteiro, quando Mônica Salmaso cantou, tudo pareceu encontrar o devido lugar. E, conduzida pelo toque da sanfona de Lulinha Alencar, a intérprete foi muito para o nordeste do Brasil, região evocada pela lembrança de Noite severina (Pedro Luís e Lula Queiroga, 2001), pela levada de Tá? (Pedro Luís, Roberta Sá e Carlos Rennó, 2009) e pelo andamento ágil do coco Gírias do norte (Jacinto Silva e Onildo Almeida, 1961), apresentado na voz serelepe da cantora pernambucana Marinês (1935 –2007).
Recorrente no show, a incursão pela nação nordestina legitimou a citação de Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1946) ao fim da toada sertaneja Aparição do Gonzaga (Ian Faquini e Guinga, 2020), seguida com leitura de poema do pernambucano Rogaciano Leite (1920 – 1969).
No sertão da terra pisada por Mônica Salmaso no show Minha casa, o chão pavimentou tanto a sina seguida por A violeira (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1983) na cadência do xote quanto as referências caipiras mencionadas no passo embolado do coco Violada (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1992), retrato do Brasil caboclo pintado pela cantora no álbum Corpo de baile (2014) e retocado no show Minha casa com o pontilhar da viola caipira de Neymar Dias em solo devidamente aplaudido.
Da terra sertaneja, pela qual caminhou com classe no canto de Assentamento (Chico Buarque, 1997) e na aridez poética de Mortal loucura (José Miguel Wisnik com versos do poeta Gregório de Matos, 2005), Salmaso entrou no mar, navegando pelo samba Acalanto (Teresa Cristina, 2004), número em que a artista percutiu frigideira no canto do refrão de ritmo marcado pelo público nas palmas das mãos.
Gênero dominante no roteiro, o samba ditou a cadência de Santa voz (Baden Powell e Paulo César Pinheiro, 1996), do partido alto Moro na roça (tema tradicional em adaptação de Xangô da Mangueira e Jorge Zagaia, 1972) – número em que Salmaso celebrou o canto ancestral de Clementina de Jesus (1901 – 1987) – e de Telecoteco (Marino Pinto e Murilo Caldas, 1958), pérola lançada na voz de Aracy de Almeida (1944 – 1988), o samba em pessoa.
Fora do terreirão do samba, a cantora abordou Xote (Rodolfo Stroeter e Gilberto Gil, 1998) e Valsinha (Chico Buarque e Vinicius de Moraes, 1971) antes de cantar Beatriz (Edu Lobo e Chico Buarque, 1983), na volta para o bis, com o verso alterado por Chico em 2023, mudança que gerou saborosa história contada para a plateia.
Terminado o show, bonito de se ver, a sensação foi de encantamento ao sair da casa de Mônica Salmaso com a certeza de que é divina a sina dessa grande cantora que, desafiando todas as leis e lógicas do mercado, insiste em cantar belezas máximas da música do Brasil.
Mônica Salmaso encadeia 22 músicas no roteiro do show ‘Minha casa’, dando voz a compositores como Chico Buarque, Guinga e Teresa Cristina
Ricardo Nunes / Divulgação Casa Vivo Rio
♪ Eis as 22 músicas do roteiro seguido por Mônica Salmaso em 24 de fevereiro de 2024 na estreia carioca do show Minha casa, na casa Vivo Rio, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):
1. Saudações (Egberto Gismonti e Paulo César Pinheiro, 1974)
2. Vou na vida (Swami Jr. e Virgínia Rosa, 1997)
3. Noite severina (Pedro Luís e Lula Queiroga, 2001)
4. Aparição do Gonzaga (Ian Faquini e Guinga, 2020) – com leitura de poema de Rogaciano Leite e com citação de Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1946)
5. A violeira (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1983)
6. Quebra-mar (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro, 2022)
7. Acalanto (Teresa Cristina, 2004)
8. Telecoteco (Marino Pinto e Murilo Caldas, 1958)
9. Valsinha (Chico Buarque e Vinicius de Moraes, 1971)
10. Violada (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1992)
11. Paulistana sabiá (Guinga, 2021)
12. Moro na roça (tema tradicional em adaptação de Xangô da Mangueira e Jorge Zagaia, 1972)
13. Assentamento (Chico Buarque, 1997)
14. Morro velho (Milton Nascimento, 1967)
15. Santa voz (Baden Powell e Paulo César Pinheiro, 1996)
16. O tempo nunca mais firmou (Chico Chico e Sal Pessoa, 2021)
17. Xote (Rodolfo Stroeter e Gilberto Gil, 1998)
18. Mortal loucura (José Miguel Wisnik com versos do poeta Gregório de Matos, 2005)
19. Tá? (Pedro Luís, Roberta Sá e Carlos Rennó, 2009)
20. Gírias do norte (Jacinto Silva e Onildo Almeida, 1961)
Bis:
21. Beatriz (Edu Lobo e Chico Buarque, 1983)
22. Menina amanhã de manhã (Tom Zé, 1972)
Mônica Salmaso canta músicas como ‘Quebra-mar’, de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro, na estreia carioca do show ‘Minha casa’
Ricardo Nunes / Divulgação Casa Vivo Rio

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

Adriana Calcanhotto revive Partimpim 12 anos após álbum que surtiu efeito menor no mercado e nem gerou show

Published

on

By

♫ ANÁLISE
♩ Adriana Partimpim está de volta quatro anos após live feita em março de 2020 – no início do isolamento social imposto pela pandemia de covid-19 – e doze anos após o último álbum, Tlês (2012).
A personagem – criada por Adriana Calcanhotto para trabalhos voltados para as crianças – retorna ao mercado fonográfico com o quarto álbum de estúdio. O próximo disco de Partimpim tem lançamento previsto para a primeira quinzena de outubro, a tempo de celebrar o Dia das crianças.
Para promover a ressurreição do heterônimo de Calcanhotto no mercado, foi criado até um perfil de Adriana Partimpim nas redes sociais, há uma semana.
Essa volta de Partimpim com o álbum O quarto é notícia que deve ser celebrada, pois todos os anteriores álbuns de estúdio da personagem – Adriana Partimpim (2004), Dois (2009) e o já mencionado Tlês (2012) – foram trabalhos que trataram o público infantil com inteligência.
Mas resta saber se essa volta, estrategicamente idealizada para celebrar os 20 anos do primeiro álbum, conseguirá bisar o sucesso desse disco inicial, que legou dois hits, Fico assim sem você (Cacá Morais e Abdullah, 2002) – recriação sagaz da música que havia sido lançada dois anos antes pela dupla Claudinho & Buchecha – e Oito anos (Paula Toller e Dunga, 1998), regravação da canção do primeiro álbum solo de Paula Toller.
Os álbuns posteriores, Dois e Tlês, foram feitos com o mesmo apuro, mas surtiram efeito menor, em especial Tlês. Tlês sequer gerou show e, consequentemente, tampouco originou registro audiovisual de show, como os dois discos que o antecederam.
Sim, a discografia de Adriana Partimpim também inclui os DVDs Adriana Partimpim – O show (2005) e Partimpim – Dois é show (2010).
Seja como for, o fato é que a personagem deixou saudade, inclusive (talvez até sobretudo) entre os admiradores de Adriana Calcanhotto. Que venha, pois, O quarto para matar essa saudade!

Continue Reading

Festas e Rodeios

Vocalista do Journey dá a entender que segue na banda e agradece apoio: ‘Foi uma jornada espiritual’

Published

on

By

Arnel Pineda declarou no Instagram que deixaria grupo caso 1 milhão de comentários pedissem saída, mas reação geral foi positiva. Performance no Rock in Rio foi criticada. Veteranos do Journey cantam ‘Don’t Stop Believin’ no Palco Mundo
Arnel Pineda, vocalista do Journey, pediu desculpas de novo, agradeceu o apoio de fãs e deu a entender que vai permanecer no grupo, após sugerir que estaria disposto a sair da banda.
“Primeiramente, gostaria de pedir desculpas aos fãs do Journey. A banda não é perfeita, mas eu estava passando por situações ruins”, ele comentou, sem dar detalhes. No final, ele agradeu em português: “Muito obrigado, Brasil.”
“Os comentários positivos foram a maioria no meu post e agradeço a todos vocês. Eu não fiz isso por egoísmo, para alimentar meu ego. Isso foi uma jornada espiritual para mim, para que eu entendesse qual era o sentimento sobre isso [continuar na banda, após receber críticas], se era ruim ou bom.”
“Pessoas se escondem atrás de telas para falar palavras de ódio e discriminação racial contra mim. Isso tem acontecido desde 2007… Mas desta vez pessoas boas me resgataram. Meu post atraiu uma generosidade sincera de muitas pessoas.”
Show no Rock in Rio
Journey se apresenta no Palco Mundo do Rock in Rio
Stephanie Rodrigues/g1
No último domingo (22), ele fez uma publicação no Instagram dizendo que estava “ciente” de falhas na criticada apresentação no Rock in Rio. Segundo o cantor, se “um milhão” de comentários pedissem, ele deixaria a banda.
Um seguidor de Arnel respondeu o post, pedindo que o vocalista seguisse na banda, mas o acusou de querer engajamento. “Vamos ser honestos, você sabia bem que isto nunca chegaria a 1 milhão de comentários, muito menos 1 milhão de comentários pedindo para sair da banda”, escreveu. “Seu ‘desafio’ parece mais projetado para gerar engajamento do que para obter ‘feedback’ real”.
Arnel Pineda do Journey pega bandeira do Brasil com símbolo do Cruzeiro
Segundo o cantor, a ideia do post era desafiar “agressores e haters”. “Se você não aceita meu desafio, peço respeitosamente que pare de me seguir e deixe minha página em paz… porque não preciso da sua negatividade na minha vida”, respondeu Pineda.”Você não está no meu lugar… eu fui criticado e atacado pelos últimos 17 anos. Então você não sabe como é isso”.
Por fim, o músico comentou que não estava pedindo “feedback” sobre a apresentação, porque “sabe exatamente o que aconteceu com o som” da banda durante o show.
“Por favor, tente ser um pouco mais compreensivo… nós dois somos humanos, mas, no entanto, ainda somos diferentes em muitos aspectos”, completou.

Continue Reading

Festas e Rodeios

Gusttavo Lima ou Nivaldo? Cantor mudou nome de batismo no início da carreira; veja mais artistas que fizeram a mudança

Published

on

By

Chitãozinho e Xororó, por exemplo, são José e Durval. E Zezé di Camargo e Luciano são Mirosmar e Welson. Saiba outros cantores que alteraram o nome para a carreira artística. Gusttavo Lima no Jaguariúna Rodeo Festival
Antonio Trivelin/g1
Desde que a justiça decretou a prisão de Gusttavo Lima, internautas foram às redes sociais para comentar, não apenas com a decisão judicial, mas também a surpresa por descobrirem que o cantor não se chama Gusttavo. E, sim, Nivaldo Batista Lima.
Nivaldo alterou seu nome de batismo para Gusttavo em 2006, quando formou uma dupla com um amigo chamado Alessandro.
“Quando começamos a banda, disseram que não combinava Nivaldo e Alessandro. Aí pensamos em Fernando e Alessandro e, finalmente, em Gustavo e Alessandro. Aí ficou”, contou o sertanejo em uma entrevista ao g1. A dupla foi desfeita pouco depois. Mas o cantor seguiu adotando o Gustavo para a carreira artística.
O segundo “T” foi incluso por questões comerciais e registros musicais, já que já existia um cantor argentino de mesmo nome.
O nome Nivaldo não foi alterado em sua identidade ou em outros documentos e, de acordo com o artista, a família dele, principalmente o pai e a irmã, o chamam pelo nome de registro.
Prática comum no cenário sertanejo
A prática de alterar o nome de batismo para um mais comercial é bastante comum no mercado sertanejo. Chitãozinho e Xororó, por exemplo, são José e Durval. E Zezé di Camargo e Luciano são Mirosmar e Welson.
Zezé, inclusive, já disse ao g1, que “nunca gostou” de seu nome de batismo: Mirosmar José de Camargo.
“Nunca gostei do meu nome, Mirosmar ninguém merece, é um xingamento”, disse de forma descontraída em uma entrevista.
Veja lista com sertanejos que mudaram seus nomes para a carreira artística:
Gusttavo Lima – Nivaldo Batista
Chitãozinho e Xororó – José Lima Sobrinho e Durval de Lima
Henrique & Juliano – Ricelly Henrique Tavares Reis e Edson Alves dos Reis Junior
Bruno e Marrone – Vinicius Félix de Miranda e José Roberto Ferreira
Zezé di Camargo e Luciano – Mirosmar José de Camargo e Welson David de Camargo
Leonardo – Emival Eterno da Costa
Rio Negro e Solimões – José Divino e Luiz Felizardo
Rick e Renner – Geraldo Antônio de Carvalho e Ivair dos Reis Gonçalves
Milionário e José Rico – Romeu Januário de Matos e José Alves dos Santos
Rosa e Rosinha – José Renato Castro e Daniel Cardamone Sanchez
Eduardo Costa – Edson da Costa
Marcos & Belutti – Leonardo Prado de Souza e Bruno Belucci Pereira
Matheus e Kauan – Matheus Aleixo Pinto Rosa e Osvaldo Pinto Rosa Filho
Zé Neto e Cristiano – José Toscano e Irineu Vaccari
Defesa de Gusttavo Lima diz que inocência do cantor será demonstrada

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.