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Festas e Rodeios

Livro mostra como Marina Lima se abriu para o país construído em 1984 no álbum ‘Fullgás’

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Capa d’O livro do disco – Fullgás – Marina Lima’, de Renato Gonçalves
Divulgação
Resenha de livro
Título: O livro do disco – Fullgás – Marina Lima
Autoria: Renato Gonçalves
Edição: Cobogó
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Devotado às mulheres, o cancioneiro de Erasmo Carlos (1941 – 2022) teve subvertido o sentido original da letra de Mesmo que seja eu (1982) – parceria com Roberto Carlos apresentada há 40 anos pelo Tremendão no álbum Amar pra viver ou morrer de amor (1982) – quando Marina Lima se apropriou da canção ao incluí-la no álbum Fullgás (1984).
Com pausa estratégica entre os versos “Você precisa de um homem pra chamar de seu” e “Mesmo que esse homem seja eu”, a cantora sublinhou o sentido lésbico dessa cantada em forma de canção e ainda cortou dois versos da letra original – “Filosofia e poesia é o que dizia minha vó / Antes mal-acompanhada do que só” – para retirar qualquer eventual traço machista da música.
Essa ressignificação da canção de Erasmo Carlos por Marina é analisada por Renato Gonçalves nas páginas 113 e 1994 d’O livro do disco – Fullgás – Marina Lima, no mercado desde 30 de agosto pela editora Cobogó.
Doutor em ciências da comunicação pela ECA-USP e mestre em filosofia pela IEB-USP, Gonçalves abre mão da linguagem acadêmica ao discorrer na série O livro do disco sobre Fullgás – álbum que abriu portas e mercado para a música de Marina Lima, graças ao estouro da música-título, parceria da artista carioca com o irmão poeta Antonio Cicero – com narrativa consistente, mas pop, tal como o disco em que Marina aderiu aos timbres eletrônicos dos sintetizadores em voga na época.
Para mostrar como Marina se abriu para o país construído neste álbum emblemático, o autor situa Fullgás no contexto político do Brasil de 1984 – lembrando que disco chegou ao mundo acompanhado do homônimo manifesto assinado por Marina com Cicero – e enfatiza a multiplicidade de camadas políticas de repertório que expôs questões de gênero em contexto afetivo, incursionando pelo erotismo nesse mesmo universo afetivo em músicas como Pra sempre e mais um dia (Marina Lima e Antonio Cicero, 1983) – canção lançada um ano antes por Zizi Possi em gravação que atenuou a carga erótica dos versos de Cicero – e Veneno (1984), versão em português da canção italiana Veleno (Alfredo Polacci, 1948) escrita por Nelson Motta.
Do ponto de vista estritamente musical, Renato Gonçalves também lembra que a supressão da segunda parte da canção Ordinary pain (Stevie Wonder, 1976) – intitulada Pé na tábua (1984) na versão em português de Antonio Cicero e Sérgio de Souza – tornou a canção mais pop, sem o acento soul da gravação original do cantor norte-americano Stevie Wonder, numa prova da personalidade de Marina ao dar voz a músicas de lavras alheias.
O livro sobre Fullgás resulta interessante porque o autor disseca o disco ao mesmo tempo em que expõe o processo de reconstrução da democracia no Brasil de 1984 – ano que o país se manteve unido na campanha pelas eleições diretas – e contextualiza o surgimento de Marina Lima na música brasileira na década de 1970 e a consequente consolidação da parceria da artista com o irmão Antonio Cicero, conexão fundamental nos álbuns lançados pela cantora entre 1979 e 1989 (a partir do disco Marina Lima, de 1991, a compositora abriu o leque de parceiros).
Com conhecimento de causa, notório desde que abordou há dois anos o álbum Fullgás em vídeo da série Na ponta do disco (2020), Renato Gonçalves apresenta livro afinado com o espírito de artista relevante que contribuiu para pôr o sexo na pauta da MPB no rastro da revolução feminina de 1979.
Mesmo sem apresentar um pensamento realmente original sobre a artista e sobre este disco já muito analisado, o livro é bom como o sexo cantado por Marina Lima em cancioneiro desde sempre moderno.

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Chris Brown esgota 50 mil ingressos em uma hora para show em São Paulo

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Músico anunciou show extra no Allianz Parque. Ingressos serão vendidos nesta quinta-feira (3). Chris Brown esgota ingressos para show em SP
Paul R. Giunta/Invision/AP
Os ingressos para o show de Chris Brown no dia 21 de dezembro, em São Paulo, esgotaram rapidamente nesta quinta-feira (3). Segundo a Live Nation, foram 50 mil ingressos vendidos em uma hora.
Com isso, o cantor anunciou mais uma apresentação para o dia 22, também no Allianz Parque. Os valores estão entre R$ 210 (cadeira superior, meia-entrada) e R$ 790 (pista premium, inteira).
Os ingressos para a nova data também serão vendidos nesta quinta-feira, a partir das 15h, no site da Ticketmaster, ou na bilheteria oficial a partir das 15h30.
Chris Brown não se apresenta no Brasil desde 2010. Após passar pelos EUA e Canadá com a turnê “11:11”, o cantor trará um show diferente ao país, focado em seus maiores sucessos. O setlist deve incluir hits novos, como “Under the Influence”, e sucessos de Brown dos anos 2000.
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Voz icônica de Cid Moreira também fica eternizada em volumosa discografia calcada em orações e textos religiosos

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♫ MEMÓRIA
♪ A voz de Cid Moreira (29 de setembro de 1927 – 3 de outubro de 2024) é imediatamente reconhecida por todos os brasileiros desde 1969, ano em que o locutor começou a apresentar o Jornal Nacional, função exercida até 1996. Essa voz icônica, inconfundível, se calou hoje com a morte de Cid Moreira aos 97 anos, em Petrópolis (RJ), mas fica eternizada na extensa discografia do apresentador.
Lançando mão da oratória exemplar, Cid debutou no mercado fonográfico há 49 anos com a edição em 1975 do single Poemas pela gravadora Som Livre. Em 1977, o locutor lançou o primeiro álbum, Oração da minha vida, posto no mercado pela Edições Paulinas Discos.
Desde então, Cid Moreira construiu discografia calcada em orações e textos religiosos. Somente a série de discos Salmos gerou três volumes lançados em 1986, 1988 e 1996. Entre um e outro volume, o locutor lançou em 1994 o álbum O sermão da montanha, ao qual se seguiu o disco Quem é Jesus? em 1995.
Em 1999, Cid Moreira apresentaria o maior lançamento fonográfico da carreira, Paisagens bíblicas – As mais belas histórias da Bíblia interpretadas por Cid Moreira, monumental coleção composta por 24 discos. Foi um sucesso de vendas.
Outras coleções vieram no rastro desse êxito a partir dos anos 2000, com álbuns em que Cid Moreira interpretava textos do Velho Testamento e do Novo Testamento com a voz formal que jamais será esquecida pelo povo brasileiro.
Capa do primeiro single de Cid Moreira (1927 – 2024), “Poemas”, lançado em 1975
Reprodução / Capa de disco

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‘Tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele’, diz Sérgio Chapelin sobre Cid Moreira

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Chapelin dividiu a bancada do Jornal Nacional com Cid Moreira durante quase duas décadas e diz que ele foi o “melhor profissional” com quem trabalhou. Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada, na década de 80
Acervo TV Globo
O jornalista Sérgio Chapelin, que apresentou o Jornal Nacional ao lado de Cid Moreira durante quase 20 anos, disse ao programa “Encontro” que o apresentador foi o “melhor profissional” com quem já trabalhou em sua carreira.
Essa foi uma homenagem ao ícone do jornalismo e dono de uma voz inconfundível, que morreu na manhã desta quinta-feira (3), depois de passar as últimas semanas internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, tratando uma pneumonia.
“Ele me ajudou muito e eu tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele”, disse Chapelin.
Leia o que disse Chapelin sobre Cid Moreira:
“A minha parceria com o Cid foi longa, foram quase 20 anos no jornal nacional. O que eu tenho a dizer a respeito dele é que ele foi o melhor profissional com quem eu já trabalhei. Ele me ajudou muito e eu tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele. Ele tinha uma voz privilegiada, uma técnica primorosa e um talento invejável. Então, a gente sente. Mas foram 97 anos vividos e 97 anos pesam bastante. Vamos lembrar as coisas boas que ele fez, que foram muitas. O Cid realmente trabalhou muito, era de fato um homem dedicado ao trabalho e fez coisas que a gente tem que respeitar. Então, vamos fazer agora uma oração e esperar que ele seja bem acolhido num plano superior”.
Cid Moreira morre aos 97 anos
Esposa de Cid Moreira diz que jornalista lutou bravamente até o último minuto
Cid Moreira conta o boa noite especial do dia da morte do poeta Carlos Drummond de Andrade

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