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Disco ao vivo póstumo de Rita Lee teria maior valor se o público pudesse vê-la na magia da cena em Buenos Aires

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Feita em 2002, a inédita gravação do show ‘Yê Yê Yê de bamba’ tem o bolero ‘Besame mucho’ e participação do roqueiro argentino Charly García. Capa do álbum ‘Uma noite no Luna Park – Ao vivo em Buenos Aires’, de Rita Lee (1947 – 2023)
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♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Uma noite no Luna Park – Ao vivo em Buenos Aires
Artista: Rita Lee
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Talvez por ter consciência de que nunca foi uma cantora do tipo que impacta o público pela artilharia vocal, Rita Lee (31 de dezembro de 1947 – 8 de maio de 2023) procurava fazer mágica em cena. Os shows da artista eram verdadeiros espetáculos visuais, sobretudo a partir da década de 1980. Basta lembrar a turnê A marca da zorra (1995), marco da cena brasileira.
Daí que o lançamento póstumo do álbum Uma noite no Luna Park – Ao vivo em Buenos Aires – disponível em edição digital desde quinta-feira, 31 de outubro, e com edição em LP duplo prevista para chegar ao mercado neste mês de novembro de 2024 via Universal Music – teria maior valor documental se viesse acompanhado do registro audiovisual da primeira apresentação de Rita Lee na Argentina, feita em novembro de 2002.
O show em questão estreou em janeiro de 2002 na lendária casa carioca Canecão e, na sequência, percorreu o Brasil até aportar em Buenos Aires.
O show se chamava Yê Yê Yê da bamba e era baseado no álbum Aqui, ali, em qualquer lugar (2001), no qual Rita abordara o cancioneiro dos Beatles ora com certa brasilidade – evocativa do suingue de Jorge Ben Jor – ora no estilo bossa’n’roll, criado pela artista em 1991 no início da fase em que ficou artisticamente separada do parceiro de música e vida Roberto de Carvalho.
Na cena de Yê Yê Yê de bamba, Rita aparecia no palco ao sair de cabine telefônica vermelha reproduzida à moda de Londres – capital da Inglaterra, país que gerou os Fab Four – e cantar o rock A hard day’s night (John Lennon e Paul McCartney, 1964).
Dali em diante, a cantora seguia roteiro que alternava músicas dos Beatles – algumas vertidas para o português, caso If I fell (John Lennon e Paul McCartney, 1964), reapresentada como Pra você eu digo sim – e sucessos da lavra pop da própria Rita, como Baila comigo (1980), música que também tinha sido hit nas paradas argentinas.
Quando canta Alô, alô, marciano (1980), parceria com Roberto que Rita dera para Elis Regina (1945 – 1982), a roqueira se refere a Elis como “a cantora mais maravilhosa que o Brasil já teve”, frase dita em espanhol que soa como portunhol.
Mais tarde, antes de cantar o bolero mexicano Besame mucho (Consuelo Velásquez, 1940), até então nunca interpretado pela artista, Rita Lee admite à plateia que estava nervosa. Cantado no tom bossa’n’bolero, como se a artista estivesse à meia-luz de uma boate, e não em um estádio cheio, Besame mucho é o aperitivo inédito do álbum Uma noite no Luna Park – Ao vivo em Buenos Aires.
Com o toque da banda formada por Ary Dias (percussão), Dadi Carvalho (baixo), Marco da Costa (bateria), Rafael Castilhol (músico hoje associado a nomes como Ludmilla – teclados) e, claro, o big boss Roberto de Carvalho (guitarra, vocais e direção musical), Rita Lee fez um yê yê yê brazuca competente que, no show em Buenos Aires, teve a adesão de Charly García – símbolo do rock na Argentina – nas abordagens de Love me do (John Lennon e Paul McCartney, 1962) e Help (John Lennon e Paul McCartney, 1965).
A participação de Charly agrega valor documental a esse título póstumo da discografia de Rita Lee, mas, cabe ressaltar, esse valor seria maior se Luna Park – Ao vivo em Buenos Aires fosse álbum audiovisual para que o público pudesse ver Madame Lee na magia da cena.

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