Connect with us

Festas e Rodeios

Festival de 1989 com Sepultura antes do sucesso em estádio de Piracicaba teve prejuízo: ‘Sonho virou pesadelo’, diz organizador

Published

on

Banda reconhecida mundialmente, headline do Santa Bárbara Rock Fest nesta sexta (23), tocou no S.Pira com pouco público há 35 anos; membro da Chacina estava na plateia. Andreas Kisser pergunta à plateia sobre Festival S.Pira durante show em Piracicaba em 2023.
Rafael Bitencourt/Tempo D Comunicação e Cultura
Com uma carreira consolidada no cenário do metal mundial e, após 40 anos de estrada, o Sepultura anunciou o fim. A turnê de despedida “Celebrating Life Through Death” (“Celebrando a Vida Através da Morte”, na tradução livre para o português) passará pelo Santa Bárbara Rock Fest 2024 nesta sexta-feira (23), noite de abertura do evento. A expectativa é que a banda nascida em Belo Horizonte (MG), que se tornou uma referência do metal mundial, reúna um grande público em apresentação histórica, com entrada gratuita.
A plateia corriqueiramente lotada e os bons índices de venda do Sepultura, algo normal para uma banda desse porte, entretanto, não foram realidade em um outro festival de rock, ocorrido há 35 anos em Piracicaba (SP), pouco antes do sucesso mundial do grupo.
📲 Participe do canal do g1 Piracicaba no WhatsApp
A data, 11 de agosto de 1989, também uma sexta-feira, nunca saiu da memória de Miguel Araújo por um motivo compreensível. Era a primeira vez que o então adolescente de 15 anos saía de casa para passar uma noite fora, com amigos. O local escolhido foi o estádio Barão da Serra Negra, sede do XV de Piracicaba, onde aconteceu o I Rock Festival S.Pira.
Crachá que Clemente, vocalista da banda Inocentes, usou no Festival S.Pira e deu ao produtor e crachá de Tonin
André Tonin/Arquivo pessoal
O evento, que se entendeu ainda pelo sábado e pelo domingo, teve, segundo as memórias de Miguel, apresentações da banda Milícia, de Piracicaba, além de Supla e do Sepultura no primeiro dia.
“Ficamos balançando o alambrado até a organização liberar para chegarmos no campo, porque estávamos assistindo da arquibancada, e o palco foi montado no meio do gramado. Aí, liberaram para irmos próximo ao palco e ficamos lá, curtindo. Devia ter 50, 60 pessoas”, lembra Miguel.
André Tonin, fã de rock que trabalhou na produção do evento de 1989, lembra que quando as pessoas começaram a balançar o alambrado, houve uma correria para falar com os produtores. Até que, finalmente, conseguiram liberar a entrada do público no campo.
“O Max [Cavalera, vocalista do Sepultura na época], falou na segunda ou terceira música que só ia continuar tocando se liberassem a entrada das pessoas. E foi liberado”, diz Tonin, trazendo à tona memórias de Wendel Degaspari, o DJ Crypton, que também trabalhou na produção do evento.
Miguel Araújo da banda Chacina esteve no Festival S.Pira no Estádio do XV de Piracicaba
Rick Sega/Arquivo pessoal
Público abaixo do esperado
Ao longo de três dias, o I Rock Festival S.Pira teve também shows de bandas e artistas como Inocentes, Ira e Kiko Zambianchi. Tonin e Wendel estimam um número um pouco maior de pessoas presentes no primeiro dia, porém, que não passava de 100. O público, segundo os produtores, foi maior nos outros dias. Não o suficiente, porém, para evitar prejuízo.
“A organização estava esperando um público de 15 mil pessoas, cinco mil por dia. Aí, quando vimos que tinha pouquíssima gente na sexta, já sabíamos que seria um problema. No sábado, o público foi melhor, mas não chegou nem perto dos 5 mil e no domingo também foi bem baixo. O festival em si deu prejuízo”, conta Tonin.
Prejuízo
O radialista Ary Jones foi o organizador do I Rock Festival S.Pira. O bom momento que o rock vivia no Brasil nos anos 80, inclusive, com a realização do Rock In Rio em 1985, foi um dos motivos que levaram os demais organizadores e ele a apostarem na ideia. Apesar de contar com o trabalho de uma equipe, Ary precisou arcar com o prejuízo, já que estava tudo no seu nome. E isso, mesmo utilizando o que era possível na época em termos de divulgação.
“Divulguei nas rádios, nos jornais, nas agências de turismo da região, fiz um trabalho grande de divulgação. E não deu público, se somar os três dias, não chega a mil pessoas. Não sei o que aconteceu”, lamenta.
Ary Jones em 1988, um ano antes do Festival S.Pira, no começo da carreira em comunicação.
Ary Jones/Arquivo pessoal
Sonho que se tornou pesadelo
Ary conta que, para viabilizar o festival, pegou dinheiro emprestado no banco. “Com isso, paguei o sinal de 50% para as bandas, como previsto em contrato. E o restante do dinheiro, eu não tinha. O que a gente acreditava ser um sonho, se tornou um pesadelo, foi o maior prejuízo da minha vida”, afirma.
Para resolver a pendência, o organizador precisou vender o seu carro e outros itens pessoais.
“Contratei um advogado, para negociar com todo mundo, e pagar da forma que eu poderia. Demorou 6, 7 anos pra acertar tudo, mas paguei tudo, não devo pra ninguém”, aponta o radialista.
“É importante ressaltar que, mesmo com os problemas inesperados, o festival aconteceu e seguramos as pontas nos três dias. E hoje, apesar de tudo, eu tenho orgulho de ter realizado esse evento”, completa Ary.
Crachá de Tonin, produtor do Festival S.Pira no fim da década de 80 em Piracicaba
André Tonin/Arquivo pessoal
Autógrafo improvisado
Entre as lembranças de Miguel e Tonin estão a presença de João Gordo, da banda Ratos de Porão, no evento. Tonin ganhou palhetas de Andreas Kisser e Paulo Xisto, respectivamente, guitarrista e baixista do Sepultura. Outro presente foi uma espécie de “autógrafo improvisado” de Clemente Nascimento, vocalista dos Inocentes.
“Eu não tinha uma caneta, nada pra ele autografar. Aí pedi o crachá dele de músico, com o nome dele, e ele me deu”, diz o fã de rock, que guarda o item junto ao seu próprio crachá, de quem trabalhou no evento.
André Tonin trabalhou na produção do Festival S.Pira em 1989
Luciana Tonin/Arquivo pessoal
Importante nome mundial
André Tonin observa que o festival de 1989 aconteceu antes do Sepultura se mudar para os Estados Unidos e alcançar sucesso mundial.
“Lembro que na época a gente ia pra São Paulo pra acompanhar shows deles e, uma vez, o Iggor [Cavalera, ex-baterista], chegou num Escort velho e ficou conversando com todo mundo”, recorda.
Pouco tempo depois do show em Piracicaba, ainda em 1989, o Sepultura embarcou para uma bem-sucedida turnê europeia, em que abriu os shows da banda alemã Sodom.
Nos anos seguintes, a banda se consolidaria como um importante nome mundial, ao unir thrash metal, death metal e elementos de música brasileira.
Com 40 anos de história, o Sepultura alcançou o topo do metal mundial, principalmente a partir da década de 1990, com álbuns essenciais do estilo, como Chaos A.D. (1993), Roots (1996) e o recente Quadra (2020).
Show do Sepultura em 2023 teve grande público no Sesc de Piracicaba.
Rafael Bitencourt/Tempo D Comunicação e Cultura
Topo do metal, com grande público
Desde então, a banda se acostumou a participar de importantes festivais do Brasil, Estados Unidos e Europa, e a fazer grandes turnês mundiais, sempre com grande público – o que também é o esperado no Santa Bárbara Rock Fest em 2024.
Em 2011, também com entrada gratuita, a banda lotou as proximidades do Palco Estação da Luz, durante show na Virada Cultural com a Orquestra Experimental de Repertório.
‘Quem aí estava no S.Pira?’, pergunta Kisser
Em 2023, durante show realizado no ginásio do Sesc Piracicaba, o guitarrista Andreas Kisser, de cima do palco, perguntou ao público, “Quem aí estava no S.Pira?”. Poucas pessoas do recinto lotado levantaram as mãos.
Faltava o Sepultura
Para Miguel, a apresentação no festival barbarense, no próximo dia 23, será “histórica”, assim como, por diferentes motivos, foi o show que ele viu junto aos amigos em 1989, do qual sempre guardará as lembranças. “Fizemos parte do início do Sepultura”, se orgulha.
Pouco tempo depois do 1º Rock Festival S.Pira, no final de 1990, Miguel fundou, em Piracicaba, a banda independente de thrash metal Chacina, que sobe ao palco GIG do Santa Bárbara Rock Fest às 20h30 da sexta (23), três horas antes da apresentação do Sepultura no palco Terra.
A banda liderada por Andreas Kisser foi uma das grandes influências de Araújo, junto a outras bandas do metal nacional, com as quais o Chacina, ao longo de mais de 30 anos de história, já tocou no mesmo evento.
Banda Chacina se apresenta no mesmo dia que Sepultura durante o Santa Bárbara Rock Fest
Rick Sega/Arquivo pessoal
“Até brinquei o pessoal da banda que vou aposentar depois disso, já toquei com todas as bandas de metal nacional que gosto, já fechei o meu ciclo”, assume Miguel, antes de lembrar que a aposentadoria ainda não está em cogitação.
“Eu sou apaixonado por bandas do metal nacional, tenho uma coleção de CDs de todas as épocas, com praticamente todas as mais importantes. E eu toquei com todas as bandas que sou fã, entre elas, Viper, Taurus, Ratos de Porão, Korzus, Anthares. Faltava o Sepultura”, diz.
Novo álbum do Chacina
Formada atualmente por Allan Big Thunder (vocal), Rodrigo Dalla Piazza (baixo) e Dark Machine (bateria), além de Miguel Araújo (guitarra), a banda Chacina está em fase de pré-produção do novo álbum, previsto para o início de 2025. Uma das composições vai abordar o recente desastre climático no Rio Grande do Sul.
Público durante show no Rock Fest SBO 2023
Marcelo Zanetti/g1
Santa Bárbara Rock Fest
O Santa Bárbara Rock Fest 2024 reúne 41 atrações ao longo de três dias de evento. São 35 bandas selecionadas de várias vertentes do rock, além de seis headliners. O evento acontece entre 23 e 25 de agosto e é gratuito.
Veja a programação do palco principal 👇
Sexta-feira (23) – Viper e Sepultura
Sábado (24) – Raimundos e Fresno
Domingo (25) – Gloria e Pitty
VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região
Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

Xuxa no Rock in Rio: como será o show no festival

Published

on

By

Ela se apresentará após o show de Katy Perry, nesta sexta-feira (20), no Palco Itaú. Ela fecha o dia com line-up composto inteiramente por artistas mulheres. Xuxa se apresenta no Rock in Rio
Divulgação
A participação de Xuxa no Rock in Rio foi confirmada nesta sexta-feira (20). A “Rainha dos Baixinhos” se apresentará após o show de Katy Perry, no Palco Itaú.
“O futuro está aí. As crianças estão aí. As crianças que cresceram comigo estão mostrando para os seus filhos o trabalho que eu fiz no passado. Quer coisa mais futurística que isso? Ser o futuro é isso: você fazer parte do passado de muita gente, ser o presente e fazer parte da imaginação das pessoas futuramente. O fato de eu fazer parte do imaginário e também do dia a dia dos netos dessas pessoas me emociona muito”, disse.
A artista promete fazer o gramado virar uma grande pista de dança com seus hits de sucesso.
Rodrigo Montesano, head de Experiências de Marca e Patrocínios do Itaú Unibanco, disse que a presença de Xuxa no espaço “é uma homenagem à sua trajetória como ícone da cultura pop brasileira”, principalmente em um dia de line-up inteiramente feminino.
Katy Perry distribui pizza para fãs na porta do Copacabana Palace

Continue Reading

Festas e Rodeios

Do consumo responsável à oportunidade: projeto Cri. Ativos da Favela chega ao Rock in Rio

Published

on

By

Projeto promovido pelo Instituto HEINEKEN, Rock in Rio, Favela Filmes e CUFA direciona verba arrecadada com vendas de Heineken 0.0 para capacitação de jovens talentos na área do audiovisual Após o sucesso da edição piloto do projeto Cri.Ativos da Favela, lançado em 2023, em São Paulo, durante o festival de música The Town, o Instituto HEINEKEN em parceria com a marca Heineken®, o Rock in Rio, Favela Filmes e a Central Única das Favelas (CUFA) anuncia a ampliação do programa para a cidade do Rio de Janeiro.
Dessa vez, na edição que celebra os 40 anos do maior festival de música e entretenimento do mundo, o projeto irá impactar diretamente 120 jovens, o dobro da edição de estreia, oriundos das favelas cariocas.
À semelhança do que aconteceu no The Town 2023, e com o objetivo de fomentar o consumo responsável, o valor arrecadado com a venda de Heineken 0.0, versão zero álcool da marca, ao longo dos sete dias do Rock in Rio, será destinado à iniciativa que visa transformar a vida de jovens por meio da formação na área do audiovisual, inteligência artificial e música.
Além de formação em roteiro e produção de vídeos, o curso será focado no contexto musical, pontua Vania Guil, gerente executiva do Instituto HEINEKEN.
“O Rio de Janeiro é conhecido por sua rica tradição cultural e musical e gêneros como Rap, Trap e Funk emergem daqui, o que dá ainda mais peso para a relevância da música na vida desses jovens. Queremos fortalecer a conexão deles com a própria cultura e identidade e fazer com que isso possa gerar oportunidades de renda, preparo profissional, reconhecimento e inserção no mercado de trabalho”, afirma.
Os jovens das favelas do Brasil estão no centro do trabalho de impacto social que o Instituto Heineken desenvolve e, somar esforços com parceiros como Rock in Rio, Cufa e Favela Filmes para iniciativas como essa ampliam o potencial de atuação. O projeto entende que ver os jovens ganhando cada vez mais espaço e amplificando sua voz é a melhor resposta para quem ainda não entendeu a potência transformadora que vem das favelas.
“A união de forças entre empresas privadas e o terceiro setor é fundamental para que possamos fazer o mundo ser melhor para todos com o máximo de agilidade e, sempre que possível, focando em dar ferramentas de fortalecimento, dignidade e independência para os ecossistemas mais fragilizados da sociedade”, diz Roberta Medina, vice-presidente executiva da Rock World sobre a iniciativa.
“O curso Cri.Ativos da Favela tem um impacto direto e profundo na vida dos alunos. É uma imersão na qualificação técnica e na prática do audiovisual. Estamos falando de jovens que, em muitos casos, enxergam no audiovisual uma forma de expressar suas vivências e histórias, e o projeto dá a eles as ferramentas. Além de proporcionar a mudança em suas vidas e de seus familiares”, diz Preto Zezé, presidente da CUFA Rio.
Segue o fio para conhecer mais sobre o projeto.

Divulgação

Continue Reading

Festas e Rodeios

Obra de Chico Buarque é a trilha sonora aliciante que guia o povo brasileiro na cena de musical que vai de 1968 a 2022

Published

on

By

A atriz Cyda Moreno faz solo contra o genocídio do povo negro na cena de maior voltagem emocional do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’
Renato Mangolin / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE MUSICAL DE TEATRO
Título: Nossa história com Chico Buarque
Artistas: Artur Volpi, Cyda Moreno, Felipe Frazão, Flávio Bauraqui, Heloisa Jorge, Laila Garin, Larissa Nunes, Luísa Vianna, Odilon Esteves e Soraya Ravenle.
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Quando a atriz Cyda Moreno arrepia o público do Teatro Riachuelo ao fazer indignado solo contra o genocídio do povo negro, o musical Nossa história com Chico Buarque alcança pico de emoção e atualidade. Aplausos espocam em cena aberta nas sessões do espetáculo em cartaz na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de quinta-feira a domingo, até 6 de outubro.
Feita ao som de Construção e Deus lhe pague, músicas de 1971, a impactante cena de Cyda poderia se passar em 2024 ou em qualquer ano recente marcado pelos assassinatos de negros inocentes por policiais, fato recorrente no cotidiano nacional, sobretudo nas comunidades. Só que o solo da atriz está situado em 1968 na engenhosa arquitetura da narrativa do musical escrito pelo diretor Rafael Gomes em parceria com Vinicius Calderoni.
Os dramaturgos se desviam da já exausta fórmula dos musicais biográficos com a criação de trama estruturada em três atos – situados em 1968, 1989 / 1992 e 2022, anos emblemáticos na história política do Brasil – que vão se interligando à medida em que a ação avança no tempo.
Artur Volpi (à frente) é um dos destaques do coeso elenco do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’, vivendo vários personagens nos três atos
Renato Mangolin / Divulgação
A costura do texto é alinhavada pelo amor nunca vivido entre duas mulheres, Beatriz e Carolina, em paixão que atravessa três gerações de duas famílias numa saga que envolve 21 personagens interpretados por 10 atores.
Homogêneo, o elenco – Artur Volpi, Cyda Moreno, Felipe Frazão, Flávio Bauraqui, Heloisa Jorge, Laila Garin, Larissa Nunes, Luísa Vianna, Odilon Esteves e Soraya Ravenle – soa afinado em todos os sentidos quando dá voz ao texto e às canções de Chico Buarque com arranjos do diretor musical Alfredo Del-Penho.
Por ter sido composta ao longo de 60 anos por um dos maiores compositores do mundo em todos os tempos, a trilha de Nossa história com Chico Buarque resulta inevitavelmente irretocável. São canções que, na cena e fora dela, guiam o povo brasileiro na luta por liberdade política, afetiva e sexual. Sem jamais ter sucumbido ao panfleto, a obra do compositor hasteia bandeiras erguidas pela própria natureza política do artista.
No roteiro do musical, aberto por Paratodos (1993) no canto de Soraya Ravenle, desfila a própria história do Brasil em narrativa feita sem concessões até o arremate intencionalmente anticlimático ao som de Olhos nos olhos (1976) na voz de Artur Volpi. O painel social montado ao fim do espetáculo é amplo.
Inexiste em Nossa história com Chico Buarque o tom artificialmente festivo dos musicais vocacionados para deixar cair o ano com karaokê entre público e artistas. As cerca de 50 canções foram postas somente a serviço da cena. E é isso que torna Nossa história com Chico Buarque um musical arrojado e, ao mesmo, aliciante, sobretudo pela força perene das canções.
Ah… são bonitas as canções, sejam os cantores falsos ou verdadeiros. E quanta verdade há na cena e no canto do elenco de Nossa história com Chico Buarque! Se Roda viva (1968) gira no primeiro ato contra a corrente e a ditadura endurecida nos anos de chumbo, a canção Trocando em miúdos (Francis Hime e Chico Buarque, 1977) é na voz de Laila Garin a trilha da separação de Carolina ao fim do segundo ato.
Laila Garin brilha ao cantar músicas como ‘Beatriz’ e ‘Trocando em miúdos’ no espetáculo ‘Nossa história com Chico Buarque’
Renato Mangolin / Divulgação
Enfim, por estar entranhado na alma e na memória do povo brasileiro, o cancioneiro de Chico Buarque legitima e enobrece a saga política e afetiva posta em cena audaciosa na produção da empresa Sarau Cultura Brasileira.
A entusiasmada afluência do público à temporada carioca do musical somente corrobora a potência e o viço da obra do compositor, uma das mais perfeitas traduções da bagunça dos corações e também das dissonâncias sociais que pautam o Brasil, terra que ainda parece longe de cumprir qualquer ideal enquanto soarem atuais solos como o feito por Cyda Moreno na cena de maior voltagem emocional do espetáculo Nossa história com Chico Buarque.
A atriz Heloisa Jorge em solo vocal do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’, em cartaz no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro (RJ)
Renato Mangolin / Divulgação
Flávio Bauraqui é o escritor Nelson no primeiro ato do musical escrito pelo diretor Rafael Gomes com Vinicius Calderoni e faz o papel de Fernando no segundo
Renato Mangolin / Divulgação

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.