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Festas e Rodeios

Assucena é amor da cabeça aos pés ao celebrar Gal Costa em show que recria marcante álbum da cantora

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Sob direção musical de Rafael Acerbi, artista acerta ao pegar ‘aquele velho navio’ para dar voz ao repertório de ‘Fa-Tal’, disco de 1971, sem ficar mergulhada no passado. Assucena na estreia carioca do show ‘Rio e também posso chorar – Um tributo a Gal Costa’
Mauro Ferreira / g1
Resenha de show
Título: Rio e também posso chorar – Um tributo a Gal Costa
Artista: Assucena
Local: Manouche (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 11 de fevereiro de 2022
Cotação: ★ ★ ★ ★ ½
♪ “Vou fazer a Bethânia para homenagear Gal”, gracejou Assucena no palco do clube carioca Manouche na noite de sábado, 11 de fevereiro, antes de declamar a letra de Minha voz, minha vida (1982), música em que Caetano Veloso traduziu em versos a imensidão do canto de Gal Costa (26 de setembro de 1945 – 9 de novembro de 2022).
Sim, pela voz grave e pela natural teatralidade com que interpreta repertório próprio e alheio, Assucena muitas vezes evocou a intensidade de Maria Bethânia na primeira apresentação do show Rio e também posso chorar – Um tributo a Gal Costa (2021) na cidade do Rio de Janeiro (RJ). A evocação somente engrandeceu o espetáculo idealizado pela artista baiana com o DJ Zé Pedro em 2021 para celebrar os 50 anos do álbum ao vivo Fa-Tal – Gal a todo vapor (1971).
Quando estreou na cidade de São Paulo (SP), em 10 de dezembro de 2021, o show era tributo a álbum emblemático na discografia brasileira e na obra de Gal por ter eternizado momento de resistência e de contracultura no Brasil repressor de 1971. Com a partida da cantora baiana para outra dimensão, em novembro do ano passado, o show se tornou naturalmente um tributo ao legado imortal de Gal, ainda que continue centrado no repertório do disco originado de show concebido pelo poeta Waly Salomão (1943 – 2003).
Assucena acertou ao evitar a tentativa vã de emular os registros vocais de Gal e de tentar simular a atmosfera claustrofóbica do Brasil de 1971, ainda que a resistente polarização política do Brasil de 2023 faça do show, também, um manifesto de liberdade – até porque feito por cantora trans, o que dá sentido próprio à interpretação da balada bluesy Pérola negra (Luiz Melodia, 1971), por exemplo.
Atração do projeto Toda maneira de amor valerá, idealizado pelo Manouche em parceria com a série Trans musical (produção ainda inédita do Canal Bis para a qual o show foi gravado na apresentação carioca) com a intenção de dar voz e palco a artistas associados ao movimento LBGTQIAP+, a estreia do show de Assucena no Rio de Janeiro (RJ) reiterou a expressividade da intérprete, já evidenciada no show Minha voz e eu (2022), apresentado no mesmo Manouche em abril do ano passado.
Escorada no power trio formado pelo guitarrista Rafael Acerbi (também no violão e na certeira direção musical) com Beatriz Lima (baixo) e Bianca Predieri (bateria e programações), Assucena foi amor da cabeça aos pés ao reverenciar Gal em roteiro aberto de forma inebriante, com a voz cristalina de Gal encorpada no coro de Fruta gogóia (tema do folclore baiano) antes de Assucena recitar o elétrico poema Olho de lince (Waly Salomão, 2005).
Na sequência do show, Assucena virou e revirou passado e presente em roteiro que abriu espaços para temas autorais da artista, uma “profanação”, como a cantora caracterizou para o público, quase se desculpando por desviar do trilho seguro do disco. Dentre os temas da artista, o samba Pica-pau (Assucena, 2017) se afinou com o show por dialogar com a brejeirice do canto de Gal nos anos 1970.
Já Uma canção pra você (Jaqueta amarela) (Assucena, 2015), embora remetesse ao angustiado universo poético do álbum de 1971, soou como anticlímax no fecho do bis iniciado com abordagem de Baby (Caetano Veloso, 1968) em voz e violão, feita antes do rock Dê um rolê (Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1971), momento catártico do show.
Assucena se confirma intérprete expressiva no show ‘Rio e também posso chorar – Um tributo a Gal Costa’
Mauro Ferreira / g1
Entre a abertura e o bis, Assucena deu o devido tom melancólico ao samba-canção Antonico (Ismael Silva, 1950), reviveu o refrão de Charles Anjo 45 (Jorge Ben Jor, 1969) antes de Como 2 e 2 (Caetano Veloso, 1971) – tal como Gal fazia no show – e fez Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967) bater com a intensidade amorosa recorrente na apresentação.
Se a cantora excluiu Falsa baiana (Geraldo Pereira, 1944) do roteiro, por ainda estar insegura com o canto do samba (“Mas já estou ensaiando”, avisou), Assucena incluiu outro samba cantado por Gal no show, Para um amor no Recife (Paulinho da Viola, 1971), mas excluído do disco lançado em dezembro de 1971. Nesse número, a cantora simulou batucar o violão cenográfico portado em cena com charme.
Após se distanciar do trio elétrico, ralentando a marcha-frevo Chuva, suor e cerveja (Caetano Veloso, 1971), Assucena recitou o poema Clandestino (Waly Salomão, 1998) e alçou o voo mais alto do show ao cantar Mal secreto (Jards Macalé e Waly Salomão, 1971) de forma exuberante, inicialmente a capella e depois com a banda em pegada de blues.
O trio, aliás, contribuiu para ambientar o repertório do álbum de 1971 em atmosfera moderna que, sem procurar reproduzir os arranjos do show original, conseguiu se conectar com a contemporaneidade atemporal de Fa-Tal sem jamais cair na imitação ou na caricatura.
O voo de Assum preto (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) foi feito na mesma altitude de Mal secreto, com Assucena expondo a dor e emulando o canto dilacerado do pássaro cego que anseia por liberdade.
Facho de luz na escuridão do Brasil de 1971, o show Fa-Tal – Gal a todo vapor reluz sob outro prisma na visão de Assucena. Ao pegar aquele velho navio, por vezes fazendo a Bethânia para celebrar Gal Costa, a cantora baiana soube se desviar das águas de um passado que não volta mais, mas que permanece vivo no canto matricial e inigualável de Maria da Graça Costa Penna Burgos.

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Paternidade e mudança para Londres guiam Momo na criação do álbum ‘Gira’

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Disco sai em 18 de outubro com dez músicas autorais, sendo seis feitas em parceria com Wado. Capa do álbum ‘Gira’, de Momo
Arte de Marco Papiro e Julia Lüscher
♫ NOTÍCIA
♪ Cantor, compositor e músico de origem mineira, Marcelo Frota – Momo, na certidão artística – personifica o cidadão do mundo. E a rota planetária do artista tem norteado a construção de discografia que ganha um sétimo álbum, Gira, daqui a duas semanas, 18 de outubro.
Momo cresceu e se criou musicalmente no Rio de Janeiro (RJ), cidade que celebra em uma das músicas de Gira, mas migrou para Portugal, país onde gestou em Lisboa o quinto álbum, Voá (2017), com produção musical de Marcelo Camelo.
Já o sexto álbum de Momo, I was told to be quiet (2019), foi orquestrado em Los Angeles (EUA) com produção musical do norte-americano Tom Biller.
Após ter transitado pela Espanha, Momo partiu para Londres. O álbum Gira é o reflexo não somente dessa mudança para a capital da Inglaterra, mas também e sobretudo da paternidade. A chegada da filha Leonora também guiou Momo na criação de um álbum mais leve, pautado pelo groove. “Eu adoraria fazer um álbum para ela dançar”, vislumbra Momo.
Com capa assinada por Marco Papiro e Julia Lüscher, o disco Gira chega ao mundo em 18 de outubro pelo selo londrino Batov Records em LP e em edição digital. Inteiramente autoral, o inédito repertório do álbum é composto por dez músicas.
Seis músicas – Pára, Rio, Passo de avarandar, Jão, Beija-flor e a composição-título Gira – foram feitas com a colaboração de Wado na escrita das letras. Oqueeei é parceria de Momo com o saxofonista Angus Fairbairn. Já Walk in the park, My mind e Summer interlude são músicas da lavra solitária de Momo.
O álbum Gira foi feito com os toques de músicos como Caetano Malta (baixo), Jessica Lauren (teclados), Magnus Mehta (percussão) e Nick Woodmansey (bateria), entre outros instrumentistas arregimentados em Londres, atual morada e inspiração de Momo.
Momo lança em 18 de outubro o sétimo álbum da discografia autoral, ‘Gira’, em LP e em edição digital, pelo selo londrino Batov Records
Dunja Opalko / Divulgação

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Sidney Magal dá baile em show no Rio, canta hit de Jorge Ben Jor com a banda Biquini e continua com a moral elevada

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Aos 74 anos, artista sabe se alimentar do passado sem soar ultrapassado no mercado da música. Sidney Magal em take da gravação da música ‘Chove chuva’ para disco da banda carioca Biquini
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♫ COMENTÁRIO
♩ Aos 74 anos, Sidney Magal continua com a moral elevada no universo pop brasileiro. Dois acontecimentos simultâneos nesta sexta-feira, 4 de outubro, reiteram a força do cantor carioca no mercado atual.
No mesmo dia em que o artista sobe ao palco da casa Qualistage – um dos maiores espaços de show da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – para apresentar o Baile do Magal ao público carioca, a banda Biquini lança disco com convidados, Vou te levar comigo, em que o maior destaque é uma regravação de Chove chuva (Jorge Ben Jor, 1963) feita com a participação de Magal e um toque latino de salsa na música.
Não é pouca coisa para um artista cujo último sucesso é de 1990, Me chama que eu vou (Torquato Mariano e Cláudio Rabello), lambada gravada para a trilha sonora da novela Rainha da sucata (TV Globo, 1990).
Me chama que eu vou é também o nome do documentário estreado em 2020 com foco na trajetória do artista que ganhou projeção nacional em 1976.
De 1976 a 1979, Magal arrastou multidões pelo Brasil a reboque de repertório sensual posto a serviço da imagem cigana de amante latino. Não por acaso, 1979 é o ano em que se situa a narrativa de longa-metragem sobre a história de amor entre Magal e a esposa Magali West, foco do filme de ficção Meu sangue ferve por você (2023 / 2024), estreado em maio nos cinemas – e já disponível no catálogo da Netflix – com o ator Filipe Bragança dando voz e vida a Magal na tela.
Hoje, Magal é uma personalidade. Um cantor que prescinde de ter músicas nas playlists para se manter em evidência. O artista soube se alimentar do passado sem soar ultrapassado. Nesse sentido, Sidney Magal tem dado baile na concorrência.

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Emiliano Queiroz: famosos lamentam morte do ator

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Emilio Orciollo Netto, Beth Goulart, Selton Mello e Lucio Mauro Filho foram alguns dos famosos que deixaram mensagens nas redes sobre a morte do artista de 88 anos. Emiliano Queiroz na novela Espelho da Vida
Acervo Grupo Globo
Emilio Orciollo Netto, Ary Fontoura, Beth Goulart, Selton Mello, Lucio Mauro Filho e outros famosos lamentaram a morte de Emiliano Queiroz. O ator de 88 anos morreu após sofrer uma parada cardíaca, na madrugada desta sexta-feira (4).
Emilio, que trabalhou com Emiliano na novela “Alma Gêmea”, fez uma postagem nas redes sociais lamentando a morte do ator.
“Meu amigo Milica, fez a passagem. Amigo, você me ensinou e ensina muito. Você é um exemplo de ator de caráter de amor a profissão. Você fez parte de um dos momentos mais felizes da minha vida. Meu eterno Tio Nardo. Obrigado por tanto e por tudo. Você é inspiração eterna. Te amo. Seu eterno Crispim. Te amo”, escreveu o ator.
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Veja mais mensagens de famosos que lamentaram a morte de Emiliano Queiroz:
Selton Mello, ator
“Gênio amado, Seu Emiliano querido demais.”
Lucio Mauro Filho, ator
“Nosso amado Emiliano Queiroz partiu para o outro plano, deixando uma saudade instantânea. Um dos grandes atores do nosso país, com quem tive a honra de dividir a cena em ‘Lisbela e o Prisioneiro’, rodando o Brasil em farras inesquecíveis! Vê-lo no palco aos 86 anos, brilhando como sempre, foi uma das últimas grandes emoções que vivi dentro de um teatro. Obrigado mestre Emiliano por tanta coisa linda que você sempre me proporcionou. Descansa em paz!”
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Ary Fontoura, ator
“Triste 😢💔”
Beth Goulart, atriz
“Mais uma perda para todos nós, o grande ator Emiliano Queiroz partiu hoje aos 88 anos. Com uma longa carreira de mais de 70 anos dedicados ao ofício da interpretação, deixa um enorme legado artístico ao nosso país. Nosso amado ‘Dirceu borboleta’ voou para novas dimensões de existência. Que Deus te abençoe e te receba em sua infinita luz e amor. Meus sentimentos para toda a família.”
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Andréa Faria Sorvetão, atriz e ex-paquita
“Nossas referências indo… Que possamos ser referência também.”
Junior Vieira, ator
“Muita luz.”
Rosane Gofman, atriz
“Tão querido e talentoso!”
Claudia Mauro, atriz
“Meu amigo da vida, meu padrinho de casamento, meu guru, meu amado Emily….E recentemente tivemos este encontro tão lindo. Respostando este vídeo e este registro recente. Meu amigo querido, faça uma boa viagem! Obrigada Liloye Boubli por me proporcionar este último encontro! Emiliano .. Emily… Inesquecível! Pessoa rara! Artista extraordinário! Um dos maiores atores da sua geração. E tantos, tantos e tantos momentos vivemos juntos. Obrigada por tudo! Pelas conversas, pela torcida, pelos conselhos, pelo amor e amizade incondicional. Te amamos muito!”
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Antonio Grassi, ator
“RIP Emiliano ! Que notícia triste.”
Bárbara Bruno, atriz
“Muito amado e querido!!!!!! Viva Emiliano Queiroz”
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Tadeu Mello, ator
“Emiliano foi muito especial na minha vida.”
Gustavo Wabner, ator
“Um dos grandes! O primeiro Veludo de “Navalha na Carne”, o inesquecível Dirceu Borboleta de ” O Bem Amado” e de tantos outros personagens inesquecíveis.”
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