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‘Beetlejuice Beetlejuice’ é até divertido, mas falha ao tentar seguir fórmula do original de 1988

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G1 já viu a sequência de ‘Os Fantasmas Se Divertem’. Tim Burton acerta na parte visual absurda, mas roteiro lento erra no tom das personagens de Jenna Ortega e Winona Ryder. ‘Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice’.
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Na cultura americana, há uma ótima expressão difícil de traduzir: “camp” designa aquilo que é ao mesmo tempo cafona, engraçado, esquisito e fascinante. Por exemplo, “Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem” (1988) é um filme extremamente “camp”.
Na verdade, “Beetlejuice” é “camp” em uma medida tão espontânea e charmosa que é quase impossível de replicar. Mas Tim Burton tentou (e conseguiu em partes) com esta sequência do clássico dos anos 80, “Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice”, que estreia nesta quinta-feira (5).
“Beetlejuice Beetlejuice” segue a fórmula do filme de 1988, só que o original não parecia ter fórmula. É uma sequência divertida, com alguns pontos fortes. Mas se você esperava mais um clássico “camp”, talvez tenha que chamar o Betelgeuse uma terceira vez.
Não é simples fazer uma sequência para um clássico despretensioso, cujo sucesso tem a ver com sua inventividade para a época. Mas podia dar certo: “Beetlejuice” é uma história que permite sequências como poucas, justamente porque não tem compromisso algum com a realidade.
“Beetlejuice Beetlejuice” (cuidado para não dizer uma terceira vez) parte desse princípio e tenta honrar o anterior, lançado há 36 anos. Ele também abre espaço para uma possível continuação.
No geral, o filme tem mais falhas que acertos, mas quando traz de volta os personagens de Winona Ryder, Michael Keaton, Catherine O’Hara e as marcas de Burton, ainda tem um lado irresistível.
De volta aos Deetz
“Beetlejuice Beetlejuice” nos leva de volta à vida de Lydia Deetz (Winona Ryder), hoje uma apresentadora de um programa de TV sobrenatural. Ela tem sua madrasta narcisista, Delia (Catherine O’Hara), um namorado pouco confiável (Justin Theroux) e uma filha distante (Astrid, interpretada por Jenna Ortega).
Uma morte na família abala os personagens e desencadeia a história, enquanto Betelgeuse (Michael Keaton) aparece no pós-vida, agora fugindo de Delores (Monica Bellucci), sua ex-mulher sugadora de almas.
O filme começa alternando entre cá e lá, vida e pós-vida, cada personagem com uma trama diferente. Mas há um descompasso no ritmo: a história é lenta, pouco explicativa, e interpreta que você tem as referências originais na ponta da língua.
Ao longo das primeiras cenas, há tempo suficiente para que você se questione se essa sequência foi de fato uma boa ideia.
Família Deetz em ‘Beetlejuice Beetlejuice’.
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Talvez os próprios criadores tenham reconhecido essa dificuldade. Por isso, acabaram prejudicando alguns personagens para justificar a continuação da história. É o caso de Lydia, uma vez rebelde e esperta, que neste filme surge ingênua e manipulável. Sua filha também ganha uma trama rasa, que gira em torno de personagens masculinos.
É uma pena que Jenna e Winona, duas atrizes tão boas (uma sendo herdeira natural do legado da outra), pareçam tão pouco aproveitadas.
Por outro lado, Delia e Betelgeuse voltam como um alento aos olhos, com mais camadas e novas possibilidades. Quando o demônio esdrúxulo de Keaton assume a cena, é com o mesmo capricho (ou até mais) que no original, fazendo jus ao nome do filme.
Como era de se esperar, os acréscimos de Willam Dafoe (que interpreta um policial fantasma) e Monica Bellucci ao elenco beneficiam a sequência, mesmo que a atriz italiana tenha pouca oportunidade de falar.
Absurdo, mas não o suficiente
Pode ser estranho pensar dessa forma, mas o forte do filme não é a história. “Beetlejuice Beetlejuice” se realiza muito melhor no absurdo, quando abre mão da coerência.
Isso é nítido quando o filme vai para o pós-vida, habitat de Betelgeuse e os recém-mortos. Lá, cada personagem é uma nova piada; cada quadro da Sala de Espera do Purgatório, um entretenimento. Nisso, Tim Burton relembra sua habilidade em tirar os dois pés do realismo e deixar a imaginação correr.
‘Beetlejuice Beetlejuice’.
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A preocupação em agradar fãs do primeiro filme não passa despercebida. Parece que os roteiristas elencaram cada ponto icônico do original e tentaram reprisar um por um. Isso inclui a trilha sonora, que rende a “Beetlejuice Beetlejuice” a melhor cena do filme, ainda que não seja novidade para quem viu o primeiro.
Como o próprio Keaton já mencionou em entrevistas, houve uma preocupação em não abusar de efeitos visuais neste filme, preferindo os efeitos práticos.
Assim, “Beetlejuice Beetlejuice” se mantém na toada do original, sem tentar melhorar tecnicamente o que já era propositalmente ridículo.
Nesta sequência, os pontos mais engraçados não estão nas falas, mas no que seus olhos veem. De modo geral, está tudo lá, exceto um algo mais. Talvez isso tenha a ver com a impossibilidade de se chocar da mesma forma, ao ver cada forma estapafúrdia que Betelgeuse assume na tela. Ou, quem sabe, um pouco mais de loucura vinda da mente de Tim Burton. Quem diria que um dia isso poderia faltar…
Assista ao trailer de ‘Beetlejuice 2’

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