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Festas e Rodeios

Cássia Eller, que faria 60 anos hoje, ‘tinha o blues’, como mostra álbum inédito com guitarrista Victor Biglione

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Gravado há três décadas, mas arquivado na época, o disco expõe a grandeza do canto da artista morta em 2001. Capa do álbum ‘Cássia Eller & Victor Biglione in blues’, gravado entre 1991 e 1992 pela cantora Cássia Eller (1962 – 2001) com o guitarrista Victor Biglione
Paulo Ruy Barbosa com arte de Emerson Ferreira
Resenha de álbum
Título: Cássia Eller & Victor Biglione in blues
Artistas: Cássia Eller e Victor Biglione
Edição: Universal Music
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Existe expressão em inglês, I get the blues, que pode designar tanto um melancólico estado d’alma quanto a habilidade de um intérprete para expressar toda a dor e alma contidas no blues, gênero matricial da música norte-americana. Ter o blues – em tradução tão literal quanto poética para o português – é trunfo de raros cantores.
Cantora que hoje faria 60 anos, Cássia Rejane Eller (10 de dezembro de 1962 – 29 de dezembro de 2001) carregava o blues na alma e na voz situada inicialmente em território marginal antes de ser convertida ao pop radiofônico a partir de 1994 pela força da indústria do disco.
Guitarrista argentino radicado no Brasil desde a infância, Victor Biglione percebeu que Cássia Eller tinha o blues quando a ouviu citar I’ve got a feeling (John Lennon e Paul McCartney, 1970) na introdução da balada Por enquanto (Renato Russo, 1985) em gravação feita para o primeiro álbum da cantora, Cássia Eller (1990). Tanto que, em 1991, Biglione a convidou para ser a intérprete do disco de blues que planejava fazer no Brasil.
Gravado entre o fim de 1991 e o início de 1992 nos estúdios da gravadora PolyGram, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), Cássia Eller & Victor Biglione in blues chega ao mundo após 30 anos e algumas versões divergentes sobre a razão de o disco ter sido arquivado na época.
O álbum sai hoje, 10 de dezembro de 2022, dia do 60º aniversário de Cássia Eller, e mostra que, sim, a cantora tinha o blues. Basta ouvir Same old blues (Don Nix, 1969) – uma das oito faixas gravadas com a voz de Cássia Eller (dois medleys instrumentais completam o repertório do disco) – para identificar no canto da intérprete carga ancestral que embute um desespero, um lamento que traduz o espírito do blues.
Remasterizado com o habitual requinte pelo engenheiro de som Ricardo Garcia, mestre do ofício, Cássia Eller & Victor Biglione in blues é disco sem prazo de validade. Um grande álbum centrado na voz e na guitarra de Victor Biglione, cujos solos são feitos com alma sem que o músico jogue nota fora somente para evidenciar o notório virtuosismo.
Embora sobressalente, o duo está em boa companhia no álbum. Além dos toques de músicos como Marcos Nimrichter (órgão) e Ricardo Leão (teclados), os arranjos criados por Biglione incluem eventualmente – como em I ain’t superstition (Willie Dixon, 1962) e na citada Same old blues – poderoso naipe de metais soprados por Bidinho (trompete), Chico Sá (sax tenor), Serginho Trombone (1949 – 2020) (trombone), Zé Carlos Ramos, o bigorna (sax alto) e Zé Nogueira (sax alto e soprano), instrumentista que assina a produção musical do álbum com Victor Biglione.
Victor Biglione e Cássia Eller na imagem tratada para a capa do álbum ‘Cássia Eller & Victor Biglione in blues’
Paulo Ruy Barbosa / Divulgação
Dos oito temas cantados por Cássia, um já fazia parte da discografia oficial da artista em vida. É If six was nine (Jimi Hendrix, 1967), blues gravado em O marginal (1992), álbum feito na sequência da gravação com Biglione que acabou se tornando o segundo título da discografia de Cássia.
As audições de gravações como as de I’m your hoochie cooche man (Willie Dixon, 1954) – standard de Muddy Waters (1915 – 1983) – e When sunny gets blues (Marvin Fischer e Jack Segal, 1956) mostram que Biglione tinha razão ao ter vislumbrado a viabilidade de carreira internacional para Cássia Eller com este disco de blues.
A propósito, When sunny get blues se diferencia no disco pela maciez do canto de Cássia e do toque da guitarra de Biglione. Essa balada-blues soa como standard jazzy da canção norte-americana.
Já Prison blues (Chris Farlowe e Jimmy Page, 1988) é tributo em que Biglione celebra Jimmy Page, guitarrista associado ao rock do grupo Led Zeppelin, em faixa de alta potência em que a voz de Cássia se afina com a guitarra do músico.
Outra incursão pelo repertório de grupos ingleses de rock é feita em Got to get you into my life (John Lennon e Paul McCartney, 1966), investida psicodélica dos Beatles no território do R&B e do soul. Biglione buscou dar tom lisérgico ao toque da guitarra.
Já I ain’t got nothing but the blues (Duke Ellignton e Don George, 1937), tema já ouvido na voz de Cássia em álbum ao vivo póstumo de 2012, é faixa em que cantora e guitarrista (então no toque de dois violões) pisam com propriedade no terreno rural do blues enraizado no solo afro-americano.
Enfim no mundo, após tantas especulações infundadas sobre a suposta má qualidade do disco, o álbum Cássia Eller & Victor Biglione in blues é atestado da grandeza do canto de Cássia Eller, artista que tinha o blues, entre outros tantos atributos.

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Garth Brooks é processado por maquiadora que o acusa de estupro

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Mulher diz que agressão aconteceu em 2019. Ela afirma que sofreu diferentes tipos de abusos quando trabalhava para o astro do country americano. Garth Brooks faz show em prol do Hospital de Câncer de Barretos, em 2015
Mateus Rigola/G1
O astro do country Garth Brooks foi processado por uma mulher que o acusa de estupro, segundo o canal de notícias americano CNN nesta quinta-feira (3).
A ação diz que o ataque aconteceu quando ela trabalhava para ele como maquiadora e cabeleireira, em 2019.
A mulher, identificada como Jane Roe, afirma que o cantor também mostrava seus órgãos genitais para ela, falava sobre sexo, se trocava na sua frente e mandava mensagens sexualmente explícitas.
Ela afirma que foi estuprada por ele em um hotel, em Los Angeles, durante uma viagem para a gravação de uma homenagem do Grammy.
O cantor já tinha afirmado ser inocente em um processo movido por ele, anonimamente, em setembro. Na ação, Brooks pedia para que a Justiça declarasse que as acusações de Roe não eram verdade e a proibissem de divulgá-las.
Ele dizia que se tratava de uma tentativa de extorsão que causariam “dano irreparável” à sua carreira e sua reputação.

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DJ Gustah expõe a força crescente de vozes femininas do rap e do trap, como Azzy e Budah, no álbum coletivo ‘Elas’

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A rapper capixaba Budah integra o elenco do disco ‘Elas’, projeto fonográfico que o DJ Gustah lançará na terça-feira, 8 de outubro
Divulgação
♫ NOTÍCIA
♪ As mulheres marcam cada vez mais posição e território no universo do hip hop. Projeto fonográfico que o DJ e produtor musical paulistano Gustah lança na terça-feira, 8 de outubro, o álbum Elas dá voz a mulheres que estão se fazendo ouvir nos segmentos do rap e do trap com força crescente.
Editado pelo selo de Gustah, 2050 Records, o disco apresenta 10 gravações inéditas entre as 12 faixas. Abismo no peito é música cantada e composta pela rapper capixaba Budah. Cynthia Luz sola a lovesong Mar de luz e, com Elana Dara, mergulha em Lago transparente.
A paulistana Bivolt dá voz ao boombap Faço valer. A novata Carla Sol defende Hora exata. Voz de São Gonçalo (RJ), município fluminense, Azzy é a intérprete de Mesmo lugar, faixa de tom mais introspectivo. Clara Lima canta Intenção. King Saint entra em Ondas sonoras.
Ex-integrante do duo Hyperanhas, Andressinha é a voz de Poucas conversas. Annick figura em Decisões. A paulista Quist apresenta Destilado em poesia. Killua fecha o disco com Lunaatica.
Embora calcada no rap e no trap, a sonoridade do disco Elas transita pelo R&B e também ecoa a MPB.
Capa do disco ‘Elas’, produzido pelo DJ Gustah
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Post Malone anuncia show exclusivo no festival VillaMix, em São Paulo

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Cantor será uma das principais atrações do festival, conhecido por focar na música sertaneja. Post Malone canta no The Town 2023
Luiz Franco/g1
O festival VillaMix anunciou o cantor Post Malone como uma das atrações da edição de 2024, no dia 21 de dezembro na Neo Química Arena, em São Paulo.
O show será exclusivo no festival, conhecido por focar em música sertaneja. Segundo a organização, a primeira edição em 5 anos de evento trará country, pop e sertanejo, e o line-up completo ainda será revelado.
A venda geral já tem início no próximo dia 7, pela Eventim.
Post Malone esteve no Brasil pela última vez em 2023, quando se apresentou no The Town. Ele apostou em versões roqueiras de hits mais antigos, e fechou a programação do primeiro dia de festival. Relembre como foi.
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