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‘Bebê Rena’: por que série baseada em história real de stalking e abuso sexual é a ‘mais angustiante do ano’

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Criada pelo comediante escocês Richard Gadd e baseada em sua história real com uma stalker, a minissérie da Netflix é uma forma extrema de terapia – e um soco no estômago dos espectadores. Minissérie foi escrita, produzida e interpretada por Gadd com base em sua própria história
Netflix/via BBC
Aviso: este texto contém spoilers de “Bebê Rena” e referências a situações de abuso sexual
Criada pelo comediante escocês Richard Gadd e baseada em sua história real sendo perseguido por uma stalker (termo em inglês que define alguém que persegue outra pessoa de maneira obsessiva, seja na internet ou fora dela), uma nova minissérie Netflix é uma forma extrema de terapia — e o programa de TV mais angustiante de 2024.
Quando o trailer de Bebê Rena foi lançado no início de abril, parecia que seria mistura comum de drama e comédia, uma história alegre de um comediante com uma stalker irritante que lhe envia e-mails com mensagens como “Acabei de comer um ovo”.
É nesse ponto que reside o primeiro golpe de mestre do comediante escocês Richard Gadd — o escritor, produtor e estrela de Bebê Rena.
Com o público subconscientemente preparado para esperar uma coisa, a experiência de finalmente assistir à série se torna de tirar o fôlego.
Bebê Rena começa com uma mulher solitária, Martha, conhecendo o personagem de Richard Gadd, Donny, no bar onde ele trabalha — dando início a uma trama de stalking
Netflix/via BBC
“Comecei essa série ontem à noite, sem saber nada sobre ela”, comentou uma pessoa nos comentários do trailer no YouTube.
“É brutal, inquietante e perturbadora e provavelmente um dos melhores programas que a Netflix já produziu em muito tempo.”
Outra pessoa comentou: “Passei pela mesma coisa… No começo, eu achei que seria uma possível comédia sombria britânica, nada muito relevante… Mas era uma jornada por todo um espectro de emoções”.
Após seu lançamento em 11 de abril, a série rapidamente alcançou o primeiro lugar entre as mais vistas da Netflix nos EUA, no Reino Unido e, mais recentemente, no Brasil, com mais de 10,4 milhões de horas assistidas até o momento.
Como não houve muita publicidade antes do lançamento, é provável que muitos espectadores entrem em contato com a história pela primeira vez ao começar a assistir, sem saber que a minissérie de sete episódios é na verdade autobiográfica e baseada em eventos reais da vida de Gadd.
Antes, a história foi adaptada por ele para o teatro como um monólogo homônimo em 2019.
A história real
Em 2015, uma mulher entrou em um bar de Londres em que Gadd trabalhava. Depois de lhe oferecer uma xícara de chá, ele puxou conversa com ela.
Nos três anos seguintes, ela manteve uma investida de assédio, começando a aparecer incessantemente no trabalho dele e depois em todas as apresentações de comédia que ele participava.
Mais tarde, a mulher conseguiu o e-mail do comediante, enviando mais de 41.000 mensagens durante esse período. Assim que conseguiu o número do celular dele, deixou 350 horas de mensagens de voz.
Ela lhe enviava presentes indesejados — chamando-o de “bebê rena” em referência a um brinquedo de infância que a fazia lembrar dele — e fez falsas acusações contra a família do comediante para a polícia.
Quando Gadd levou a situação à polícia, inicialmente não foi bem recebido, segundo ele contou ao jornal britânico The Guardian: “Fui repreendido por estar assediando a polícia com a minha história de assédio”.
Martha — o nome dado por Gadd à personagem stalker, interpretada por Jessica Gunning — é representada como uma presença malévola que sufoca a existência de Gadd digitalmente e na vida real; aparecendo para atrapalhá-lo quando ele está no palco, atacando violentamente sua parceira Teri (Nava Mau) e agredindo-o sexualmente enquanto ele caminhava para casa uma noite.
Apesar disso, Martha nunca é retratada como uma caricatura de “mulher vingativa” — e sim com mais nuances, como uma pessoa que está claramente enfrentando problemas de saúde mental.
Como Gadd disse ao jornal The Independent: “Perseguição e assédio são uma forma de doença mental. Teria sido errado retratá-la como um monstro, porque ela não está bem e o sistema falhou com ela.”
Donny, o eu ficcional de Gadd na série, mostra compaixão por Martha por esse motivo, mas a princípio também parece intrigado e quase lisonjeado com o interesse dela — o explica algumas de suas bizarras interações iniciais com ela.
O comediante leva a mulher para um café, a acompanha até a sua casa e às vezes parece satisfazer a fantasia dela de que um dia eles ficarão juntos.
Gadd reconhece que, na realidade, cometeu erros.
“Fiz muitas coisas erradas e piorei a situação”, disse ele ao The Guardian.
“Eu não era uma pessoa perfeita [naquela época], então não faz sentido eu dizer que era.”
Jessica Gunning é extraordinária como Martha, inspirando compaixão e medo ao mesmo tempo
Netflix/via BBC
Mas, em um dos momentos mais poderosos e brutais da televisão este ano, o quarto episódio volta no tempo e revela a principal razão para o comportamento conflitante de Donny em relação a Martha: ele é uma pessoa tão vulnerável quanto ela, porque no passado foi aliciado e estuprado por um homem que considerava amigo.
A curva abrupta no meio da série leva os espectadores direto à fonte da turbulência psicológica de Donny e responde à pergunta que Martha perspicazmente faz a ele desde o início: “Alguém machucou você, não foi?”.
Trazendo uma história paralela e autodepreciativa sobre Donny batalhando como comediante em um festival de Edimburgo, na Escócia, o episódio cresce de maneira pavorosa quando somos apresentados a Darrien (Tom Goodman-Hill), um escritor da indústria de televisão que oferece ajuda a Donny para chegar aos escalões mais altos do mundo da comédia.
Em vez da ajuda, Darrien incita o uso de diferentes drogas. Enquanto Donny está desmaiado em seu apartamento, Darrien o agride sexualmente pela primeira vez.
Em outra cena chocante, Darrien o estupra. Tamanho é o poder que Darrien exerce sobre Donny em seu abuso coercitivo que Donny sente que não pode ir embora.
“Eu adoraria dizer que fui embora”, diz Donny na narração, “que saí furioso e nunca mais voltei”
“Mas fiquei lá por dias. Na segunda-feira, peguei uma infecção no olho e deitei no chão enquanto ele limpava meus olhos com água salgada. Na terça-feira, eu alimentei o gato dele enquanto ele atendia ligações.”
A vergonha e a repulsa que Donny sente se espalham por todas as áreas de sua vida, e o resto do episódio narra seu drástico caminho em direção à imprudência sexual causada pelo transtorno de estresse pós-traumático, colocando-se em perigo várias vezes em uma tentativa de neutralizar sua confusão e autodepreciação.
Mais uma vez, esta história vem da própria vida de Gadd: em seu espetáculo teatral de 2016 Monkey See, Monkey Do (“Macaco Vê, Macaco Faz”, em tradução livre), ele detalhou como foi estuprado por um homem que conheceu em uma festa.
Uma outra série brilhante
As consequências do abuso sexual raramente foram mostradas de forma tão crua e visceral na televisão — em partes, Bebê Rena parece um filme de terror.
E Gadd é corajosamente aberto e honesto sobre essa experiência devastadora, além de habilidoso em traduzir as complexidades da situação para o público da televisão.
De certa forma, Bebê Rena é uma reminiscência da série de 2020 que definiu esse gênero: I May Destroy You.
Na série, a autora Michaela Coel também ficcionalizou seu estupro na vida real por um estranho — e o terrível impacto psicológico desse acontecimento sobre ela.
Ambas as séries oferecem uma perspectiva única e poderosa de ter seus escritores envolvidos em uma história baseada em seu abuso — de uma forma que Coel chamou de “catártica” e que Gadd descreveu como “a melhor terapia para mim; tem sido uma espécie de salva-vidas”.
“Compartilhar experiências traumáticas em um ambiente de apoio pode facilitar o ‘processamento cognitivo’ do evento, o que permite aos indivíduos dar sentido ao que aconteceu e integrá-lo em sua memória autobiográfica”, explica a psicóloga e radialista Emma Kenny.
“Esse processo ajuda a reformular o trauma de uma forma que seja menos angustiante e perturbadora para o próprio sentido e para a visão de mundo do indivíduo. Pode também servir como uma forma de ‘externalização’, em que as vítimas recebem empatia, validação e apoio de outras pessoas, reforçando sua autoestima e reduzindo os sentimentos de isolamento e vergonha.”
“Este apoio social pode amortecer o impacto negativo do trauma e promover a resiliência”, completa.
Em ambas as séries, porém, a jornada dos personagens com o trauma termina de forma ambígua.
Enquanto o alter ego de Coel em I May Destroy You, Arabella, vai a um mundo de fantasia no episódio final da série, imaginando as diferentes maneiras como ela reagiria se ficasse cara a cara com seu estuprador, no final das contas ela nunca teve essa oportunidade.
Donny, no entanto, visita Darrien no final de Bebê Rena, provavelmente com a intenção de confrontá-lo sobre o estupro. Mas assim como Arabella não consegue encontrar o final perfeito que ela fantasia para sua história, também é negada a Donny a responsabilização de seu estuprador e a possibilidade de amarrar todas as pontas soltas a fim de realizar seu próprio encerramento.
Em vez disso, Darrien finge que nada está errado, manipulando Donny e rapidamente reafirmando seu domínio sobre ele novamente.
Tom Goodman-Hill interpreta Darrien, o roteirista de televisão que agride e estupra Donny no episódio mais sombrio da série
Netflix/via BBC
Essa “confrontação” é verdadeira de uma forma deprimente, em um mundo onde muitos dos agressores escapam da Justiça.
Ela reflete também a natureza complexa e capciosa dos efeitos do abuso, em que as vítimas podem ficar vinculadas ao seu agressor por conta do trauma.
Como Gadd disse à revista GQ: “O abuso deixa uma marca. Especialmente um abuso como este, que é reiterado e acompanhado de promessas. Existe um padrão em que muitas pessoas que foram abusadas sentem que precisam de seus agressores… São os efeitos psicológicos negativos e profundamente intrincados da ligação que você às vezes pode ter com seu agressor.”
Existem outros momentos altamente emotivos na série após a revelação do abuso.
Vemos Donny desmoronando no palco, um momento que se torna um vídeo viral que ironicamente lhe dá toda a fama e sucesso que ele tanto deseja.
Ele conta aos pais a verdade sobre a agressão — e o pai responde dando a entender que ele mesmo foi abusado nas mãos de membros da Igreja Católica.
Ficamos sabendo que Martha foi condenada a nove meses de prisão, embora Gadd não tenha revelado exatamente o que aconteceu com sua stalker na vida real.
Ele disse o The Times: “Está resolvido. Eu tinha sentimentos confusos sobre isso. Eu não queria jogar alguém com esse nível de problemas mentais na prisão”.
O final mostra Donny fechando o ciclo, com um barman lhe dando uma bebida na conta da casa, assim como ele fez com Martha na primeira vez que a conheceu.
Isso levou alguns espectadores a especularem que Donny poderia se tornar o próprio stalker, perseguindo obsessivamente o homem que trabalha atrás do bar — apesar de isso parecer improvável, dada a forma como a trama está enraizada na história do próprio Gadd.
O mais provável é que Gadd tenha feito uma analogia mais aberta ao ciclo do trauma e aos estados para os quais pessoas vulneráveis podem ser empurradas quando não recebem apoio.
Certamente, Gadd usou seu trauma aqui para os fins mais notáveis, criando quatro horas comoventes de televisão, pelas quais ele desmoronou e revirou suas terríveis experiências de vida de uma forma que é profundamente esclarecedora e comovente para os outros.
Para a psicóloga Emma Kenny, a popularidade de Bebê Rena, assim como foi com I May Destroy You, pode causar efeitos positivos quando se trata de outras pessoas que lidam com abuso e agressão na vida real.
“Utilizar-se do discurso público sobre o trauma pode contribuir para a ‘cura coletiva’, aumentando a conscientização, desafiando as normas e crenças sociais em torno do trauma e defendendo a mudança social e sistemas de apoio aos sobreviventes”, afirma Kenny.
Embora muitas vezes essa seja extremamente difícil de assistir — e, por isso, merece a fama de série mais perturbadora de 2024 —, a série é, em última análise, uma oportunidade privilegiada de juntar-se a Gadd enquanto ele tenta entender quem é, por meio do que deve ser a forma mais extrema de terapia que se pode imaginar.
– Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/ce9rzyz8d4vo

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Longas caminhadas, busca por sombra, filas para banheiro: g1 mostra que o público se diverte, mas também ‘rala’ no Rock in Rio

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Cidade do Rock tem 385 m² e sete palcos, onde acontecem atrações simultâneas. O espaço foi preparado para receber 700 mil pessoas, mas só tinha um estande vegano. Quanta experiência cabe dentro dos sete dias do Rock in Rio? Durante a cobertura do festival, o g1 acompanhou os fãs em êxtase com os artistas, mas também viu que nem tudo são flores: tem que andar muito de um palco para o outro, pegar sol na cabeça, fila para banheiro… Ou seja, o público se diverte, mas também tem que ter disposição (veja no vídeo acima).
O festival tem um palco principal e um palco secundário, que já são bem conhecidos do público. Mas, há também outros cinco palcos que fazem as atrações acontecerem, muitas vezes, de forma simultânea.
No Global Village, por exemplo, as apresentações étnicas acontecem quase que ininterruptamente. Nesse contexto, é preciso muita disposição para caminhar ou se locomover dentro dos 385 m² da Cidade do Rock.
Um grande espaço, com pouca cobertura. Tirando os lounges e as cabines dos banheiros, o público não tinha muitas opções de lugares com um teto sobre as cabeças, ficando à mercê do clima.
Na primeira semana, um solzinho insistente fez a galera abusar do protetor solar, óculos escuros e bonés. Na segunda semana, uma ventania chegou trazendo chuva e uma mudança no visual: as capas de chuva e manga comprida dominaram. No domingo, o sol reapareceu com muito calor.
Entre um show e outro dos palcos principais, o público revezava o local de descanso. Ora as cangas eram estendidas no gramado próximo ao Mundo; ora próximo ao Sunset. O dormitório a céu aberto, no entanto, foi desfeito, no final da tarde de sábado (21) por conta da chuva.
Banheiros bem cuidados, mas com filas
Os banheiros estavam sempre limpos, arrumados e abastecidos com papel e sabonetes. Cada unidade possuía dezenas de cabines. Mas, para um grande evento, capaz de receber 700 mil pessoas, não é de se espantar que, vez ou outra, as filas davam voltas pelas grades divisórias. Principalmente próximo ao término de algum show.
Outras filas chamativas eram as dos brindes. De algumas marcas, as pessoas chegaram a esperar quase duas horas para participar das atividades.
E não parou por aí. Pois a busca pelos mimos foi tão intensa, que chegou a ter planilha criada pelo público para elencar os melhores presentes dentre cosméticos, comidas, acessórios e roupas.
Comidas e brinquedos
Fila para roda gigante no Rock in Rio neste domingo
Raoni Alves/g1
As opções de comidas no Rock in Rio foram muitas. Mas estande vegano só teve um. Diferente dos hamburgueres, que em cada ponto de alimentação, havia várias opções de marcas diferentes.
Os brinquedos do Rock in Rio sempre foram uma atração à parte, né? Mas, para conseguir se aventurar no parque do rock, era preciso ser rápido.
Os portões do festival abriram, todos os dias, por volta das 14h. Mas, às 14h30 o agendamento para alguns já havia sido encerrado.

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Rock in Rio 2024: Os melhores e os piores shows… Os destaques e as decepções do festival

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Leia as críticas do g1, veja os rankings baseados nestas análises e assista aos principais momentos dos shows mais marcantes do festival (para o bem e para o mal). Mariah Carey canta ‘I want to know what love is’
A edição de 2024 do Rock in Rio, que terminou neste domingo (22), não teve o clássico Dia do Metal, mas viu surgir novos dias temáticos.
O Dia Delas, só com mulheres na programação, foi o melhor do festival, com shows surpreendentes e algumas das melhores performances deste ano. O Dia Brasil, por outro lado, teve mais baixos do que altos, com problemas técnicos, ausências de atrações e atrasos.
A equipe do g1 que esteve na Cidade do Rock e cobriu o festival escreveu críticas sobre todos os shows dos palcos Mundo e Sunset.
Abaixo, leia os rankings dos melhores e dos piores shows do Rock in Rio 2024. Esta lista não leva em conta apenas a relevância e o talento de cada artista. A reação da plateia, a escolha do setlist, a execução das músicas e a parte técnica também foram consideradas.
ENQUETE: Não concorda? Vote no seu show favorito
Os 10 melhores shows do Rock in Rio 2024
10º – Planet Hemp e Pitty
Planet Hemp canta ‘Legalize já’ no Palco Sunset
O Planet Hemp foi da maconha à floresta queimada em show que corrigiu um erro histórico do Rock in Rio. Ainda aceso, a banda entregou finalmente o show que os fãs esperaram por 23 anos no festival. “Vários filhos da p… mandando tacar fogo no Brasil inteiro. Vai se f…, e não quem está tacando fogo, mas quem está mandando tacar. Só barão do agronegócio, só falso pastor gigante”, disse BNegão a uma multidão inflamada por discursos e músicas contundentes. Chamada só nos minutos finais da apresentação, a presença de Pitty foi tímida. Leia mais sobre o show de Planet Hemp e Pitty no Rock in Rio 2024.
9º – Charlie Puth
Charlie Puth canta ‘See You Again’ no Rock in Rio
Charlie Puth esteve de volta ao Rock in Rio depois de sua estreia na edição de 2019. De lá para cá, ele engordou o setlist com mais hits de pop certinho, em sua maioria, dançantes. E ainda teve uma promoção: foi do Palco Sunset para um horário nobre no Palco Mundo. Com mais experiência, Puth garantiu bons momentos com público, em uma espécie de “esquenta” para Ed Sheeran. No fim, porém, Charlie acabou entregando mais do que o headliner. Leia mais sobre o show de Charlie Puth no Rock in Rio.
8º – OneRepublic
OneRepublic canta ‘Counting Stars’ no Rock in Rio
O assovio de “I ain’t worried”, do OneRepublic, foi o sinal para todo mundo levantar os celulares. E gritos emocionados ecoaram pelo Rock in Rio 2024 neste sábado (14). Ryan Tedder, que lidera o grupo, mostrou que é um showman. A ideia dele é fazer um karaokê no festival. E não foi nada difícil. Eles selecionaram um roteiro certeiro para engajar coros e mãos para cima formando ondas. E celulares também. Leia mais sobre o show do OneRepublic no Rock in Rio 2024.
7º – Deep Purple
Deep Purple toca ‘Smoke on the Water’ no Rock in Rio 2024
Se o tema do Rock in Rio esse ano é a celebração de 40 anos de existência, no dia do rock, era impossível ficar sem um representante de peso do rock clássico. A banda convocada para ocupar o espaço foi o Deep Purple. O cultuado grupo inglês mostrou que resistiu às mudanças de formação. Em “Smoke on the water”, ficou bonito quando eles jogaram para a galera cantar o refrão. Leia mais sobre o show do Deep Purple no Rock in Rio 2024.
6º – Matuê com Wiu e Teto
Matuê: ‘Já que a gente não pode acender no palco…’ ao início da música ‘Quer Voar’
Se há um astro do rap com apelo jovem no Brasil, o nome dele é Matuê. Em sua estreia no Palco Mundo, o artista cearense de 30 anos rimou sobre sexo e maconha para uma multidão formada principalmente por garotos adolescentes. “Já que a gente não pode acender no palco…”, brincou antes de emendar: “Passa o Bic, põe no ar…”. Maior sucesso do artista, “Quer Voar” serviu para colocar fogo na plateia. Matuê é quase um sinônimo da versão brasileira do trap — uma vertente mais arrastada do rap, que tem feito sucesso nas paradas musicais. Leia mais sobre o show de Matuê no Rock in Rio 2024.
5º – Travis Scott
Travis Scott incendeia palco mundo no Rock in Rio
Travis Scott fechou o primeiro dia de Rock in Rio, uma sexta-feira dominada pelo trap, sub estilo do rap que vai muito bem nas paradas, e chamou três fãs ao Palco Mundo. Mesmo começando com 40 minutos de atraso, o show foi o auge de uma noite de batidas graves, vozes distorcidas e letras sobre os vários prazeres da vida. Ao som de beats psicodélicos e pesados, Travis versa sobre o caos e provoca o caos. Poucos rappers em atividade têm esse poder de fazer um monte de gente se esgoelar, pular o mais alto que pode ou se jogar em rodas com tanta intensidade. Leia mais sobre o show de Travis Scott no Rock in Rio 2024.
4º – Pra Sempre Sertanejo
Chitãozinho e Xororó cantam o hino ‘Evidências’ no Palco Mundo do Rock in Rio
Poucos shows desta edição tiveram tanto engajamento do público quanto um bloco de apresentações dedicada ao sertanejo. Contra a resistência de parte dos frequentadores (especialmente de uma parcela roqueira mais conservadora), o estilo fez sua estreia no festival, após 40 anos de espera. A organização acertou ao escolher Chitãozinho e Xororó para conduzir o show com participações de Simone Mendes, Ana Castela, o rapper Cabal e Junior, filho de Xororó. Luan cancelou sua participação por causa de atraso na programação. Leia mais sobre o show Para Sempre Sertanejo no Rock in Rio.
3º – Cyndi Lauper
Cyndi Lauper canta em coro o sucesso ”Girls Just Want to Have Fun” no Rock in Rio
Cyndi Lauper é um ícone da música pop, do feminismo e da moda, mas já teve que lidar com críticas de que não manda bem ao vivo. Nesta sexta-feira (20) de Rock in Rio, a cantora nova iorquina de 71 anos oscilou um pouco, principalmente no começo. Mesmo assim, entregou um grande show. Tudo foi dando certo ao longo da noite. E há de se levar em conta que ela canta bem e não usa recursos dos quais outras cantoras abusam. Quase tudo o que se ouve vem do gogó dela e de seus vocalistas de apoio. Leia mais sobre o show de Cyndi Lauper no Rock in Rio.
2º – Ivete Sangalo
Ivete Sangalo voa sob plateia do Palco Mundo no Rock in Rio
Ivete Sangalo mostrou por que, há 30 anos, é a maior diva pop do Brasil. Em um show com surpresas, ela voou sobre a plateia presa a cordas e beijou a cantora Liniker ao apresentar uma música inédita. A cada show, no entanto, Ivete maceta a rejeição com a experiência e a energia de quem está acostumada a orquestrar uma multidão de cima de um trio elétrico por horas a fio. “Macetando”, hit absoluto do carnaval de 2024, teve milhares de pessoas na plateia reproduzindo a coreografia viral. Leia mais sobre o show de Ivete Sangalo no Rock in Rio.
1º – Mariah Carey
Mariah Carey canta ‘We belong together’
Mariah Carey entregou o que seus fãs queriam: dois looks que vão ser comentados durante toda semana e uma sequência de hits super bem cantados que a fizeram vender mais de 150 milhões de discos. A cantora americana faz o maior show da história do Palco Sunset em retrospectiva da carreira sem playback e com seus agudinhos característicos. Com uma plateia tão entregue e emocionada, não existe motivo para perpetuar o clichê roqueiro de que o Rock in Rio é um festival para quem não gosta de música. Talvez ele seja um festival para quem gosta de música que VOCÊ não gosta. Leia mais sobre o show de Mariah Carey no Rock in Rio.
Os 5 piores shows do Rock in Rio 2024
5º pior – 21 Savage
21 Savage anima público do Rock in Rio com o hit “Rockstar”
O rapper 21 Savage fez a sua estreia em solo brasileiro com uma apresentação de menos de uma hora. Seu DJ, Marc B, foi o responsável por convocar o público para frente do palco em uma performance de 15 minutos. Com pouca interação e sem tantos hits próprios, o clima de sua primeira vez no Brasil foi mais de contemplação do que de empolgação. Faltaram as tradicionais rodinhas, coros gritados e celulares para cima comuns em shows de trap. Leia mais sobre o show de 21 Savage no Rock in Rio.
4º pior – Akon
Akon tenta se jogar no público dentro de bola inflável, mas equipamento esvazia
Akon parecia estar mais interessado em oferecer uma experiência festiva do que um show voltado à sua própria carreira. A segunda metade da apresentação soou como uma balada sem identidade, com hits desconexos. O cantor cometeu uma gafe ao falar “São Paulo”. Imediatamente, os fãs levantaram um coro dizendo: “Rio de Janeiro”. Mas isso não pareceu constrangê-lo. O músico ficou mesmo com vergonha quando apareceu dentro de uma bolha inflável que estourou após poucos segundos de uso. “Eu queria fazer algo especial pra vocês”, disse ele, tímido, após se arremessar para a plateia de dentro da bolha. Muitas gafes para um show só. Leia mais sobre o show de Akon no Rock in Rio.
3º pior – Luísa Sonza
Luisa Sonza canta ‘Folhetim’ e emenda em ‘Chico’
Para fisgar o público em sua estreia no Palco Mundo, Luísa Sonza privilegiou seu repertório mais dançante, com coreografias virais reproduzidas por uma multidão. Na correria para incluir a maior quantidade de sucessos, ela cortou músicas já curtas originalmente. Deu a sensação de estar vendo o TikTok. A voz teve mais espaço num bloco de canções mais intimistas, no meio do show. Luísa evoluiu vocalmente. Mas, na ânsia para deixar isso bem claro, ela exagera na gritaria em músicas como “Penhasco”. Leia mais sobre o show de Luísa Sonza no Rock in Rio.
2º pior – Will Smith
Will Smith agita o público no Rock in Rio com o hit “Gettin’ Jiggy With It”
Escalado de última hora para cantar no festival e alavancar as vendas desta quinta-feira, Will Smith fez uma performance de 25 minutos no Palco Sunset. É maldade dizer que o papel de rapper em recomeço de carreira seja um dos piores já interpretados por ele. Mas não deixa de ter certo sentido. Acompanhado de dez dançarinas, Smith começou pocket show rimando em português, em uma parte da música “Bad Boys”. Mas, na maior parte do tempo, o som estourado e mal equalizado impedia a maioria de ouvir o que ele estava cantando. Leia mais sobre o show de Will Smith no Rock in Rio.
1º pior – Journey
Veteranos do Journey cantam ‘Don’t Stop Believin’ no Palco Mundo
O show do Journey instaurou um clima de vergonha alheia. Com exceção de “Don’t Stop Believin'” e “Anyway You Want it”, quase nada animou o público. Para piorar, o som não foi dos melhores. Começou bem baixo — a ponto de o vocalista Arnel Pineda ficar perguntando para o público se dava para ouvir os instrumentos direito. Além disso, seu gogó parecia o de alguém que trabalha com qualquer função que não seja cantar. Um vocal simultaneamente desafinado, estridente e afobado. Sem dúvidas, não será fácil tirar de Arnel o título de pior vocalista desta edição do festival. Leia mais sobre o show do Journey no Rock in Rio 2024.

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Shawn Mendes mostra que cresceu em retomada da carreira com músicas do novo álbum no Rock in Rio

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Cantor encerrou a edição de 40 anos do festival, na noite deste domingo (22). Ele vai lançar o seu quinto trabalho de inéditas em outubro. Leia a crítica do g1. Shawn Mendes canta “Heart of Gold”
O show de Shawn Mendes que encerrou esta edição do Rock in Rio neste domingo (22) foi um reencontro seu com seus fãs depois de dois anos de pausa na carreira. Ele mostrou que cresceu, se entregou e está pronto para uma nova empreitada.
Mendes não fazia um show de fato desde 2022, quando interrompeu a turnê “Wonder” para cuidar da saúde mental.
Agora, de volta ao jogo, ele anunciou seu quinto álbum de inéditas, “Shawn”, previsto para outubro. Ele chegou a mostrar as novas músicas em duas apresentações, em Londres e Nova York.
Sem uma turnê anunciada, era difícil prever o que poderia rolar no show por aqui. Mendes optou por trazer um pouco do roteiro da turnê de “Wonder” e agradar os fãs brasileiros dando uma palhinha do novo trabalho, uma não, quatro, entre elas, “Heart of gold”, que ainda não foi lançada.
Público vibra e canta junto com Shawn Mendes o hit “Señorita”
O roteiro começou já com um dos seus sucessos, “There’s nothing holdin’ me back”, do álbum “Illuminate”, fogos de artifício e muitos, muitos coros, e muitos pulinhos também.
Uma decepção para quem estava lá no fundo: o telão não funcionou até a metade da música e ficou impossível ver o rapaz.
“Eu te amo”, soltou de cara em português.
Ele seguiu com “Wonder” e “Treat you better” continua levantando os fãs mais apaixonados.
“Faz muito tempo que eu não estava em um palco assim. Isso é lindo”, disse. “Muito obrigado, Rio”
Nessa pegada mais de balada, o cantor mandou “Monster”, sua parceria com Justin Bieber.
Ele tem presença, se joga na performance e segura a onda apenas com a banda, que fica afastada ao fundo.
Lá nos idos de 2017, Mendes, então com 19 anos, fez a sua estreia no Rock in Rio, já no Palco Mundo. Era o caçula entre as atrações e estava encarando a maior plateia da sua carreira até então.
O moço provou que tinha competência, numa pegada soul pop à la John Mayer, sem falcatruas. Mas também mostrou que ainda precisava amadurecer, especialmente, nos vocais.
Agora, já com o status de estrela do pop, ele foi alçado a headliner do Palco Mundo, para encerrar o festival.
Ficava difícil acompanhar o espetáculo que Mariah Carey fez minutos antes de Sunset. Mas ele conseguiu engajar, mostrou que amadureceu e ainda exibiu mais habilidade vocal.
Mendes faz brincadeiras, conversa, conta sobre seus últimos anos, tira a camisa, pergunta como a plateia está e solta “te amos” em português.
Do repertório, “Señorita”, que divide com Camila Cabello, é um hit que rodou o mundo e a recepção aqui não poderia ser diferente.
Os coros na levada mais sexy dominaram todo o espaço do Rock in Rio. Ele retribui com o sorriso orgulhoso ver a multidão cantar junto.
“Stitches” é outra que causa reação bonitinha da plateia, do tipo cantarem de olhos fechados.
“Eu lembro quando eu vim para cá pela primeira vez, em 2017. E genuinamente, meu coração se abriu. Alguma coisa aconteceu que meu coração abriu”, disse para a plateia.
“Nos últimos dias, fiquei pensando no país e nas pessoas daqui, a verdade é que apesar de o Brasil sofrer, tem as pessoas mais iliminadas. A gente vem e vocês dançam, cantam, amama. Vocês têm muito a ensinar ao mundo”, falou antes de lembrar um trecho de “Mas que nada”.
Antes de “It’ll be olkay”, ele contou sobre sua pausa na carreira. Disse, entre outras coisas, que não sabia se voltaria a pisar novamente em um palco.
“Passei tempos com a minha família e meus amigos e percebi que não estou sozinho no mundo”, disse. “E de volta no palco, eu não precisava fazer muita coisa, porque eu tenho 200 mil brasileiros comigo. Vocês fazem ficar divertido.”
O momento deu o gancho para o bloco das músicas novas, parte de “Shawn”. O álbum é mais pessoal, de seus questionamentos sobre a vida e até um olhar para a simplicidade das coisas.
“Isn’t that enough” foi a primeira delas, seguida por “Nobody knows”, ambas de pegada mais country e que já foram lançadas como singles.
Ele contou também sobre a perda de um de seus melhores amigos, anos atrás, por overdose, e do difícil processo de aceitar a morte.
“Pensei nele nesses últimos anos e decidi que escreveria uma carta”, contou, antes de apresentar “Heart of gold”, que ainda inédita. A música foi emendada com trecho de “Pumped up kicks”, do Foster the people.
“Está calor?”, pergunta para a plateia. Ele ainda arranca alguns decibeis a mais dos fãs quando é convencido de tirar a regata branca.
Sem camisa, Mendes conseguiu fazer quem estava sentado levantar e gritar com toda força — ele aproveitou a turma pulando para mandar a animadinha “Why why why”, também da nova safra.
O cantor retorna para a reta final do show, com a música “If I can’t have you”, o cover de “Message in a bottle”, do The Police, “Mercy” e encerra com o hit “In my blood”.
Shawn Mendes está mesmo afim de voltar aos palcos. A expectativa agora é que ele volte ano que vem para o Lollapalooza, com um show novinho em folha.

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