Connect with us

Festas e Rodeios

O ‘mentor’ da cultura pop japonesa que foi acusado de abuso sexual de menores

Published

on

Um novo documentário questiona como Johnny Kitagawa – o sumo sacerdote do pop japonês – foi capaz de abusar sexualmente de meninos por tanto tempo O ‘mentor’ da cultura pop japonesa que foi acusado de abuso sexual de menores
Getty Images/BBC
Aviso: esta reportagem contém descrições que podem ser consideradas perturbadores
Johnny Kitagawa foi o arquiteto da cultura pop japonesa. Sua agência de talentos exclusivamente masculina, Johnny & Associates, produzia boy bands de sucesso e Kitagawa detinha o recorde mundial de artistas número um, singles número um e shows produzidos por um único indivíduo.
Mas acusações de exploração sexual marcaram a carreira de Kitagawa. As denúncias não foram discutidas apenas a portas fechadas – elas chegaram à imprensa nacional e algumas foram provadas verdadeiras no tribunal.
Mas isso não impediu Kitagawa de manter seu status até seus últimos dias. Mesmo na morte, ele é reverenciado.
“Ele é Deus”, diz um jovem sobre Kitagawa nas ruas de Tóquio. Muitas pessoas no Japão sentem o mesmo. O funeral de Kitagawa em 2019 foi um evento nacional.
O então primeiro-ministro, Shinzo Abe, enviou uma mensagem de condolências. Celebridades japonesas com lágrimas nos olhos e membros de boy bands se despediram em um evento memorial no Tokyo Dome.
Mas para alguém tão famoso, existem poucas fotos de Kitagawa. Ele raramente fazia aparições públicas, dava entrevistas ou permitia que fossem tiradas fotos dele.
Ele também controlava as fotos de suas estrelas que circulavam. Quatro anos após sua morte aos 87 anos, os rostos dos jovens que ele agenciava ainda estão estampados em outdoors e telas de TV gigantes em diversas cidades japonesas.
Sem barba e com franjas caídas sobre o rosto, esses ídolos do J-pop não vendem apenas álbuns, eles fazem anúncios de qualquer coisa, de imóveis a lentes de contato.
É como se as alegações de abuso sexual de Kitagawa nunca tivessem realmente um impacto, apesar das histórias circularem há décadas.
Para um novo documentário da BBC, tenho observado como a negação e o silêncio da mídia permitiram que o magnata da música pop mais poderoso do Japão explorasse adolescentes por décadas.
Os novos recrutas – conhecidos como ‘juniors’ – trabalharam como dançarinos de apoio até Kitagawa decidir que estavam prontos para estrear
BBC
Milhares de meninos e rapazes passaram pela máquina da Johnny & Associates enquanto Kitagawa estava vivo. Todos eles tiveram contato direto com o próprio empresário, que buscou e cultivou talentos ao longo de uma carreira de quase seis décadas.
O sistema criado por Kitagawa permitia a ele acesso não supervisionado e controle sobre os meninos. Conhecidos como “juniors”, os novos recrutas trabalharam como dançarinos de apoio para outras bandas até que Kitagawa decidisse que eles estavam prontos para estrear – e entrar no mundo dos empresários e relações públicas. Isso poderia levar anos.
Hayashi (nome fictício) tinha 15 anos quando enviou seu currículo para a Johnny & Associates. Sua primeira impressão de Kitagawa, que conheceu em sua audição, foi de que ele era “gentil e atencioso”. Mas as coisas mudaram rapidamente.
Hayashi nunca falou publicamente sobre suas experiências antes e está compreensivelmente nervoso ao relatar tudo que passou.
Apenas uma semana após a primeira reunião, Hayashi foi convidado a ficar em uma das casas de Kitagawa, conhecida como “dormitório” porque muitos meninos dormiam lá. “Depois de um tempo, Johnny me disse: ‘Vá tomar um banho’. Ele lavou meu corpo todo, como se eu fosse uma boneca”, conta.
Visivelmente abalado, ele se lembra de Kitagawa então fazendo sexo oral nele.
Hayashi (nome fictício) afirma que Kitagawa abusou dele quando adolescente
BBC
Hayashi nos disse que o abuso aconteceu em outra ocasião também. Afirma ainda que ficou claro que os outros meninos sabiam o que estava acontecendo.
“Todos eles me disseram: ‘Você tem que aguentar ou não vai conseguir.’ Ninguém ao meu redor desistiu. Johnny era o único adulto. Portanto, não era uma situação em que pudéssemos conversar com alguém.”
Já adulto, Hayashi acredita que a aceitação silenciosa dos abusos estava parcialmente ligada aos sonhos de sucesso.
“A vida dos meninos que tiveram sucesso, graças a Johnny, mudaram no momento em que entraram na agência. Acho que eles são muito gratos. Isso é uma coisa diferente daqueles crimes sexuais. Eu só vivi no Japão e pensava que era um grande país . Mas talvez eu esteja errado.”
Histórias semelhantes à de Hayashi foram relatadas antes.
Em 1999, dois repórteres da respeitada revista semanal de assuntos atuais Bunshun conheceram um adolescente que alegou ter sido abusado por Kitagawa. O menino ingressou na agência quando cursava o Ensino Médio e os abusos sexuais começaram logo depois.
Ele apresentou os jornalistas a outros meninos e jovens que compartilharam experiências semelhantes. Seus relatos se encaixaram tão bem que os repórteres conseguiram desenhar um mapa do “dormitório” na casa de Kitagawa, onde ocorreram muitos dos abusos.
A investigação resultou em uma série de artigos documentando com alegações de mais de uma dúzia de aspirantes a ídolos do J-pop que disseram ter sido abusados sexualmente quando adolescentes. Alguns tinham apenas 12 anos na época do abuso.
Os testemunhos gráficos incluem referências a sexo com penetração e coerção. Em um relato publicado pela revista, um sobrevivente diz acreditar que recusar os avanços de Kitagawa prejudicaria sua carreira. “Se você desobedecer ao Sr. Johnny, sua posição no palco ficará comprometida.”
Em outro relato, diz-se que Kitagawa fez sexo com um júnior na própria casa do menino. “Eu gostaria de poder esquecer. Meus pais colocaram o futon dele no mesmo quarto que o meu. Naquela noite ele colocou meus órgãos genitais em sua boca. Você não acreditaria. Meus pais estavam dormindo no quarto ao lado.”
Apesar dos testemunhos contundentes, a série de artigos praticamente não ficou registrada na consciência pública.
A relação de codependência entre a imprensa japonesa e o império Kitagawa pode explicar muito por que a história foi ignorada.
Uma obra de arte do rosto de Johnny Kitagawa está pendurada na recepção principal da Johnny & Associates
BBC
Histórias ‘apagadas’
Garantir acesso aos talento da Johnny & Associates atrai espectadores, leitores, ouvintes e receita de publicidade.
Aqueles que promovem as boy bands da agência pode ganhar favores, incluindo acesso a nomes maiores e mais estabelecidos. E dizer algo negativo sobre os ídolos pop ou a empresa pode ter o efeito oposto – ser cortado do império e de toda a receita que ele pode atrair.
Talvez seja por isso que a maioria dos meios de comunicação nem mesmo reconheceu a história sobre a má conduta de Kitagawa.
Quando os relatórios foram publicados, a Johnny & Associates impediu Bunshun e suas publicações irmãs de falar com qualquer um de seus talentos. E em 2000, um ano após a investigação da revista, Kitagawa e sua empresa processaram o veículo por difamação.
O processo durou quatro anos e contou com depoimentos de muitos dos homens que disseram que Kitagawa havia abusado deles quando crianças.
O Supremo Tribunal de Tóquio acabou decidindo que nove das 10 alegações feitas no artigo de Bunshun eram de fato verdadeiras, incluindo a alegação de que Johnny estava abusando sexualmente de menores em sua agência. Apenas a alegação de que Kitagawa lhes forneceu cigarros e álcool não foi considerada verdadeira.
Mas o veredicto foi recebido com mais silêncio, e o caso por difamação não levou a um julgamento criminal. Kitagawa nunca foi formalmente acusado e passou a servir como presidente de sua empresa até morrer em 2019.
A maneira como a história deles foi “apagada” ainda deixa um dos repórteres, Ryutaro Nakamura, muito zangado. “Estou desesperado com isso há 23 anos”, diz ele.
Mas Nakamura também acha que o preconceito desempenhou um papel na negação. “No Japão, casos de amor ou relações sexuais entre homens – é como se as pessoas não acreditassem”, diz ele.
O Japão é uma nação que se orgulha da polidez. Ser indelicado não é apenas visto como irritante ou rude, é socialmente inaceitável. Muitos japoneses acreditam que a inconveniência com os outros deve ser evitada a todo custo. Isso pode criar um clima no qual levantar preocupações sobre abuso sexual é visto como um fardo.
Além disso, a idade nacional de consentimento ainda é de 13 anos. Até recentemente, homens e meninos estavam isentos de serem reconhecidos como vítimas de estupro aos olhos da lei.
O estupro de um homem simplesmente não era possível no estatuto antes de 2017. Todos esses fatores contribuem para uma sociedade em que a exploração sexual de homens e meninos não é apenas um tabu, é muitas vezes invisível.
Não é nenhuma surpresa, então, que muitos dos homens que experimentaram as investidas sexuais de Kitagawa quando adolescentes ainda achem difícil reconhecer que o que aconteceu com eles foi errado.
Ryu ingressou na Johnny & Associates em 2002 e foi dançarino de apoio por 10 anos. Como Hayashi, ele nunca falou sobre suas experiências publicamente antes.
“Quando fui para o quarto, Johnny entrou e disse algo como: ‘Você tem estado tão ocupado. Vou fazer uma massagem em você.’ Ele começou nos meus ombros e foi descendo aos poucos. A certa altura foi longe demais e eu disse: ‘Não faça mais nada’. Ele disse: ‘Desculpe, desculpe’ e foi para uma sala diferente.” Ryu tinha 16 anos na época. Kitagawa estava na casa dos setenta.
Hoje, já adulto, Ryu não condena Kitagawa. “Não desgosto de Johnny. Eu o amo. Johnny era realmente uma pessoa maravilhosa e devo muito a ele. Ainda acho que fomos tratados com muito amor. Não foi um problema tão grande para mim, e provavelmente por isso eu posso sorrir e falar sobre isso agora.”
Outros ex-juniors com quem conversamos também defenderam seu antigo mentor.
Ren trabalhou com a Johnny & Associates até 2019, quando Kitagawa morreu. Ele se lembra de sua introdução à empresa com carinho.
“Quando a Johnny & Associates nos contatou pela primeira vez, minha mãe estava em lágrimas de felicidade. Minha família pensou: ‘Uau, ele pode ganhar tanto.’ Não éramos ricos. Parecia um sonho”, diz ele.
Ren, que agora trabalha em um bar em Osaka, diz que entende a natureza transacional do relacionamento que Kitagawa teve com algumas das aspirantes a estrelas. “Havia rumores de que se isso [assédio sexual] acontecesse, você teria sucesso”, diz ele.
Quando questionado se teria cumprido as exigências sexuais de Kitagawa em troca de uma carreira, ele responde: “Meu sonho é ficar famoso, então acho que teria aceitado.”
Hoje, a Johnny & Associates continua sendo uma agência extremamente poderosa no mundo do J-pop, e Kitagawa ainda é celebrado como sua grande figura.
Uma obra de arte gigante de seu rosto – baseada em uma das poucas fotos dele – está pendurada na recepção da sede em Tóquio. A atual presidente da empresa, Julie Fujishima, é sobrinha de Johnny.
Após vários pedidos de comentários, Fujishima emitiu uma declaração: “Desde a morte de nosso ex-representante em 2019, estamos trabalhando para estabelecer estruturas organizacionais altamente transparentes, adaptando-se aos tempos e conformidade com as leis, regulamentos e governança reforçada com especialistas imparciais. Estamos planejando o anúncio e implementação de novas estruturas e sistemas em 2023.”
Ela não respondeu diretamente às acusações de abuso sexual.
Não houve reconhecimento público de que Johnny Kitagawa abusou sexualmente de meninos e jovens. Muitos homens não querem falar sobre suas experiências. Como resultado, talvez nunca saibamos quantos desses aspirantes a estrelas do J-pop foram abusados sexualmente.
“Para os sobreviventes irem a público é uma coisa muito corajosa”, diz Nobuki Yamaguchi, um dos poucos terapeutas no Japão especializados em ajudar homens sobreviventes de abuso sexual.
“O Japão tem uma cultura de vergonha. Se você tem um problema pessoal, não fala sobre isso.”
Mas esse estigma e silêncio podem ser explorados pelos abusadores, diz ele. “O abuso sexual cria esse vínculo especial. É disso que se trata o aliciamento. Essas são as coisas que tornam o trauma sexual tão complexo e tão confuso”, diz ele.
“O primeiro passo da recuperação é realmente reconhecer que o abuso aconteceu.”
Para muitos sobreviventes do abuso de Kitagawa e para a sociedade japonesa em geral, este primeiro passo ainda precisa ser dado.
O documentário Predator: The Secret Scandal of J-pop, está disponível no BBC iPlayer.
Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/articles/cv20g61je1zo

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

Por que a cultura do estupro é tão comum na indústria musical e o que Sean Diddy tem a ver com isso

Published

on

By

Com mais de 200 páginas, documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. Sean ‘Diddy’ Combs
Chris Pizzello/Invision/AP
O caso Diddy ainda parece distante de uma conclusão, mas, sem dúvidas, já é um marco na indústria da música. Há, inclusive, expectativas de que se torne o próximo MeToo, movimento que chacoalhou Hollywood em 2017 com uma onda de denúncias de crimes sexuais.
Preso em 16 de setembro, Dsddy se diz inocente e aguarda julgamento. Mas ele não foi o único músico a entrar na mira da Justiça nessas últimas semanas. Quem também foi processado é o astro country Garth Brooks, acusado de estupro, o que é negado por ele.
Dominado por homens, o setor musical tem uma extensa lista de denúncias e condenações por assédio e abuso. Isso é tão frequente que há uma naturalização do problema, o que acaba levando à chamada cultura do estupro.
“Por décadas, a indústria da música tem tolerado, perpetuado e, muitas vezes, comercializado uma cultura de abuso sexual contra mulheres e meninas menores de idade. Milhares de artistas, executivos e acionistas lucraram bilhões de dólares, enquanto se envolviam e/ou encobriam comportamentos sexuais criminosos”, diz o texto introdutório do relatório “Sound Off: Make the Music Industry Safe” (ou “Som desligado: Torne a Indústria da Música segura”, em português), publicado em fevereiro deste ano.
Com mais de 200 páginas, o documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. São histórias que vão dos anos 1950 a 2024.
A constante negligência de denúncias, investigações e até sentenças judiciais estimula crimes sexuais no mercado musical. É o que aponta o relatório, elaborado por uma coalizão entre os grupos feministas Lift Our Voices, Female Composer Safety League e Punk Rock Therapist.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Sexo, drogas e rock n’ roll
“Para desenvolver uma marca estética de alguns artistas, a indústria usa essa cultura a seu favor”, diz Nomi Abadi, pianista e fundadora da Female Composer Safety League, rede de suporte a compositoras vítimas de abuso sexual e assédio. Ela conversou com o g1 por videochamada. “É por isso que tem tanto músico acusado impune.”
Ela cita o famoso lema “sexo, drogas e rock n’ roll”. Para a artista, a ideia é menos sobre um espírito roqueiro e mais sobre uma dinâmica de poder que está presente em todos os gêneros musicais. É uma forma de relativizar histórias de mulheres que alegam terem sido drogadas e violadas sexualmente em festas com músicos, executivos, produtores e outros profissionais do setor.
De fato, não é raro encontrar esse tipo de queixa no meio musical. O próprio Diddy é acusado de drogar e estuprar mulheres durante seus festões luxuosos, chamados de “white parties” e “freak-off”. Inclusive, há relatos de que ele teria coagido algumas convidadas a usar fluidos intravenosos para recuperação física após submetê-las a longas e violentas performances eróticas.
O músico nega todas as acusações que levaram à sua prisão. Quanto ao caráter libertino de suas festas, ele sempre gostou de fazer menções, se gabando dos eventos.
Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
“Todos nós já sabíamos. Por muito tempo, ouvimos histórias sobre essas festas”, afirma Nomi. “Eu conheci uma vítima de P. Diddy. Minha amiga esteve em uma dessas festas… Ninguém a escutou. Ninguém se importou com ela.”
Os eventos, que rolavam desde os anos 2000, eram privados — a lista de convidados do rapper reunia atores, músicos, empresários e políticos. Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber são algumas das celebridades que compareceram aos encontros.
“O que tinha nessas festas era coisa muito ruim. E mesmo envolvendo tantas pessoas, continuava acontecendo”, continua Nomi. É mais ou menos o que também afirmou a cantora Cassie, ex-namorada de Diddy, em 2023, quando ela abriu um processo contra ele, alegando ter sido estuprada e violentada por mais de uma década. Na ação, que já foi encerrada (sem os detalhes divulgados), a artista afirmou que os supostos crimes do rapper eram testemunhados por muita gente “tremendamente leal” que nunca fazia nada para impedi-lo.
Sean ‘Diddy’ Combs
Richard Shotwell/Invision/AP
Desde que fundou a Female Composer Safety League, Nomi tem tido contato com várias denúncias de agressão sexual no setor da música. “Uma coisa que me surpreendeu quando comecei a frequentar esse meio [de dar suporte a vítimas] é que cada sobrevivente tem sua própria versão da mesma história. As circunstâncias são diferentes. O que aconteceu com cada pessoa é único. Mas todas elas querem ser validadas, compreendidas e terem seus empregos mantidos”, afirma ela. “São os mesmos medos e os mesmos desejos.”
Anos atrás, a artista moveu processos contra Danny Elfman, compositor de trilhas de blockbusters como “Batman” e “Beetlejuice”. Nas ações, ela alegou ter sido vítima de crimes sexuais. Ele nega. Os dois entraram em um acordo com termos não divulgados.
A cultura externa
Também em entrevista ao g1, a pesquisadora de rap Nerie Bento analisa que, na indústria, a cultura do estupro é atrelada à desigualdade de gênero do mercado, além da própria influência de quem está de fora.
“É uma cultura que permeia toda a sociedade, então, obviamente vai estar aqui também”, diz ela. “E a própria música em si… A gente tem muita música misógina que contribui com isso.”
Neire menciona, então, a erotização de corpos femininos em videoclipes de cantores famosos como o próprio Sean Diddy, o que, segundo ela, também endossa a cultura do estupro, ao objetificar a figura da mulher.
O apelo às gravadoras
O relatório “Sound Off” também faz menções à erotização feminina no setor. Além disso, critica as três maiores empresas do mercado fonográfico (Warner Music, Universal Music e Sony Music), propondo que adotem as seguintes demandas:
O fim de NDAs (Non-disclosure agreements, na sigla em inglês), ou seja, acordos de confidencialidade — prática frequente para o encerramento desse tipo de processo no meio musical;
Uma lista pública dos músicos, executivos, gerentes, produtores e outros profissionais acusados de má conduta sexual;
Adoção de protocolos institucionalizados que estimulem a denúncia, não o silêncio;
Investigações conduzidas por partes externas
A defesa de leis que derrubem a prescrição em crimes sexuais
Demandas que surgem porque, segundo a coalizão do relatório, essas gravadoras “ignoraram acusações, silenciaram vítimas e até permitiram o abuso” por décadas.
O g1 entrou em contato com as assessorias da Warner, Universal e Sony, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

Continue Reading

Festas e Rodeios

Bruno Mars começa tour no Brasil; show deve ter piada com calcinha e hit gravado com Lady Gaga

Published

on

By

Antes de turnê com 14 apresentações, g1 assistiu ao show do cantor para convidados. Com setlist semelhante ao do The Town, Bruno deve incluir novas piadinhas e grito de ‘Bruninho is back’. Bruno Mars encerra show no The Town com o sucesso ‘Uptown Funk’
Bruno Mars começa nesta sexta-feira (4) uma sequência de 14 shows, que vai até o dia 5 de novembro. Antes dessa turnê brasileira, o cantor havaiano de 38 anos fez um show beneficente no Tokio Marine Hall, em São Paulo, na terça-feira (1º). A apresentação para 4 mil pessoas arrecadou R$ 1 milhão para as vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul.
No show para famosos, convidados e também fãs que participaram de uma promoção, ele seguiu uma estrutura de setlist bem parecida com a do The Town. Bruno fez dois shows no festival paulistano, em setembro de 2024.
Ele ainda começa o show com “24 Magic” e termina com a trinca “Locked Out of Heaven”, “Just the Way You Are” e “Uptown Funk”. No show exclusivo antes da turnê, ele se comunicou um pouco menos com o público.
Entre as poucas interações, gritou “Bruninho is back!”, quando a plateia começou a gritar “Bruninho! Bruninho! Bruninho”, ainda no começo. Em “Billionaire”, alterou parte da letra e cantou “different calcinhas every night”, brincadeira que foi muito aplaudida.
Há ainda uma parte piano e voz, em que ele emenda várias músicas, começando com “Funk You” e passando por “Grenade”, “Talking to the moon” e “Leave the door open”, a única que ele toca do projeto Silk Sonic. A novidade nessa parte, que rolou no show de terça, deve ser a inclusão de um trecho de “Die With a Smile”, música lançada com Lady Gaga em agosto passado.
Bruno Mars
Divulgação
No show do Tokio Marine Hall, um pouco mais curto do que os da turnê, não houve a versão instrumental de “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, tocada por seu tecladista. O solo de bateria, porém, continua presente. Então, não se sabe qual música brasileira será homenageada pela banda de Mars.
A banda que o acompanha, The Hooligans, segue impecável e o ajuda em coreografias cheias de gingado. Para tocar com Mars, não basta ser ótimo músico, tem que saber dançar. Com toda essa atmosfera de suingue e simpatia, fica difícil não se encantar pelo charme de Bruninho.
O repertório de Mars vai do soul ao pop rasgado, passando por R&B, levadas de reggae e baladas perfeitas para pedidos de casamento, como “Marry You”.
Antes dos shows no The Town, Bruno havia vindo ao Brasil em 2017 e em 2012, quando foi atração do festival Summer Soul.
Bruno Mars no Brasil
São Paulo: 4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro – Estádio Morumbi
Rio: 16, 19 e 20 de outubro – Estádio Nilton Santos
Brasília: 26 e 27 de outubro – Arena Mané Garrincha
Curitiba: 31 de outubro e 1º de novembro – Estádio Couto Pereira
Belo Horizonte: 5 de novembro – Estádio Mineirão

Continue Reading

Festas e Rodeios

Garth Brooks é processado por maquiadora que o acusa de estupro

Published

on

By

Mulher diz que agressão aconteceu em 2019. Ela afirma que sofreu diferentes tipos de abusos quando trabalhava para o astro do country americano. Garth Brooks faz show em prol do Hospital de Câncer de Barretos, em 2015
Mateus Rigola/G1
O astro do country Garth Brooks foi processado por uma mulher que o acusa de estupro, segundo o canal de notícias americano CNN nesta quinta-feira (3).
A ação diz que o ataque aconteceu quando ela trabalhava para ele como maquiadora e cabeleireira, em 2019.
A mulher, identificada como Jane Roe, afirma que o cantor também mostrava seus órgãos genitais para ela, falava sobre sexo, se trocava na sua frente e mandava mensagens sexualmente explícitas.
Ela afirma que foi estuprada por ele em um hotel, em Los Angeles, durante uma viagem para a gravação de uma homenagem do Grammy.
O cantor já tinha afirmado ser inocente em um processo movido por ele, anonimamente, em setembro. Na ação, Brooks pedia para que a Justiça declarasse que as acusações de Roe não eram verdade e a proibissem de divulgá-las.
Ele dizia que se tratava de uma tentativa de extorsão que causariam “dano irreparável” à sua carreira e sua reputação.

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.