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Karol G canta com Pabllo Vittar e faz show além do básico para tentar emplacar reggaeton no Brasil

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Cantora colombiana apresentou hits latinos e estrutura grandiosa de turnê recordista. Superestrela global, ela mostrou esforço para emplacar por aqui.
Karol G fez um show grandioso em São Paulo nesta sexta-feira (10). No palco, falou em português e recebeu os brasileiros Kevin O Chris e Dennis DJ, numa apresentação cheia de dedicação — a amostra única de sua lucrativa turnê “Mañana Será Bonito” no país.
A cantora colombiana de 33 anos é uma das principais vozes femininas da música latina. Lançado em fevereiro de 2023, o álbum “Mañana Será Bonito” foi o primeiro em espanhol, feito por uma mulher, a chegar ao topo da parada americana e, em 2024, ganhou um Grammy de música urbana, inédito na carreira da artista.
A turnê global do disco é a primeira de uma artista latina com a maior parte das apresentações acontecendo em estádios. No ano passado, Karol foi a campeã latina de bilheteria, ao arrecadar US$ 155,3 milhões em ingressos.
Um brasileiro mais desavisado pode franzir o cenho ao ver tantos recordes, afinal Karol não é nenhuma superestrela por aqui. Isso porque a música latina pena para conseguir emplacar no Brasil, um dos países mais fechados para artistas gringos que não cantam em inglês. Fenômenos globais, como o porto-riquenho Bad Bunny e a própria Karol, não têm demanda para os shows em estádios de suas turnês.
A cantora Karol G em show da turnê ‘Mañana Será Bonito’ no México
Eduardo Verdugo/AP
Em São Paulo, a artista colombiana se apresentou no Centro Esportivo Tietê, onde cabem cerca de 40 mil pessoas. Inicialmente, o show foi anunciado em um espaço menor, e a mudança ocorreu para atender a procura de fãs, segundo a organização. Mas, diferentemente do que aconteceu em outros países, os ingressos não chegaram a esgotar, e o tamanho da plateia deixou clara a aderência mediana do som de Karol G no Brasil.
Por outro lado, os que estavam lá viram um espetáculo completo. A alteração no local do show também serviu para que a cantora pudesse trazer ao país toda a estrutura de sua turnê de grandes dimensões.
O cenário deslumbrante incluiu enormes telões mostrando animações com os personagens da capa de “Mañana Será Bonito”, um tubarão gigante no palco, plataformas móveis e uma longa passarela.
Também teve laser, fogos de artifício e pulseirinhas de luz no público. Tudo coreografado no tempo certo para compor uma espécie de conto de fadas, que é o fio condutor da apresentação de Karol: a história da sereia de cabelos cor-de-rosa Carolina (nome verdadeiro da artista), numa jornada de redescoberta após ter seu coração congelado.
Depois de uma introdução do conto em português, a cantora surgiu com seus cabelos cor-de-rosa e um collant brilhante. Começou o setlist com “TQG”, um dos maiores sucessos do álbum “Mañana Será Bonito”, gravado com Shakira. Divulgada em meio ao escândalo midiático da separação de Gerard Piqué, a música fala de uma mulher superando um antigo relacionamento depois de ser trocada por outra. No contexto das fofocas, a letra foi interpretada como uma indireta.
Antes do megahit “Tusa”, parceria com Nicki Minaj, agradeceu aos homens que ajudaram a música a ficar entre as mais ouvidas do mundo em 2019. Nâo que eles sejam os principais ouvintes. É que a letra fala de uma mulher que foi enganada por um deles. Mais tarde, ela mesma disse ter se surpreendido com a quantidade de homens na plateia.
Karol G em turnê ‘Mañana Será Bonito’ no México
Eduardo Verdugo/AP
Poder e sofrência
Karol mescla mensagens de empoderamento com músicas de sofrência, como “Amargura”, que poderia muito bem ser um feminejo, mas é um reggaeton. Ela grita “papiiii” de um jeito angustiado antes do refrão, e todo mundo entende que dá para sofrer por amor em qualquer idioma.
No palco, a artista é acompanhada por dançarinos e uma banda formada só por mulheres. Ela canta sobre as bases pré-gravadas, que são comuns em shows de pop, onde é preciso coordenar música, performance e dança. Mas sua voz potente se sobressai, sobretudo na parte mais lenta do show, com “Ocean” (Karol canta sentada numa nuvem) e a bossa nova “Mercurio” (aqui, houve falha no som, que prejudicou a performance).
Nas canções mais dançantes, como os sucessos “Qlona” e “Provenza”, movimentos de câmera criativos criam imagens hipnotizantes de Karol e seus dançarinos no telão.
O público vibrou quando a voz de Pabllo Vittar apareceu interpretando uma fada madrinha, em mais um trecho da história da sereia Carolina. Perto do fim da apresentação, a própria Pabllo apareceu no palco, para cantar um remix de “Sua Cara”, gravado por Karol com o Major Lazer em 2018.
“Ela arrasou, fez umas coisas que eu não conhecia”, disse a colombiana, impressionada com os passos de dança da brasileira.
Em outro momento pensado especialmente para o Brasil, Kevin O Chris e Dennis DJ subiram ao palco para o remix do funk “Tá Ok”. Karol G e o conterrâneo Maluma participam da versão, lançada em agosto do ano passado. “Eu adorei essa música. Escutei muitas e muitas vezes”, disse a cantora, que ainda deu espaço para Kevin cantar um trecho de “Faz um Vuk Vuk” e Dennis fazer um mini set.
A cantora Karol G em turnê ‘Mañana Será Bonito’ no México
Eduardo Verdugo/AP
Durante a temporada de shows nos Estados Unidos, em 2023, Karol G foi exaltada pela critica por conseguir fazer um grande espetáculo parecer um encontro íntimo. Não foi diferente no Brasil: carismática e sempre sorridente, ela cantou com fãs na grade, pegou o celular de alguns para fazer selfies, abraçou uma menininha em prantos e leu cartazes com frases como “viajei 5 mil quilômetros para te ver” e “você me ajudou a curar meu coração”.
Para uma superestrela global, Karol faz um show que vai muito além do básico. Ela se esforça de verdade: até teve aulas de português para falar muito mais que o tradicional “obrigada”.
“Fiquei muito nervosa a semana inteira pensando o que iria falar no palco para minha galera.”
“A gente tinha que trabalhar muito para fazer as coisas organizadas, com disciplina, por isso demorou um tempo para estar aqui com vocês”, justificou, no nosso idioma.
A dedicação da cantora ao país não é à toa. Maior mercado musical da América do Sul (e 9° maior do mundo), o Brasil é um tesouro cobiçado por artistas latinos. Karol deixou isso bem claro: “São 13 mil pessoas aqui esta noite, mas eu acho que no futuro vão ser muito mais.”
Karol G em turnê ‘Mañana Será Bonito’ no México
Eduardo Verdugo/AP

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