Dieta alternativa precisa ser acompanhada por profissional. Bichinhos podem sofrer com falta de nutrientes, principalmente gatos. ‘Cão vegetariano’ virou hit na web após olhar vidrado em brócolis
Reprodução/Imgur/CeddyMai
No Reino Unido, manter um pet com uma dieta vegetariana pode levar a prisão e multa de até 20 mil libras. O assunto começou a pipocar depois que o piloto Lewis Hamilton contou que seu cão passou a comer alimentos à base de frutas e vegetais.
No Brasil, não há uma lei que proíba ou puna donos e tutores de adotarem uma alimentação vegetariana para seus bichinhos, mas veterinários ouvidos pelo g1 não recomendam a prática.
“Alguns estudos mostram que, de maneira geral, as alimentações vegetarianas, mesmo as comerciais, têm risco de deficiência nutricional para os cães e gatos”, alerta Fabio Alves Teixeira, doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e fundador da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal.
Os animais precisam receber, todos os dias, de 35 a 40 nutrientes, entre eles vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos graxos. Teixeira explica que o alimento em si não é tão importante, “o que importa é saber se esses nutrientes estão na composição dos alimentos”.
Ele diz que, com o aumento da adoção da alimentação alternativa (feita em casa) sem acompanhamento de um veterinário ou zootecnista, passou a atender muitos bichinhos com deficiências nutricionais de cálcio, vitamina D e amina, por exemplo.
“Isso acontecia quando os cães comiam restos de comida, mas o problema ressurgiu com essa alimentação alternativa. Hoje os donos dão alimentos de alto custo (quinoa, filé mignon, batata doce), mas faltam nutrientes.”
Diferenças entre cães e gatos
Imagem mostra quatro animais: da esquerda para a direita, um gato, dois cachorros e um gato.
Pixabay
Há diferenças entre cães e gatos. Os cachorros conseguem utilizar proteínas de origem vegetal, segundo Teixeira, desde que se consiga fazer “um bom balanço de aminoácidos (partículas importantes das proteínas)” e utilizar produtos lácteos ou à base base de ovo.
Já os gatinhos são essencialmente carnívoros e não aproveitam tão bem os nutrientes dos vegetais. Têm alguns nutrientes, como vitamina A e alguns tipos de gordura, que não conseguimos fornecer se não forem de origem animal ou sintética para os gatos”, diz Teixeira.
Mas o maior problema que pode ocorrer aos gatos é a deficiência da taurina. É da proteína animal que eles conseguem esse aminoácido sulfurado fundamental para atividades fisiológicas, mas que eles produzem em baixíssima quantidade.
Sem a taurina, eles podem ter doenças cardíacas, de retina e reprodutivas, explica Jade Petronilho, veterinária da Petlove.
O que seu animal precisa comer
Cada animal consome um tipo de ração, por isso você deve optar pela que mais combina com o seu pet
Special Dog Company/Divulgação
Para fornecer todos os nutrientes importantes para o seu bichinho, há alguns tipos de alimentos que não podem faltar:
Proteína: Ela pode vir de de origem animal e vegetal. Nas rações, está presente, principalmente, por meio das vísceras ou farinha de carne e ossos;
Carboidrato: Milho, arroz, trigo;
Gordura: Nas rações, presente por meio de óleo de peixe (ômega 3), óleos vegetais (ômega 6) e algumas gorduras de origem animal;
Vitaminas e minerais: Cálcio, fósforo, zinco, potássio, sódio, ferro, misturas vitamínicas (A, complexo B, D, E, K).
A composição é importante, mas o equilíbrio entre os nutrientes é essencial. “Os ingredientes e a quantidade de cada um deles deve ser seguida à risca. Esse tipo de dieta (alternativa) sempre requer suplementação, pois quando oferecemos nossos alimentos comuns, por mais balanceada que seja a dieta, ainda existe um déficit de alguns elementos básicos e fundamentais”, explica Petronilho.
Saiba como identificar, prevenir e tratar câncer de mama em cadelas e gatas