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Festas e Rodeios

520 mil litros de chope, meio milhão de latas de energético, 8 mil descidas na Tirolesa: os números do Rock in Rio

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Nos 7 dias, 730 mil pessoas passaram pela Cidade do Rock, 46% de fora do RJ. Roberta Medina responde ao público sobre escolha das atrações do Rock in Rio
O Rock in Rio 2024 terminou na madrugada desta segunda-feira (23), com o DJ Kaskade no palco eletrônico New Dance Order, após 500 horas de experiências em 7 dias de shows, com 750 atrações.
A organização do festival e órgãos públicos divulgaram o balanço da festa, e o g1 destacou alguns números.
Público
730 mil pessoas passaram pela Cidade do Rock, 46% de fora do RJ;
Vieram turistas de 31 países diferentes;
O musical “Sonhos, Lama & Rock and Roll” recebeu 12,5 mil pessoas no teatro montado na Arena 2;
A Roda Gigante recebeu 27 mil pessoas;
23 mil foram no Mega Drop;
O Discovery recebeu 21 mil;
6,9 mil andaram na Montanha-Russa;
8,2 mil desceram na Tirolesa.
Comida e bebida
Zeca Pagodinho abre show Pra Sempre Samba no Palco Sunset, no Rock in Rio
Stephanie Rodrigues/g1
O Gourmet Square vendeu 7 toneladas de comida. Hits: pizza de calabresa, sanduíche de costela e lasanha de costela;
520 mil litros de chope foram consumidos em 1,1 milhão de vendas;
322 mil Coca-Colas;
190 mil águas Crystal;
290 mil Schweppes Mixed;
500 mil latas de Red Bull;
80 mil copos de café da Três Corações;
7 toneladas de molho Hellmann’s;
161 mil hambúrgueres e 30 mil milk-shakes do Bob’s;
150 mil chocolates KitKat;
65 mil pizzas da Domino’s;
50 mil Cup Noodles;
30 mil espetinhos no Espetto Carioca;
35 mil sanduíches e frangos fritos do Hot ‘n Tender;
A Bacio di Latte vendeu 33 mil sorvetes;
O Vulcano, mais de 24 mil sanduíches;
Pastel do Rio vendeu 23 mil pastéis;
Foram 23 mil batatas no cone;
17 mil cachorros-quentes da Geneal;
12 mil hot dogs da Seara;
5 mil frangos crocantes da Seara;
10 mil sanduíches da Bimbo;
10 mil sanduíches e 6 mil polentas do Cheia de Graça;
10 mil esfihas do Nasaj;
4,5 mil pastéis de nata da Casa das Natas;
3 mil açaís do Porto do Sabor e mais de 2 mil castanhas glaceadas.
2º fim de semana do Rock in Rio: o que brilhou e o que flopou nos shows
Reciclagem e lixo
Na primeira venda, foram 604.880 copos com bebida, seguido de 1.393.292 compras no reúso;
150 mil copos foram recolhidos, lavados e que retornaram para operação;
Na área VIP, 1,5 tonelada de copos foi recolhida para reúso. Com a ação, o festival deixou de gerar mais de 14 toneladas de resíduos;
Até o último sábado, a Comlurb recolheu 370 toneladas de resíduos — 288,5 toneladas na parte interna, das quais 129,8 toneladas eram de materiais potencialmente recicláveis, e 81 toneladas no entorno;
Destes recicláveis, 50% já foram triados por 81 catadores e catadoras da Rede Movimento e apoio técnico da Ancat.
Casórios
Larissa Manoela e André Luiz Frambach renovam votos no Rock in Rio
Rafael Nascimento/g1 Rio
Na Capela Chilli Beans, foram mais de 1 mil celebrações do amor realizadas pelo personagem Elvis Presley e 3 casamentos oficiais celebrados pela juíza de paz Maria Vitória Riera;
Celebridades entraram na brincadeira e renovaram os votos de casamento, como Larissa Manoela e André Luiz Frambach; Marcelo Serrado e Roberta Fernandes; Gretchen e Esdras de Souza; e o CEO do Rock in Rio, Luis Justo e Roberta Coelho.
Achados e perdidos
A Central já devolveu 39 documentos e 8 celulares, além de 14 itens diversos, como relógios, óculos e roupas;
Ainda há 23 documentos, 13 celulares e 38 itens diversos aguardando retirada pelos proprietários;
296 documentos, 6 celulares e 136 outros itens estão disponíveis para busca.
Transporte e trânsito
A Mobi-Rio transportou 251 mil pessoas no BRT Expresso Rock in Rio em 13.082 viagens de ida e volta;
26.536 veículos autorizados circularam dentro da área bloqueada por dia, volume bastante reduzido em relação ao habitual.
Ordem urbana
A Secretaria Municipal de Ordem Pública e a Guarda Municipal apreenderam 1.750 itens de ambulantes irregulares, entre vestuário, bebidas e eletrônicos;
Agentes aplicaram 1.026 multas de trânsito, e 62 veículos foram rebocados por estacionamento irregular;
As equipes registraram 29 conduções de suspeitos para delegacias da área por flagrantes de crimes como furto, venda de drogas e cambismo.

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Festas e Rodeios

Cate Blanchett cita Clarice Lispector e elogia escritora em discurso: ‘Gênia absoluta’

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Atriz mencionou escritora brasileira após receber prêmio no Festival de Cinema de San Sebastian, na Espanha, no último sábado (21). Cate Blanchett no Festival de Veneza 2024.
Joel C Ryan/Invision/AP
A atriz Cate Blanchett recebeu uma homenagem ao conjunto de sua obra no Festival de Cinema de San Sebastian, na Espanha, no último sábado (21). Em seu discurso de agradecimento, a atriz contou que vem lendo Clarice Lispector, e chamou a escritora brasileira de “gênia absoluta”.
“Vivemos em tempos incertos e busco coragem em Clarice Lispector, a autora brasileira que é uma gênia absoluta, cujo trabalho tenho lido recentemente”, começou a atriz.
“E ela diz: ‘Existem certas vantagens em não saber. Como um território virgem, a mente está livre de equívocos. Tudo o que não conheço constitui a maior parte de mim: esta é a minha dádiva. E com esse não saber, eu entendo tudo.’ Eu vivo com esperança. A jornada continua. Só existem ilhas de certezas. Então, muito obrigada por esta pequena ilha de certeza esta noite”.
Mais tarde, na coletiva de imprensa, a atriz voltou a mencionar Lispector.
“Tenho lido Clarice Lispector, a incrível escritora brasileira. E ela diz: ‘É preciso muito esforço para ser simples’. Geralmente, coisas que parecem sem esforço exigem muita preparação”, explicou.

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Festas e Rodeios

‘Fui de mendigo na Coreia do Norte a ídolo do K-pop na Coreia do Sul’

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A primeira boy band de K-pop formada por integrantes norte-coreanos pretende estrear ainda neste ano. Hyuk deve estrear como membro de uma boyband de K-pop no fim deste ano
Jungmin Choi / BBC Korean
Aos nove anos, Yu Hyuk aprendeu sobre a crueldade da vida quando começou a pedir esmolas nas ruas da Coreia do Norte.
Uma vez, ele roubou uma marmita que estava abandonada em uma estação de metrô. Dentro dela, havia uma colher de arroz estragado, ele adicionou então vinagre e bicarbonato de sódio para torná-lo mais palatável. No momento em que o dono da marmita voltou, ele foi flagrado e espancado.
Hyuk diz que sabia que roubar era errado, mas estava quase morrendo de fome. Atos ilegais deste tipo eram apenas “parte da vida cotidiana” de grande parte da população da Coreia do Norte.
A vida dele era tão consumida pelo ímpeto pela sobrevivência que não deixava espaço para sonhos. Hoje com 24 anos, ainda parece surreal para este rapaz saber que vai fazer parte do primeiro grupo de K-pop formado por desertores norte-coreanos.
Além de Hyuk, Kim Seok também é da Coreia Norte. Eles são membros da nova banda de K-pop 1VERSE (pronuncia-se universe em inglês (“universo”); anteriormente conhecido como SB Boyz), que também inclui o japonês Aito e o chinês-americano Kenny.
“No início, fiquei com um pouco de medo porque a Coreia do Norte tem uma relação hostil com o Japão. Achei que os norte-coreanos seriam assustadores, mas isso acabou não sendo verdade”, diz Aito, o mais novo dos quatro.
O grupo pretende estrear nos EUA ainda neste ano.
Trata-se de uma decisão estratégica da Singing Beetle, a nova gravadora que está por trás do 1VERSE. As histórias de desertores norte-coreanos podem atrair mais atenção do público americano, uma vez que os executivos notaram muito interesse de potenciais investidores durante visitas aos EUA.
Hyuk, Aito (canto inferior esquerdo), Seok (ao centro) e Kenny (à direita)
Singing Beetle via BBC
K-pop na Coreia do Norte
Embora Hyuk e Seok sejam ambos da Coreia do Norte, suas origens são muito diferentes. A família de Seok era mais abastada e vivia perto da fronteira com a China, por isso ele tinha acesso a K-pop e K-drama por meio de USBs e cartões SD contrabandeados.
Para Hyuk, a música era um artigo de luxo. Ele mal tinha ouvido falar de K-pop durante sua temporada no Norte, antes de desertar em 2013, mas tinha plena consciência das severas punições associadas ao consumo de entretenimento sul-coreano.
“Nunca conheci ninguém que tenha sido punido por ouvir K-pop, mas ouvi falar de uma família que foi banida do seu vilarejo por assistir a um filme sul-coreano”, diz ele.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, vem intensificando a repressão à entrada da cultura K. Desde 2020, o consumo e a distribuição deste tipo de conteúdo se tornaram um crime punível com morte.
Um vídeo raro obtido pela BBC Korean, serviço de notícias em coreano da BBC, no início deste ano, que acredita-se ter sido filmado em 2022, mostra dois adolescentes condenados publicamente a 12 anos de trabalhos forçados por assistirem e distribuírem K-dramas.
A primeira exposição real de Hyuk ao K-pop aconteceu depois que ele chegou à Coreia do Sul. Ele afirma que a vida das estrelas do K-pop estava completamente fora do alcance de pessoas como ele.
Também foi difícil para Hyuk se adaptar à vida no Sul.
No início, ele não queria sair da Coreia do Norte, uma vez que isso significava deixar para trás o pai e a avó, que o criaram depois que sua mãe desertou quando ele tinha dez anos.
Quando sua mãe enviou um agente pela segunda vez, seu pai o convenceu a partir. Demorou meses para ele passar por vários países até desembarcar na Coreia do Sul.
Hyuk só morou com a mãe por cerca de um ano devido a frequentes discussões. Até hoje, o relacionamento deles ainda é difícil. Ele viveu sozinho até se mudar para o dormitório com outros membros do grupo.
Ele se autodenominava “o mais solitário dos solitários” — frase que está agora na letra de Ordinary Person, um rap que ele compôs.
Hyuk expressou sua solidão e desejo por uma vida normal em sua primeira canção original, chamada Ordinary Person
Jungmin Choi / BBC Korean
A adaptação ao sistema educacional extremamente competitivo da Coreia do Sul foi outro problema, já que Hyuk não concluiu o ensino fundamental antes da deserção.
Apesar dos desafios, ele encontrou consolo na escrita. Começou com poemas curtos alusivos à sua vida passada na Coreia do Norte.
“Eu não conseguiria compartilhar abertamente o que havia passado, mas queria fazer um registro secreto disso.”
No início, Hyuk acreditava que sua história não poderia ser compreendida por outras pessoas, e deveria guardá-la para si mesmo. No entanto, depois de entrar para o grupo de música no primeiro ano do ensino médio, seu professor e amigos o incentivaram a compartilhar com mais gente.
“Eles me disseram que as pessoas podem se conectar genuinamente com as minhas histórias e a minha dor.”
A partir dos 17 anos, Hyuk teve que trabalhar meio período em restaurantes e fábricas para se sustentar. Apesar da agenda lotada, ele sempre encontrava um tempo para anotar versos de rap em seu smartphone. Ele escreveu sobre sua vida dura e solitária, e o profundo amor que sentia pelo pai.
Em 2018, ele participou de um programa educativo de televisão. Foi quando sua trajetória única e talento para o rap chamaram a atenção de Cho Michelle, CEO da gravadora Singing Beetle.
“Não confiei em Michelle por cerca de um ano, porque achava que ela estava me enganando”, diz Hyuk.
Ele permaneceu cético porque os desertores norte-coreanos são frequentemente alvo de golpes devido ao conhecimento limitado da sociedade sul-coreana. Mas, aos poucos, ele percebeu que Cho estava “investindo muito tempo e dinheiro” para que tudo aquilo não fosse genuíno.
Hyuk e Seok tiveram que aprender a cantar e dançar do zero
Singing Beetle via BBC
Tela em branco
Diferentemente de Aito e Kenny, que estavam imersos na música e na dança desde muito cedo, Hyuk e Seok eram iniciantes.
Foi difícil para eles acompanharem as exigências notoriamente rigorosas do sistema de treinamento K-pop. A parte mais difícil foi seguir o cronograma rígido, diz Hyuk, que estava acostumado a tomar todas as decisões sozinho.
Cho e outros instrutores admitem que nunca haviam se deparado com aprendizes como esses dois. “Eles eram como uma tela em branco”, diz ela. “Não tinham absolutamente nenhuma compreensão da cultura pop.”
Mas sua capacidade de “suportar desafios físicos” surpreendeu Cho, que trabalha na indústria do K-pop há quase uma década. Eles se submeteram a horas de treinos exaustivos de dança com tanta determinação, que ela ficou preocupada que eles estivessem “exagerando”.
Além das aulas de música e dança, o treinamento também inclui regras de etiqueta e participação em discussões, para prepará-los para entrevistas à imprensa.
“Não creio que eles estivessem habituados a questionar as coisas ou a expressar a sua opinião”, diz Cho.
A empresa também ensina aos jovens habilidades de comunicação e linguagem
Singing Beetle via BBC
“No início, quando um instrutor perguntava as razões por trás de seus pensamentos, a única resposta era: ‘Porque você disse isso da última vez’.”
Mas depois de mais de três anos, o progresso de Hyuk é notável.
“Agora, Hyuk questiona muitas coisas.”
“Por exemplo, se eu pedir a ele para fazer algo, ele vai responder: ‘Por quê? Por que é necessário?’ Às vezes, me arrependo do que fiz”, Cho ri.
Há mais de 30 mil desertores norte-coreanos na Coreia do Sul
Jungmin Choi / BBC Korean
Superando as diferenças
Hyuk diz que não consegue imaginar como vai ser quando seus compatriotas norte-coreanos ouvirem suas músicas.
Se a banda 1VERSE se tornar um sucesso, poderia causar “sensação” na Coreia do Norte, avalia Ha Seung-hee, acadêmica especializada em música e mídia do Instituto de Estudos Norte-Coreanos da Universidade Dongguk, na Coreia do Sul.
Mas as preocupações em relação à segurança permanecem. Hyuk não quer ser visto como uma voz crítica da Coreia do Norte — por isso, em entrevistas, se refere à sua terra natal como “a parte de cima” e evita mencionar Kim Jong-un.
“Honestamente, eu gostaria de ser visto como um aprendiz de ídolo do K-pop, sem o rótulo de ser da Coreia do Norte.”
No entanto, Hyuk sente um senso de responsabilidade em relação à comunidade de desertores, especialmente porque um número cada vez maior de jovens desertores não quer mais revelar suas identidades.
Ele quer mostrar que existe outra forma de assimilação.
“Muitos desertores veem uma lacuna intransponível entre eles e os ídolos do K-pop. Dificilmente é uma opção de carreira para nós.”
“Portanto, se eu tiver sucesso, outros desertores podem se sentir encorajados e ter sonhos ainda maiores”, diz ele.
“É por isso que estou me esforçando ao máximo.”
Semana Pop explica como funcionam as carreiras solo no k-pop

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Festas e Rodeios

Cazuza ressurge como dono do verbo mais incisivo do rock dos anos 1980 em livro que inventaria a obra do poeta

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Com 27 obras inéditas, a definitiva antologia ‘Cazuza – Meu lance é poesia’ reitera a força perene de artista que já nasceu grande ao escrever os primeiros versos em 1975, aos 17 anos. Capa do livro ‘Cazuza – Meu lance é poesia’, organizado por Ramon Nunes Mello
Avani Stein (1985) / Capa do livro ‘Cazuza – Meu lance é poesia’
♫ OPINIÃO SOBRE LIVRO
Título: Cazuza – Meu lance é poesia
Autor: Cazuza (1958 – 1990) – Organização de Ramon Nunes Mello
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Tentar elevar Cazuza (4 de abril de 1958 – 7 de julho de 1990) como o maior poeta do rock brasileiro dos anos 1980 em detrimento de Renato Russo (1960 – 1996) – ou vice-versa – é bobagem tão inútil quanto mesquinha. Ambos estão irmanados no panteão dos poetas imortais do gênero.
Contudo, se Renato seguiu por trilha poética mais introspectiva, jogando luz sobre as sombras de alma em cancioneiro que versou sobre amor e fé, Cazuza foi o dono do verbo mais incisivo. O poeta desbocado que apontou os ratos do piscinão nacional, desnudando a hipocrisia da sociedade brasileira em letras que pareciam mixar a rebeldia da poesia de Rimbaud (1854 – 1891) com as vísceras de Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974) e com a fossa de Maysa (1936 – 1977) enquanto hasteava a bandeira da liberdade.
Essa soberania do artista na crueza nua dos versos salta das 320 páginas de Cazuza – Meu lance é poesia, livro ora posto no mercado em edição viabilizada através de parceria da WMF Martins Fontes com a sociedade Viva Cazuza.
Trata-se do inventário completo e definitivo da obra musical e poética de Agenor de Miranda Araújo Neto, garoto branco e rico da cidade do Rio de Janeiro que deixou de ser o filhinho do papai João Aráujo (1935 – 2013), poderoso diretor da gravadora Som Livre, quando encontrou a própria turma no universo do rock que emergiu no Brasil a partir de 1982, ano do primeiro álbum do Barão Vermelho, banda que admitiu Cazuza como vocalista – seguindo indicação de Leo Jaime – e que foi a plataforma inicial para a exposição nacional do poeta.
Cazuza saiu da banda em 1985, de forma ruidosa, e cresceu como artista em carreira solo porque sempre foi maior do que o grupo que o lançou como cantor e compositor.
Vendido de forma avulsa e também em box que abarca a fotobiografia Protegi teu nome por amor, o livro Cazuza – Meu lance é poesia reitera essa grandeza, tendo sido organizado por Ramon Nunes Mello, que contextualiza a criação de cada obra. Também poeta, Ramon aprimora e amplia as informações contidas no songbook anterior, Cazuza – Preciso dizer que te amo (2001).
O atual livro reúne 238 poemas escritos entre 1975 e 1989, sendo 27 inéditos, encontrados pela mãe protetora do artista, Lucinha Araújo, nas pastas com documentos originais do Arquivo Viva Cazuza. E, no caso de Cazuza, poesia abarca letras de música, já que as duas formas de arte se borraram o tempo todo na trajetória musical do artista.
O lance que valoriza o livro nem é tanto a safra inédita, mas o conjunto da obra, embora do baú venham curiosidades como o verborrágico poema Work in progress, escrito em 1980 com versos imagéticos como “… que a minha espinha é uma guitarra explorando mares que as próprias ondas vão avançando sem nunca ter pensado”.
O livro também revela Pobreza, parceria de Cazuza com Leo Jaime, escrita em 1980 e nunca gravada, talvez por ter letra bobinha, nascida de brincadeira entre os dois amigos.
A disposição dos poemas em ordem cronológica possibilita ao leitor acompanhar a evolução do artista, embora seja até arriscado falar em progresso quando o primeiro título da antologia é o denso Poema, escrito por Cazuza em 1975, aos 17 anos, para a avó paterna, Maria José Pontual Rangel (1898 – 1998).
Poema ficou guardado com a musa inspiradora dos versos até a morte de Maria José em 1998, ano em que foi entregue a Lucinha pela filha da anciã e ganhou melodia inspirada de Roberto Frejat, virando música na voz de Ney Matogrosso em álbum, Olhos de farol, gravado ainda naquele ano de 1998 e lançado nos primeiros dias de 1999.
Aliás e a propósito, Poema é a única música realmente boa surgida da exumação da obra poética de Cazuza. Todo o resto ficou aquém da grandeza de um poeta que, no mesmo ano de 1975, criou o verso “o banheiro é a igreja de todos os bêbados” ao escrever a letra da canção-blues Down em mim, gravada em 1982 no primeiro álbum do Barão Vermelho. Em bom português, Cazuza já nasceu grande.
Incrementado com textos analíticos de Augusto Guimaraens Cavalcanti, Eliane Robert Moraes, Italo Moriconi e Silviano Santiago, além de artigos de nomes como Caio Fernando Abreu (1948 – 1996), Karina Buhr e Nelson Mottta, o livro também recupera versões originais de músicas como Exagerado 1985), Eu queria ter uma bomba (1985) e Um dia na vida (1985), sendo que somente a letra de Exagerado, canção tornada epíteto do poeta, sofreu transformações mais radicais (para melhor) ao ser gravada em 1985 no primeiro álbum solo de Cazuza.
Enfim, o poeta continua vivíssimo, tanto pela força natural e perene da obra quanto pela proteção amorosa de Lucinha Araújo, mãe que só é feliz quando revitaliza e expande essa obra em shows, discos, musicais de teatro e livros em tributo a Cazuza.

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