Baterista foi desligado em 2020, após vazamento de conversa com fã. ‘Todo mundo que passou pela banda é valorizado por tudo que fez’, disse vocalista ao g1. Badauí fala sobre políticas públicas e saída de Japinha da banda
Em sua terceira participação no Rock in Rio, o CPM 22 se apresentou pela primeira vez sem o baterista Japinha, integrante da formação clássica do grupo, criado em 1995.
O músico foi desligado da banda há dois anos. Seu nome foi envolvido em um escândalo, após vazar na internet uma conversa com teor sexual que ele teve em 2012 com uma fã, na época com 16 anos — Japinha tinha 38.
Pouco depois de finalizar a apresentação no palco principal do festival, nesta quinta-feira (8), Badauí, vocalista do CPM, reconheceu que a saída do integrante foi um momento complicado para o grupo.
AO VIVO: assista aos shows do Rock in Rio 2022
PROGRAMAÇÃO: a lista de atrações do Rock in Rio 2022
“Não é legal o motivo que fez essa mudança acontecer”, disse, em entrevista ao g1. “Mas todo mundo que passou pela banda é valorizado por tudo que fez. A vida continua. Mudanças acontecem, cada um segue o seu caminho.”
Japinha toca bateria com o CPM 22 durante show no festival João Rock 2019, em Ribeirão Preto, SP
Érico Andrade/G1
Na época da divulgação das mensagens, Japinha confirmou ao g1 que o diálogo era verdadeiro, mas disse que fez “brincadeiras” sem “intenção de seduzir” a fã.
Ele foi substituído na banda pelo baterista Daniel Siqueira, também membro do grupo Garage Fuzz. A nova formação inclui ainda o baixista Ali Zaher. “Escolhemos pessoas muito competentes”, disse Badauí.
Discurso político
No show no Rock in Rio, o CPM entregou os hits nostálgicos da época em que a banda era uma das líderes do movimento emocore, no início dos anos 2000.
“Um minuto para o fim do mundo”, hit do disco “Felicidade Instantânea” (2005), teve coro do público, que emocionou Badauí.
Badauí discursa sobre ódio na internet e armas
A apresentação também ficou marcada por um discurso político do vocalista. “O Brasil sempre foi um país querido, o país da diversidade. Esse festival abrange todas as coisas: a igualdade, a diversidade, o respeito, o amor”, disse à plateia.
“É isso que a gente precisa nesse país, não ódio. Um festival da cultura, que valoriza a arte. Um país que tem cultura, que valoriza a cultura, não precisa de armas. Porque armas matam as pessoas, certo?”
Depois da apresentação, o cantor explicou por que decidiu abordar o tema no palco. Às vésperas da eleição, a flexibilização do uso de armas é uma das principais pautas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Armas são feitas para pessoas preparadas, e não para a população usar contra uma pessoa que torce para um outro time ou defende um outro tipo de ideologia.”
“Não posso correr o risco de ter a vida ameaçada porque outra pessoa não concorda comigo.”