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Festas e Rodeios

Lucas Santtana propõe reflexões sobre o papel do Homem na Terra com o inspirado álbum ‘O paraíso’

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Capa do álbum ‘O paraíso’, de Lucas Santtana
Pintura de Jérome Witz
Resenha de álbum
Título: O paraíso
Artista: Lucas Santtana
Edição: No Format!
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Houve um momento, lá entre 2000 e 2001, que Lucas Santtana era uma das sensações da música brasileira, ganhando espaços generosos na imprensa cultural por conta do álbum Eletro Ben Dodô (2000).
Na época associado primordialmente ao violão, o multi-instrumentista já tinha tocado em discos de Gilberto Gil, Marisa Monte e Nação Zumbi, mas despontou naquele momento em que se apresentou como cantor e compositor no primeiro disco.
O hype passou, porque a modinha sempre passa, mas o talentoso artista baiano – nascido em Salvador (BA) em 18 de outubro de 1970, filho do produtor musical Roberto Sant’Ana – continuou pavimentando a discografia até que viu no aeroporto uma saída, lançando álbuns e fazendo shows pela Europa desde 2012, com destaque para o álbum Sobre noites e dias (2014).
É de Paris que aterrissa no mundo digital na quinta-feira, 12 de janeiro, o nono álbum de Lucas, O paraíso, em edição da gravadora indie francesa No Format!, quase três meses após o single que apresentou em 26 de outubro a música Vamos ficar na terra (2022), misto de xote e reggae.
Qualificado como álbum “militante” por tratar de temas urgentes como a crise climática e a consciência ambiental, O paraíso expõe na capa a arte criada pelo pintor francês Jérome Witz para o disco, gravado e mixado por Frédéric Soulard em Paris, França, país onde Lucas reside.
Trata-se de álbum de sonoridade orgânica, gravado sem loops e samples. O som foi extraído dos toques dos violões do próprio Lucas Santtana, das percussões de Zé Luís Nascimento, do violoncelo de Vincent Segal, dos sintetizadores (e marimbas) de Frédéric Soulard e dos sopros dos jazzistas Remi Sciuto e Sylvain Bardiau.
A massa sonora demole fronteiras entre os conceitos de acústico e eletrônico para evidenciar discurso que pode ser resumido na sentença de que o paraíso do título do disco é a própria Terra, e não algum lugar idílico vislumbrado em dimensão espiritual, e por isso deve ser preservado pelos habitantes do único planeta em tese habitável.
“Sim, sim, sim / O paraíso já é aqui”, enfatiza Lucas Santtana no aliciante refrão de O paraíso já é aqui, canção autoral que abre o álbum com brasilidade enfatizada nas células rítmicas da capoeira Benguela e do maracatu, sintetizadas no baticum percutido por Zé Luís Nascimento.
Lucas Santtana apresenta regravações de músicas de Beatles e Jorge Ben Jor entre as oito canções autorais do álbum ‘O paraíso’
Jérome Witz / Divulgação
O paraíso já é aqui e a já mencionada Vamos ficar na terra são duas das oito inéditas músicas autorais que compõem o repertório do álbum O paraíso, cujas dez faixas são completadas por abordagens de Errare humanum est (Jorge Ben Jor, 1974) e The fool on the hill (John Lennon e Paul McCartney, 1967), com resultado satisfatório em ambas pela sonoridade elegante, marca deste disco calcado na fusão harmoniosa de timbres de tambores, sopros, violões e sintetizadores.
“De cima da montanha, ouvimos um clássico violão brasileiro, seguida por uma avalanche de ritmos (funaná do Cabo verde, samba do Rio de Janeiro e samba-reggae da Bahia) e um arranjo de sopro jazzístico escrito a quatro mãos por mim e Laurent Bardeine. Flore Benguigui (vocalista da banda francesa L’imperatrice) canta como um pássaro e Laurent Bardeine traz a tempestade com solo eletrizante de saxofone no fim”, descreve Lucas Santtana ao relatar as intenções na incursão pelo cancioneiro dos Beatles.
Quanto a Jorge Ben Jor, há muito mais do suingue matricial do artista em Muita pose, pouca yoga (Lucas Santtana e Daniel Lisboa) do que em Errare humanum est (o que afastou a regravação do terreno do cover).
Faixa de clima Ben Dodô, Muita pose, pouca yoga alinha na letra algumas frases espirituosas criadas por Daniel Silva e impressas nas paredes de Salvador (BA). “Wi-fi wi-fi não satisfaz” é uma das tiradas cantadas por Lucas com Flavia Coelho, em português e em francês, nessa faixa que confere leveza à narrativa do álbum O paraíso com suingue que mixa sopros caribenhos e levadas do samba de roda.
Em linha oposta já sugerida pelo título, a balada No interior de tudo aprofunda reflexões em versos sintéticos conduzidos pela levada do violão de Lucas. No mesmo clima sereno, outra balada, A transmissão, questiona os caminhos e limites da humanidade em letra escrita sobre o impacto da devastação de vidas humanas pelo vírus da covid-19. Já Sobre la memoria, canção em espanhol, evoca bossas cariocas no arranjo calcado no violão de Lucas Santtana.
Com letra no inspirada no documentário Symbiotic earth, a canção What’s life (Lucas Santtana e Lynn Margulis) cita o grupo alemão Kraftwerk. “We are the nature”, dispara o cantor, com vocal sintetizado, em alusão intencionalmente contraditória à música We are the robots (Florian Schneider Esleben, Karl Bartos e Ralf Hütter, 1978).
Encorpada com coro, Biosphère (Lucas Santtana) – primeira canção composta em francês pelo artista – se afina com o conceito ambientalista do álbum O paraíso ao contrapor civilização e selvageria, propondo reflexão sobre o papel de cada ouvinte na preservação do planeta.
Sim, Lucas Santtana faz o papel do artista ao discorrer sobre questões urgentes em O paraíso, um dos álbuns mais inspirados desse artista que já foi hype e que hoje se confirma relevante acima das modas do mercado e da mídia musical.

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Sidney Magal dá baile em show no Rio, canta hit de Jorge Ben Jor com a banda Biquini e continua com a moral elevada

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Aos 74 anos, artista sabe se alimentar do passado sem soar ultrapassado no mercado da música. Sidney Magal em take da gravação da música ‘Chove chuva’ para disco da banda carioca Biquini
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♫ COMENTÁRIO
♩ Aos 74 anos, Sidney Magal continua com a moral elevada no universo pop brasileiro. Dois acontecimentos simultâneos nesta sexta-feira, 4 de outubro, reiteram a força do cantor carioca no mercado atual.
No mesmo dia em que o artista sobe ao palco da casa Qualistage – um dos maiores espaços de show da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – para apresentar o Baile do Magal ao público carioca, a banda Biquini lança disco com convidados, Vou te levar comigo, em que o maior destaque é uma regravação de Chove chuva (Jorge Ben Jor, 1963) feita com a participação de Magal e um toque latino de salsa na música.
Não é pouca coisa para um artista cujo último sucesso é de 1990, Me chama que eu vou (Torquato Mariano e Cláudio Rabello), lambada gravada para a trilha sonora da novela Rainha da sucata (TV Globo, 1990).
Me chama que eu vou é também o nome do documentário estreado em 2020 com foco na trajetória do artista que ganhou projeção nacional em 1976.
De 1976 a 1979, Magal arrastou multidões pelo Brasil a reboque de repertório sensual posto a serviço da imagem cigana de amante latino. Não por acaso, 1979 é o ano em que se situa a narrativa de longa-metragem sobre a história de amor entre Magal e a esposa Magali West, foco do filme de ficção Meu sangue ferve por você (2023 / 2024), estreado em maio nos cinemas – e já disponível no catálogo da Netflix – com o ator Filipe Bragança dando voz e vida a Magal na tela.
Hoje, Magal é uma personalidade. Um cantor que prescinde de ter músicas nas playlists para se manter em evidência. O artista soube se alimentar do passado sem soar ultrapassado. Nesse sentido, Sidney Magal tem dado baile na concorrência.

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Festas e Rodeios

Emiliano Queiroz: famosos lamentam morte do ator

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Emilio Orciollo Netto, Beth Goulart, Selton Mello e Lucio Mauro Filho foram alguns dos famosos que deixaram mensagens nas redes sobre a morte do artista de 88 anos. Emiliano Queiroz na novela Espelho da Vida
Acervo Grupo Globo
Emilio Orciollo Netto, Ary Fontoura, Beth Goulart, Selton Mello, Lucio Mauro Filho e outros famosos lamentaram a morte de Emiliano Queiroz. O ator de 88 anos morreu após sofrer uma parada cardíaca, na madrugada desta sexta-feira (4).
Emilio, que trabalhou com Emiliano na novela “Alma Gêmea”, fez uma postagem nas redes sociais lamentando a morte do ator.
“Meu amigo Milica, fez a passagem. Amigo, você me ensinou e ensina muito. Você é um exemplo de ator de caráter de amor a profissão. Você fez parte de um dos momentos mais felizes da minha vida. Meu eterno Tio Nardo. Obrigado por tanto e por tudo. Você é inspiração eterna. Te amo. Seu eterno Crispim. Te amo”, escreveu o ator.
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Veja mais mensagens de famosos que lamentaram a morte de Emiliano Queiroz:
Selton Mello, ator
“Gênio amado, Seu Emiliano querido demais.”
Lucio Mauro Filho, ator
“Nosso amado Emiliano Queiroz partiu para o outro plano, deixando uma saudade instantânea. Um dos grandes atores do nosso país, com quem tive a honra de dividir a cena em ‘Lisbela e o Prisioneiro’, rodando o Brasil em farras inesquecíveis! Vê-lo no palco aos 86 anos, brilhando como sempre, foi uma das últimas grandes emoções que vivi dentro de um teatro. Obrigado mestre Emiliano por tanta coisa linda que você sempre me proporcionou. Descansa em paz!”
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Ary Fontoura, ator
“Triste 😢💔”
Beth Goulart, atriz
“Mais uma perda para todos nós, o grande ator Emiliano Queiroz partiu hoje aos 88 anos. Com uma longa carreira de mais de 70 anos dedicados ao ofício da interpretação, deixa um enorme legado artístico ao nosso país. Nosso amado ‘Dirceu borboleta’ voou para novas dimensões de existência. Que Deus te abençoe e te receba em sua infinita luz e amor. Meus sentimentos para toda a família.”
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Andréa Faria Sorvetão, atriz e ex-paquita
“Nossas referências indo… Que possamos ser referência também.”
Junior Vieira, ator
“Muita luz.”
Rosane Gofman, atriz
“Tão querido e talentoso!”
Claudia Mauro, atriz
“Meu amigo da vida, meu padrinho de casamento, meu guru, meu amado Emily….E recentemente tivemos este encontro tão lindo. Respostando este vídeo e este registro recente. Meu amigo querido, faça uma boa viagem! Obrigada Liloye Boubli por me proporcionar este último encontro! Emiliano .. Emily… Inesquecível! Pessoa rara! Artista extraordinário! Um dos maiores atores da sua geração. E tantos, tantos e tantos momentos vivemos juntos. Obrigada por tudo! Pelas conversas, pela torcida, pelos conselhos, pelo amor e amizade incondicional. Te amamos muito!”
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Antonio Grassi, ator
“RIP Emiliano ! Que notícia triste.”
Bárbara Bruno, atriz
“Muito amado e querido!!!!!! Viva Emiliano Queiroz”
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Tadeu Mello, ator
“Emiliano foi muito especial na minha vida.”
Gustavo Wabner, ator
“Um dos grandes! O primeiro Veludo de “Navalha na Carne”, o inesquecível Dirceu Borboleta de ” O Bem Amado” e de tantos outros personagens inesquecíveis.”
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g1 Ouviu #293 – Dinho Ouro Preto: o passado, o presente e o futuro do rock nacional

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Em entrevista ao g1 Ouviu, o vocalista do Capital Inicial falou sobre o cenário roqueiro brasileiro, sobre a participação no Rock in Rio e sobre o passado em Brasília. Vocalista do Capital Inicial, uma das mais longevas bandas do rock nacional, Dinho Ouro Preto foi o entrevistado deste episódio do g1 Ouviu. Na conversa, ele falou sobre o show Pra sempre Rock, no Rock in Rio, falou sobre a entrada do sertanejo e outros estilos no festival e ainda contou histórias sobre o início da banda, a amizade com Renato Russo, sobre memes e redes sociais e sobre o cenário atual do rock nacional.
“Meu instinto é dizer que eles [os sertanejos] têm o Rock in Rio deles, eles têm Barretos. E ali eu via como a nossa Marques de Sapucaí. Era nossa vez, nossa turma. Mas me lembraram que o primeiro Rock in Rio também foi mais eclético”, diz.
Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, antes de entrevista ao vivo no programa ‘g1 Ouviu’, no estúdio do g1 em São Paulo
Fábio Tito/g1
Você pode ouvir o g1 Ouviu no g1, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o g1 Ouviu para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar.

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