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Festas e Rodeios

Mauricio de Sousa se emociona ao falar de filho e diz que discute personagem gay com roteiristas

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Em entrevista à BBC News Brasil, cartunista falou ainda sobre a representação de grupos minoritários em seus quadrinhos e sobre livro que está lançando com ‘proposta diferenciada’ focando na defesa do meio ambiente. Mauricio de Sousa
Lailson dos Santos
Com 86 anos completados nesta quarta-feira (27), o mais famoso quadrinista brasileiro não para de mirar para o futuro. Mauricio de Sousa, o pai da Turma da Mônica, lança o livro “Sou Um Rio”, um verdadeiro manifesto em defesa do meio ambiente às vésperas da COP-26, a conferência sobre mudanças climáticas que começa neste domingo (31) em Glasgow, no Reino Unido.
Em conversa com a BBC News Brasil, realizada via Skype na última sexta, ele se diz “fortemente decidido” a arregaçar as mangas e emprestar seu talento para cada vez mais se posicionar como uma voz ecologista. E garante estar preparado para as críticas, nesses tempos de polarização intensa em que defender a natureza costuma ser visto como uma postura de oposição a governantes como o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
No novo livro, a famosa turminha de personagens que o consagrou não estará presente. Para ele, o assunto é sério demais para brincadeiras. “A decisão foi estratégica. A Turma da Mônica, entrando com aquele clima todo, brincadeiras, humor, iria desviar a atenção do leitor, principalmente o leitor criança, o jovenzinho. Iria desviar do foco que é cuidar do meio ambiente. Isso é uma coisa que eu queria deixar bem na cara do leitor, com ilustrações também não escandalosamente lindas, bonitas, coloridas, mas adequadas [ao tema]”, afirma.
“Eu não podia botar a Turma da Mônica toda alegrinha, alegrinha, porque ela não pode deixar de ser alegrinha, num livro onde eu queria colocar uma proposta diferenciada”, argumenta.
A obra foi distribuída antecipadamente a todos os confrades de Mauricio na Academia Paulista de Letras (APL), entidade da qual ele é membro desde 2011. “Fiquei muito orgulhoso porque o livro foi elogiado. Os acadêmicos, todos eles, escritores e literatos, pegaram o livrinho e disseram: ‘nossa, que caminho você tomou agora, que beleza, faça mais assim…’. Eu fiquei muito orgulhoso de mim mesmo”, diz o quadrinista.
“O que está acontecendo com nosso planeta é um escândalo. Realmente, a gente está ficando assustado com esse negócio de o mar cheio de plástico, os incêndios, a Amazônia sendo devastada, o Pantanal secando… Isso é o fim do mundo. O que que é isso? E o que está faltando para começar a acontecer um retorno nesse negócio todo?”, preocupa-se Mauricio.
Para ele, a resposta está na melhoria da educação. Ele defende melhoria na estrutura das escolas, professores mais respeitados e melhor remunerados. “Conhecimento, realmente. E nós estamos com falta de conhecimento, de bons métodos de ensino… A conscientização do ser humano, do homem e da mulher, vem do comecinho da vida”, acrescenta.
E que noções de preservação ambiental sejam ensinadas desde a tenra idade. “Quando faz dois anos já está precisando começar a ouvir coisas sobre o meio ambiente, o cuidado com a natureza, o cuidado com o mato, a mata, a água, com o próprio corpo. Está tudo meio esquecidão, a pessoa não está entendendo bem, principalmente numa pandemia como essa que desmoronou uma série de conceitos e tudo o mais. É assustador”, comenta.
“Sou Um Rio” parte das reminiscências da infância de Mauricio de Sousa, um menino que nasceu em Santa Isabel e cresceu em Mogi das Cruzes, no interior paulista. Ele recorda do “meu Tietê limpo, onde nadava e ia pescar”. E compara com “nosso Tietê hoje, uma nojeira quando passa por São Paulo”.
“Depois, lá adiante, depois que pega uns vegetais que comem a sujeira, comem a poluição, o rio fica mais limpo de novo. A maioria dos rios está contaminada. Pior ainda, os garimpos jogam produtos que envenenam os peixes, a invasão dos garimpos na Amazônia é mais uma facada na água que era limpa”, diz ainda.
“Eu não estou doentiamente preocupado [em fazer coisas em prol do meio ambiente], eu estou fortemente decidido. É diferente. Vamos continuar fazendo isso e usando nossas armas todas. Armas no bom sentido, que são os personagens, a retórica, a maneira de fazer livrinhos como este que vão pingando, pingando a informação para o pessoal, sensibilizando”, manifesta-se.
Ideologias, democracia e Jair Bolsonaro
No Brasil polarizado de hoje em dia, defender o meio ambiente é pedir para ser tachado de oposição ao governo de Jair Bolsonaro. Mauricio sabe onde está pisando. Mas, mantendo a postura que construiu ao longo de sua longa carreira — a de não se posicionar politicamente —, pisa com cuidado, como se fosse um Cascão procurando as pedras certas para atravessar um riacho sem se molhar.
Contudo, falar de meio ambiente não é também se expressar politicamente? “Você pode entender dessa maneira. A política de guerra não me atrai. A política de conjugação, de alguma maneira, que deve ser positiva porque também informativa, ter seus objetivos humanitários, sociais, um monte de objetivos… A política não é uma coisa ruim”, explica ele.
“O pessoal é que está entendendo mal o uso de algumas áreas políticas… Nessas horas eu prefiro voltar para a Turminha da Mônica. Faço brincadeiras para desanuviar a cabeça do pessoal, e até das crianças que ficam na frente da televisão vendo desde cedo algumas coisas que não estão entendendo bem”, desconversa. “Ou estão entendendo de alguma maneira. Vamos ter de falar de educação muito também. Não só de meio ambiente. Vamos falar de educação também.”
Mauricio promete, contudo, se manter firme na defesa de seu discurso mesmo se atrair hordas de haters nas redes sociais. Aí, para ele, a questão tem outro nome: democracia e liberdade de expressão. “Eu simplesmente vou ignorar [críticas pelo seu posicionamento em defesa do meio ambiente]”, enfatiza. “Eu tenho meus princípios aqui e as pessoas também têm seus princípios. Estamos em um momento em que a gente tem de respeitar muito a democracia, a liberdade de expressão, a liberdade de opinião, e tudo o mais. Eu vou usar minha liberdade para falar o que eu acho que é importante.”
De olho nas discussões que devem ser travadas na Conferência da ONU sobre o Clima, a COP-26, ele acredita que lançar o livro agora é também somar sua voz nesse contexto. E diz que não quer parar de meter o bedelho na questão: no futuro, a Mauricio de Sousa Produções deve publicar mais e mais obras a respeito do tema. “É uma coisa que eu tenho de fazer”, diz. “Quero ainda botar o Chico Bento no cinema falando nisso.”
Minorias representadas
Turma da Mônica reunida na conscientização da campanha de vacinação contra a gripe
Divulgação
Trazer questões ambientais para suas obras não é necessariamente uma novidade. Mensagens do tipo vem aparecendo cada vez mais nas historinhas para crianças. É perceptível também o esforço em se incluir representantes de grupos minoritários, seja nos enredos, seja como novos personagens.
Mauricio diz que não existe um manual para que sua equipe trate dessas questões. Ativo em todo o processo, o manual é, de certa forma, ele mesmo. “Eu converso com o pessoal. Afinal de contas, estamos há 50 anos brincando de fazer histórias em quadrinhos e com bons resultados. Mais de meio século. Isso não existe no Brasil e no mundo. Por causa de uma linha filosófica que eu botei na nossa produção desde o início e que foi passando de desenhista para desenhista, de roteirista para roteirista, com o olho gordo do dono”, argumenta.
“Eu falo muito para o pessoal. Oriento muito o pessoal. E tenho ao meu lado a Alice Takeda, minha mulher [e diretora de arte da Mauricio de Sousa Produções], que tem os mesmos pensamentos do que eu”, conta. “Fizemos uma dupla que está incrivelmente unida na filosofia não só do meio ambiente mas também na filosofia comportamental da criançada e dos adultos que leem as nossas histórias.”
Considerado seu alter ego, o personagem Horácio, cuja obra completa está sendo lançada em volumes especiais, resume bem esses princípios. “[Ele] espelha essas preocupações”, diz Mauricio. “[Em suas tirinhas] tem racismo, tem alguma coisa ligada ao meio ambiente, tem a filosofia de vida dele. Que é muito legalzinho, bacana, faz o bem para todo mundo e se arrebenta de vez em quando, é a vida real.”
Segundo ele, essa inclusão de minorias é um processo consciente e feito com muito planejamento. “Não veio de qualquer maneira, não. Chegou um dia em que eu me dei conta que eu fazia histórias baseadas na minha infância, e na minha infância havia diversos garotos, moleques que jogavam bola comigo e que tinham algum tipo de deficiência. A gente brincava e brigava do mesmo jeito. Estava faltando na minha história esse lado que eu vivi e que estava esquecendo”, comenta.
“Comecei a estudar os tipos de deficiência que havia e fui criando personagens. Para isso, tive de estudar muito, convidar crianças e jovens para que me falassem sobre como eles resolviam seus problemas, como um cadeirante atravessava a rua, quais cuidados tinha de ter a menina cega… Me deparei com um grupo ativo, corajoso, bem-humorado, resolvendo problemas. E tudo isso eu pude passar com meus personagens”, relata. “Tudo para não botar nas minhas histórias preconceitos que, sem querer, a gente pega desde criança e arrasta na vida da gente. Pega desde criança e gruda maldosamente na gente. Foi uma coisa planejada. Tudo isso está na minha cabeça rolando.”
Embora ele comece enfatizando os deficientes, não é o único grupo a ganhar destaque. Caso emblemático é da personagem Milena, uma criança negra que faz sucesso grande desde que foi lançada, em 2019. “Ela é a personagem que mais estourou no lançamento”, confirma Mauricio. “Agora em dezembro vamos lançar o segundo filme [live-action] da Turma da Mônica [‘Turma da Mônica: Lições’] e a Milena será uma das estrelas. Está todo mundo apaixonado pela Milena. E acho que no cinema vai acontecer o que já está acontecendo com as histórias em quadrinhos.”
Mauricio de Sousa apresenta Milena, nova personagem negra da ‘Turma da Mônica’
Reprodução/Instagram/mauricioaraujosousa
De acordo com o quadrinista, “não há limite” para criar personagens assim. “Depende de coragem, tempo, vontade e foco”, resume.
Futuro personagem gay
Não é de hoje que ele vem sendo provocado com a ideia de um personagem homossexual. Se no universo da Turma da Mônica os personagens infantis não são sexualizados, alguém com tal orientação poderia aparecer na Turma da Mônica Jovem, por exemplo. Ou, considerando a turminha original, tal grupo minoritário poderia ser representado pelos adultos — por exemplo, com um personagem sendo filho de um casal gay.
Ideias do público não faltam mas sempre Mauricio procura tratar o tema com cautela. Desta vez, ele falou mais abertamente sobre o eventual projeto. “Vem vindo aí… Estou esperando um pouquinho que esteja cada vez mais aceita a posição do gay, principalmente. Eu tenho um filho, bem, que se assume [homossexual] e eu adoro meu filho [Mauro Sousa, diretor de espetáculos, parques e eventos da Mauricio de Sousa Produções]. Ele cuida de uma parte tão importante [da empresa], que é a de shows e espetáculos. E dá um nó no pessoal que já tem mais idade e mais experiência”, comenta.
“Estamos discutindo isso, sim. Estamos discutindo com os roteiristas, com o Mauro, com o pessoal próximo da gente aí para que haja um personagem positivo. Em todos os sentidos”, completa. E então, visivelmente emocionado, começa a falar do filho. “Afinal de contas, quando eu tomei café uma vez com o Mauro e o marido dele, abri a janela, né?”, lembra. O quadrinista postou uma foto tomando café com o casal, em maio de 2019, em sua conta no Instagram. “Porque aí as pessoas viram que eu estou junto com meu filho”, contextualiza.
Mauro Sousa com o pai, Mauricio de Sousa
Reprodução/Instagram
Com a voz um pouco embargada, Mauricio diz que quando Mauro revelou a ele a orientação sexual a notícia foi recebida de forma “natural”.
“Em casa foi natural”, repete. “Eu acho que [para ele também], pelo que ele falou. Ele se abriu comigo também. E nos entendemos muito bem, sempre. Com meus filhos eu me entendo sempre muito bem. Esse caso foi meio diferente mas também foi uma experiência muito interessante e agradável, porque é a porta da vida e da felicidade. Realização também.”
“Não pode haver obstáculos para sensações. É uma maneira, uma atitude, é uma palavra que me foge agora…”, hesita, como que medindo as palavras. “De comportamento… Também não é comportamento, me foge a palavra. Mas de qualquer maneira, acho que todos nós temos o direito de viver o que nos é agradável, necessário e nos faz bem. Mas, principalmente, se faz bem para mais de um, é melhor ainda. Acho que foi uma experiência muito boa para mim também.”
A reportagem lembra a Mauricio que em 2017, quando foi entrevistado pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, a resposta que ele deu à pergunta sobre um possível personagem homossexual foi bem mais reticente. Podemos avaliar que houve uma mudança pessoal de postura? “Aprendemos todo dia. Com os relacionamentos da gente. Não só com a família, mas com a sociedade, realmente a gente aprende todo dia. O aprendizado tem de ser legal para você, senão fica mal, fica pesando na cabeça”, comenta.
Educação
Atento ao noticiário, não se furta a comentar, com seu inconfundível bom humor, notícias recentes. Vê semelhanças no atual movimento de turismo espacial com as aventuras de seu personagem Astronauta. “Lamento só que minha idade não me permite voar com esses corajosos”, afirma. “Mas agora estão colocando um cara com mais de 90 anos [o ator William Shatner, que interpretou Capitão Kirk na série Star Trek]. Então quero cuidar da minha saúde porque, de repente, com mais de 100 anos estou lá olhando a Terra de cima. Por que não?”
Mas o papo fica sério quando ele critica a qualidade da educação pública brasileiro. Fala com a autoridade de quem acabou, ainda que não fosse essa intenção, “alfabetizando” gerações de brasileiros com seus gibizinhos. “Minha briga com a educação formal no Brasil, governamental, minha briga é velha. Não concordo com algumas coisas que são colocadas no currículo e não sou especializado nisso. Mas em primeiro lugar deviam pagar melhor os professores, tratar melhor os professores. Em segundo, ter mais cuidado, até físico, com as escolas”, aponta.
“É ridículo a gente ver o estado, às vezes, como algumas escolas estão funcionando, recebendo os alunos. Depois ainda veio essa porcaria de pandemia que aqui ou ali afastou as crianças da escola, vão perder um ano, dois anos, três anos de vida intelectual. Um absurdo o que está acontecendo”, comenta. “Temos de brigar pela educação adequada, correta, com objetivo, com foco e tudo o mais. Eu quero ajudar, colaborar. Dar a força que temos de comunicação. Eu quero das as mãos para a educação formal, para que a gente possa ajudar também nisso.”
Mauricio tem consciência de que as histórias em quadrinhos podem ser a porta de entrada para o mundo da literatura. “Eu aprendi a ler com gibi. Minha mãe me ensinou a ler no gibi. E nunca mais parei, porque eu comecei a ler no gibi, depois de algum tempo, o pessoal precisa entender, depois de algum tempo que você lê gibi você quer ler alguma coisa mais profunda”, diz. “Aí você entra no livro, no livrão, no clássico e tudo o mais. Aí entra em outros idiomas também para ler os livros. É uma magia. A leitura é uma magia, contagia e leva a gente adiante para o objetivo que você quiser. É um caminho sem volta, felizmente.”
Pandemia e a reconstrução do mundo
Na entrevista com a BBC News Brasil, Mauricio estava em sua casa na zona oeste de São Paulo. É de lá que tem trabalhado desde o início da pandemia de covid-19.
“Toda essa tragédia também trouxe um aprendizado de sobrevivência. Não só de sobrevivência por causa da doença. Mas sobrevivência social. É um aprendizado social, familiar. Tanto que em alguns aprendizados há divórcios, em alguns há aproximação”, avalia.
“No meu caso, felizmente, está muito aproximado. Eu e minha mulher criamos alguns hábitos que não tínhamos, tomamos café da tarde juntos, brindamos quando vamos almoçar, jantar. Agradecemos pela comida, por tudo o que está acontecendo, pela segurança que temos e tivemos até agora, com todos os cuidados.”
“Um dos mais notáveis [aprendizados] é você trabalhar de casa. No meu estúdio, os artistas trabalham sozinhos, ninguém trabalha em dupla. Aí [quando a pandemia chegou ao Brasil] todo mundo foi trabalhar em casa. E a produção aumentou. [As pessoas] economizaram três, quatro horas de trânsito”, analisa ele. “Meu estúdio agora é um estúdio vazio. Lindo. Mas vazio. Agora está começando a onda de poder voltar aos poucos, com os cuidados devidos. Sigo duvidando que todos queiram voltar ao estúdio, porque muitos se acostumaram com a vida caseira. Eu estou aguardando o que vai acontecer. O que quer que aconteça, nós vamos nos adaptar. Eu tenho de me adaptar também, como presidente da empresa.”
Esquiva-se, entretanto, de comentar a atuação do presidente Jair Bolsonaro, criticado internacionalmente, frente à pandemia. “Estou acompanhando logicamente tudo isso que está acontecendo. Leio dois jornais, todas as revistas semanais, estou bem informado. Mas prefiro, principalmente em um veículo de comunicação, não entrar nesse assunto”, tergiversa.
No pós-pandemia, prevê uma “corrida para reformarmos o mundo”.
“Eu estou nessa também”, promete. “Estarei com minha pazinha lá. Ou jogando uma tinta legal na parede do mundo. Eu acredito que depois dessa sova que a gente levou do destino, as pessoas vão se humanizar um pouco mais, vão ter mais cuidado com a saúde, ensinar para as crianças e os jovens alguma forma de comportamento mais cuidadoso. Acho que vai haver uma reforma, um cuidado maior. Porque a surra que a gente levou foi muito forte.”
Assista ao trailer de ‘Turma da Mônica – Lições’

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Festas e Rodeios

4º dia de Rock in Rio tem Ed Sheeran apressado e Ferrugem mostrando a força do pagode

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Programação teve pop e pagode. Veja o que rolou nos palcos Mundo e Sunset. Ed Sheeran se apresenta no Rock in Rio 2024
Gustavo Wanderley/g1
Ed Sheeran fechou o quarto dia de Rock in Rio, nesta quinta-feira (20). Ele tentou conquistar o público sozinho no palco, sem inventar muito. Mais cedo teve Gloria Groove, que passou por sucessos da sua carreira, com um bloco especial dedicado ao pagode.
Pouco antes, no mesmo palco, Will Smith, escalado de última hora, fez uma performance de 25 minutos, e Charlie Puth trouxe seu pop certinho, como um esquenta para Sheeran.
Um dos destaques foi Ferrugem. Seu show indicou a força do pagode no festival. O clima “good vibes” veio com Joss Stone, que se apresentou para uma plateia modesta no Palco Mundo.
Jão mostrou que completou sua transição de popstar de nicho a uma espécie de Jerry Adriani da geração Z. O dia ainda teve Filipe Ret e Pedro Sampaio.
O Rock in Rio será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Ed Sheeran
Ed Sheeran canta ‘Thinking Out Loud’ no Rock in Rio
“Tudo que você ouve é tocado ao vivo. Não tem nada pré-gravado”, explicou Ed Sheeran logo na primeira pausa de seu show. Mais uma vez, ele reconstruiu seus hits por meio de voz, violão e efeitos. O músico tem um equipamento que grava e reproduz os sons que faz. Então, vai fazendo batidas, coros, riffs e dedilhados. Assim, sobrepõe camadas. É um formato que expõe todo o talento dele. Sem banda, sem dançarinos, sem cenário mirabolante ou outros truques, o cantor inglês de 33 anos é o único artista com duas tours no top 10 de turnês mais lucrativas de todos os tempos. Justíssimo. Em sua quarta passagem pelo Brasil, após shows em 2015, 2017 e 2019, Ed apresentou seu pop de playlist para uma plateia formada por casais, jovens adultos e algumas crianças. Leia mais sobre o show de Ed Sheeran.
Gloria Groove
Glória Groove canta ‘Nosso Primeiro Beijo’ no Rock in Rio
Gloria Groove costuma caprichar nas suas apresentações tanto na seleção de sets, quanto no seu visual. Na noite desta quinta, não foi diferente. Versátil, Gloria já passeou, durante sua carreira, por estilos musicais diferentes, do pop empoderado das drags ao funk e pagode. Emplacou todos eles. No Rock in Rio, ela mostrou um pouco desses momentos, em um show acelerado, sem pausas ou firulinhas. Leia mais sobre o show de Gloria Groove no Rock in Rio.
Will Smith
Will Smith agita o público no Rock in Rio com o hit “Gettin’ Jiggy With It”
Escalado de última hora para cantar no festival e alavancar as vendas desta quinta-feira, Will Smith fez uma performance de 25 minutos no Palco Sunset. É maldade dizer que o papel de rapper em recomeço de carreira seja um dos piores já interpretados por ele. Mas não deixa de ter certo sentido. Acompanhado de dez dançarinas, Smith começou pocket show rimando em português, em uma parte da música “Bad Boys”. Mas, na maior parte do tempo, o som estourado e mal equalizado impedia a maioria de ouvir o que ele estava cantando. Leia mais sobre o show de Will Smith no Rock in Rio.
Charlie Puth
Charlie Puth canta ‘See You Again’ no Rock in Rio
Charlie Puth esteve de volta ao Rock in Rio depois de sua estreia na edição de 2019. De lá para cá, ele engordou o setlist com mais hits de pop certinho, em sua maioria, dançantes. E ainda teve uma promoção: foi do Palco Sunset para um horário nobre no Palco Mundo. Com mais experiência, Puth garantiu bons momentos com público, em uma espécie de “esquenta” para o Ed Sheeran.Leia mais sobre o show de Charlie Puth no Rock in Rio.
Ferrugem
Ferrugem anima o público do Rock in Rio cantando ‘Evidências’
Não é exagero dizer que Ferrugem é um dos melhores cantores que passaram pelo Rock in Rio 2024 até esta quinta-feira. Sua voz é tão limpa que ouvir ao vivo é quase como escutar a gravação de estúdio. O carioca lotou o Palco Sunset do festival, logo depois da britânica Joss Stone se apresentar para um público mediano no Palco Mundo, que fica ao lado. A apresentação demonstrou, na prática, a força do pagode no Rock in Rio. A edição de 2024 é a mais pagodeira da história do festival. Leia mais sobre o show de Ferrugem no Rock in Rio.
Joss Stone
Joss Stone canta ‘Right to be Wrong’
Foi para uma plateia modesta que Joss Stone se apresentou no Palco Mundo. A apresentação seguiu a tradição dos shows da cantora inglesa: um vozeirão do início ao fim, uma energia good vibes e muito carisma. Havia muitos buracos entre as pessoas do público, algo incomum para o horário e espaço nos quais ela se apresentou. Mesmo assim, quem estava ali pareceu curtir cada segundo do show, que foi impecável. Leia mais sobre o show de Joss Stone no Rock in Rio.
Jão
Jão filma namorado e público enquanto canta ‘Locadora’ durante show no Rock In Rio
Se a Jovem Guarda surgisse nos anos 2020, seria Jão no palco cantando “Doce Doce Amor”. No Palco Mundo do Rock in Rio, o cantor completou sua transição de popstar de nicho a uma espécie de Jerry Adriani da geração Z. Em 2024, sua “Superturnê” lotou estádios pelo país. A série de shows promove “Super” (2023). Nela, Jão amplia referências musicais, indo do pop de sintetizadores ao country, e acrescenta doses de sensualidade ao repertório meloso. A dobradinha de “Me Lambe” e “Locadora”, duas faixas do disco, foi um dos melhores momentos da apresentação. Leia mais sobre o show de Jão no Rock in Rio.
Filipe Ret
Filipe Ret e Caio Luccas cantam ‘Melhor Vibe’ no Rock in Rio
O show de Filipe Ret com o pareiro Caio Luccas foi envolvente e mostrou o quão eclética é a veia do carioca. O setlist foi uma mescla das diferentes eras do artista, passando por seus 15 anos de carreira. A inspiração foi sua turnê atual, “FRXV” — adaptada a uma versão enxuta. “Corte Americano”, “7 Meiota”, “Louco pra voltar”, “Invicto” e “War” foram algumas das faixas do repertório. Antes de cantar a sensual “F*F*M*”, Filipe disse: “Quem gosta de foder fumando muita maconha levanta a mão”. E foi respondido com uma multidão de braços erguidos na plateia, que se mostrou agitada do início ao fim do show. Leia mais sobre o show de Filipe Ret no Rock in Rio.
Pedro Sampaio
Jovem artista convidado por Pedro Sampaio é ovacionado por público no palco Sunset
Em sua estreia no Rock in Rio, Pedro Sampaio fez um show dançante com pegada TikTok. Do pop ao funk de favela, a Cidade do Rock se tornou um grande bailão. Além das trilhas de trends atuais, o show resgatou Bonde das Maravilhas, Bonde do Tigrão, Tati Quebra Barraco e Valesca Popozuda. Ainda houve tempo para mostrar um vídeo de um menino cantando e dizer que a criança inspirou seu álbum mais recente, “Astro”. Thiago foi chamado para cantar. “Você realizou meu sonho. Você me levou do aeroporto pro palco e do palco pro mundo. Eu te amo”, declarou o jovem. Leia mais sobre o show Pedro Sampaio no Rock in Rio.

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Ed Sheeran faz bom show apressado e cheio de talento para plateia apaixonada no Rock in Rio

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Sozinho no palco, cantor inglês foi a atração principal desta quinta-feira do Rio in Rio com setlist dividido entre baladas românticas e hits dançantes. Leia crítica do g1. Ed Sheeran canta ‘Thinking Out Loud’ no Rock in Rio
Ed Sheeran tentou conquistar o público do Rock in Rio sozinho no palco, sem inventar muito. O show foi meio apressado, com 17 músicas tocadas em uma hora e 25 minutos. Os efeitos meio bregas no telão e as falas tímidas ainda fazem parte de uma performance que tem o mesmo formato há mais de 15 anos.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
“Tudo que você ouve é tocado ao vivo. Não tem nada pré-gravado”, ele explica logo na primeira pausa, após “Castle on the Hill”. Nesta quinta-feira (19), Ed mais uma vez reconstruiu seus hits por meio de voz, violão e efeitos.
Ele tem um equipamento que grava e reproduz os sons que faz. Então, vai fazendo batidas, coros, riffs e dedilhados. Assim, sobrepõe camadas. É um formato que expõe todo o talento dele.
Ed Sheeran canta ‘Perfect’ no Rock in Rio
Sem banda, sem dançarinos, sem cenário mirabolante ou outros truques, o cantor inglês de 33 anos é o único artista com duas tours no top 10 de turnês mais lucrativas de todos os tempos. Justíssimo. Em sua quarta passagem pelo Brasil, após shows em 2015, 2017 e 2019, Ed apresentou seu pop de playlist para uma plateia formada por casais, jovens adultos e algumas crianças.
O repertório se divide entre dois tipos de canção: baladas românticas super cantadas pelos fãs (“Thinking Out Loud”, “Photograph”, “Perfect” e “Love Yourself”, presente dele para Justin Bieber); e músicas mais dançantes em que um Ed soltinho canta histórias mais sobre sexo do que sobre amor, como em “Shiver”, “Shape of You” e “Don’t”.
O que une os dois grupos de canções é a capacidade de misturar um pouco de cada estilo: pop dançante, rock acústico, rap, R&B. Ed Sheeran é um dos artistas com menos medo de mesclar gêneros.
Ed Sheeran se apresenta no Rock in Rio 2024
Leo Franco/AgNews
Ao comentar o começo da carreira, quando se tornou o primeiro artista a estourar com ajuda do Spotity, Sheeran falou de forma acelerada, meio sem paciência. A impressão é que ele só quer tocar e cantar, mas infelizmente alguém disse que ele é obrigado a dizer uma coisa ou outra entre as músicas.
Segundo ele, “The A Team” representa a época em que tocava em pubs britânicos, sem esperança de que um dia seria um popstar. Em “Take It back”, versa sobre sair de casa aos 16 anos para tentar a sorte como cantor.
É uma das vezes em que banca um rapper meio desengonçado. Ele relembra que “dormia no metrô, mas hoje dorme com estrelas de cinema”. Não dorme mais: hoje curte a fase pai de família.
Ed Sheeran se apresenta no Rock in Rio 2024
Leo Franco/AgNews
Muita gente quis ouvir as histórias de Ed, mas não todo mundo. Talvez pelo formato acústico, várias vezes a falação desenfreada da plateia atrapalhou um pouco quem queria mais ver o show do que conversar sobre a derrota do Flamengo na Libertadores ou sobre as tatuagens do cantor.
Em “Don’t”, Sheeran tenta pedir que a plateia bata palmas e cante trechos com ele, mas encontra um público um pouco mais cansado do que nas três vindas anteriores dele. “Até agora vocês têm sido uma plateia barulhenta, mas eu já toquei no Brasil e sei que vocês podem ser mais barulhentos do que isso”, constatou, no meio de “Thinking Out Loud”.
Ele até que tinha razão, mas agradeceu com aquele jeitinho dele. “Obrigado por ficarem até tão tarde em uma quinta-feira… agradeço aos motoristas de trem e de ônibus, às babás… a todo mundo que nos permitiu estar aqui.”
Antes da despedida com “Bad Habits”, ainda deixou uma promessa de voltar com turnê solo em 2025.
Cartela resenha crítica g1
g1

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Gloria Groove faz show acelerado com trajetória musical, do pop ao pagode, no Rock in Rio

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Cantora se apresentou nesta noite no Palco Sunset. Glória Groove canta ‘Leilão’ no Rock in Rio
Gloria Groove costuma caprichar nas suas apresentações tanto na seleção de sets, quanto no seu visual. Na noite desta quinta-feira (19), no Rock in Rio, não foi diferente.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Versátil, Gloria já passeou, durante sua carreira, por estilos musicais diferentes, do pop empoderado das drags ao funk e pagode. Emplacou em todos eles.
Nesta noite, ela mostrou um pouco desses momentos, em um show dividido em três partes.
A plateia estava lotada quando Gloria surgiu com um corpo de balé com “Leilão”, que levantou o resto do público que insistia em ficar sentado, e mostrou a potência do gogó em “Greta”.
Ela depois lembrou o primeiro trabalho com um meddley de “O Proceder”, “Império” e “Dona”.
O show é acelerado, sem pausas ou firulinhas. Gloria emenda uma faixa na outra, quase sem respirar. A correria pode ter sido pela entrada de última hora de Will Smith no line-up, que a fez atrasar seu show, ou então pela dificuldade de colocar toda uma carreira em pouco mais de uma hora de show.
Glória Groove canta ‘Nosso Primeiro Beijo’ no Rock in Rio
A paradinha para falar com o público veio depois de “Pisando fofo”, uma parceria com Tasha e Tracie.
“A música é a coisa mais importante da minha vida, desde quando eu estava na barriga. Chegando aos 30 anos, isso continua sendo verdade”, falou.
“Se o Rock in Rio está fazendo 40 anos, vou fazer o que toda drag faz, festa”, disse para cantar “Muleke brasileiro”.
Ela foi pulando de hit em hit: “Jogo perigoso”, “Catuaba” e “Bonekinha” foram alguns deles.
O problema é que fica tão corrido que a plateia nem consegue se organizar para as coreografias.
Na mudança de bloco, Gloria vai para sua fase pagodeira, do álbum “Serenata da GG”.
Gloria Groove se apresenta no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1
É a vez do romantismo tomar conta do ambiente, com “Nosso primeiro beijo”, como trilha sonora. Quem estava acompanhado, conseguiu até mesmo dançar de rosto colado.
Teve “5 minutinhos” e “A tua voz”, que ganhou um lindo coro da plateia. Ela aproveitou para anunciar o volume 2 do “Serenata da GG”, que vai ser lançado no dia 26.
Gloria adiantou duas palhinhas do trabalho, “Encostar na tua”, em versão pagode, e “Apaga a luz”.
Gloria Groove se apresenta no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1
Para a parte final, o tema é carnaval. Ela surge com asas e uma coroa com penas de passistas de escola de samba.
Só que, com o relógio batendo quase meia-noite, a plateia começou a dispersar e se encaminhar para o Palco Mundo, para a apresentação de Es Sheeran.
Apareceram ainda “Da Braba”, música indicada ao Grammy Latino, e “Coisa boa”. Ela ainda toca percussão em “Ela balança” e “Bumbum de ouro”.
Sensual, Gloria leva o show para reta final com “Vermelho”. Um dançarino vestido de Michael Jackson é a deixa para “A queda”, a mais teatral de todas, que encerra a performance.

g1

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