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Alice Caymmi faz raio cair duas vezes no mesmo lugar ao se reconectar com o produtor Diogo Strausz em ‘O amor’

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Artista lança versão de música espanhola de 1981 em single de dramaticidade épica que a recoloca no primeiro time de cantoras brasileiras do século XXI. Alice Caymmi lança o single ‘O amor’ para celebrar os dez anos do álbum ‘Rainha dos raios’
Gustavo Zylbersztajn com arte de Grão Azevedo
Resenha de single
Título: O amor (El amor)
Artista: Alice Caymmi
Composição: Rafael Pérez Botija, 1981, em versão em português de Alice Caymmi, 2014
Edição: Rainha dos Raios Produções
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Dizem que um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. Alice Caymmi contraria o dito popular com O amor, single que aterrissa hoje, 12 de julho, como um raio nos aplicativos de áudio.
A gravação é apresentada como “o primeiro ato” de série de ações idealizadas pela artista carioca para celebrar os dez anos do segundo álbum de Alice, Rainha dos raios (2014), ainda hoje o título mais coeso, relevante e impactante da discografia da cantora e compositora, voz dissonante no clã tradicionalista da família Caymmi.
O amor é versão em português de El amor, música do compositor Rafael Pérez Botija apresentada ao mundo há 43 anos em gravação feita para o álbum Tiempos dificiles (1981) pela cantora espanhola Massiel, nome artístico de María de los Ángeles Félix Santamaría Espinosa, revelação do universo musical hispânico em 1968.
Sagaz, Alice Caymmi verteu a letra para o português com fidelidade aos versos que mostram como o amor pode elevar e/ou afundar o ser humano na mesma intensa proporção.
Inebriante pela própria natureza pungente, a canção é o veículo perfeito para a exposição da dramaticidade do canto de Alice Caymmi – teatralidade explorada em álbuns posteriores com Electra (2019), mas deixada de lado em discos autorais de acento mais pop.
Contudo, se o single O amor surte todo o efeito pretendido, é também pelo reencontro da cantora com Diogo Strausz, produtor musical do álbum Rainha dos raios. Arranjador e multi-instrumentista de grande habilidade, Strausz cria temperatura quente na orquestração de O amor para potencializar a força dramática do canto de Alice.
A instrumentação – com piano, baixo, sintetizador e programações a cargo do próprio Strausz, além da bateria de Samuel Fraga e do piano de Alexandre Fontanetti – faz com que o arranjo acompanhe, em fina sincronia, a progressiva intensidade dos versos e do canto de Alice Caymmi, culminando em clima épico, envolvente. Tudo está no tom certo, inclusive a mixagem de Clement Roussel e as fotos promocionais de Gustavo Zylbersztajn.
Enfim, o single O amor está à altura do álbum Rainha dos raios, cai como um raio em meio à apatia fonográfica generalizada e recoloca Alice Caymmi no primeiro time de cantoras brasileiras projetadas no século XXI.
♪ Eis a letra de O amor / El amor :
(Rafael Pérez Botija, 1981, em versão em português de Alice Caymmi)
“O amor é um raio de luz indireta
Uma gota de paz, uma fé que desperta
Um zumbido no ar, um ponto na névoa
Um perfil, uma sombra, uma pausa, uma espera
O amor é um suave rumor que se acerca
Um sino ao longe, uma brisa tão leve
Uma voz sempre calma, um perfume de hortelã
Um depois, um talvez, uma vez, uma meta
O amor vai brotando entre o ar e a terra
E se toca e se sente e há quem possa vê-lo
E te faz despertar e pensar sempre nele
E te chama devagar roçando a sua pele
O amor te hipnotiza, ele te faz sonhar
E você sonha e cede se deixa levar
E te move por dentro e te faz ser tão mais
E te empurra e te puxa e te leva pra trás
E então te levanta, te joga e te queima
Faz luz na sua alma, faz fogo em suas veias
Ele te faz gritar sentindo que queima
Te dissolve, te evapora, te destrói e te cria
E te faz viajar no limite do tempo
Subindo os rios de mil universos
Te leva a glória e te entrega a terra
Te olha e te vê e pensa e pensa
De repente o amor é a luz de uma chama
Que começa a apagar e se vai e se apaga
É uma ilha pequena perdida na névoa
Uma gota um não sei uma mancha um sorriso
O amor é a folha caída na terra
Um ponto no mar, uma bruma espessa
Um peso na alma um sol que se vela
Um porque um acordo, um não mais, uma queixa
O amor vai descendo, degrau por degrau
Com as mãos bem fechadas e o passo cansado
Te pergunta quem és para que tu sempre lembres
Que ele mal te conhece, o que mais queres dele?
O amor te pirraça, ele ri de você
Você fica parado sem saber o que dizer
E deseja segui-lo e dizer-lhe que não
Que ele fique, que volte, que pegue a contra mão
O amor destrói suas grandes ideias
Te corrói, te rompe, te parte e te quebra
Te faz sempre sentir que você não o quer
E Te leva a ser mau e te deixa na merda
E te joga no chão para o último inferno
Rasgando sua alma pisando em seu corpo
Te afoga de saudade, de voltar a ser nada
E de repente ele para e te vê e tem pena”

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