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Alzira E move águas passadas no disco ‘Senhora do tempo’ entre onze músicas inéditas compostas entre 1976 e 2022

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Alzira E lança o álbum Senhora do tempo’ em 13 de setembro com onze músicas inéditas em 12 faixas
José de Holanda com arte de Achiles Luciano sobre desenho de Alzira E
Capa do álbum ‘Senhora do tempo’
José de Holanda com arte de Achiles Luciano sobre desenho de Alzira E
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Senhora do tempo
Artista: Alzira E
Cotação: ★ ★ ★
♪ Até pela própria natureza acústica, Senhora do tempo – álbum que Alzira E lança em 13 de setembro – resulta sem a potência sonora de alma roqueira dos dois discos gravados pela artista sul mato-grossense com o grupo Corte. Os álbuns Corte (2017) e Mata Grossa (2023) são títulos de peso literal e metafórico da discografia da irmã de Tetê Espíndola, com quem Alzira volta e meia se juntou para revolver raízes pantaneiras e sertanejas.
Em Senhora do tempo, a artista recolhe 12 músicas que compôs entre 1976 e 2022, mas que nunca gravou. Onze são inteiramente inéditas em disco. A exceção é justamente a música-título Senhora do tempo, composta em 2004 e repaginada por André Abujamra no álbum Retransformafrikando (2007) com o título Senhores do tempo.
“O tempo passou / Agora são águas passadas”, enfatiza Alzira nos versos da canção-título deste disco gravado de março a junho de 2024 no estúdio Submarino Fantástico, na cidade de São Paulo (SP), com captação do engenheiro de som Otávio Carvalho e produção musical de Marcelo Dworecki, baixista, guitarrista e – desde 2012 – colaborador de Alzira em discos e shows.
São águas passadas que ocasionalmente movem assuntos que permanecem na pauta, caso de 1 ou 20 (1987), música até certo ponto atual nessa era digital em que o talento artístico é muitas vezes quantificado pelo número de seguidores e/ou ouvintes.
A safra de sobras apresentadas por Alzira E em Senhora do tempo resulta mediana. Do ponto de vista melódico, não se identifica uma grande canção ao longo das 12 faixas. Até porque, se houvesse, certamente essa grande canção já teria sido gravada pela artista.
Já o pulso da poesia lateja com alguma força em canções como Oitavo andar (“Da janela do oitavo andar / Salta uma lágrima suicida / A última gota sem gosto desgosto” – 2010) e Poros (“Somos todos os poros / Todos ímpares ases / Alguns pares nos ares / Asas do mesmo pouso” – 2021).
Entre canções mais ou menos poéticas, há dois temas instrumentais. Composição mais antiga do repertório do álbum Senhora do tempo, Oriente (1976) é levada por Alzira E no toque de violão de 12 cordas. Já Beira brejo (2017) evoca um universo rural muitas vezes visitado pela artista em outras encarnações musicais.
Em Senhora do tempo, disco que soa como produto de entressafra na colheita de Alzira E, o tempo se impõe implacável como o senhor da razão.

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