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The Last of Us: é possível que uma pandemia de fungos crie zumbis na vida real?

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Os fungos do gênero Cordyceps, retratados na série, existem de verdade. E, na vida real, eles de fato transformam suas vítimas em ‘zumbis’. A serie The Last of Us imagina como seria uma contaminação por fungos Cordyceps em humanos
DIVULGAÇÃO/HBO/WARNER MEDIA/LIANE HENTSCHER
A nova série The Last of US, da HBO, apresenta um cenário pós-apocalíptico em que há milhares de pessoas transformadas em zumbis após uma infecção por um fungo se tornar uma pandemia. A série foi a segunda maior estreia deste ano da plataforma HBO MAX e o terceiro episódio fica disponível neste domingo (28).
O cenário pode ser fantasioso, mas o tipo de fungo representado na série existe de verdade. São fungos dos gêneros Cordyceps e Ophiocordyceps e na vida real eles realmente transformam suas vítimas em zumbis.
Os esporos deste tipo de fungo entram no corpo da vítima, onde o fungo cresce e começa a sequestrar a mente de seu hospedeiro até que ele perca o controle e seja compelido a subir para um terreno mais alto. O fungo parasita devora sua vítima por dentro, extraindo até o último nutriente, enquanto se prepara para seu grande ato final.
Então – em uma cena mais perturbadora do que o filme de terror mais assustador – um tentáculo de morte irrompe da cabeça. Este corpo do fungo espalha esporos em tudo ao seu redor – condenando outras vítimas ao mesmo destino se estiverem próximas para serem infectadas.
Para nossa sorte, os fungos deste gênero são capazes de contaminar apenas formigas – e somente algumas espécies. Outros fungos similares contaminam outras espécies de inseto, de maneira parecida. Este documentário da BBC (em inglês) mostra uma formiga contaminada pelo fungo.
Estalador da série de ‘The Last of Us’
Reprodução/YouTube/HBO Max Brasil
O funcionamento desses fungos parasitas inspirou o jogo de videogame The Last of US, no qual a série da HBO foi baseada.
Assista ao trailer da série ‘The Last of Us’
Na trama dessas obras de ficção, fungos Cordyceps passam a se tornar capazes de infectar humanos e causam uma pandemia capaz de levar ao colapso da sociedade.
Mas no mundo real, uma pandemia de Cordyceps – ou causada por outro fungo – é algo que realmente poderia acontecer?
“Acho que subestimamos as infecções fúngicas por nossa conta e risco”, diz o médico Neil Stone, principal especialista em fungos do Hospital de Doenças Tropicais de Londres. “Já fizemos isso por muito tempo e estamos completamente despreparados para lidar com uma pandemia fúngica.”
Lista de fungos perigosos para humanos
No final de outubro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou sua primeira lista de fungos com maior risco para a saúde pública.
Os fungos da lista são realmente ameaçadores, mas – pra nosso alívio – não existe na lista nenhum capaz de transformar humanos em zumbis.
Por que não?
A microbióloga Charissa de Bekker, da Universidade de Utrecht, no Reino Unido, estuda como os fungos Cordyceps zumbificam as formigas e diz que não vê como isso poderia acontecer com pessoas.
“A nossa temperatura corporal é simplesmente muito alta para a maioria dos fungos, incluindo o Cordyceps”, explica. “O sistema nervoso deles é mais simples do que o nosso, então é muito mais fácil sequestrar o cérebro de um inseto do que o complexo cérebro humano.”
Uma lagarta consumida por um fungo parasita – as protuberâncias liberam esporos
Getty Images via BBC
Além disso, explica ela, os sistemas imunológicos deles são muito diferentes dos nossos, o que também dificultaria esse “sequestro”.
A maior parte das espécies parasitas de Cordyceps evoluiu ao longo de milhares de anos para se especializar em infectar apenas uma espécie de inseto. A maioria não pula de um inseto para o outro.
“Para esse fungo ser capaz de ir de um inseto para nós e conseguir nos infectar da mesma forma, é uma distância muito grande”, diz Bekker.
Ameaças mortais
No entanto, a ameaça de uma pandemia fúngica é muito real, embora tenha sido subestimada por um longo tempo. “As pessoas pensam em fungos como algo trivial, superficial ou sem importância”, diz o médico Neil Stone.
Apenas algumas das milhões de espécies de fungos causam doenças em seres humanos. No entanto, algumas dessas podem ser muito piores do que uma unha infectada ou uma frieira.
Pedro Pascal e Bella Ramsey em ‘The Last of Us’
Divulgação
Os fungos matam cerca de 1,7 milhão de pessoas por ano – cerca de três vezes mais que a malária.
A OMS identificou 19 fungos diferentes que considera preocupantes.
Os mais graves são a Candida auris, o Cryptococcus neoformans e o Mucormycetes – que come nossa carne tão rapidamente que leva a graves lesões faciais.
A ameaça global da cândida auris
A Candida auris é uma levedura – e libera o mesmo cheiro de fermentação de uma cervejaria ou de uma massa de pão.
Mas, diferentemente das leveduras benéficas que usamos para a comida, a Candida auris é um parasita terrível.
Ela contamina o sangue, o sistema nervoso e os órgãos internos. A OMS estima que metade das pessoas infectadas por Candida auris morrem.
Neil Stone afirma que a Candida auris deve ser nossa principal preocupação
JAMES GALLAGHER via BBC
O primeiro caso documentado foi no ouvido de um paciente do Hospital Geriátrico Metropolitano de Tóquio em 2009, e desde então o fungo tem se espalhado pelo mundo.
A Candida auris é muito difícil de ser combatida – algumas cepas são resistentes a todos os medicamentos antifúngicos que temos. Por isso muitas vezes ela é chamada de “superfungo”.
A transmissão ocorre principalmente através de superfícies contaminadas em hospitais – é um fungo realmente difícil de limpar completamente. Muitas vezes, a solução é fechar alas inteiras de hospitais, algo que já aconteceu no Reino Unidos.
Neil Stone diz que a Candida auris é o tipo de fungo mais preocupante e que não podemos ignorá-lo, pois uma pandemia causada por ele poderia levar ao colapso dos sistemas de saúde.
Fungo mortal
Outro fungo mortal – o Cryptococcus neoformans – é capaz de entrar no sistema nervoso das pessoas e causar uma meningite devastadora.
Os britânicos Sid e Ellie tiveram contato com a doença nos primeiros dias de sua lua de mel na Costa Rica. Elle começou a passar mal e seus sintomas iniciais – dores de cabeça e náuseas – foram atribuídos ao excesso de sol. Mas depois ela começou a ter espasmos e convulsões fortíssimas.
“Nunca vi algo pior, me senti tão impotente”, diz Sid à BBC.
Exames feitos mostraram inflamação em seu cérebro e identificaram o Cryptococcus como a causa. Felizmente, Ellie respondeu ao tratamento e saiu do coma após 12 dias em respirador.
“Só me lembro de gritar”, diz ela, que tinha delírios quando estava infectada.
Agora ela está se recuperando bem.
Ellie diz que “nunca” pensou que um fungo pudesse fazer isso com uma pessoa. “Você não acha que vai quase morrer na sua lua de mel.”
Fungo negro
Outra ameaça à saúde pública é o Mucormycetes, também conhecido como fungo negro. Ele causa uma doença gravíssima chamada mucormicose, que normalmente atinge pessoas com o sistema imunológico comprometido.
Ele se reproduz tão rapidamente que, se estiver sendo cultivado em laboratório, é capaz de fazer a tampa da placa petri pular.
“Quando deixa um pedaço de fruta estragar e no dia seguinte ela virou uma papa, é porque havia um fungo mucormycetes dentro dela”, diz a médica Rebecca Gorton, cientista do HSL, o laboratório de serviços de saúde em Londres.
Ela diz que a infecção é rara em humanos, mas pode ser realmente grave quando acontece.
O fungo ataca o rosto, os olhos e o cérebro e pode ser fatal ou deixar as pessoas gravemente desfiguradas. Uma infecção se espalha tão rapidamente no corpo quanto nas frutas ou no laboratório, afirma Gorton.
Durante a pandemia de covid, houve uma explosão de casos de fungo negro na Índia. Mais de 4.000 pessoas morreram. Acredita-se que o enfraquecimento do sistema imunológico das pessoas e os altos níveis de diabetes no país ajudaram na proliferação do fungo. Cerca de 30 casos de contaminação por mucormicose foram registrados no Brasil em 2021, durante a pandemia de covid.
Devemos levar os fungos mais a sério?
Os fungos geram infecções muito diferentes das provocadas por bactérias ou vírus. Quando um fungo nos deixa doentes, ele quase sempre é captado do ambiente, em vez de se espalhar por meio de tosses e espirros.
Estamos todos expostos a fungos o tempo todo, mas eles geralmente precisam de um sistema imunológico enfraquecido para conseguirem se desenvolver.
Stone diz que uma pandemia fúngica provavelmente seria muito diferente da pandemia de covid – tanto na forma como se espalha quanto no tipo de pessoa que infecta.
Ele acha que a ameaça existe por causa “do volume de fungos que existem no meio ambiente” e por causa de “mudanças climáticas, viagens internacionais, número crescente de casos e do profundo descaso que temos em termos de tratamentos”.
Esta reportagem foi originalmente publicada em – https://www.bbc.com/portuguese/geral-64442967

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Rapper Budah lança o primeiro álbum, ‘Púrpura’, com nomes como Delacruz, Djonga e Duda Beat entre as 15 faixas

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Indicada ao BET Hip Hop Awards 2024, a artista capixaba segue movimento ascendente desde 2021 com mix sensual de trap com gêneros como R&B. Rapper Budah reúne no álbum ‘Púrpura’ produtores musicais como Dmax, Go Dassisti, Jok3r, Los Brasileiros, Pedro Lotto, Tibery e Wey
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♫ NOTÍCIA
♪ Desde 2021, a rapper capixaba Budah vem seguindo trajetória ascendente em movimento que incluiu a assinatura de contrato com a gravadora Universal Music no ano passado.
Nascida Brenda Rangel em Vila Velha (ES), mas criada em Cariacica (ES) em família musical, a cantora e compositora se tornou Budah ao se lançar na cena de rap e no universo do grafite do Espírito Santo.
Sete anos se passaram desde o lançamento em 2017 da primeira música autoral de Budah, Neguin, e a edição do primeiro álbum da artista, Púrpura, no mercado digital desde ontem, 4 de outubro.
Com as presenças de nomes como Djonga, Duda Beat, Delacruz, Azzy, MC Luanna, TZ da Coronel, Thiago Pantaleão e Day Limns, o álbum Púrpura sai após dezenas de singles – editados por Budah desde 2017, muitos em colaboração com outros artistas – e chega no rastro da indicação da rapper ao BET Hip Hop Awards 2024 na categoria Melhor flow internacional.
Capa do álbum ‘Púrpura’, de Budah
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Formatado por vários produtores musicais, em time que inclui Dmax, Go Dassisti, Jok3r, Los Brasileiros, Pedro Lotto, Tibery e Wey, entre outros nomes, o álbum Púrpura parte do trap para abarcar com sensualidade gêneros como R&B, mote de temas como 812.
Antecedido pelo single Linha de frente, o álbum Púrpura reúne músicas como Deve ser horrível ser você, Hora H (gravada com a adesão de Azzy), Maré, Ninguém vai te superar (faixa turbinada com a presença de Djonga), Pouca roupa e Visão (com Duda Beat e Thiago Pantaleão). Dois interlúdios, Rádio e Nosso laço, costuram o repertório autoral de Budah no primeiro álbum da rapper.
Dez anos após jogar na internet em 2014 um bem recebido cover de Billionaire (2010), música do rapper Travie McCoy gravada com a participação de Bruno Mars, Budah segue em movimento com a intenção de cruzar a linha de frente do hip hop nacional. O lançamento do álbum Púrpura é bom passo na caminhada da artista.
Budah, artista capixaba nascida Brenda Rangel em Vila Velha (ES) e criada em Cariacica (ES), lança o primeiro álbum dez anos após ter jogado a primeira música na internet
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Caso Diddy: psiquiatra explica onda de comentários irônicos envolvendo denúncias a rapper

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Pessoas têm postado comentários ironizando toda a situação, que envolve crimes de violência física e sexual. Especialista cita que redes sociais amplificam o ‘efeito manada’. Psiquiatra explica onda de comentários irônicos envolvendo o caso Sean Combs
Sean “Diddy” Combs não saiu das notícias dos últimos dias. O rapper, que também é conhecido como Puff Daddy, foi preso no dia 16 de setembro sob a suspeita de tráfico sexual e agressão. O artista é acusado de abuso sexual e de drogar pessoas durante festas promovidas por ele.
Diddy nega todas as acusações, que são bem semelhantes às feitas por Cassie Ventura. A ex-namorada do rapper abriu um processo contra ele alegando que foi estuprada e violentada por mais de uma década.
Ponto a ponto: quem é Sean Diddy Combs e quais são as acusações que envolvem sua prisão
Além de tudo o que virou notícia sobre o caso, uma situação chamou a atenção nas redes sociais: apesar de todas as questões de violência física e sexual do caso, muita gente decidiu fazer piada e ironizar a situação.
Desde a prisão do rapper, a internet ficou cheia de postagens inspiradas nesse caso. Muitos delas apontam nomes de amigos famosos do cantor, como Jay-Z. Os dois têm uma relação bem próxima. O cantor, inclusive, já foi criticado por não ter se posicionado sobre o caso Diddy.
Caso Diddy: quem são os famosos citados nas notícias do escândalo
Quem são os sete filhos do rapper
Instagram de Sean Diddy Combs
Reprodução/Instagram
O Instagram do rapper, atualmente, conta só com duas fotos. Uma é de sua filha Chance, de 18 anos, e outra de sua caçula, Love, de 1 ano e 9 meses. No espaço para comentários, muitas piadinhas.
Muitas delas, de brasileiros que estão “culpando” Diddy por casos que aconteceram no país. Por exemplo, tem gente afirmando que não vai perdoar Diddy por ele ter empurrado Mc Kevin da sacada. O rapper brasileiro morreu em 2021 após cair do 5º andar de hotel na Barra da Tijuca. Tem gente que diz, também, que Diddy seria responsável pela morte do Silvio Santos. O apresentador morreu em agosto, aos 93 anos.
As postagens seguem a linha de teorias da conspiração que surgiram após a prisão de Diddy e que afirmam que ele estaria envolvido na morte de astros internacionais.
Existem ainda mais memes e tentativas de piadas com outras questões relacionadas ao caso: como a grande quantidade de garrafas de óleo de bebê encontradas na casa do rapper. Ou também sobre o fato de Justin Bieber ter Diddy como um de seus padrinhos musicais.
A falta do olhar do outro
Internautas criam memes ironizando caso de Sean Diddy Combs
Reprodução/Instagram
Autor de livros como “Viagem por dentro do cérebro”, “Doentia maldade” e “O lado bom do lado ruim”, o psiquiatra Daniel Barros explicou ao g1 que as pessoas tendem a contar piadas com temas graves, porque as redes sociais eliminam uma parte fundamental da interação humana: o olhar do outro.
“No ambiente virtual, não há um feedback imediato das reações emocionais dos interlocutores, como acontece nas interações face a face. E aí, sem ver o sofrimento ou a indignação diretamente, as pessoas não têm o freio social que normalmente as impediria de ironizar questões sérias”, afirma Daniel.
“Sem ver o sofrimento ou a indignação diretamente, as pessoas não têm o freio social que normalmente as impediria de ironizar questões sérias.”
“Assim, acabam expressando desprezo ou falta de empatia, algo que provavelmente não fariam no mundo real, onde o desconforto gerado pelas expressões de dor do outro seria mais evidente”, completa o psiquiatra.
O médico também comenta que as redes sociais amplificam o efeito manada. Esse comportamento é muito usado na psicologia para explicar como as pessoas, quando estão em grupo, agem e reagem de uma mesma forma, mesmo sem um planejamento.
“Quando uma pessoa faz um comentário irônico ou ofensivo, outros podem seguir o exemplo e agir da mesma maneira, sem refletir profundamente sobre o impacto disso. Essa propagação rápida de comportamentos antissociais se deve ao fato de que, nas redes, as respostas não são vistas em tempo real, o que dá uma sensação de anonimato e segurança, mesmo que parcial. Isso faz com que a escalada de agressividade e ironia ocorra de maneira mais veloz e generalizada.
Daniel ainda comenta que uma mudança em relação a esse tipo de atitude requer tempo e adaptação.
Mas ele explica que se a sociedade se tornar mais consciente dos efeitos negativos das redes sociais, talvez as pessoas desenvolvam novas formas de empatia e autorregulação no ambiente virtual.
“Um caminho potencial seria uma maior educação sobre os impactos de nossas ações on-line e o desenvolvimento de mecanismos de autorreflexão para pensar antes de postar.”

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Coldplay ainda faz música de verdade ou apenas trilha para palestra motivacional?

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‘Moon Music’, 10º álbum do grupo britânico, desperdiça boas participações em melodias ao mesmo tempo sem referência e sem identidade; veja análise do g1. g1 analisa ‘Moon Music’, novo álbum do Coldplay
O Coldplay lançou nesta sexta-feira (4) “Moon Music”, seu 10º álbum de estúdio — segundo o vocalista Chris Martin, o antepenúltimo da banda, que pretende parar de fazer música após o 12º trabalho. As dez novas faixas, no entanto, deixam a sensação de que eles já pararam.
Nas últimas décadas, o grupo britânico viveu uma das maiores transformações musicais do pop mundial. Foi do rock alternativo melancólico do disco “Parachutes” (2000), influenciado por nomes como Oasis e Radiohead, ao pop motivacional de arena, mostrado principalmente a partir de “Viva la Vida or Death and All His Friends”, de 2008.
A fase mais recente transformou o Coldplay em um fenômeno de venda de ingressos. Iniciada em 2022, a turnê global “Music of the Spheres” arrecadou US$ 945,7 milhões e foi descrita pela revista “Billboard” como a mais lucrativa de todos os tempos para uma banda de rock.
Coldplay no Rock in Rio 2022
Stephanie Rodrigues
No ano passado, o espetáculo visual cósmico, com lasers, fantoches e pulseirinhas coloridas, passou pelo Brasil em 11 apresentações de estádios, com entradas esgotadas.
Ainda assim, fãs mais antigos torcem o nariz — e torcem por algum indício de retorno da banda às raízes. Esses podem desencanar: o “Moon Music” segue a mesma atmosfera etérea-edificante do trabalho anterior de 2021, o que dá nome à turnê quase bilionária.
Nesses dois álbuns, “Music of the Spheres” e “Moon Music”, o ponto alto são as participações. O primeiro tem Selena Gomez e o grupo de k-pop BTS no auge. O novo disco traz a cantora nigeriana Ayra Starr enriquecendo os vocais de “Good Feelings”, pop funkeado sobre a importância de cultivar bons sentimentos.
Em “We Pray”, louvor com levada de rap, está o também nigeriano Burna Boy, outro astro do afrobeat. Com hits e artistas escalando nas paradas, o pop africano ganhou força global em 2024. Mas o que poderia ser uma boa referência no álbum do Coldplay acaba diluído em melodias que parecem de inteligência artificial.
O disco consegue ser, ao mesmo tempo, sem referências e sem identidade: os arranjos não se conectam de verdade com nenhum movimento musical. Já as letras falam de um mundo sem complexidade, onde apenas o poder do amor é capaz de resolver problemas geopolíticos e unir nações em guerra.
“One World”, a música que fecha o “Moon Music”, tem Chris Martin em um instrumental onírico repetindo as palavras “um mundo, apenas um mundo”, para depois concluir: “No fim, é só amor”.
Capa de ‘Moon Music’, 10º álbum do Coldplay
Divulgação
Escolha seu lugar
Não é exatamente para ouvir música que os fãs lotam as apresentações do Coldplay. Com ornamentações de todo tipo, os shows do grupo são vendidos como “experiências” que agradam também outros sentidos.
Mas, se ao vivo a combinação com elementos visuais ajuda a criar um clima mágico, no trabalho de estúdio tudo se torna bem mais monótono.
O Coldplay não está interessado na música em si, mas em guiar as sensações do público. E, sem pirotecnia ou chuva de papel picado, a experiência fica mais parecida com uma palestra motivacional.
Na música-título, que abre o álbum, há um instrumental ambiente de quase dois minutos, perfeito para os espectadores irem escolhendo seus lugares no auditório. Depois, o “Moon Music” encaminha o ouvinte para se animar em “Feels Like I’m Falling in Love”; para refletir em “We Pray”; se empoderar em “IAAM”; se emocionar ao lembrar de tempos mais difíceis em “All My Love”.
Quem consegue deixar o mau humor de lado para se entregar de corpo e alma a esse tipo de vivência pode dar o play tranquilo. Vai ser divertido. Os outros provavelmente vão achar um tanto cafona.

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