O grupo Racionais MC’s apronta álbum que, além dos rappers Criolo e Djonga, terá a participação de MC Hariel, jovem astro do funk paulista
Bob Wolfenson / Divulgação
♪ ANÁLISE – Desde que surgiu em 1988, na periferia da cidade de São Paulo (SP), o grupo Racionais MC’s logo se tornou referencial na então recém-criada cena brasileira de hip hop pelo som e pela ideologia firmes que fizeram a cabeça de um público jovem e majoritariamente preto.
Era como se o quarteto de Edi Rock, Ice Blue, KL Jay e Mano Brown simbolizasse uma ilha no universo pop nacional, dialogando com o público-séquito dos Racionais de forma profunda e independente, sob perspectiva social e política então inédita na música brasileira, sem precisar de interações com a mídia e até de conexões com outros artistas.
Só que os Racionais MC’s nunca pararam no tempo. Como sentencia o título de disco lançado pelo grupo em 2002, nada como um dia após o outro dia.
O mercado da música mudou radicalmente com a criação das plataformas digitais e o cenário brasileiro de hip hop se expandiu, sobretudo a partir dos anos 2010, com a ascensão de rappers como Criolo e Emicida para além dos habituais nichos do gênero.
Atento aos sinais, o quarteto paulistano promove conexões com nomes do hip hop e do funk no primeiro álbum em dez anos.
Gravado desde 2023, em processo que se estendeu ao longo do primeiro semestre de 2024, o sucessor do álbum Cores & valores (2014) está praticamente pronto e, ao que consta, terá as participações de rappers de outras gerações, como Criolo e Djonga, e de um jovem astro do funk paulista, MC Hariel.
Tais conexões são salutares. Por mais que o grupo Racionais MC’s já seja uma entidade no hip hop nacional e independa de estratégias mercadológicas para soar relevante, as interações com artistas de outras gerações podem contribuir para ampliar o alcance do rap do quarteto.