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Diversidade, agência para setor e capacitação de profissionais: desafios do próximo governo para música

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Especialistas indicam quais são pontos mais sensíveis para a área musical no governo em 2023. Público em festival no interior de São Paulo
Júlio Cesar Costa/g1
No início do ano, uma discussão sobre Lei Rouanet e verbas de prefeituras, que gerou o movimento da ‘CPI dos Sertanejos’, evidenciou um segundo debate que volta e meia reaparece: quem merece ou não investimento?
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“Este episódio da ‘CPI do Sertanejo’ ilustra como todo mundo sai perdendo com a criminalização da cultural”, diz Daniela Ribas, diretora do Sonar Musical Consultoria. “Cultura não é só o que a gente gosta, é todo o caldo, de A à Z”, diz.
“Temos um manancial fantástico [de produção artística], e tivemos um governo que estimulou as pessoas a falarem mal, a pensarem mal dos músicos, querem que as pessoas acreditem que os músicos são dependentes do governo”, diz Kiko Fernandes, professor e coordenador da formação executiva em negócios da música, da FGV. “É uma coisa absurda. Houve uma caça de uma indústria que gera emprego, renda. ”
Em novembro, foram anunciados os integrantes para a equipe de transição de governo da área cultural. Estão no grupo nomes como a atriz Lucélia Santos, ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, a cantora Margareth Menezes, os deputados federais Áurea Carolina, Túlio Gadêlha (Rede-PE), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Marcelo Calero (PSD-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ).
Os especialistas indicam abaixo quais são os principais desafios para a música para este próximo governo.
Apoio à diversidade musical
Agência Nacional da Música
Diferentes mecanismos de incentivo para manifestações diferentes
1) Toda expressão cultural é legítima
O primeiro obstáculo a ser enfrentado, segundo os especialistas, vai além da música e aborda toda a área da Cultura: apoiar a diversidade cultural como um todo, e acabar com a ideia de que artistas, os músicos, são inimigos.
“Não é um grande desafio, é voltar à normalidade”, diz Fernandes, da FGV. “A primeira coisa que o governo precisa é distensionar, tirar essa tensão com o setor, e fazer o que sempre fez, que foi apoiar e criar condições para que o mercado se desenvolva. Criou-se esse discurso, essa caça, que além de não ajudar, atrapalhou”, diz.
Para Daniela, ao associar produtores culturais brasileiros, que não estão alinhados à uma ideologia específica, à ideia de “vagabundagem” e de “mamata”, é colocado em xeque o direito fundamental de acesso à cultura. “A pluralidade de manifestações culturais está intimamente ligada à democracia”, diz a especialista.
“Quando eles [apoiadores do presidente Jair Bolsonaro] criminalizam o meio cultural, geralmente baseados em informações falsas sobre o uso da Lei Rouanet e em uma visão equivocada do que é produção cultural, ele criminaliza condições de desenvolvimento do setor como um todo.”
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Na cadeia de eventos, ela diz, perdem todos: o cidadão deixa de ter acesso à cultura em sua diversidade e, então, o mercado não encontra ambiente de negócio favorável para seu desenvolvimento. Por causa disso, o mercado passa a ser mais dependente de mecanismos públicos, que, por sua vez, não conseguem atender todas as demandas, e termina por sufocar o próprio mercado cultural.
“No final, perdem os artistas e produtores, que passam a ser censurados, caluniados e perseguidos.”
Música e capacitação
Fernandes pontua que o principal desafio para desenvolver o setor musical de forma plena e constante a longo prazo é aproximar a música da educação. “Ensino de música está na lei, mas ela não é cumprida”, diz.
“As pessoas acham que se o filho aprender música é para ser músico. É a mesma coisa que achar que quem aprende a ler vai ser escritor, e quem aprende matemática vai ser físico. Lá fora, um aluno de 15 anos de idade que não sabe ler música é como se não soubesse ler livro”, completa.
Ele ainda explica que o ensino de música não deve ser restrito ao ensino básico, e que é preciso ainda promover a capacitação dos profissionais. “Nosso mercado é muito informal, não temos uma estrutura de formação, de especialização na área. E não é para aprender música, é para executar produções, fazer um projeto, plano de negócio, entender a burocracia”, explica. “Temos dinheiro girando no mercado, mas não temos bons projetos no papel porque as pessoas não sabem escrever esses projetos.”
Por causa dessa falha educacional e a falta de capacitação dos profissionais, segundo ele, os benefícios da lei de incentivo acabam se concentrando em grandes centros porque estes locais têm mais condições de se especializar. “Entra governo, sai governo, e tentam ainda resolver isso por meio de decreto, sem que tenha uma ação efetiva e permanente.”
2) Uma agência nacional para a música
De acordo com Daniela, do Sonar Musical Consultoria, um grande desafio é colocar a indústria da música no mesmo patamar que a indústria do cinema. E, para isso, é necessária a criação da Agência Nacional da Música nos mesmos moldes que a Ancine, a Agência Nacional do Cinema.
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“É a agência que serviria não apenas para financiar projetos por meio de um fundo específico, mas que também regularia o funcionamento das plataformas de streaming no país, no sentido de ter mais transparência nos contratos e pagamentos de royalties de direitos autorais”, explica Daniela.
Segundo ela, o debate para a criação é uma reivindicação que existe desde 2005, e que deve ser tanto regulamentadora quanto fomentadora. “Esta certamente é uma pauta que não vai passar batida, é central para todo mundo da música, e da cultura porque a música transpassa por várias linguagens da cultura.”
3) Mecanismos de incentivos diferentes para manifestações diferentes
Uma vez que incentivar a diversidade cultural do país deveria ser o objetivo de qualquer governo, de acordo com os especialistas, fazer com que a produção cultural se desenvolva em sua plenitude é o desafio principal. E, para isso, eles explicam que é necessário diversificar mecanismos para as diferentes formas de projetos artísticos e culturais.
“É desenvolver tanto com incentivos estatais diretos para expressões culturais relevantes e que não encontram apelo de mercado, como instrumentos de incentivo indireto para manifestações que encontram apelo de mercado”, diz Daniela.
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Ela afirma que a Lei Rouanet só ganha toda essa dimensão no debate porque não há outro mecanismo tão robusto de desenvolvimento dos setores criativos, que merecem atenção e investimento como qualquer outra área da economia.
“O que seria do agronegócio sem os incentivos fiscais e pesquisas financiadas pelo estado, as isenções?”, afirma a especialista.
“O setor musical precisa do governo da mesma forma que um banqueiro, que um empresário. Não é ‘mamata’, é trabalho. É fonte de emprego, de renda. Quando tem um show, tem do pipoqueiro ao cara que fez o cartaz, produzindo. É uma indústria e precisa de apoio”, diz Fernandes, da FGV.
Segundo Daniela, se a Cultura, além de emprego e renda, também educa e atua na identidade do país, precisa ter “investimentos reais, que não só um tipo de mecanismo, as leis de incentivo”, já que estas acabam sendo mais importantes para as empresas patrocinadoras do que para o meio artístico com um todo.
“As empresas usam a música, e a cultura em geral, para fazer propaganda gratuita ou com o custo bastante amortizado. O artista recebe valores pelo trabalho, mas a grande ganhadora é a empresa”, afirma.
Uma das ferramentas, para aqueles projetos que conseguem se beneficiar de leis de incentivo fiscal, seria a retomada do financiamento direto por meio do Sistema Nacional de Cultura.
O Sistema Nacional de Cultura foi incluído na Constituição em 2012, com a finalidade de organizar a gestão pública para a Cultura, de forma mais descentralizada e participativa. Entre os componentes de sua estrutura estão sistemas de financiamento, programas de formação na área e conselhos de cultura.
“Para os mais consagrados, leis de incentivo. Para os iniciantes, ou menos consagrados, financiamento direto. Isso é diversificar.”

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Voz icônica de Cid Moreira também fica eternizada em volumosa discografia calcada em orações e textos religiosos

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♫ MEMÓRIA
♪ A voz de Cid Moreira (29 de setembro de 1927 – 3 de outubro de 2024) é imediatamente reconhecida por todos os brasileiros desde 1969, ano em que o locutor começou a apresentar o Jornal Nacional, função exercida até 1996. Essa voz icônica, inconfundível, se calou hoje com a morte de Cid Moreira aos 97 anos, em Petrópolis (RJ), mas fica eternizada na extensa discografia do apresentador.
Lançando mão da oratória exemplar, Cid debutou no mercado fonográfico há 49 anos com a edição em 1975 do single Poemas pela gravadora Som Livre. Em 1977, o locutor lançou o primeiro álbum, Oração da minha vida, posto no mercado pela Edições Paulinas Discos.
Desde então, Cid Moreira construiu discografia calcada em orações e textos religiosos. Somente a série de discos Salmos gerou três volumes lançados em 1986, 1988 e 1996. Entre um e outro volume, o locutor lançou em 1994 o álbum O sermão da montanha, ao qual se seguiu o disco Quem é Jesus? em 1995.
Em 1999, Cid Moreira apresentaria o maior lançamento fonográfico da carreira, Paisagens bíblicas – As mais belas histórias da Bíblia interpretadas por Cid Moreira, monumental coleção composta por 24 discos. Foi um sucesso de vendas.
Outras coleções vieram no rastro desse êxito a partir dos anos 2000, com álbuns em que Cid Moreira interpretava textos do Velho Testamento e do Novo Testamento com a voz formal que jamais será esquecida pelo povo brasileiro.
Capa do primeiro single de Cid Moreira (1927 – 2024), “Poemas”, lançado em 1975
Reprodução / Capa de disco

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‘Tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele’, diz Sérgio Chapelin sobre Cid Moreira

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Chapelin dividiu a bancada do Jornal Nacional com Cid Moreira durante quase duas décadas e diz que ele foi o “melhor profissional” com quem trabalhou. Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada, na década de 80
Acervo TV Globo
O jornalista Sérgio Chapelin, que apresentou o Jornal Nacional ao lado de Cid Moreira durante quase 20 anos, disse ao programa “Encontro” que o apresentador foi o “melhor profissional” com quem já trabalhou em sua carreira.
Essa foi uma homenagem ao ícone do jornalismo e dono de uma voz inconfundível, que morreu na manhã desta quinta-feira (3), depois de passar as últimas semanas internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, tratando uma pneumonia.
“Ele me ajudou muito e eu tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele”, disse Chapelin.
Leia o que disse Chapelin sobre Cid Moreira:
“A minha parceria com o Cid foi longa, foram quase 20 anos no jornal nacional. O que eu tenho a dizer a respeito dele é que ele foi o melhor profissional com quem eu já trabalhei. Ele me ajudou muito e eu tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele. Ele tinha uma voz privilegiada, uma técnica primorosa e um talento invejável. Então, a gente sente. Mas foram 97 anos vividos e 97 anos pesam bastante. Vamos lembrar as coisas boas que ele fez, que foram muitas. O Cid realmente trabalhou muito, era de fato um homem dedicado ao trabalho e fez coisas que a gente tem que respeitar. Então, vamos fazer agora uma oração e esperar que ele seja bem acolhido num plano superior”.
Cid Moreira morre aos 97 anos
Esposa de Cid Moreira diz que jornalista lutou bravamente até o último minuto
Cid Moreira conta o boa noite especial do dia da morte do poeta Carlos Drummond de Andrade

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Adeus a Cid Moreira: jornalistas prestam homenagens ao apresentador

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Jornalista, locutor e apresentador faleceu nesta quinta (3), aos 97 anos. Ele estava internado em um hospital em Petrópolis, na Região Serrana do RJ, e nas últimas semanas vinha tratando de uma pneumonia. Cid Moreira morre aos 97 anos
Jornalistas e apresentadores da TV Globo prestaram homenagens nesta quinta (3) a Cid Moreira, um dos maiores ícones da história do jornalismo brasileiro.
O apresentador faleceu aos 97 anos, deixando um legado de credibilidade e carisma durante décadas na história da televisão. Colegas da TV Globo se reuniram para relembrar os momentos mais marcantes de Cid Moreira e sua voz inconfundível. Veja a seguir:
Sérgio Chapelin: ‘Foi o melhor profissional com quem eu trabalhei’
Cid Moreira e Sérgio Chapelin
Rede Globo
“A minha parceria com o Cid foi longa. Foram quase 20 anos no Jornal Nacional. O que eu tenho para dizer a respeito dele é que foi o melhor profissional com quem eu trabalhei. Ele me ensinou muito e eu tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele.”
William Bonner : ‘Quando vi o rosto dele de perfil, lembro que fiquei petrificado’
Cid Moreira e William Bonner
Acervo TV Globo
“Cid Moreira, na Globo, inaugurou o Jornal Nacional. Foi em setembro de 1969. E ele permaneceu no Jornal Nacional initerruptamente até o fim de março de 1996. Para qualquer pessoa que teve mais de 40 anos de idade o Jornal Nacional teve aquele rosto. Para quem tem menos de 40 anos de idade talvez o rosto do JN não seja o do Cid Moreira, mas o Cid Moreira é o rosto e a voz do Fantástico porque, embora ele tenha trabalhado para o Fantástico e para o Jornal Nacional simultaneamente durante muitos anos, quando ele deixou o JN ele passou de se dedicar não apenas a leitura de editoriais no Jornal Nacional mas também ao Fantástico.
Essa foi uma fase em que eu acho que o Cid Moreira pode se divertir mais enquanto profissional.
O Cid Moreira era um grande brincalhão e ele adorava que brincavam com ele também. Quando ele pode passar a brincar com ele mesmo a carreira dele entrou para um outro patamar, ou por um outro caminho. Quem aqui não vai se lembrar do vozeirão dele falando ‘Mister M’? Quem não vai se lembrar na Copa do Mundo de 2010? Quando eu leio ‘Jabulane’ vem a cabeça a voz do Cid.
Na minha carreira, pessoalmente, tem dois momentos muito marcantes. O primeiro momento mais importante da minha vida foi o dia em que eu vi o Cid Moreira de perfil. A visão do Cid Moreira é na tela da TV, olhando para a câmera. Foi muito estranho ver o rosto do Cid de perfil. Quando vi o rosto dele de perfil, lembro que fiquei petrificado.
O segundo momento mais marcante da minha carreira foi quando eu olhei à direita e vi o Cid Moreira sentado ao meu lado na mesma bancada em que eu me encontrava para apresentar o JN. Isso é uma experiência profissional que quem passou por ela tem uma certa dificuldade de descrever. Ele é uma figura gigantesca. Co-fundador do Jornal Nacional, uma voz de uma credibilidade indiscutível e em um tempo onde não tinha internet, rede social, televisão por assinatura, streaming. O Jornal Nacional era a principal fonte de informação dor brasileiros.”
Sandra Annenberg: ‘O Cid é a voz e continuará sendo para sempre’
“Passo por aqui para deixar um abraço muito apertado para a Fátima e para toda a família do Cid e, principalmente para o Brasil, que vai viver sem essa voz. O Cid é a voz e continuará sendo para sempre. Tenho a honra no meu currículo de ter estreado ao lado dele. Fui a primeira mulher a aparecer toda noite ao lado do Cid e do Sérgio na previsão do tempo. Ele sempre foi muito carinhoso, muito cuidadoso, um mestre. Como todo mestre tem que ser, será lembrado para sempre.”
Fatima Bernardes: ”A voz dele era uma grife, um selo de qualidade”
“Quando eu comecei a assistir ao Jornal Nacional, ele estava lá. Quando eu me tornei jornalista, ele estava lá. A primeira vez em que entrei ao vivo no JN no meio de uma enchente, foi ele que chamou o meu nome: ‘de lá fala ao vivo a repórter Fátima Bernardes’.
A voz dele naquela bancada, era uma grife, um selo de qualidade. Hoje, o Cid Moreira se foi, mas não será esquecido, marcou uma época. Meu carinho sincero pra todos que o amavam.”
‘Ele é uma marca indelével’, diz Míriam Leitão sobre Cid Moreira
Miriam Leitão: ‘Transformava a voz no veículo da informação’
“O Cid Moreira marca a história do jornalismo brasileiro. Ele fez parte da contrução do maior produto do jornalismo brasileiro, que é o Jornal Nacional. Durante décadas, ele foi a voz que transmitia informação. Não estava sozinho, esteve com o Sergio Chapelin durante muito tempo, depois foi para o Fantástico. Mas o importante era a maneira como ele transformava a voz dele no veículo da informação.
A voz dele é atemporal. Ela transitou bem pelo tempo, pelas novas de fazer jornalismo. Ele passava uma coisa que os jornalistas de televisão buscam que é credibilidade: ‘Cid Moreira falou, então aconteceu'”.
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