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Festas e Rodeios

Vanessa da Mata balança entre sambas, baladas e reggaes no fogo brando do álbum ‘Vem doce’

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Letras com espírito de crônicas valorizam bom repertório autoral que inclui parcerias da artista com Ana Carolina, L7nnon, Marcelo Camelo, Papatinho, Ilan Adar e Dom Lucas. Capa do álbum ‘Vem doce’, de Vanessa da Mata
Priscila Prade
Resenha de álbum
Título: Vem doce
Artista: Vanessa da Mata
Edição: Vanessa da Mata
Cotação: ★ ★ ★ ½
♪ Vanessa da Mata é compositora de assinatura própria, bem delineada em 21 anos de carreira fonográfica. Décimo álbum da artista mato-grossense, lançado hoje, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Vem doce é o sétimo disco gravado em estúdio por Vanessa com essa assinatura no repertório autoral.
Ao longo de 13 músicas, a compositora abre parcerias e experimenta sonoridades na função de produtora musical do álbum, como já haviam sinalizado os golpes de afrobeat do single Foice (2023) e o acento tropical do R&B que dá nome ao disco, Vem doce (2022), parceria de Vanessa com o beatmaker Papatinho.
Em que pesem as sutis inovações, o álbum escancara o D.N.A. habitual dessa compositora de identidade singular, até porque somente uma música – a já conhecida abordagem de Comentário a respeito de John (Belchior e José Luiz Penna, 1979) em ritmo de xote e em dueto com o cantor João Gomes, astro do piseiro – vem sem o nome de Vanessa da Mata nos créditos da composição.
Estão lá, alinhadas em Vem doce, as melodias e letras criadas em fluxo intuitivo de contornos sempre inesperados. A safra resulta sem a coesão do repertório em geral mais aliciante do álbum anterior Quando deixamos nossos beijos na esquina (2019). Ainda assim, Vanessa da Mata balança entre sambas, baladas e reggae sem jamais se desviar de um caminho trilhado com a segurança de quem já firmou um estilo.
Das 13 músicas, o grande sucesso potencial do disco é Fique aqui, balada composta e gravada pela artista com o rapper carioca L7nnon. Feita com vocais sensuais roçam a languidez, como se o rapper encarnasse espécie de Barry White (1944 – 2003) dos trópicos ao declamar na faixa, a intervenção de L7nnon em Fique aqui soa interessante ao mesmo tempo em que corta a fluência de uma das grandes baladas do cancioneiro da artista.
Vanessa da Mata lança hoje, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o décimo álbum da discografia, ‘Vem doce’
Priscila Prade / Divulgação
Outro destaque da safra do álbum Vem doce é Menina (Deus te juízo), parceria de Vanessa com Ilan Adar gravada com arranjo inventivo, encorpado com o coro meio mantra das vozes dos músicos Magno Souza (baixo elétrico), Maurício Pacheco (violão e guitarra), Rodrigo Braga (piano, de toque latino na faixa) e Theo Zagrae (bateria).
Na seara dos sambas, o maior trunfo de Vem doce é Amiga fofoqueira, que cai no suingue da guitarra de Maurício Pacheco com letra em que Vanessa perfila a personagem-título – a amiga que “…sabe dos amantes e de todos os podres / Deveria ser escritora, mas ama um açougue / Ela enfeita uma história para ser exclusiva / Stalkea as redes todas” – em versos encadeados sem preocupações com rimas e com a rigidez das métricas, como se a cantora estivesse falando da amiga fofoqueira na mesa de bar.
Se Oi e Me liga caem bem na levada do samba-rock ao abrir as parcerias de Vanessa da Mata com Marcelo Camelo e Dom Lucas, respectivamente (com a ressalva de que Me liga tem jeito de hit), Vizinha enjoada é samba que soa chato como a vizinha radiografada na letra.
A propósito, dentre as letras com espírito de crônicas do álbum Vem doce, merece menção honrosa a do reggae Gêmeos, sobre dois irmãos de índoles, caminhos e temperamentos opostos. Outro êxito nas letras do disco são os versos de Face e avesso, nos quais a compositora toca em questões políticas e sociais, desnudando a hipocrisia, a falsa moral e os atrasos do povo da nação brasileira.
“Eu sei a face e o avesso do que pensam / Quase não consigo acreditar no quanto ainda rastejam”, avisa Vanessa em versos de faixa que persegue tom épico com o arranjo de criação coletiva – como todos os arranjos do disco, gravado com o toque recorrente do violoncelo de Jaques Morelebaum – em que os golpes da bateria de Theo Zagrae soam como tapas na cara do ouvinte em sintonia com a letra.
Canção que reabre a parceria de Vanessa da Mata com Ana Carolina após 22 anos, Eu repetiria frustra a alta expectativa, mas fica no mesmo bom nível de músicas como o reggae Fogo. A chama branda dessas faixas dá o tom desse bom disco de Vanessa da Mata, com a ressalva de que a letra de Eu repetiria – inventário de erros de relação amorosa que devem ser eliminados na retomada da paixão – reforça a singularidade do discurso do álbum Vem doce.
Vanessa da Mata pode se repetir eventualmente, e esse disco Vem doce ecoa alguns déjà vus naturais em quem compõe há quase 30 anos, mas a artista sabe o que diz e como diz.
Vanessa da Mata reforça no álbum ‘Vem doce’ a assinatura autoral em repertório que destaca a balada ‘Fique aqui’, composta e gravada com L7nnon
Priscila Prade / Divulgação

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Roberta Sá sinaliza salutar fidelidade ao samba ao aprontar álbum com músicas inéditas para apresentar em 2025

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♫ COMENTÁRIO
♩ Roberta Sá apronta álbum com músicas inéditas, o primeiro desde Giro (2019), disco lançado há cinco anos com repertório inteiramente composto por Gilberto Gil para a cantora. Será um álbum de sambas, o que nem configura novidade na trajetória fonográfica da artista.
Com exceção de Segunda pele (2012), disco em que Roberta se desviaria totalmente da cadência bonita do gênero se não tivesse gravado um samba recebido de João Cavalcanti (O nego e eu) quando o álbum já estava alinhavado, a discografia da cantora é pautada pelo ritmo.
Foi na batida do samba que Roberta Sá se firmou como nome sobressalente na geração de cantoras brasileiras do século XXI com álbuns como Braseiro (2005) e Que belo estranho dia pra se ter alegria (2007). Essa discografia alcançou pico de beleza e sofisticação com o álbum Quando o canto é reza – Canções de Roque Ferreira (2010), gravado por Roberta com o Trio Madeira Brasil.
De lá para cá, Roberta Sá lançou bons discos – como o já mencionado e exuberante Segunda pele e o posterior e menos coeso Delírio (2015) – sem repetir o impacto desta trilogia fonográfica inicial.
Resta torcer para que o próximo álbum de Roberta Sá – previsto para 2025, 20 anos após a edição do disco Braseiro – venha na vibe dos primeiros trabalhos dessa cantora que sabe cair no samba com leveza. A fidelidade da artista ao samba é bom sinal

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Por que a cultura do estupro é tão comum na indústria musical e o que Sean Diddy tem a ver com isso

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Com mais de 200 páginas, documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. Sean ‘Diddy’ Combs
Chris Pizzello/Invision/AP
O caso Diddy ainda parece distante de uma conclusão, mas, sem dúvidas, já é um marco na indústria da música. Há, inclusive, expectativas de que se torne o próximo MeToo, movimento que chacoalhou Hollywood em 2017 com uma onda de denúncias de crimes sexuais.
Preso em 16 de setembro, Dsddy se diz inocente e aguarda julgamento. Mas ele não foi o único músico a entrar na mira da Justiça nessas últimas semanas. Quem também foi processado é o astro country Garth Brooks, acusado de estupro, o que é negado por ele.
Dominado por homens, o setor musical tem uma extensa lista de denúncias e condenações por assédio e abuso. Isso é tão frequente que há uma naturalização do problema, o que acaba levando à chamada cultura do estupro.
“Por décadas, a indústria da música tem tolerado, perpetuado e, muitas vezes, comercializado uma cultura de abuso sexual contra mulheres e meninas menores de idade. Milhares de artistas, executivos e acionistas lucraram bilhões de dólares, enquanto se envolviam e/ou encobriam comportamentos sexuais criminosos”, diz o texto introdutório do relatório “Sound Off: Make the Music Industry Safe” (ou “Som desligado: Torne a Indústria da Música segura”, em português), publicado em fevereiro deste ano.
Com mais de 200 páginas, o documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. São histórias que vão dos anos 1950 a 2024.
A constante negligência de denúncias, investigações e até sentenças judiciais estimula crimes sexuais no mercado musical. É o que aponta o relatório, elaborado por uma coalizão entre os grupos feministas Lift Our Voices, Female Composer Safety League e Punk Rock Therapist.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Sexo, drogas e rock n’ roll
“Para desenvolver uma marca estética de alguns artistas, a indústria usa essa cultura a seu favor”, diz Nomi Abadi, pianista e fundadora da Female Composer Safety League, rede de suporte a compositoras vítimas de abuso sexual e assédio. Ela conversou com o g1 por videochamada. “É por isso que tem tanto músico acusado impune.”
Ela cita o famoso lema “sexo, drogas e rock n’ roll”. Para a artista, a ideia é menos sobre um espírito roqueiro e mais sobre uma dinâmica de poder que está presente em todos os gêneros musicais. É uma forma de relativizar histórias de mulheres que alegam terem sido drogadas e violadas sexualmente em festas com músicos, executivos, produtores e outros profissionais do setor.
De fato, não é raro encontrar esse tipo de queixa no meio musical. O próprio Diddy é acusado de drogar e estuprar mulheres durante seus festões luxuosos, chamados de “white parties” e “freak-off”. Inclusive, há relatos de que ele teria coagido algumas convidadas a usar fluidos intravenosos para recuperação física após submetê-las a longas e violentas performances eróticas.
O músico nega todas as acusações que levaram à sua prisão. Quanto ao caráter libertino de suas festas, ele sempre gostou de fazer menções, se gabando dos eventos.
Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
“Todos nós já sabíamos. Por muito tempo, ouvimos histórias sobre essas festas”, afirma Nomi. “Eu conheci uma vítima de P. Diddy. Minha amiga esteve em uma dessas festas… Ninguém a escutou. Ninguém se importou com ela.”
Os eventos, que rolavam desde os anos 2000, eram privados — a lista de convidados do rapper reunia atores, músicos, empresários e políticos. Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber são algumas das celebridades que compareceram aos encontros.
“O que tinha nessas festas era coisa muito ruim. E mesmo envolvendo tantas pessoas, continuava acontecendo”, continua Nomi. É mais ou menos o que também afirmou a cantora Cassie, ex-namorada de Diddy, em 2023, quando ela abriu um processo contra ele, alegando ter sido estuprada e violentada por mais de uma década. Na ação, que já foi encerrada (sem os detalhes divulgados), a artista afirmou que os supostos crimes do rapper eram testemunhados por muita gente “tremendamente leal” que nunca fazia nada para impedi-lo.
Sean ‘Diddy’ Combs
Richard Shotwell/Invision/AP
Desde que fundou a Female Composer Safety League, Nomi tem tido contato com várias denúncias de agressão sexual no setor da música. “Uma coisa que me surpreendeu quando comecei a frequentar esse meio [de dar suporte a vítimas] é que cada sobrevivente tem sua própria versão da mesma história. As circunstâncias são diferentes. O que aconteceu com cada pessoa é único. Mas todas elas querem ser validadas, compreendidas e terem seus empregos mantidos”, afirma ela. “São os mesmos medos e os mesmos desejos.”
Anos atrás, a artista moveu processos contra Danny Elfman, compositor de trilhas de blockbusters como “Batman” e “Beetlejuice”. Nas ações, ela alegou ter sido vítima de crimes sexuais. Ele nega. Os dois entraram em um acordo com termos não divulgados.
A cultura externa
Também em entrevista ao g1, a pesquisadora de rap Nerie Bento analisa que, na indústria, a cultura do estupro é atrelada à desigualdade de gênero do mercado, além da própria influência de quem está de fora.
“É uma cultura que permeia toda a sociedade, então, obviamente vai estar aqui também”, diz ela. “E a própria música em si… A gente tem muita música misógina que contribui com isso.”
Neire menciona, então, a erotização de corpos femininos em videoclipes de cantores famosos como o próprio Sean Diddy, o que, segundo ela, também endossa a cultura do estupro, ao objetificar a figura da mulher.
O apelo às gravadoras
O relatório “Sound Off” também faz menções à erotização feminina no setor. Além disso, critica as três maiores empresas do mercado fonográfico (Warner Music, Universal Music e Sony Music), propondo que adotem as seguintes demandas:
O fim de NDAs (Non-disclosure agreements, na sigla em inglês), ou seja, acordos de confidencialidade — prática frequente para o encerramento desse tipo de processo no meio musical;
Uma lista pública dos músicos, executivos, gerentes, produtores e outros profissionais acusados de má conduta sexual;
Adoção de protocolos institucionalizados que estimulem a denúncia, não o silêncio;
Investigações conduzidas por partes externas
A defesa de leis que derrubem a prescrição em crimes sexuais
Demandas que surgem porque, segundo a coalizão do relatório, essas gravadoras “ignoraram acusações, silenciaram vítimas e até permitiram o abuso” por décadas.
O g1 entrou em contato com as assessorias da Warner, Universal e Sony, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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Bruno Mars começa tour no Brasil; show deve ter piada com calcinha e hit gravado com Lady Gaga

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Antes de turnê com 14 apresentações, g1 assistiu ao show do cantor para convidados. Com setlist semelhante ao do The Town, Bruno deve incluir novas piadinhas e grito de ‘Bruninho is back’. Bruno Mars encerra show no The Town com o sucesso ‘Uptown Funk’
Bruno Mars começa nesta sexta-feira (4) uma sequência de 14 shows, que vai até o dia 5 de novembro. Antes dessa turnê brasileira, o cantor havaiano de 38 anos fez um show beneficente no Tokio Marine Hall, em São Paulo, na terça-feira (1º). A apresentação para 4 mil pessoas arrecadou R$ 1 milhão para as vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul.
No show para famosos, convidados e também fãs que participaram de uma promoção, ele seguiu uma estrutura de setlist bem parecida com a do The Town. Bruno fez dois shows no festival paulistano, em setembro de 2024.
Ele ainda começa o show com “24 Magic” e termina com a trinca “Locked Out of Heaven”, “Just the Way You Are” e “Uptown Funk”. No show exclusivo antes da turnê, ele se comunicou um pouco menos com o público.
Entre as poucas interações, gritou “Bruninho is back!”, quando a plateia começou a gritar “Bruninho! Bruninho! Bruninho”, ainda no começo. Em “Billionaire”, alterou parte da letra e cantou “different calcinhas every night”, brincadeira que foi muito aplaudida.
Há ainda uma parte piano e voz, em que ele emenda várias músicas, começando com “Funk You” e passando por “Grenade”, “Talking to the moon” e “Leave the door open”, a única que ele toca do projeto Silk Sonic. A novidade nessa parte, que rolou no show de terça, deve ser a inclusão de um trecho de “Die With a Smile”, música lançada com Lady Gaga em agosto passado.
Bruno Mars
Divulgação
No show do Tokio Marine Hall, um pouco mais curto do que os da turnê, não houve a versão instrumental de “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, tocada por seu tecladista. O solo de bateria, porém, continua presente. Então, não se sabe qual música brasileira será homenageada pela banda de Mars.
A banda que o acompanha, The Hooligans, segue impecável e o ajuda em coreografias cheias de gingado. Para tocar com Mars, não basta ser ótimo músico, tem que saber dançar. Com toda essa atmosfera de suingue e simpatia, fica difícil não se encantar pelo charme de Bruninho.
O repertório de Mars vai do soul ao pop rasgado, passando por R&B, levadas de reggae e baladas perfeitas para pedidos de casamento, como “Marry You”.
Antes dos shows no The Town, Bruno havia vindo ao Brasil em 2017 e em 2012, quando foi atração do festival Summer Soul.
Bruno Mars no Brasil
São Paulo: 4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro – Estádio Morumbi
Rio: 16, 19 e 20 de outubro – Estádio Nilton Santos
Brasília: 26 e 27 de outubro – Arena Mané Garrincha
Curitiba: 31 de outubro e 1º de novembro – Estádio Couto Pereira
Belo Horizonte: 5 de novembro – Estádio Mineirão

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