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Festas e Rodeios

Os cristãos escravizados que teriam ajudado a escrever a Bíblia e espalhar o Evangelho

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Em novo livro, professora de Teologia destaca papel das pessoas que ajudaram apóstolos e discípulos e redigir o Novo Testamento e transmitir os ensinamentos de Jesus. Pessoas escravizadas tiveram um papel crucial, e pouco reconhecido, na criação e na disseminação do Novo Testamento, diz historiadora.
Getty Images via BBC
Um livro lançado neste ano nos Estados Unidos traz um argumento surpreendente para muitos leitores da Bíblia: o de que pessoas escravizadas tiveram um papel crucial, e pouco reconhecido, na criação e na disseminação do Novo Testamento.
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Em “God’s Ghostwriters: Enslaved Christians and the Making of the Bible” (“Ghostwriters de Deus: Cristãos Escravizados e a Criação da Bíblia”, em tradução livre), a historiadora Candida Moss afirma que pessoas escravizadas ajudaram os discípulos de Jesus a redigir os textos bíblicos e a espalhar o Evangelho pelo Império Romano.
Segundo Moss, que é professora de Teologia da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, somente 5% a 10% da população era alfabetizada na época – entre eles, os mais ricos.
A maioria dos apóstolos e primeiros cristãos não sabia ler ou escrever. Mesmo os que sabiam, muitas vezes eram impedidos por sofrer de artrite ou problemas de visão, em uma época em que óculos não existiam.
Compor e copiar textos a mão era um trabalho árduo e fisicamente cansativo, que os membros da elite não queriam fazer e que o resto da população não tinha como fazer.
Assim, a tarefa cabia geralmente a pessoas escravizadas, que eram alfabetizadas desde jovens para desempenhar a função de secretários, escribas, leitores e mensageiros.
Nesse contexto, o fato de alguém ser identificado como autor de um texto não significava que tinha escrito com suas próprias mãos. O mais comum era que a obra fosse ditada a pessoas escravizadas ou, em alguns casos, que haviam sido libertas mas, de acordo com Moss, não eram totalmente livres.
A historiadora argumenta que, ao redigir o material ditado por outros e copiar manuscritos, esses escravizados não apenas reproduziam os textos, mas contribuíam de forma ativa como coautores, fazendo correções e edições.
A historiadora Candida Moss é professora de Teologia da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.
Brian McConkey/ Cortesia de Candida Moss via BBC
Essa colaboração se estendeu pelos dois primeiros séculos da Era Cristã, segundo a pesquisa.
“Você pode ver pessoas escravizadas e ex-escravizadas como parte fundamental da atividade missionária, da escrita e da interpretação bíblica no início do Cristianismo. Elas estão envolvidas em tudo isso”, diz Moss à BBC News Brasil.
Os escravizados viajavam a locais distantes para ler passagens bíblicas a fiéis que não eram alfabetizados, em um papel que Moss compara ao de missionários, escolhendo gestos e entonação para transmitir e interpretar os ensinamentos de Jesus.
Dessa forma, ajudaram a moldar os fundamentos do Cristianismo.
Moss cita o exemplo das Cartas de Paulo. Segundo a historiadora, Paulo era o único apóstolo alfabetizado, mas ele próprio indica, em seus textos, que usava a ajuda de outras pessoas para ler e escrever.
Além disso, algumas de suas cartas foram redigidas quando ele estava na prisão, que costumava ser em um subsolo escuro e de onde seria difícil escrever. Moss considera provável que tenham sido ditadas a assistentes escravizados, emprestados por seguidores ricos.
A Epístola aos Romanos traz o trecho “Eu, Tércio, que escrevi esta carta”, indício de que foi redigida com a ajuda de Tércio. De acordo com Moss, ele é comumente descrito como escriba, o que pode dar a impressão de que era um amigo ou alguém que havia desempenhado a tarefa de forma voluntária.
A historiadora lembra, porém, que escribas e secretários na Era Romana não eram profissionais de classe média, mas sim pessoas escravizadas ou ex-escravizadas que haviam sido libertas.
Moss destaca ainda que Tércio significa simplesmente “Terceiro”, nome comum entre escravizados na época.
A Epístola aos Filipenses menciona Epafrodito. De acordo com Moss, o nome está relacionado à deusa do amor, Afrodite, e tem o significado de “belo”, sendo comum entre escravizados na Antiguidade, período em que muitos meninos eram explorados sexualmente.
Outro exemplo é o Evangelho Segundo Marcos. A historiadora salienta que o autor é descrito como intérprete de Pedro e argumenta que há indícios de que Marcos era escravizado.
Moss afirma que, à medida que o Cristianismo passou a dominar o Império Romano, o status de escravizados dos primeiros cristãos foi apagado, e “muitos heróis das Escrituras foram promovidos a bispos”. Ela lamenta que as contribuições dos escravizados para o Novo Testamento e o florescimento do Cristianismo não sejam reconhecidas.
Como não há evidências diretas, a interpretação de Moss é baseada principalmente na leitura de textos religiosos e seculares e no que se sabe sobre a escravidão nesse período histórico, e o livro recebeu algumas críticas por usar muitas “conjecturas” e “especulação sobre o passado”.
com os colegas que estou falando, a expectativa é que saia na semana que vem… ou talvez amanhã… mas dificilmente hoje. claro que nada é impossivel, mas são alguns fatores, eles dizem: é o julgamento de um ex-presidente/candidato a presidencia, o que dá um peso incalculavel pra decisão do juri. em segundo lugar, foram seis semanas de testemunhos para eles debaterem e pensarem. tudo o que os membros do juri podiam fazer nesse período era escrever notas… inclusive durante essas reapresentações, tomaram muitas notas, mais do que o normal, segundo reporteres que cobrem o tribunal mais seguidamente… em terceiro lugar, mesmo que 11 membros do juri concordem em condenar, se uma pessoa discordar, não tem condenação, então qualquer dúvida, qualquer questão é debatida longamente.
Getty Images via BBC
Mas ela salienta que foi “transparente sobre onde há evidências melhores ou piores” e garante que o argumento de que pessoas escravizadas colaboraram no Novo Testamento não é especulação.
“Gostaria que pensássemos de forma diferente sobre quem estamos lendo quando lemos a Bíblia”, afirma. “Não é apenas um livro de reis e bispos. É também uma coleção de livros produzidos por pessoas de diferentes setores da sociedade, que merecem visibilidade.”
Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil, Moss falou sobre o papel dos escravizados na Antiguidade, como contribuíram para a Bíblia, as evidências que encontrou em sua pesquisa e a resposta aos críticos.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
BBC News Brasil – O que se sabe sobre o papel de pessoas escravizadas em ajudar a redigir a Bíblia?
Candida Moss – Elas são coautoras do Novo Testamento, porque os textos que conhecemos como Novo Testamento, as Cartas de Paulo, os Evangelhos, foram ditados a pessoas escravizadas ou ex-escravizadas. E esse foi um processo muito ativo e colaborativo, elas tinham um grande trabalho.
Uma vez escrito um texto, ele seria copiado e corrigido por um escriba escravizado. Seria transportado a outro local por um mensageiro escravizado que era, para todos os efeitos, um missionário. E seria, então, lido em voz alta e interpretado para o público por pessoas escravizadas.
Você pode ver pessoas escravizadas e ex-escravizadas como parte fundamental da atividade missionária, da escrita e da interpretação bíblica no início do Cristianismo. Elas estão envolvidas em tudo isso.
BBC News Brasil – A senhora ressalta que os escravizados tinham um papel muito ativo nessa colaboração. De que maneiras eles contribuíram na edição e correção dos textos?
Moss – Era um trabalho muito ativo. Na Antiguidade, eles usavam taquigrafia, mas não era padronizada, era muito individual. Isso significa que quem fizesse a anotação seria a pessoa a expandir [as abreviações] e, ao fazer isso, estaria tomando decisões sobre como fazer o texto soar bem.
Secretários escravizados tinham alto grau de educação, especialmente se comparados aos apóstolos, que eram pescadores. Assim, era útil aos apóstolos ter pessoas instruídas que pudessem ajudar a melhorar o estilo, tornar a história mais cativante, esse tipo de coisa.
Então, devemos supor que os escravizados estão participando disso. E é importante, porque significa que eles não são apenas colaboradores, mas que sua visão de mundo, sua perspectiva, suas prioridades e sua genialidade, tudo isso também está presente nos textos.
BBC News Brasil – A senhora afirma que as pessoas escravizadas tinham alto grau de instrução, o que é diferente da escravidão atlântica, quando muitos escravizados eram impedidos de aprender a ler. Como era esse aspecto da escravidão na Era Romana?
Moss – Essa é uma das grandes diferenças entre a escravidão romana antiga e a escravidão atlântica. Na escravidão atlântica, os proprietários não queriam que seus trabalhadores escravizados aprendessem a ler e escrever precisamente porque isso lhes daria poder, então tomaram medidas ativas para evitar isso.
Mas com os romanos era diferente, por uma série de razões. Uma delas é que não tinham óculos.
Cerca de 40% da população atual teria dificuldade de ler e escrever se não tivesse óculos. Você pode imaginar como, na Antiguidade, ter trabalhadores escravizados que podiam ler e escrever melhor que você, simplesmente porque podiam enxergar melhor, era realmente importante.
E não era apenas deficiência visual, mas também problemas como artrite, gota [que dificultavam a escrita]. Se você escreve por um longo período de tempo, começa a doer. Essa é outra razão pela qual as pessoas não queriam fazer [essa tarefa].
E você adiciona a isso a falta de eletricidade. Grande parte da leitura era feita à noite. Então eles usavam trabalhadores escravizados, especialmente jovens, que tinham visão aguçada. Temos evidências deles falando sobre isso.
Na época da escravidão atlântica já existiam máquinas que podiam copiar textos, mas os romanos não tinham isso, então precisavam de pessoas. Não queriam fazer esse trabalho eles próprios, por isso usavam pessoas escravizadas e devidamente treinadas para produzir textos legíveis.
BBC News Brasil – Qual era a situação dos ex-escravizados que haviam sido libertos, muitos dos quais também atuavam como escribas e leitores?
Moss – Muitos continuavam morando nas casas de seus escravizadores e continuavam obrigados a eles. Caso sentissem que um liberto tinha sido ingrato, os romanos debatiam no Senado sobre sua reescravização. Em determinadas situações, os libertos poderiam ser executados.
Há passagens na literatura romana sobre como os libertos eram obrigados a fornecer serviços sexuais a seus ex-escravizadores, principalmente no caso das mulheres.
Certamente não era uma liberdade da forma como pensamos atualmente.
BBC News Brasil – Seu livro cita exemplos específicos que indicam a colaboração de escravizados e libertos na criação do Novo Testamento. Quais são alguns dos principais?
Moss – Sabemos que Paulo, que era um dos poucos autores cristãos da época com bom nível de instrução, estava ditando. E sabemos disso porque ele próprio nos diz.
Sabemos o nome do escriba que escreveu a Epístola aos Romanos, Tércio, que significa apenas “terceiro”, e é o nome [comum] de trabalhador escravizado.
Na Epístola aos Gálatas e na Primeira Epístola aos Coríntios, Paulo faz referência ao fato de estar escrevendo partes das cartas sozinho, o que sugere que outra pessoa escreveu o resto. Ele efetivamente diz que foi coautor de várias de suas cartas.
Em relação ao Evangelho Segundo Marcos, sabemos que Marcos era, na verdade, o secretário de Pedro. A tradição [cristã] mais antiga nos diz que ele era um intérprete para Pedro, e podemos supor que um intérprete [na época] seria uma pessoa escravizada.
Quando você olha para os dados, a maioria dos intérpretes era escravizada. Então, essa primeira camada da tradição [cristã] faz com que Marcos pareça ser um tipo de trabalhador escravizado.
Posteriormente, ele é [apresentado como] o primeiro bispo de Alexandria, mas não é isso que a tradição antiga diz.
Sabemos que todos os textos do Novo Testamento, quando copiados, teriam sido copiados por trabalhadores escravizados ou ex-escravizados. Esses eram textos muito longos, levavam muito tempo para serem copiados.
E quando você vê os nomes de alguns dos associados de Paulo, como Epafrodito ou Fortunato, esses são nomes [comuns] de trabalhadores escravizados.
Se você olhar para as evidências, se deixar de lado a tradição cristã e perguntar, dados seus nomes, dado o que estão fazendo, que tipo de pessoas eram eles, você dirá que eram escravizados. Essa seria a conclusão lógica.
BBC News Brasil – Além de contribuir para a redação da Bíblia, pessoas escravizadas também ajudaram a espalhar o Evangelho. Como era esse trabalho?
Moss – Para espalhar o Evangelho, ele precisava ser levado por alguém [a locais distantes]. Viagens eram perigosas na Antiguidade e, por isso, essa tarefa costumava ser atribuição de trabalhadores escravizados em quem se podia confiar para transmitir as cartas com precisão.
Eles tinham que descobrir como chegar ao destino. Quando chegavam, tinham que decidir quando se anunciar e entregar a mensagem. E, se estivessem em uma comunidade cristã, eram chamados a ler a mensagem em voz alta para o grupo.
Se você pensar nas Cartas de Paulo, ou nas cartas de outras figuras do início do Cristianismo, temos os nomes de alguns desses mensageiros, e são todos libertos ou trabalhadores escravizados.
Ao ler a mensagem em voz alta, o tom de voz e a ênfase, são muito importantes. Os gestos com as mãos, as expressões, tudo isso dependia da pessoa escravizada que estava interpretando o texto.
Naquele momento, eles se tornam a face do Evangelho. Eles são os intérpretes das escrituras.
Há várias evidências da Antiguidade tentando limitar a forma como os textos eram interpretados, porque havia preocupação com isso, com a influência da pessoa que faz a leitura.
[Esses mensageiros] também respondiam a perguntas. No caso das Cartas de Paulo, mesmo hoje em dia algumas pessoas têm dificuldade de entender.
Paulo dava instruções aos mensageiros sobre como ler e como explicar as cartas. Sabemos disso porque ele próprio nos diz.
Se você estivesse em uma igreja hoje, esses mensageiros seriam a pessoa que faz a homilia e, muitas vezes, o sermão. Porque são eles que estão fazendo a interpretação dos textos.
BBC News Brasil – Durante quanto tempo durou esse processo, em que pessoas escravizadas participaram ativamente da composição e da disseminação de textos bíblicos?
Moss – Estamos falando realmente dos primeiros 200 anos em que o Cristianismo estava se espalhando. Os anos críticos em termos de escrever, copiar e disseminar a mensagem. Todos os livros do Novo Testamento foram escritos nesse período.
Posteriormente, há um período em que se vê mais pessoas que são profissionais, mas que não são escravizadas, copiando os textos. E isso acontece por volta do século quarto. E então você vê o surgimento dos mosteiros, e a tarefa de copiar os textos se torna domínio dos monges.
BBC News Brasil – Seu livro recebeu algumas críticas por usar “muitas conjecturas” e “especulação sobre o passado”. Como foi feita a sua pesquisa? E qual a sua resposta a essas críticas?
Moss – Em relação à minha pesquisa, fiz uma série de coisas. Porque é difícil, você está tentando contar as histórias de pessoas que foram deliberadamente apagadas da História.
É um desafio, mas não é sem precedentes. Estudiosos da História Atlântica já fizeram isso antes, e desenvolveram um método chamado fabulação crítica. Quando as pessoas dizem que estou sendo especulativa, o que querem dizer é que estou usando esse método.
Nesse método, sabemos que estamos tentando preencher lacunas e, portanto, sendo especulativos. Mas eu também diria que muitos estudos são especulativos sem reconhecer esse fato.
Não olhei apenas para o que os estudiosos da História Atlântica fazem, mas também para a história da ciência cognitiva, a história do trabalho [envolvido na escrita] de livros.
Analisei amostras do período medieval, do século 17, do século 20, e ficou claro que, quando se tem funcionários administrativos de baixo escalão, eles sempre alteram o texto.
Li muitos estudos médicos para ver o quão grave teria sido a perda de visão durante a Antiguidade. Observei esqueletos, [para] evidências de artrite. Li muitos relatórios arqueológicos.
Pesquisei materiais que me eram muito familiares, como papiros antigos que registravam como as pessoas escreviam. Vi exemplos de pessoas escrevendo sobre trabalhadores escravizados em textos.
Este é um livro escrito para todos, eu não queria que fosse muito técnico. Mas uma das coisas que fiz e que não tenho certeza se os críticos notaram foi criar um site com todos os recursos disponíveis, de forma gratuita, com links para as fontes primárias, para quem quiser ver as evidências.
Então acho que, quando as pessoas dizem que estou sendo especulativa, é porque sou muito transparente sobre onde há evidências melhores ou piores, e a maioria das pessoas não faz isso. A maioria apenas apresenta um argumento forte.
Em termos de especulação, eu estava dizendo coisas como: “Se sabemos que pessoas escravizadas trabalharam neste texto, e isso é um fato, que tipo de mudanças podemos imaginar que eles introduziram?”
E então eu procuraria, por exemplo, vocabulário que Paulo não usou em suas outras cartas, e o que isso poderia significar para trabalhadores escravizados [terem sido autores do texto].
Mas estava claro que eu estava dizendo “talvez tenha sido isso que aconteceu, porque não posso provar de uma forma nem de outra”.
E eu diria que também não se pode provar que foi Paulo [que escreveu]. É apenas uma suposição. Dizer que Paulo escreveu a Epístola aos Romanos, quando o que [o texto] diz é que Tércio escreveu, não é apenas especulação, é errado.
Eu diria que Paulo e Tércio escreveram a Epístola aos Romanos, e que não podemos ter certeza [do tamanho] da contribuição de Tércio. Mas isso não significa que devemos apagar Tércio da história.
BBC News Brasil – O que a senhora espera que as pessoas levem da leitura de seu livro?
Moss – Gostaria que pensássemos de forma diferente sobre quem estamos lendo quando lemos a Bíblia.
Não é apenas um livro de reis e bispos. É também uma coleção de livros produzidos por pessoas de diferentes setores da sociedade, que merecem visibilidade.
E, se pensarmos nelas, vamos ler as escrituras de maneira diferente. Vamos perceber coisas que não havíamos notado.
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Primavera chega com a lembrança de grandes músicas feitas com inspiração na estação em saga iniciada há 90 anos

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Gravações de Tim Maia, Carmen Miranda, Beto Guedes, Daniela Mercury, Nando Reis e Francisco, El Hombre celebram a temporada das flores. ♫ MEMÓRIA
♪ “O Rio amanheceu cantando / Toda a cidade amanheceu em flor / E os namorados vem pra rua em bando / Porque a primavera é a estação do amor”, celebrava a cantora Carmen Miranda (1909 – 1955), pioneira popstar nacional, dando voz aos versos de Primavera no Rio, marcha do compositor Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha (1907 – 2006).
Gravada em 1934, a marcha Primavera no Rio é a primeira música a fazer sucesso com letra inspirada pela estação das flores. De lá para cá, já se passaram 90 anos, mas a primavera continua sendo, das quatro estações do ano, a que mais motiva os compositores a fazer música. seguida de perto pelo verão.
Nem todas as canções são alegres, mas todas retratam a primavera como um símbolo de amor, paz, esperança, democracia e/ou felicidade.
Para celebrar a chegada de mais uma primavera neste domingo, 22 de setembro de 2024, o Blog do Mauro Ferreira elege dez músicas que abordam a estação das flores.
Tim Maia (1942 – 1998) na capa do primeiro álbum, lançado em 1970 com a canção ‘Primavera’
Reprodução
♪ Primavera no Rio (Braguinha, 1934)
– O frescor do canto de Carmen Miranda (1909 – 1955) deu a devida vivacidade à marcha que fez o Rio de Janeiro amanhecer cantando em 1934, há 90 anos.
♪ Primavera (Cassiano e Silvio Roachel, 1970)
– Gênio do soul nacional, Cassiano (1943 – 2021) compôs com Silvio Roachel e arranjou, com sublime orquestração de arquitetura soul, esta balada aliciante que deu projeção nacional a Tim Maia (1942 – 1998) no início de 1970. Clássico instantâneo, a gravação original de Primavera no vozeirão de Tim é obra-prima em que música, arranjo e canto se harmonizam com perfeição! É a música que mais identifica a primavera no imaginário nacional.
♪ Primavera (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1964)
– Apresentada há 60 anos na trilha sonora do musical Pobre menina rica (1964), composta por Carlos Lyra (1933 – 2023) com letras de Vinicius de Moraes (1913 – 1980), essa canção tristonha exemplifica o talento de Lyra para criar melodias sublimes.
♪ Sol de primavera (Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1979)
– Música que deu título ao álbum lançado por Beto Guedes em 1979, Sol de primavera foi amplificada na trilha sonora da novela Marina, exibida pela TV Globo em 1980. A letra do poeta Ronaldo Bastos sopra os ventos da abertura política, celebrando a “boa nova” que chega com a primavera e propondo a invenção de “uma nova canção”.
♪ Derradeira primavera (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962)
– Canção densa, de atmosfera solene, Derradeira primavera interpreta a estação como o tempo já ido de um amor não concretizado. Grandes cantoras já deram vozes a Derradeira primavera, casos de Nana Caymmi e Mônica Salmaso. Merece menção honrosa a gravação antológica feita por Elizeth Cardoso (1920 – 1990) no álbum Momento de amor (1968).
♪ Temporada das flores (Leoni, 2002)
– Mesmo sem trazer a primavera no título, essa canção solar de Leoni foi inspirada pela estação. A gravação original de Temporada das flores foi feita pelo autor no álbum Você sabe o que eu quero dizer (2002), no mesmo ano em que a cantora Milena Monteiro gravou a música, mas a canção floresceu na voz de Daniela Mercury em abordagem feita para álbum ao vivo de 2003.
♪ Espera a primavera (Nando Reis, 2020)
– A música de Nando Reis é pouco conhecida, até porque foi lançada em plena pandemia de covid-19, em 2020, mas é bonita. Na visão poética do compositor, a primavera é tanto a estação das flores como das cores do arco-íris, símbolo da diversidade das relações amorosas. Mas a chegada da primavera também pode ser interpretada na letra como a volta à vida normal após o fim da pandemia.
♪ Nada conterá a primavera (Juliana Strassacapa, Sebastián Piracés Ugarte, Andrei Kozyreff e Mateo Piracés Ugarte, 2021)
– A música da banda paulista Francisco, El Hombre é vibrante, enérgica, e evidenciou na gravação de 2021 a alta potência do arranjo creditado aos cinco integrantes do grupo. A chegada da primavera, no caso da letra, representa a volta da democracia e das liberdades individuais.
♪ Frevo na primavera (Toinho Alves, 1981)
– Mesmo sem letra, a música foi feita com inspiração no bem estar da primavera. O vibrante frevo foi lançado pelo Quinteto Violado no álbum Desafio (1981), tendo sido regravada pelo grupo em disco de 2002.
♪ Primavera nos dentes (João Ricardo e João Apolinário, 1973)
– A música do primeiro álbum do grupo Secos & Molhados é canção política de resistência que incentivou a luta por dias melhores – simbolizados pela primavera do título – em anos rebeldes.

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De biquini verde e amarelo, Katy Perry agradece fãs brasileiros e joga rosas da janela de hotel

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Cantora foi a atração principal do palco Mundo na noite de sexta-feira ( Katy Perry interage com fãs da varanda de hotel no Rio de Janeiro
Praticamente “em casa” no Brasil, Katy Perry jogou rosas para os fãs da janela do hotel onde se hospedou no Rio de Janeiro, na noite deste sábado (21).
A cantora, que foi a atração principal do palco Mundo na noite de sexta-feira (20), se despediu do país ao aparecer de biquini verde e amarelo.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Katy Perry disse que nunca ouviu fãs cantarem tão alto como na apresentação no festival.
“Nós amamos muito vocês. Sempre estaremos lá por vocês, assim como vocês sempre estiveram do meu lado. Cantaram tão alto no show ontem, foi o mais alto que já ouvi alguém cantar no meu show. Amo muito vocês. Obrigada por tudo. Austrália, você é a próxima parada”, disse a cantora.
Antes do show, Katy Perry já se mostrava bem á vontade no país. Ela visitou a estátua do Cristo Redentor, entrou nas instalações do “Estrela da Casa!”, reality da Globo, provou chocolate brasileiro, e ainda distribuiu pizza (com ketchup) para quem fez vigília na frente do hotel onde se hospedou.
Katy Perry agradece fãs brasileiros e joga rosas da janela do hotel no Rio de Janeio
Reprodução Instagram/katyperry
De biquíni verde e amarelo, Katy Perry agradece fãs brasileiros e joga rosas da janela do hotel no Rio de Janeio
Reprodução Instagram/katyperry

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Lenço, leque, câmera ‘old school’, sofá inflável: veja o que ‘hitou’ entre o público do Rock in Rio

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No lugar do aparelho celular, a velha minicâmera digital; o lenço na cabeça estilo camponesas; sofás infláveis e cordinhas segura copos no pescoço e para proteção de celular foram destaques. A moda dos lenços no Rock in Rio
Festival de música é um convite para ditar moda, ousar no figurino e nos acessórios. Durante os seis primeiros dias do Rock in Rio, que termina neste domingo (22), o g1 observou o público da Cidade do Rock para ver o que foi tendência este ano – boa parte delas inspirada em vídeos do TikTok.
No lugar do aparelho celular, a “velha” minicâmera digital – repaginada!.
Para amenizar o sol, o lenço na cabeça, em diversas estampas, em famosos e anônimos;
leques, para fazer estilo e espantar o calor;
Para esperar as atrações de forma confortável: colchões/sofás infláveis;
Para deixar as mãos livres e curtir sem furtos; cordinhas para celulares e copos.
A volta das câmeras fora do celular
No lugar do celular, as minicâmeras digital foram a sensação no festival
Reprodução/Rock in Rio
A volta das câmeras digitais, que eram febre na era pré-celular, deu uma pitada retrô ao festival. Apesar de serem minoria – os milhares de celulares acesos filmando os shows seguem dominando a Cidade do Rock –, as máquinas fotográficas ressurgiram, mais de 10 anos depois de serem praticamente aposentadas.
Old school, mas nem tanto: na era das redes sociais, ninguém aguenta esperar chegar em casa para ver a foto. Após escolher um bom ângulo e registrar o momento, os donos das pequenas câmeras agora usam um adaptador para fazer o download das imagens do cartão de memória para o… celular. Aí, é só postar e aguardar os likes.
Lenços
João Guilherme chega para curtir o segundo dia de Rock in Rio
Leo Franco / AgNews
A para ficar bonito na foto, o público caprichou nos looks e, apesar da onda de calor, não faltou criatividade nem conforto. Dentre as tendências, o lenço, em diversas estampas, parece ter vindo para ficar.
A tendência, que viralizou no TikTok e no Instagram, fez a cabeça de famosos como a influenciadora Malu Borges e o ator João Guilherme, namorado de Bruna Marquezine.
Mas a moda dos VIPs também chegou na “pipoca”. O casal Gabriel Sampaio e Isadora Santos usou o lenço na sexta-feira (20). O rapaz conta que, num primeiro momento, ficou com medo do julgamento das pessoas, mas decidiu se jogar.
O casal Gabriel Sampaio e Isadora Santos
Thaís Espírito Santo/g1 Rio
“A minha namorada sempre usou. Mas, eu ficava com medo de usar, mas me abri hoje. Estou super confortável. Coloquei nos stores uma foto e meus amigos elogiaram. Eu tinha medo do julgamento das pessoas. Ele me encorajou bastante. Mas, isso é igual uma cuscuzeira, esquenta bastante”, brincou Gabriel.
A peça, em seda ou algodão, lisa ou com desenhos, mostrou que tem poder de transformar looks com doses de irreverência.
O ator Telo Ribeiro contou que, por ter crush no ator João Guilherme Ávila, se inspirou para usar o lenço “camponesa”.
“Eu me inspirei nele. Fiz esse lookzinho. É uma estratégia para passar o calor também.”
Leques
Fãs apostam em leques, cangas e ‘chuvinha’ para driblar o calor
Se o lenço é bom para o calor ou não, deixamos para o público decidir. Mas outro item muito presente na Cidade do Rock foram os leques.
Além do ventinho refrescante, o item também é usado como adereço de estilo.
Leque contra o calor na Cidade do Rock
Stephanie Rodrigues/g1
Cordinhas
E quando acaba a bebida? Fazer o que com o copo? Coloca no pescoço. Isso mesmo, no pescoço. Cordinhas com suporte para encaixar os copos ganharam força. Dificulta a perda do item e garante desconto na compra das bebidas – veja os preços com ou sem o copo.
“É o jeito mais prático de aproveitar o festival, sem precisar ficar carregando copo na mão pra todo canto. Quando fica vazio, a gente curte bastante o festival com ele dependurado”, brinca o paulista Jonathan Rai.
Jonathan Rai com a cordinha porta-copo
Rafael Nascimento/g1 Rio
“A gente consegue ficar com a mão solta quando não tem bebida”, diz Raíssa Lopes, gerente de atendimento.
Longas filas para pegar brindes indicaram outra tendência do festival – esta um misto de segurança e estilo. Marcas distribuíram cordinhas coloridas para prender os aparelhos de celular e, assim, reduzir os furtos.
“Acaba que é seguro, né. A gente prende e não tem perigo de roubar. É muito bom”, conta o atendente Ricardo Teles.
Cordinhas foram usadas como proteção de segurança para os aparelhos celulares
Rafael Nascimento/g1 Rio
Sofás (ou camas) infláveis
E quando cansa? O que fazer para descansar?
Além das já conhecidas cangas, outra maneira criativa de esperar as atrações de forma confortável ganhou mais adeptos: os sofás infláveis.
Sofá armado no Global Village durante show da portuguesa Carminho
g1 Rio
“Vimos no TikTok e era possível trazer, aí procuramos, compramos e tá aqui”, conta o engenheiro da computação João Bonilha.
Para encher, nada de sopro ou bomba: basta “ensacar o vento”, explica Bonilha.
“A gente corre pra lá e pra cá e enche rapidinho.”
João Bonilha enchendo o sofá inflável
Arquivo pessoal
Com uma amiga sentada em seu sofá, Camilia Menezes conta que comprou o objeto nesta semana, após ver um casal usando no último domingo (14).
“O meu namorado perguntou ao casal se era tranquilo de comprar e trazer… Eles disseram que sim, então compramos”, diz a jovem. Mas, ela brinca: “É um pouco vergonhoso (para encher). A gente balança e corre pra lá e pra cá. Mas, o bom que ele fica umas três horas e depois corre de novo. É confortável e serve como ponte de encontro”.
João Bonilha descansa após encher o objeto
Rafael Nascimento/g1 Rio

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