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Festas e Rodeios

Brasileira com fissura labiopalatina posa para Vogue Portugal e vira modelo de batom

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Raiza Bernardo Barbosa, de 26 anos, conta que os olhares das pessoas e o preconceito a fizeram por muito tempo tentar se esconder do mundo. Raiza Bernardo Barbosa: Brasileira com fissura labiopalatina posa para Vogue Portugal e vira modelo de batom
Arquivo Pessoal via BBC
Foi ainda na gestação que a mãe da maquiadora e modelo Raiza Bernardo Barbosa, de São Roque (São Paulo), descobriu que a filha nasceria com fissura labiopalatina, característica conhecida antigamente como lábio leporino.
Sem saber exatamente o que era essa malformação, a mulher foi encaminhada para acompanhamento no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP, em Bauru, onde Raiza, de 26 anos, faz reabilitação e tratamento até hoje. (Veja mais abaixo o que é a fissura labiopalatina e o tratamento oferecido no Brasil.)
“O meu diagnóstico foi uma surpresa, a minha mãe não sabia do que se tratava e na minha família não havia caso da fissura labiopalatina. Naquela época, não tinha internet, as informações eram mais escassas, minha mãe conta que teve que buscar informação tudo de forma manual, conversando com as pessoas e com os médicos”, conta a maquiadora.
Logo aos oito meses de vida, Raiza passou pela primeira cirurgia para corrigir o lábio. No total, ela já fez quatro procedimentos, incluindo um enxerto labial – os procedimentos fecharam a fissura no lábio, no céu da boca e repararam a malformação na gengiva. A fissura de Raiza é unilateral e afeta o nariz e a boca do lado esquerdo do rosto. Outras duas cirurgias ainda devem ser feitas.
“Também coloquei um aparelho interno no ouvido esquerdo – por causa da malformação, tive perda da audição. Para terminar meu tratamento, ainda falta fazer uma cirurgia para reparar o meu nariz e outra para deslocar a mandíbula”, acrescenta Raiza.
Raiza passou pela primeira cirurgia para corrigir a fissura labiopalatina aos oito meses
Arquivo Pessoal via BBC
Já são mais de duas décadas de tratamento e acompanhamento com uma equipe multidisciplinar composta por diversos especialistas como fonoaudiólogo, dentistas, otorrinolaringologistas, psicólogos e cirurgiões plásticos.
Preconceito
Raiza afirma que os procedimentos cirúrgicos e a recuperação nunca foram um problema. Porém, lidar com os olhares das pessoas e o preconceito foi algo que a fez por muito tempo tentar se esconder do mundo.
Segundo a maquiadora, a adolescência foi a pior fase. Por ser vítima de bullying na escola, ela tentava cobrir a cicatriz e corrigir imperfeições causadas pela fissura labiopalatina com maquiagens e evitava até mesmo falar para que os outros alunos não fizessem piadas com sua voz, que tinha tom anasalado devido à malformação.
“A minha infância foi bem tranquila, eu brincava, sorria, não tinha muito entendimento da situação e, para mim, era tudo normal. Já na adolescência foi quando eu conheci o preconceito. Ter que ir para escola era muito difícil porque eu queria me enquadrar no meio dos outros alunos, mas nem sempre conseguia, então evitava sair, conversar e tive um bloqueio psicológico onde eu nunca falava sobre a minha fissura, o assunto me machucava bastante”, conta.
‘Para terminar meu tratamento, ainda falta fazer uma cirurgia para reparar o meu nariz e outra para deslocar a mandíbula’, diz Raiza
Arquivo Pessoal via BBC
Exposição nas redes sociais
Foi aos 21 anos que a maquiadora conta que passou a se aceitar novamente e então decidiu começar a falar sobre o assunto nas redes sociais. Além do seu perfil pessoal, ela criou a página Beleza Fissurada no Instagram, dedicada totalmente ao tema.
Nas redes sociais, a maquiadora produz conteúdos sobre autoestima, empoderamento feminino e aborda a questão do padrão de beleza irreal imposto pela sociedade em geral. A maioria dos seguidores, cerca de 80%, são pessoas com fissura labiopalatina, e Raiza se tornou uma ativista da causa.
Para Raiza, lidar com os olhares preconceituosos foi o maior desafio
Arquivo Pessoal via BBC
“Hoje a fissura, para mim, é um propósito. Quando eu era adolescente, nunca tive uma pessoa que fosse fissurada para eu me inspirar, então eu tive que ser a minha própria inspiração. Por isso, busco falar do assunto mostrando as dificuldades e também que é possível ter uma vida normal”, diz.
E foi justamente através das redes sociais que Raiza foi ganhando espaço e também passou a fazer palestras sobre o tema. Durante uma ação social que foi como convidada, ela conheceu a modelo Isabel Hickman, que tem um filho que nasceu com a fissura, e foi indicada para ser a primeira mulher com a condição a fazer um ensaio fotográfico para a revista Vogue de Portugal.
Após as fotos, publicadas na edição de dezembro, diversas portas se abriram para a maquiadora, que recebeu convites de marcas de maquiagem para propagandas, principalmente de batons.
“Representar a causa, para mim, tem sido um legado. A gente precisa trazer mais informações sobre o tema, ainda existe uma carência muito grande para essas pessoas. É preciso desmistificar o assunto, trazer a verdade e não romantizar os desafios”, finaliza.
‘Hoje a fissura é, para mim, um propósito’, afirma a maquiadora
Arquivo Pessoal via BBC
O que é a fissura labiopalatina
A fissura labiopalatina é a malformação craniofacial mais comum no nascimento, atingindo um a cada 650 bebês no Brasil. Durante a gestação, podem ocorrer falhas na formação facial, levando ao aparecimento da fissura labial (lábio aberto) e da fissura palatina (“céu da boca aberto”).
Há dois tipos de fissuras e a distinção entre elas está ligada aos fatores que levam a sua ocorrência. As fissuras não sindrômicas – mais comuns, com 70% dos casos registrados -, têm origem multifatorial, ou seja, interações entre fatores ambientais e genéticos. Os fatores ambientais mais conhecidos que são de risco para as fissuras são: bebida alcoólica, cigarros e alguns medicamentos como corticoides e anticonvulsivantes, quando utilizados pela mãe no primeiro trimestre da gestação.
Já as fissuras sindrômicas podem ser causadas por mutações gênicas e por alterações cromossômicas.
“Já nos primeiros ultrassons, normalmente feitos aos três meses de gestação, é possível diagnosticar a presença das fissuras. Após o diagnóstico, a gestante precisa ser encaminhada para serviços especializados para receber a orientação de todos os cuidados que o bebê vai precisar receber após o nascimento”, explica Daniela Franco Bueno, cirurgiã dentista, membro do corpo clínico do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus e Hospital Sírio-Libanês.
O Hospital Municipal Infantil Menino Jesus (HMIMJ), gerido pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês, é referência para os pacientes nascidos com fissuras labiopalatinas na capital paulista. Por meio do programa Mãe Paulistana, os bebês de maternidades públicas da cidade de São Paulo que nascem com a malformação são encaminhados para o HMIMJ, onde fazem o tratamento com a equipe multidisciplinar gratuitamente.
Tratamento
O tratamento da fissura labiopalatina é complexo, envolve uma equipe multidisciplinar e se estende por grande parte da vida do paciente. Tudo é oferecido gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O indicado é que logo nos primeiros meses de vida sejam colocados modeladores nasais e aparelhos ortopédicos funcionais intra-bucais, quando necessário, e então, entre 3 e 6 meses de idade, é realizada a cirurgia de queiloplastia (para fechar o lábio).
“O acompanhamento deve começar na gestação porque essas crianças vão ter alguma dificuldade de alimentação, principalmente no caso de fissuras mais amplas, e a depender da extensão, pode comprometer a amamentação e alimentação desse bebê”, explica o médico Cristiano Tonello, chefe do departamento Hospitalar do HRAC-USP (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP), referência no tratamento da fissura labiopalatina, no interior de São Paulo. Atualmente, cerca de 50 mil pessoas fazem acompanhamento no hospital pelo SUS.
Com aproximadamente 18 meses, é realizada a palatoplastia (para fechar o palato) e, aproximadamente, entre 7 e 12 anos é realizado o enxerto ósseo alveolar – onde se tira o osso da crista ilíaca (bacia) e coloca para fechar o osso alveolar (osso embaixo da gengiva). Esse procedimento também pode ser realizado na fase adulta.
– Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-64343736

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Coldplay ainda faz música de verdade ou apenas trilha para palestra motivacional?

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‘Moon Music’, 10º álbum do grupo britânico, desperdiça boas participações em melodias ao mesmo tempo sem referência e sem identidade; veja análise do g1. g1 analisa ‘Moon Music’, novo álbum do Coldplay
O Coldplay lançou nesta sexta-feira (4) “Moon Music”, seu 10º álbum de estúdio — segundo o vocalista Chris Martin, o antepenúltimo da banda, que pretende parar de fazer música após o 12º trabalho. As dez novas faixas, no entanto, deixam a sensação de que eles já pararam.
Nas últimas décadas, o grupo britânico viveu uma das maiores transformações musicais do pop mundial. Foi do rock alternativo melancólico do disco “Parachutes” (2000), influenciado por nomes como Oasis e Radiohead, ao pop motivacional de arena, mostrado principalmente a partir de “Viva la Vida or Death and All His Friends”, de 2008.
A fase mais recente transformou o Coldplay em um fenômeno de venda de ingressos. Iniciada em 2022, a turnê global “Music of the Spheres” arrecadou US$ 945,7 milhões e foi descrita pela revista “Billboard” como a mais lucrativa de todos os tempos para uma banda de rock.
Coldplay no Rock in Rio 2022
Stephanie Rodrigues
No ano passado, o espetáculo visual cósmico, com lasers, fantoches e pulseirinhas coloridas, passou pelo Brasil em 11 apresentações de estádios, com entradas esgotadas.
Ainda assim, fãs mais antigos torcem o nariz — e torcem por algum indício de retorno da banda às raízes. Esses podem desencanar: o “Moon Music” segue a mesma atmosfera etérea-edificante do trabalho anterior de 2021, o que dá nome à turnê quase bilionária.
Nesses dois álbuns, “Music of the Spheres” e “Moon Music”, o ponto alto são as participações. O primeiro tem Selena Gomez e o grupo de k-pop BTS no auge. O novo disco traz a cantora nigeriana Ayra Starr enriquecendo os vocais de “Good Feelings”, pop funkeado sobre a importância de cultivar bons sentimentos.
Em “We Pray”, louvor com levada de rap, está o também nigeriano Burna Boy, outro astro do afrobeat. Com hits e artistas escalando nas paradas, o pop africano ganhou força global em 2024. Mas o que poderia ser uma boa referência no álbum do Coldplay acaba diluído em melodias que parecem de inteligência artificial.
O disco consegue ser, ao mesmo tempo, sem referências e sem identidade: os arranjos não se conectam de verdade com nenhum movimento musical. Já as letras falam de um mundo sem complexidade, onde apenas o poder do amor é capaz de resolver problemas geopolíticos e unir nações em guerra.
“One World”, a música que fecha o “Moon Music”, tem Chris Martin em um instrumental onírico repetindo as palavras “um mundo, apenas um mundo”, para depois concluir: “No fim, é só amor”.
Capa de ‘Moon Music’, 10º álbum do Coldplay
Divulgação
Escolha seu lugar
Não é exatamente para ouvir música que os fãs lotam as apresentações do Coldplay. Com ornamentações de todo tipo, os shows do grupo são vendidos como “experiências” que agradam também outros sentidos.
Mas, se ao vivo a combinação com elementos visuais ajuda a criar um clima mágico, no trabalho de estúdio tudo se torna bem mais monótono.
O Coldplay não está interessado na música em si, mas em guiar as sensações do público. E, sem pirotecnia ou chuva de papel picado, a experiência fica mais parecida com uma palestra motivacional.
Na música-título, que abre o álbum, há um instrumental ambiente de quase dois minutos, perfeito para os espectadores irem escolhendo seus lugares no auditório. Depois, o “Moon Music” encaminha o ouvinte para se animar em “Feels Like I’m Falling in Love”; para refletir em “We Pray”; se empoderar em “IAAM”; se emocionar ao lembrar de tempos mais difíceis em “All My Love”.
Quem consegue deixar o mau humor de lado para se entregar de corpo e alma a esse tipo de vivência pode dar o play tranquilo. Vai ser divertido. Os outros provavelmente vão achar um tanto cafona.

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Paternidade e mudança para Londres guiam Momo na criação do álbum ‘Gira’

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Disco sai em 18 de outubro com dez músicas autorais, sendo seis feitas em parceria com Wado. Capa do álbum ‘Gira’, de Momo
Arte de Marco Papiro e Julia Lüscher
♫ NOTÍCIA
♪ Cantor, compositor e músico de origem mineira, Marcelo Frota – Momo, na certidão artística – personifica o cidadão do mundo. E a rota planetária do artista tem norteado a construção de discografia que ganha um sétimo álbum, Gira, daqui a duas semanas, 18 de outubro.
Momo cresceu e se criou musicalmente no Rio de Janeiro (RJ), cidade que celebra em uma das músicas de Gira, mas migrou para Portugal, país onde gestou em Lisboa o quinto álbum, Voá (2017), com produção musical de Marcelo Camelo.
Já o sexto álbum de Momo, I was told to be quiet (2019), foi orquestrado em Los Angeles (EUA) com produção musical do norte-americano Tom Biller.
Após ter transitado pela Espanha, Momo partiu para Londres. O álbum Gira é o reflexo não somente dessa mudança para a capital da Inglaterra, mas também e sobretudo da paternidade. A chegada da filha Leonora também guiou Momo na criação de um álbum mais leve, pautado pelo groove. “Eu adoraria fazer um álbum para ela dançar”, vislumbra Momo.
Com capa assinada por Marco Papiro e Julia Lüscher, o disco Gira chega ao mundo em 18 de outubro pelo selo londrino Batov Records em LP e em edição digital. Inteiramente autoral, o inédito repertório do álbum é composto por dez músicas.
Seis músicas – Pára, Rio, Passo de avarandar, Jão, Beija-flor e a composição-título Gira – foram feitas com a colaboração de Wado na escrita das letras. Oqueeei é parceria de Momo com o saxofonista Angus Fairbairn. Já Walk in the park, My mind e Summer interlude são músicas da lavra solitária de Momo.
O álbum Gira foi feito com os toques de músicos como Caetano Malta (baixo), Jessica Lauren (teclados), Magnus Mehta (percussão) e Nick Woodmansey (bateria), entre outros instrumentistas arregimentados em Londres, atual morada e inspiração de Momo.
Momo lança em 18 de outubro o sétimo álbum da discografia autoral, ‘Gira’, em LP e em edição digital, pelo selo londrino Batov Records
Dunja Opalko / Divulgação

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Sidney Magal dá baile em show no Rio, canta hit de Jorge Ben Jor com a banda Biquini e continua com a moral elevada

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Aos 74 anos, artista sabe se alimentar do passado sem soar ultrapassado no mercado da música. Sidney Magal em take da gravação da música ‘Chove chuva’ para disco da banda carioca Biquini
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♫ COMENTÁRIO
♩ Aos 74 anos, Sidney Magal continua com a moral elevada no universo pop brasileiro. Dois acontecimentos simultâneos nesta sexta-feira, 4 de outubro, reiteram a força do cantor carioca no mercado atual.
No mesmo dia em que o artista sobe ao palco da casa Qualistage – um dos maiores espaços de show da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – para apresentar o Baile do Magal ao público carioca, a banda Biquini lança disco com convidados, Vou te levar comigo, em que o maior destaque é uma regravação de Chove chuva (Jorge Ben Jor, 1963) feita com a participação de Magal e um toque latino de salsa na música.
Não é pouca coisa para um artista cujo último sucesso é de 1990, Me chama que eu vou (Torquato Mariano e Cláudio Rabello), lambada gravada para a trilha sonora da novela Rainha da sucata (TV Globo, 1990).
Me chama que eu vou é também o nome do documentário estreado em 2020 com foco na trajetória do artista que ganhou projeção nacional em 1976.
De 1976 a 1979, Magal arrastou multidões pelo Brasil a reboque de repertório sensual posto a serviço da imagem cigana de amante latino. Não por acaso, 1979 é o ano em que se situa a narrativa de longa-metragem sobre a história de amor entre Magal e a esposa Magali West, foco do filme de ficção Meu sangue ferve por você (2023 / 2024), estreado em maio nos cinemas – e já disponível no catálogo da Netflix – com o ator Filipe Bragança dando voz e vida a Magal na tela.
Hoje, Magal é uma personalidade. Um cantor que prescinde de ter músicas nas playlists para se manter em evidência. O artista soube se alimentar do passado sem soar ultrapassado. Nesse sentido, Sidney Magal tem dado baile na concorrência.

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