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Festas e Rodeios

Anna Paes põe apurada técnica vocal a serviço da requintada obra de Guinga no álbum ‘Você você’

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Compositor toca violão e assina os arranjos do disco em que a cantora apresenta música inédita, ‘Sonhadora’, feita em 1974 com letra de Paulo César Pinheiro e até então nunca gravada. Capa da edição em CD do álbum ‘Você você – Anna Paes canta Guinga’
Renato Mangolin
Resenha de álbum
Título: Você você – Anna Paes canta Guinga
Artista: Anna Paes (com arranjos e o violão de Guinga)
Edição: Kuarup
Cotação: ★ ★ ★ ½
♪ Por ser construída com extremo requinte, a obra modernista de Guinga motiva cantoras de técnica apurada a gravar songbooks com o cancioneiro desse compositor carioca que aponta para o futuro enquanto olha para o passado.
Em 1996, a paraense Leila Pinheiro marcou época com Catavento e girassol, álbum bem-sucedido comercialmente que tirou as parcerias de Guinga com Aldir Blanc (1946 – 2020) do gueto a que elas pareciam confinadas. Em 2014, foi a vez de a paulistana Mônica Salmaso abordar a obra anterior de Guinga com Paulo César Pinheiro no sublime álbum Corpo de baile.
A conexão de Salmaso com Guinga foi reforçada em 2018 com a edição do DVD do show Corpo de baile (2015) e com um segundo songbook do compositor, Japan tour 2019, disco lançado em 2020 no Japão – e em 2021 no Brasil – com mix de faixas gravadas ao vivo e em estúdio pela cantora com Guinga (voz e violão), Nailor Proveta (clarinete e saxofone) e Teco Cardoso (flautas e pífano).
No repertório deste segundo disco, Salmaso deu voz a Mello baloeiro (2018), parceria de Guinga com a cantora, compositora e violonista, preparadora vocal e professora de canto Anna Paes.
Paulistana que reside atualmente no Rio de Janeiro (RJ), a cidade natal de Guinga que inspira parte do cancioneiro do compositor, Anna Paes também apresenta songbook do parceiro, com direito ao violão lapidar de Guinga em todas as 11 faixas, arranjadas pelo artista.
O violão é o único instrumento ao se harmonizar com o canto de Anna Paes, que conheceu Guinga em sarau realizado no bairro carioca Jardim Botânico em 2013, três anos antes de a artista apresentar o primeiro álbum, Miragem de Inaê (2016), disco de repertório autoral.
Lançado pela gravadora Kuarup na sexta-feira, 19 de agosto, em edição digital e no formato de CD, o álbum Você você – Anna Paes canta Guinga é o segundo álbum da cantora, tendo sido precedido pelos singles que apresentou as gravações de Neblinas e flâmulas (Guinga e Aldir Blanc, 1996) e Sonhadora (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1974), única música inédita de repertório que abarca parcerias de Guinga com Chico Buarque, José Miguel Wisnik e Thiago Amud, embora as composições letradas por Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro predominem na seleção do disco de Paes.
Inédita em disco há 48 anos, Sonhadora é canção de lírica seresteira que evoca o clamor dos trovadores e a inspiração villa-lobiana entranhada na obra de Guinga e também perceptível em Quadrão (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1980), música que abre o álbum gravado entre março e abril deste ano de 2022, com produção artística de Sérgio Lima Netto, no Studio Araras, embora a foto da cantora na capa dê a falsa impressão de se tratar de disco ao vivo.
Como Anna Paes conta no texto que escreveu para a edição em CD do álbum, Sonhadora chegou à artista em disco lhe presenteado por Paulo Aragão em 2008 com gravações caseiras de músicas compostas por Guinga com Paulo César Pinheiro nos anos 1970 e transcritas para CD a partir de fita cassete. Algumas dessas músicas eram inéditas e chegaram ao público no já mencionado álbum Corpo de baile, de Mônica Salmaso.
Sem se preocupar com o ineditismo do repertório, Anna Paes apresenta disco que, embora valorizado pela presença de Guinga ao violão e na criação dos arranjos, não resiste às comparações com os antológicos songbooks de Leila Pinheiro e Mônica Salmaso.
A técnica vocal de Anna Paes é apurada. No campo técnico, o álbum Você você – Anna Paes canta Guinga resulta irretocável, inclusive pelas precisas mixagem e masterização feitas por Sérgio Lima Neto. A questão é que falta ao disco o frescor que havia em 1996 na abordagem da obra de Guinga por Leila. Já o canto de Salmaso atingiu em Corpo de baile (2014) profundas regiões emocionais inalcançáveis por Paes, dona de voz bonita, mas sem a mínima originalidade no timbre.
As onze faixas de Você você evoluem na mesma temperatura, sem que o canto da artista atinja, por exemplo, a dramaticidade contida nos versos escritos por Paulo César Pinheiro para Valsa maldita (1977) e Passos e assovios (1979), valsas lançadas em discos das cantoras Márcia e Cláudia Savaget, respectivamente.
Para ouvintes que se deleitam com a técnica e relegam a emoção do canto a segundo plano, Anna Paes soará sedutora ao embarcar na viagem delirante de Valsa pra Leila (Guinga e Aldir Blanc, 1996, ao divagar sobre o amor na valsa Nem cais nem barco (Guinga e Aldir Blanc, 1991), ao seguir sem atropelos o percurso difícil de Carta de pedra (Guinga e Aldir Blanc, 1996) dos graves aos mais altos agudos, ao seguir em segurança por Avenida Atlântica (Guinga e Thiago Amud, 2014) – música apresentada na voz de Ana Carolina em disco do pianista Sergio Mendes, Magic (2014) – e ao dar voz à Canção necessária (Guinga e José Miguel Wisnik, 2011).
Nada está fora do tom, como exemplifica a bela abordagem da música-título Você você (1998) – primeira e por ora única parceria de Guinga com Chico Buarque (autor da letra que pode ser entendida como o sentimento de posse entre um casal, mas que foi escrita sob a perspectiva de uma criança cheia de perguntas ao observar a mãe).
O canto de Você você ao fim do disco deixa nítido o domínio de Anna Paes sobre o cancioneiro complexo de Guinga – proeza que agrega valor ao álbum.

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Fritz Escovão, exímio ritmista fundador do Trio Mocotó, ‘Jimi Hendrix da cuíca’, morre em São Paulo aos 81 anos

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♫ OBITUÁRIO
♪ “O Jimi Hendrix da cuíca!”. O comentário do músico André Gurgel na publicação da rede social em que o Trio Mocotó informou a morte de Fritz Escovão traduz muito do pensamento geral de quem viu em ação este percussionista, pianista, violonista e cantor carioca que marcou época no Trio Mocotó, grupo de samba-rock do qual foi fundador.
Gigante da cuíca, instrumento que percutia com exuberância e incrível destreza, Luiz Carlos de Souza Muniz (13 de dezembro de 1942 – 1º de outubro de 2024) morre aos 81 anos, em São Paulo (SP), de causa não revelada, e sai de cena para ficar na galeria dos imortais do ritmo brasileiro, perpetuado com o nome artístico de Fritz Escovão. O enterro do corpo do artista está previsto para as 8h30m de amanhã, 2 de outubro, no cemitério de Vila Formosa, bairro paulistano.
Fritz Escovão era carioca, mas se radicou em São Paulo (SP), cidade em que fez história a partir de 1968, ano em que o Trio Mocotó foi formado na lendária boate Jogral por Fritz com o carioca Nereu de São José (o Nereu Gargalo) e com o ritmista paulistano João Carlos Fagundes Gomes (o João Parahyba).
Matriz do samba-rock, o grupo foi fundamental para a ressurreição artística de Jorge Ben Jor a partir de 1969. Foi com o toque do Trio Mocotó que Jorge Ben apresentou a visionária música Charles, anjo 45 em 1969 na quarta edição do Festival Internacional da Canção (FIC).
A partir de 1970, ano em que gravou single com o samba-rock Coqueiro verde (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), o Trio Mocotó alçou voo próprio sem se afastar de Jorge Ben, continuando a fazer shows com o cantor, com quem gravou álbuns como Força bruta (1970) e o politizado Negro é lindo (1971).
A discografia solo do Trio Mocotó com Fritz Escovão destaca os referenciais álbuns Muita zorra (“…São coisas que glorificam a sensibilidade atual”) (1971), Trio Mocotó (1973) e Trio Mocotó (1977), discos de samba-rock que ganharam status de cult a partir da década de 1990 no Brasil e no exterior, sobretudo o álbum de 1973 em que o trio adicionou à cadência toques de jazz, soul e rock à cadência do samba.
Sempre com a maestria de Fritz Escovão. Em 1974, o Trio Mocotó gravou disco com Dizzy Gillespie (1917 – 1993), em estúdio de São Paulo (SP), mas o trompetista norte-americano de jazz nunca lançou o álbum (foi somente em 2010, 17 anos após a morte do jazzista, que o veio à tona o álbum Dizzie Gillespie no Brasil com Trio Mocotó, editado no Brasil em 2011 via Biscoito Fino).
Em 1975, o grupo saiu de cena. Retornou somente em 2001, após 26 anos, com o álbum intitulado Samba-rock. Um ano depois, em 2002, Fritz Escovão deixou amigavelmente o Trio Mocotó para tratar de problemas de saúde.
Foi substituído em 2003 por Skowa (13 de dezembro de 1955 – 13 de junho de 2024), músico morto há menos de quatro meses. Hoje quem parte é o próprio Fritz Escovão, para tristeza de quem testemunhou o virtuosismo do “Jimi Hendrix da cuíca”.

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Morre Fritz Escovão, do Trio Mocotó, grupo que fez brilhar o samba rock

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Ao lado de Jorge Ben Jor, grupo ficou famoso pelo suingue inebriante que dá vida ao samba rock. Fritz Escovão, fundador do Trio Mocotó
Reprodução
Morreu Fritz Escovão, fundador do Trio Mocotó. A morte do artista foi confirmada no Instagram do grupo, nesta terça-feira (1º). A causa não foi revelada.
“Cantor, violonista, pianista e percussionista, [ele] marcou a música brasileira pela sua voz inigualável à frente do Trio Mocotó até 2002, com seu clássico ‘Não Adianta’ e como um dos maiores, se não o maior, dos cuiqueiros que o Brasil já viu”, diz a publicação do grupo.
Conhecido como Fritz Escovão, Luiz Carlos Fritz fundou o Trio Mocotó em 1969: ele na cuíca, João Parahyba na bateria, e Nereu Gargalo no pandeiro.
Juntos, os três fizeram sucesso ao lado de Jorge Ben Jor, com um suingue inebriante que deu vida ao samba rock.
A partir de 1970, o Trio Mocotó alçou voo próprio sem se afastar de Jorge Ben, fazendo shows com o cantor em um primeiro momento da carreira e gravando discos como “Negro é lindo”.
Escovão deixou o grupo em 2003. Atualmente, quem assume a cuíca é Skowa.

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Sean Diddy Combs é alvo de 120 novas acusações de abuso sexual; ações serão movidas nas próximas semanas, diz advogado

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Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Sean ‘Diddy’ Combs.
Mark Von Holden/Invision/AP
Sean “Diddy” Combs está sendo acusado de abusar sexualmente de 120 pessoas. Foi o que informou o advogado americano Tony Buzbee, em uma coletiva online feita nesta terça-feira (30). Segundo ele, nas próximas semanas serão abertos 120 processos contra o cantor, que está preso em Nova York desde 16 de setembro.
“Nós iremos expor os facilitadores que permitiram essa conduta a portas fechadas. Nós iremos investigar esse assunto não importa quem as evidências impliquem”, disse Buzbee, na coletiva. “O maior segredo da indústria do entretenimento, que, na verdade, não era segredo nenhum, enfim foi revelado ao mundo. O muro do silêncio agora foi quebrado.”
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Ele, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Caso seja julgado culpado das acusações, ele pode ser condenado a prisão perpétua.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Quem é Sean Diddy Combs?
Seu nome é Sean John Combs e ele tem 54 anos. Nasceu em 4 de novembro de 1969 no bairro do Harlem, na cidade de Nova York, nos EUA. É conhecido por diversos apelidos: Puff Daddy, P. Diddy e Love, principalmente.
O rapper é um poderoso nome do mercado da música e produtor de astros como o falecido The Notorious B.I.G. Ele é considerado um dos nomes responsáveis pela transformação do hip-hop de um movimento de rua para um gênero musical hiperpopular e de importância e sucesso globais.
Diddy começou no setor musical como estagiário, em 1990, na Uptown Records, uma das gravadoras mais famosas dos EUA, e onde se destacou de forma meteórica e chegou a se tornar diretor. Em 1994, fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records.
Um de seus álbuns mais famosos, “No Way Out”, de 1997, rendeu a Diddy o Grammy de melhor álbum de rap. Principalmente depois do estouro com a música, Diddy fez ainda mais fortuna com empreendimentos do setor de bebidas alcoólicas e da indústria da moda, principalmente.
Ele também foi produtor de inúmeros artistas de sucesso e está por trás de grandes hits cantados por famosos. Muita gente, inclusive, o vê mais como um produtor e empresário do que como um músico.

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