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Festas e Rodeios

Paralamas e o funk: como bateria eletrônica dada por Herbert Vianna mudou história dos bailes cariocas

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Cantor deu bateria ao irmão, Hermano Vianna, que estudava o funk em 1986. Ele passou a DJ Marlboro, que iniciou revolução no estilo com equipamento. Banda toca no Lolla neste domingo. Paralamas e o funk
A bateria eletrônica que mudou a história do funk carioca em 1986 saiu do estúdio caseiro dos Paralamas do Sucesso para as mãos do DJ Marlboro. A relação entre a banda e o batidão é, em parte, obra do acaso, mas também fruto dos experimentos eletrônicos e da cabeça dos Paralamas.
Os Paralamas tocam neste domingo no Lollapalooza. Veja a programação.
Herbert é irmão de Hermano Vianna, antropólogo que publicou um estudo pioneiro sobre o funk carioca em 1987. Os bailes da época já eram fenômenos populares, mas os DJs tocavam sucessos norte-americanos em vinil.
“O Hermano estava descobrindo esse mundo que estava ali do lado, e a gente aqui na Zona Sul não tinha a mínima ideia do que acontecia”, lembra Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas, em entrevista ao g1. Veja vídeo acima.
Acadêmicos do funk
Para o estudo, Hermano se aproximou de Fernando Luís Mattos da Matta, o DJ Marlboro. Ele fez algo controverso na antropologia: interferir no objeto de estudo, ao colocar na mão do DJ um MPC (Music Production Controller), equipamento que mistura bateria eletrônica e gravador.
“O Herbert falou: ‘poxa, eu tenho esse MPC aqui, que eu não estou mais usando, em que a gente fazia brincadeiras de estúdio pequeno, gravações caseiras. E ele tinha essa bateria eletrônica que mandou (para o irmão)”, lembra Bi Ribeiro.
As tais “brincadeiras de estúdio” eram coisa séria: os Paralamas estavam terminando o álbum “Selvagem?”, que os levou além do pop-rock básico, rumo às colagens eletrônicas, reggaae, dub, soul e MPB. Não é por acaso que tinham o “brinquedo” em mãos, um Boss DR-110.
“Hoje tem novidade: trago comigo uma bateria eletrônica, empréstimo de meu irmão, e Marlboro está determinado a usá-la no baile. (…) Ligamos a bateria nos amplificadores da equipe Som Gran Rio. Deu certo: a batida era funk mesmo e poderia agradar aos dançarinos”, escreveu Hermano na dissertação.
A chegada do MPC abriu caminho para um funk realmente brasileiro nos bailes e em gravações: “Quando ele me deu essa bateria acendeu uma luzinha: ‘caraca, eu posso ter artistas do funk! Vou pegar essa bateria aqui e começar a produzir’”, disse DJ Marlboro em 2018 para o Portal Kondzilla.
O primeiro LP do funk carioca, “Funk Brasil”, lançado em 1989, tem um agradecimento de DJ Marlboro a Hermano Vianna.
Capa do disco ‘Funk Brasil’, o primeiro da série do DJ Marlboro
Divulgação
Paralamas no baile funk em 1986
Foi um encontro de mão dupla: os Paralamas também foram ao baile funk. Eles gravaram parte do clipe de “Alagados”, faixa de abertura de “Selvagem?”, no baile da Estácio, que era estudado pelo irmão de Herbert.
Na dissertação, Hermano narra que “os músicos dos Paralamas podiam se deslocar sem nenhum problema no meio da massa, sem que ninguém tentasse se aproximar deles”. Se os funkeiros não se abalaram, a banda se impressionou.
“A gente ficou surpreso assim com o que viu. O vídeo mostra a gente entrando no baile e até as meninas dançando, uma coisa que a gente não fazia ideia de que estava acontecendo ali do lado. E a gente quis inserir isso no clipe, lá em 1986”, lembra Bi.
Herbert Vianna no baile funk da Estácio, no Rio, em 1986, em gravação do clipe de ‘Alagados’. Na época, irmão de Herbert, Hermano Vianna, fazia estudo pioneiro do funk carioca, e deu MPC que era usado pelos Paralamas ao DJ Marlboro, que usou equipamento para mudar a história do estilo
Reprodução
Bem antes da modinha: funk, viola e reggaeton
Os Paralamas não chegaram a gravar funk carioca, mas exaltam o “funk do lotação” na música “Vamo batê lata”, do álbum “Severino”. O disco de 1994 viaja de influências nordestinas a uma parceria com o argentino Fito Paez e solo do guitarrista do Queen, Brian May.
“Severino” foi um fracasso de vendas, mas “Vamo batê lata” deu nome a um disco ao vivo que, no ano seguinte, iniciou a segunda onda de sucesso dos Paralamas. A banda mais cabeça aberta dos anos 80 se conectou à geração livre dos 90. Foram referências e colegas de Chico Science, O Rappa e Skank.
Os Paralamas se jogaram no baile em 1986, tocaram viola caipira em 1994, e exaltavam desde os anos 80 o cantor panamenho El General, pioneiro do reggaeton. Na era em que o pop brasileiro corre atrás de conexões populares e do sonhado mercado latino, é um currículo sem igual.
Mesmo assim, no crescente espaço para “brasilidades” em festivais brasileiros, o trio não é “cool” como o de outros artistas mais veteranos ou novinhos.
“Eu também acho que a gente perdeu o momento, mas os festivais estão acontecendo e a gente está começando a pegar essa bordinha. No Lollapalooza, estamos tocando no meio dee bandas alternativas, novas. E acho que não vamos fazer feio”, diz o humilde Bi Ribeiro.
Os Paralamas tocam no domingo, no palco Chevrolet, às 15h20. Veja todos os artistas e horários.

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Garth Brooks é processado por maquiadora que o acusa de estupro

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Mulher diz que agressão aconteceu em 2019. Ela afirma que sofreu diferentes tipos de abusos quando trabalhava para o astro do country americano. Garth Brooks faz show em prol do Hospital de Câncer de Barretos, em 2015
Mateus Rigola/G1
O astro do country Garth Brooks foi processado por uma mulher que o acusa de estupro, segundo o canal de notícias americano CNN nesta quinta-feira (3).
A ação diz que o ataque aconteceu quando ela trabalhava para ele como maquiadora e cabeleireira, em 2019.
A mulher, identificada como Jane Roe, afirma que o cantor também mostrava seus órgãos genitais para ela, falava sobre sexo, se trocava na sua frente e mandava mensagens sexualmente explícitas.
Ela afirma que foi estuprada por ele em um hotel, em Los Angeles, durante uma viagem para a gravação de uma homenagem do Grammy.
O cantor já tinha afirmado ser inocente em um processo movido por ele, anonimamente, em setembro. Na ação, Brooks pedia para que a Justiça declarasse que as acusações de Roe não eram verdade e a proibissem de divulgá-las.
Ele dizia que se tratava de uma tentativa de extorsão que causariam “dano irreparável” à sua carreira e sua reputação.

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DJ Gustah expõe a força crescente de vozes femininas do rap e do trap, como Azzy e Budah, no álbum coletivo ‘Elas’

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A rapper capixaba Budah integra o elenco do disco ‘Elas’, projeto fonográfico que o DJ Gustah lançará na terça-feira, 8 de outubro
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♫ NOTÍCIA
♪ As mulheres marcam cada vez mais posição e território no universo do hip hop. Projeto fonográfico que o DJ e produtor musical paulistano Gustah lança na terça-feira, 8 de outubro, o álbum Elas dá voz a mulheres que estão se fazendo ouvir nos segmentos do rap e do trap com força crescente.
Editado pelo selo de Gustah, 2050 Records, o disco apresenta 10 gravações inéditas entre as 12 faixas. Abismo no peito é música cantada e composta pela rapper capixaba Budah. Cynthia Luz sola a lovesong Mar de luz e, com Elana Dara, mergulha em Lago transparente.
A paulistana Bivolt dá voz ao boombap Faço valer. A novata Carla Sol defende Hora exata. Voz de São Gonçalo (RJ), município fluminense, Azzy é a intérprete de Mesmo lugar, faixa de tom mais introspectivo. Clara Lima canta Intenção. King Saint entra em Ondas sonoras.
Ex-integrante do duo Hyperanhas, Andressinha é a voz de Poucas conversas. Annick figura em Decisões. A paulista Quist apresenta Destilado em poesia. Killua fecha o disco com Lunaatica.
Embora calcada no rap e no trap, a sonoridade do disco Elas transita pelo R&B e também ecoa a MPB.
Capa do disco ‘Elas’, produzido pelo DJ Gustah
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Post Malone anuncia show exclusivo no festival VillaMix, em São Paulo

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Cantor será uma das principais atrações do festival, conhecido por focar na música sertaneja. Post Malone canta no The Town 2023
Luiz Franco/g1
O festival VillaMix anunciou o cantor Post Malone como uma das atrações da edição de 2024, no dia 21 de dezembro na Neo Química Arena, em São Paulo.
O show será exclusivo no festival, conhecido por focar em música sertaneja. Segundo a organização, a primeira edição em 5 anos de evento trará country, pop e sertanejo, e o line-up completo ainda será revelado.
A venda geral já tem início no próximo dia 7, pela Eventim.
Post Malone esteve no Brasil pela última vez em 2023, quando se apresentou no The Town. Ele apostou em versões roqueiras de hits mais antigos, e fechou a programação do primeiro dia de festival. Relembre como foi.
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