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Festas e Rodeios

as 50 séries de 2022

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Tudo o que eu vi este ano de incrível, mediano ou insuportável. Eu ia fazer um ranking das dez melhores séries do ano. Mas eu vi coisa demais no ano, gostei de coisa demais, desgostei de um monte, larguei várias séries no meio e, como este blog anda às moscas nos últimos tempos, vou aproveitar que tenho sua atenção agora para listar tudo, ou quase tudo o que eu vi neste difícil ano de 2022: de muito bom, de médio e também de muito ruim.
Começando pelo que foi muito bom, afinal é época de celebrar as coisas boas do ano e de ter esperança no coração, né? Vambora.
Station Eleven (HBO Max) – Fico chocada com o quanto essa série apenas maravilhosa foi pouco badalada neste ano – talvez porque comece com uma pandemia que dizimou 99% da população mundial? Adaptação de livro igualmente excelente, conta a história de um grupo de pessoas que sobrevive a essa pandemia. Mas a série não é sobre a pandemia. É muito mais sobre a vida depois do fim do mundo, sobre esperança, recomeços e várias palavrinhas clichês que aqui fogem completamente do óbvio para entregar uma história linda, maluca, profunda e delicada.
A série vai e volta no tempo e é centrada em Kristen (Matilda Lawler criança, Mackenzie Davis adulta, ambas sensacionais), uma atriz mirim que atuava numa peça de Shakespeare e é uma das sobreviventes da pandemia graças à ajuda de um desconhecido. Vinte anos depois, ela é parte de uma trupe de atores e músicos que faz anualmente uma turnê pelos, digamos, povoados formados por quem sobreviveu à tragédia. “Station Eleven” fala de arte e civilização, de amizade, medo, amor. Tem personagens ótimos, atuações maravilhosas e uma história bem inesperada. E, se você não viu, não desista antes de ver pelo menos uns três episódios, acredita em mim.
Reservation Dogs (Star+) – Eu entendo que falar “é uma série sobre adolescentes indígenas americanos” não dá nem de longe a dimensão do quanto essa série é boa demais. Mas é isso. É a vida de um grupo de amigos numa cidade americana que fica dentro de uma reserva indígena, que nesta segunda temporada consegue ser melhor que o maravilhoso primeiro ano. A série, criada por Taika Waititi, é feita toda com indígenas e mostra o cotidiano desses personagens, o tédio, as amizades, as brigas, as tradições, tudo permeado pelo mais fino humor indígena – do qual virei fã número um desde a primeira temporada. Acredite: é legal demais, dá vontade de ver aos pouquinhos para não gastar todos os oito episódios de uma vez.
Ruptura (Apple tv+) – O tanto de nervoso que eu passei com essa série, gente do céu. Começa meio devagar, dá vontade de largar (não largue), mas a história vai escalando e termina com a gente gritando com a TV, enlouquecida, desesperada pela segunda temporada (que virá). É sobre uma empresa bizarra e misteriosa que implanta um chip em seus funcionários (com o consentimento deles) para separar totalmente a vida pessoal da vida profissional. E aí que começa o mistério e a tensão na série, que de início pode parecer só “Black Mirror” genérico, mas que é uma das melhores coisas do ano.
Hacks (HBO Max)– A segunda temporada manteve demais o nível da primeira e conseguiu fazer a gente gostar mais ainda da relação entre a comediante consagrada mas já meio em fim de carreira e a jovem e promissora roteirista de comédia que vai ajudá-la a “atualizar” suas piadas. Uma road trip pelo interior dos EUA (e um belíssimo cruzeiro lésbico) servem de cenário para essa amizade meio passivo-agressiva, com diálogos matadores e, novamente, excelentes discussões sobre os limites da comédia, o machismo, o feminismo, a sororidade etc. Imperdível.
Girls 5eva (Globoplay) – Quatro ex-integrantes de uma banda tipo Spice Girls que só teve um grande sucesso, 20 anos atrás, se reencontram – e começam a querer relançar a banda – depois que uma de suas músicas é sampleada por um rapper badalado. “Girls5Eva” é aquela série com tanta piada e tanta referência que vale ver e rever para poder rir em vários níveis. Não é para menos: é escrita por uma ex-SNL, Meredith Scardino, produzida pelos gênios Tina Fey (minha ídola suprema) e Robert Cartlock, as mentes brilhantes por trás de “30 Rock” e “Unbreakable Kimmy Schmidt”, e ainda tem as músicas – nada menos que geniais – escritas por Jeff Richmond (não por acaso marido da Tina Fey). Aguardando a segunda temporada chegar por aqui, já demorou.
Cena de “Girls5Eva”, do Globoplay
Divulgação/Globoplay
Em nome do céu (Star+) – Melhor minissérie do ano, protagonizada por Andrew Garfield, que vive um policial que investiga um crime bárbaro dentro da comunidade mórmon da qual ele faz parte, numa cidadezinha do estado americano de Utah. Baseada em uma história real que aconteceu nos EUA nos anos 80, a série além de ótima é uma aula de história sobre o surgimento do mormonismo. Densa, pesada, com excelentes atuações, é difícil conseguir largar.
Only Murders in the Building (Star+) – A história dos vizinhos que moram um predião de Nova York e têm um podcast de true crime é outra que conseguiu manter o nível da linda primeira temporada e foi uma das coisas mais divertidas do ano (embora com uma leve embromation ali no meio), com uma investigação ótima, muitas reviravoltas e talvez o episódio (o último) mais engraçado deste 2022 – Steve Martin e Martin Short, eu amo vocês. Ok, a Selena Gomez também. E já tem um terceiro ano vindo aí, que alegria.
Black Bird (Apple tv+) – Outra grande minissérie do ano, mais uma baseada numa (improvável) história real. Um playboyzinho traficante de drogas aceita trocar uma pena de dez anos de detenção pela tarefa de tentar arrancar a confissão de um serial killer de meninas – e, se conseguir, ganhar a liberdade. Uma série tensa, com duas atuações impressionantes (palmas para Taron Egerton e Paul Walter Hauser) e que me fez chorar no final. Além de ser o último trabalho de Ray Liotta, que morreu este ano. Coisa fina.
The Bear (Star+) – Um cozinheiro premiado larga o trabalho num dos melhores restaurantes do mundo para tentar salvar da falência a lanchonete de sua família, depois da morte do irmão. A série tem um ritmo frenético que faz a gente se sentir tanto dentro do caos de uma cozinha de restaurante quanto dentro da cabeça perturbada do protagonista. E ainda tem uns preparos que dão muita fome na gente.
Barry (HBO Max) – A terceira (e última?) temporada da história sobre o matador profissional que resolve se tornar ator foi sem dúvida a melhor da série. Engraçadíssima (especialmente tudo o que diz relação ao Hank) e sombria.
The Reharsal (HBO Max) – essa série, que na verdade é um reality show (mas até que ponto? Sei lá), é tão maluca que até agora eu não sei dizer se gostei ou o quanto gostei. Um cara (o comediante canadense Nathan Fielder) que chama pessoas para ensaiar para algum evento crucial em suas vidas (tipo contar para uma amiga que você mentiu quando disse que tinha pós-graduação ou, hã, CRIAR FILHOS) e aí promove esse ensaio com todos os detalhes e verossimilhança possíveis, contratando atores, construindo cenários etc. É, eu sei que não faz muito sentido e é mais perturbadora do que parece. Mas acho que tem que ver para entender. Ou não.
Rensga Hits! (Globoplay) – A história da menina inocente que vai parar na cidade grande é antiga, mas aqui a garota é a compositora sagaz Raíssa (Alice Wegmann), e a capital é Goiânia. Alice dá o tom certinho entre comédia e romance nos bastidores musicais, mas mesmo com boas intrigas, às vezes o retrato do sertanejo sai suave demais, com racismo e política amenizados. Mas é a série brasileira leve, antenada e redondinha de que a gente precisava em 2022.
The Dropout (Star+) – Minissérie sobre a fascinante história (real, de novo) de Elizabeth Holmes, a garota que fundou uma startup que prometia revolucionar o jeito como eram feitos exames de sangue, arrecadou bilhões de dólares, virou uma celebridade, foi comparada a Steve Jobs e, no fim, era tudo mentira. Sou muito obcecada com essa história e, depois de já ter lido tudo, ter visto documentário e ouvido podcast sobre ela, achei a série apenas ok. Mas vale muito assistir (Amanda Seyfried está bem boa no difícil papel de Elizabeth).
She Hulk (Disney+) – Achei bem divertida a série da Mulher Hulk que, além de ser uma heroína descolada, ainda… wait for it… quebra a quarta parede! Série despretensiosa, serve direitinho para quem não liga a mínima pro universo Marvel (eu), com a protagonista conversando com a gente enquanto tenta se encontrar como advogada com superpoderes que se transforma em Hulk.
Physical (Applet tv+) – Mais uma segunda temporada que segurou a onda da primeira e até melhorou. Rose Byrne vive uma dona de casa bulímica e com problemas no casamento que começa a investir em vídeos de ginástica aeróbica, na Califórnia dos anos 80. Um humor sutil, uma trilha cool, ótimos atores, episódios curtinhos, tudo lindo.
Rota 66 (Globoplay) – A série é uma adaptação muito boa de um dos trabalhos mais relevantes da história do jornalismo brasileiro: o livro-reportagem “Rota 66”, lançado pelo Caco Barcellos em 1993. O Humberto Carrão está ótimo como o jovem jornalista incansável e disposto a correr todo tipo de risco para revelar como a polícia de São Paulo matava “suspeitos” porque eram pobres e negros, em sua maioria. “Rota 66” ainda acerta muito na reprodução de cenários de época e na reconstituição de crimes e episódios reais (como o massacre do Carandiru). Uma série necessária.
Gaslit (Lionsgate play) – A já conhecida história do escândalo de Watergate aqui é centrada na figura controversa de Martha Mitchell, esposa do procurador-geral dos EUA no governo Nixon, numa atuação matadora de Julia Roberts. A minissérie começa com uma narrativa leve, um quase humor, mas acaba num tom mais pesado e deprê. Tem ainda o Sean Penn totalmente irreconhecível.
White Lotus (HBO Max) – Ai, gente, eu sei. Eu sei que é a grande série badalada do ano, mas não tenho culpa se as pessoas gostam de qualquer coisa em uma paisagem bonita, né. A primeira temporada foi bem boa, mas esta segunda era tipo uma comédia pastelão (pensa na cena do suposto viagra) com personagens que não faziam muito sentido (tipo a gerente que só queria ser amada e transar com uma mulher) e com histórias para lá de óbvias (tipo o rapaz ingênuo que se deixou levar pela prostituta gata), além de Jennifer Coolidge fazendo aquela cara de quem estava chupando limão por oito episódios, uma rica muito atrapalhada. Uma série bem mediana.
Bom dia Veronica (Netflix) – A Veronica é a Jack Bauer brasileira. Uma investigadora que não segue regras e faz o que for preciso para colocar os criminosos atrás das grades – incluindo fingir a própria morte e deixar seus filhos acreditarem que ficaram órfãos. Tainá Miller arrasa nessa série, que na segunda temporada, no entanto, se perdeu um pouquinho nos exageros do vilão maníaco sexual líder de uma seita, vivido por Reynaldo Giannechini. Mas ainda assim uma belíssima série brasileira de ação.
Matt Smith e Emma D’arcy em cena de ‘A Casa do Dragão’
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Euphoria (HBO Max) – A Rue passou tempo demais drogadona demais sem ninguém se dar conta e isso irritou um pouco nesta segunda temporada da série sobre adolescentes sem limites & pais ausentes, mas “Euphoria” continua sendo muito bem feita e muito relevante.
The Marvelous Mrs. Maisel (Prime Video) – Esta quarta temporada da série foi apenas boa – diferentemente das outras três, que foram maravilhosas, como bem diz o nome da série. Mas uma temporada apenas boa de “Mrs. Maisel” já é melhor que quase tudo o que a gente tem assistido por aí, então essa série continua no meu top melhores séries da vida.
Manhãs de Setembro (Prime Video) – Uma mulher trans que ganha a vida como entregadora e que também canta numa boate na noite paulistana descobre que tem um filho de dez anos fruto de uma noite com uma ex-colega de trabalho. Liniker arrasa como protagonista desta série que é uma das coisas mais fofas e delicadas dos últimos tempos – a segunda temporada mantém o nível da primeira e ainda conta com a participação de Seu Jorge.
Julia (HBO Max) – história do surgimento do programa de TV que deu fama a Julia Child – a pioneira dos programas culinários nos EUA – virou uma série deliciosa, com trocadilho, sorry, e que dá muita fome. Pena que no fim ela dá uma leve cansada e fica um tantinho arrastada. Mesmo assim, vale demais.
House of the Dragon (HBO Max) – Como eu não sou uma pessoa que se emociona ao som de qualquer personagem falando “Targaryen” e tal, não me comovi muito com esse spin-off de “Game of Thrones”, que mostra a disputa do trono de ferro muitas décadas antes da história original. Personagens pouco interessantes, aquela forçação de barra sexo-violência-incesto-guerras, cenas de partos difíceis demais da conta e dragões. Mais uma série mediana que eu vi por causa do hype (odeio me sentir desenturmada).
The Patient (Star+) – Steve Carell é um terapeuta que é sequestrado por um serial killer que quer uma terapia “intensiva” para tentar se curar e parar de matar. A série, no entanto, é menos um thriller psicológico e mais uma reflexão sobre culpa, empatia e relacionamentos – enquanto tenta tratar seu “paciente”, o dr. Strauss precisa lidar com suas próprias questões pessoais, como a perda recente da esposa e o distanciamento do filho, que se tornou judeu ortodoxo. A série peca em alguns detalhes, mas nada que comprometa a história – dez episódios curtinhos sob medida para maratonar.
Abott Elementary
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Abbot Elementary (Star+) – A comédia fofinha em formato mockumentary sobre as dificuldades de ser professor numa escola pública nos EUA foi uma das estreias mais elogiadas do ano. Demora um tantinho para engatar, como a maioria das comédias, mas é bem escrita, tem potencial, bons personagens e deve se encontrar de vez a partir do segundo ano. Tomara.
Yellowjackets (Paramount +) – Espécie de nova “Lost”, é sobre (pessoas) estudantes perdidas na selva e no frio depois de um acidente de avião. A história é bem viciante, tem uns elementos meio sobrenaturais, parece, mas a gente sabe que não tem a menor chance de terminar de um jeito bom. Curtamos a jornada, portanto.
Ozark (Netflix) – uma das melhores séries da década que, no entanto, tinha que ter acabado no fim da terceira temporada. Este quarto ano é bem arrastado, eles não têm muito mais história e ficam enrolando bastante, é bem chatinho. Mas o episódio final não decepcionou e fechou a série direitinho.
Better Call Saul (Netflix) – Não consigo entender como essa série aparece nos primeiros lugares de várias listas de melhores do ano. E olha que eu tentei entender, vi do começo ao fim. A história de Saul Goodman antes de “Breaking Bad” nem é ruim, não, só é muito chata e pretensiosa. E arrastada. Enfim. A Rhea Seehorn realmente está excelente e merecia uns prêmios aí, mas só ela.
Search party (HBO Max) – essa é uma das comédias mais engraçadas que eu já vi na vida – pena que a galera não entendeu que era hora de parar depois da fraquinha quarta temporada e resolveu partir para o nonsense meio sem graça neste quinto ano. Foi difícil conseguir ver até o fim. Mas nada que tire das três primeiras temporadas o posto de uma das melhores comédias de todos os tempos.
How i met your father (Prime Video) – Assim… preciso dizer que eu não esperava nada dessa série, então não me decepcionei. Comédia bobinha seguindo a fórmula que consagrou (e no fim meio que estragou) “How I Met Your Mother”, em que uma mulher (Kim Catrall, que fez falta demais na nova “Sex and the City”) no futuro conta para seu filho como foi que conheceu o pai dele.
And just like that (Sex and the city) – Por que diabos resolveram fazer um revival de “Sex and the City” a essa altura do campeonato é algo que me foge à compreensão. O pior é que o revival veio para tentar “redimir” a série. E aí eles descobrem a diversidade, descobrem que existem negros no mundo, e é tudo muito, muito ruim e constrangedor.
Shining Girls (Apple tv+) – Me dói dizer isso, mas essa série foi um horror. Começou excelente, cheia de credenciais e gente boa – tipo Elizabeth Moss e Wagner Moura! – mas uma hora a gente descobriu, não sem sofrimento, que a história do viajante do tempo misógino serial killer era uma bomba. Que triste.
Séries que larguei em 2022:
O Senhor dos Anéis, Anéis de Poder (eu vi o primeiro episódio pelo hype, mas definitivamente não sou o público-alvo); Succession (mais uma série superestimada até dizer chega); Sandman (me esforcei, vi até a metade, depois me deu preguiça); Winning Time (sei que não devia ter largado a belíssima série sobre os Lakers, mas eu apenas esqueci de continuar); Uncoupled (tantos clichês nessa tentativa de ‘Sex and the City’ para gays maduros, não deu); Som na Caixa (série sobre a história do Spotify, ruim demais); Conversas entre amigos (baseado no livro de Sally Rooney, mas chaaaata); Boneca Russa (a segunda temporada é inassistível); After party (parece interessante mas cansou); Anos Incríveis (é fofa, mas faltou aquele clima melancólico da original); Cavaleiro da Lua (insuportável); Outer range (no primeiro episódio já dá pra ver que nada de bom virá dali); The Boys (amo, mas ficou tão repetitiva); Evil (cansei); Old Man (preguiça); 1899 (zero chance de aquilo terminar bem); Pam & Tommy (ouvi muitos elogios, mas as atuações me cansaram demais).
Sei que faltou um monte de série aqui, mas 2023 tá aí pra isso, né. E que seja um ano bom. Até lá.

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Festas e Rodeios

Por que a cultura do estupro é tão comum na indústria musical e o que Sean Diddy tem a ver com isso

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Com mais de 200 páginas, documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. Sean ‘Diddy’ Combs
Chris Pizzello/Invision/AP
O caso Diddy ainda parece distante de uma conclusão, mas, sem dúvidas, já é um marco na indústria da música. Há, inclusive, expectativas de que se torne o próximo MeToo, movimento que chacoalhou Hollywood em 2017 com uma onda de denúncias de crimes sexuais.
Preso em 16 de setembro, Dsddy se diz inocente e aguarda julgamento. Mas ele não foi o único músico a entrar na mira da Justiça nessas últimas semanas. Quem também foi processado é o astro country Garth Brooks, acusado de estupro, o que é negado por ele.
Dominado por homens, o setor musical tem uma extensa lista de denúncias e condenações por assédio e abuso. Isso é tão frequente que há uma naturalização do problema, o que acaba levando à chamada cultura do estupro.
“Por décadas, a indústria da música tem tolerado, perpetuado e, muitas vezes, comercializado uma cultura de abuso sexual contra mulheres e meninas menores de idade. Milhares de artistas, executivos e acionistas lucraram bilhões de dólares, enquanto se envolviam e/ou encobriam comportamentos sexuais criminosos”, diz o texto introdutório do relatório “Sound Off: Make the Music Industry Safe” (ou “Som desligado: Torne a Indústria da Música segura”, em português), publicado em fevereiro deste ano.
Com mais de 200 páginas, o documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. São histórias que vão dos anos 1950 a 2024.
A constante negligência de denúncias, investigações e até sentenças judiciais estimula crimes sexuais no mercado musical. É o que aponta o relatório, elaborado por uma coalizão entre os grupos feministas Lift Our Voices, Female Composer Safety League e Punk Rock Therapist.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Sexo, drogas e rock n’ roll
“Para desenvolver uma marca estética de alguns artistas, a indústria usa essa cultura a seu favor”, diz Nomi Abadi, pianista e fundadora da Female Composer Safety League, rede de suporte a compositoras vítimas de abuso sexual e assédio. Ela conversou com o g1 por videochamada. “É por isso que tem tanto músico acusado impune.”
Ela cita o famoso lema “sexo, drogas e rock n’ roll”. Para a artista, a ideia é menos sobre um espírito roqueiro e mais sobre uma dinâmica de poder que está presente em todos os gêneros musicais. É uma forma de relativizar histórias de mulheres que alegam terem sido drogadas e violadas sexualmente em festas com músicos, executivos, produtores e outros profissionais do setor.
De fato, não é raro encontrar esse tipo de queixa no meio musical. O próprio Diddy é acusado de drogar e estuprar mulheres durante seus festões luxuosos, chamados de “white parties” e “freak-off”. Inclusive, há relatos de que ele teria coagido algumas convidadas a usar fluidos intravenosos para recuperação física após submetê-las a longas e violentas performances eróticas.
O músico nega todas as acusações que levaram à sua prisão. Quanto ao caráter libertino de suas festas, ele sempre gostou de fazer menções, se gabando dos eventos.
Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
“Todos nós já sabíamos. Por muito tempo, ouvimos histórias sobre essas festas”, afirma Nomi. “Eu conheci uma vítima de P. Diddy. Minha amiga esteve em uma dessas festas… Ninguém a escutou. Ninguém se importou com ela.”
Os eventos, que rolavam desde os anos 2000, eram privados — a lista de convidados do rapper reunia atores, músicos, empresários e políticos. Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber são algumas das celebridades que compareceram aos encontros.
“O que tinha nessas festas era coisa muito ruim. E mesmo envolvendo tantas pessoas, continuava acontecendo”, continua Nomi. É mais ou menos o que também afirmou a cantora Cassie, ex-namorada de Diddy, em 2023, quando ela abriu um processo contra ele, alegando ter sido estuprada e violentada por mais de uma década. Na ação, que já foi encerrada (sem os detalhes divulgados), a artista afirmou que os supostos crimes do rapper eram testemunhados por muita gente “tremendamente leal” que nunca fazia nada para impedi-lo.
Sean ‘Diddy’ Combs
Richard Shotwell/Invision/AP
Desde que fundou a Female Composer Safety League, Nomi tem tido contato com várias denúncias de agressão sexual no setor da música. “Uma coisa que me surpreendeu quando comecei a frequentar esse meio [de dar suporte a vítimas] é que cada sobrevivente tem sua própria versão da mesma história. As circunstâncias são diferentes. O que aconteceu com cada pessoa é único. Mas todas elas querem ser validadas, compreendidas e terem seus empregos mantidos”, afirma ela. “São os mesmos medos e os mesmos desejos.”
Anos atrás, a artista moveu processos contra Danny Elfman, compositor de trilhas de blockbusters como “Batman” e “Beetlejuice”. Nas ações, ela alegou ter sido vítima de crimes sexuais. Ele nega. Os dois entraram em um acordo com termos não divulgados.
A cultura externa
Também em entrevista ao g1, a pesquisadora de rap Nerie Bento analisa que, na indústria, a cultura do estupro é atrelada à desigualdade de gênero do mercado, além da própria influência de quem está de fora.
“É uma cultura que permeia toda a sociedade, então, obviamente vai estar aqui também”, diz ela. “E a própria música em si… A gente tem muita música misógina que contribui com isso.”
Neire menciona, então, a erotização de corpos femininos em videoclipes de cantores famosos como o próprio Sean Diddy, o que, segundo ela, também endossa a cultura do estupro, ao objetificar a figura da mulher.
O apelo às gravadoras
O relatório “Sound Off” também faz menções à erotização feminina no setor. Além disso, critica as três maiores empresas do mercado fonográfico (Warner Music, Universal Music e Sony Music), propondo que adotem as seguintes demandas:
O fim de NDAs (Non-disclosure agreements, na sigla em inglês), ou seja, acordos de confidencialidade — prática frequente para o encerramento desse tipo de processo no meio musical;
Uma lista pública dos músicos, executivos, gerentes, produtores e outros profissionais acusados de má conduta sexual;
Adoção de protocolos institucionalizados que estimulem a denúncia, não o silêncio;
Investigações conduzidas por partes externas
A defesa de leis que derrubem a prescrição em crimes sexuais
Demandas que surgem porque, segundo a coalizão do relatório, essas gravadoras “ignoraram acusações, silenciaram vítimas e até permitiram o abuso” por décadas.
O g1 entrou em contato com as assessorias da Warner, Universal e Sony, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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Festas e Rodeios

Bruno Mars começa tour no Brasil; show deve ter piada com calcinha e hit gravado com Lady Gaga

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Antes de turnê com 14 apresentações, g1 assistiu ao show do cantor para convidados. Com setlist semelhante ao do The Town, Bruno deve incluir novas piadinhas e grito de ‘Bruninho is back’. Bruno Mars encerra show no The Town com o sucesso ‘Uptown Funk’
Bruno Mars começa nesta sexta-feira (4) uma sequência de 14 shows, que vai até o dia 5 de novembro. Antes dessa turnê brasileira, o cantor havaiano de 38 anos fez um show beneficente no Tokio Marine Hall, em São Paulo, na terça-feira (1º). A apresentação para 4 mil pessoas arrecadou R$ 1 milhão para as vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul.
No show para famosos, convidados e também fãs que participaram de uma promoção, ele seguiu uma estrutura de setlist bem parecida com a do The Town. Bruno fez dois shows no festival paulistano, em setembro de 2024.
Ele ainda começa o show com “24 Magic” e termina com a trinca “Locked Out of Heaven”, “Just the Way You Are” e “Uptown Funk”. No show exclusivo antes da turnê, ele se comunicou um pouco menos com o público.
Entre as poucas interações, gritou “Bruninho is back!”, quando a plateia começou a gritar “Bruninho! Bruninho! Bruninho”, ainda no começo. Em “Billionaire”, alterou parte da letra e cantou “different calcinhas every night”, brincadeira que foi muito aplaudida.
Há ainda uma parte piano e voz, em que ele emenda várias músicas, começando com “Funk You” e passando por “Grenade”, “Talking to the moon” e “Leave the door open”, a única que ele toca do projeto Silk Sonic. A novidade nessa parte, que rolou no show de terça, deve ser a inclusão de um trecho de “Die With a Smile”, música lançada com Lady Gaga em agosto passado.
Bruno Mars
Divulgação
No show do Tokio Marine Hall, um pouco mais curto do que os da turnê, não houve a versão instrumental de “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, tocada por seu tecladista. O solo de bateria, porém, continua presente. Então, não se sabe qual música brasileira será homenageada pela banda de Mars.
A banda que o acompanha, The Hooligans, segue impecável e o ajuda em coreografias cheias de gingado. Para tocar com Mars, não basta ser ótimo músico, tem que saber dançar. Com toda essa atmosfera de suingue e simpatia, fica difícil não se encantar pelo charme de Bruninho.
O repertório de Mars vai do soul ao pop rasgado, passando por R&B, levadas de reggae e baladas perfeitas para pedidos de casamento, como “Marry You”.
Antes dos shows no The Town, Bruno havia vindo ao Brasil em 2017 e em 2012, quando foi atração do festival Summer Soul.
Bruno Mars no Brasil
São Paulo: 4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro – Estádio Morumbi
Rio: 16, 19 e 20 de outubro – Estádio Nilton Santos
Brasília: 26 e 27 de outubro – Arena Mané Garrincha
Curitiba: 31 de outubro e 1º de novembro – Estádio Couto Pereira
Belo Horizonte: 5 de novembro – Estádio Mineirão

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Garth Brooks é processado por maquiadora que o acusa de estupro

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Mulher diz que agressão aconteceu em 2019. Ela afirma que sofreu diferentes tipos de abusos quando trabalhava para o astro do country americano. Garth Brooks faz show em prol do Hospital de Câncer de Barretos, em 2015
Mateus Rigola/G1
O astro do country Garth Brooks foi processado por uma mulher que o acusa de estupro, segundo o canal de notícias americano CNN nesta quinta-feira (3).
A ação diz que o ataque aconteceu quando ela trabalhava para ele como maquiadora e cabeleireira, em 2019.
A mulher, identificada como Jane Roe, afirma que o cantor também mostrava seus órgãos genitais para ela, falava sobre sexo, se trocava na sua frente e mandava mensagens sexualmente explícitas.
Ela afirma que foi estuprada por ele em um hotel, em Los Angeles, durante uma viagem para a gravação de uma homenagem do Grammy.
O cantor já tinha afirmado ser inocente em um processo movido por ele, anonimamente, em setembro. Na ação, Brooks pedia para que a Justiça declarasse que as acusações de Roe não eram verdade e a proibissem de divulgá-las.
Ele dizia que se tratava de uma tentativa de extorsão que causariam “dano irreparável” à sua carreira e sua reputação.

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